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Na qualidade de promotor da conferência de Bilderberg deste ano, Francisco Pinto Balsemão endereçou um convite a António José Seguro para que este marque presença no certame. O patrão do grupo Impresa deseja mostrar ao mundo os dotes políticos de António José Seguro. Este ano o secretário-geral do partido socialista lá estará, de igual para igual, com os homens mais poderosos do mundo. Quando abriu a caixa de correio esta manhã, Seguro não se conteve. Nem queria acreditar no que estava a ver. Um envelope dourado com um laço azul - e o seu nome no interior. E dizem o seguinte. Cada vez que o Balsemão leva um convidado especial, passados poucos meses, habemus primeiro-ministro. E faz todo o sentido levar o Seguro à reunião magna. O presidente da comissão coordenadora da conferência, não é nada mais nada menos do que Henri de Castries - o CEO e presidente do conselho de administração do Grupo AXA, cujo core-business é precisamente seguros e re-seguros. Será que Pinto Balsemão quer preparar os lideres do mundo para o desastre que seria a eleição de António José Seguro? É que não vejo utilidade aparente em levar Seguro para Inglaterra. Pinto Balsemão não presta um bom serviço à nação. Não era suposto também ser um embaixador da excelência de Portugal? Não era suposto mostrar os produtos de eleição produzidos em território nacional? E não falo dos chouriços ou enchidos. E há mais; o grémio que se realiza de 6 a 9 de Junho representa precisamente o oposto do que os eleitores exigem - transparência. As conferências de Bilderberg que operam numa especie de exílio da política constitucionalmente consagrada, acabam por condicionar de um modo intenso o rumo democrático dos processos políticos, quer sejam de natureza doméstica ou de índole externa. Estamos na presença de uma organização privada que se assemelha a uma confraria do poder e que vai em sentido contrário aos pressupostos abertos e democráticos que as nossas sociedades exigem. O António José Seguro ao aceitar o convite - "com muito gosto, sim senhor"-, demonstra aos cidadãos Portugueses que aspira pertencer a uma sociedade com poderes ilimitados. Em suma, é igual aos outros sem ser igual aos outros. Acho que os Portugueses estão no seu direito de considerar a presença de Seguro como uma traição à alma nacional que não quer ouvir falar de banqueiros, instituições financeiras e dos poderosos que mexem os cordelinhos das marionetas. Por este andar, Seguro vai-se chamuscar muito antes das coisas aquecerem. Para nosso bem, porventura.
Nesta divertidíssima guerra de comadres, os srs. Vasconcelos e Balsemão fazem chover nebelwerfers, acusando-se de tudo e mais alguma coisa e garantindo ameaçadores "hás-de pagá-las". A contenda anda longe de "grandes princípios", delírios exotéricos e outras cortinas de fumo, pois a verdade é mesmo essa em que todos pensam: money! Para gente assim tão discreta, os dinheirinhos são capazes de abalar as colunatas dos templos que hoje em dia estão bem longe de Luxor e tão perto da Legolândia.
Balsemão está irritado, pois alegadamente jura não andar com avental fora da cozinha. Pois sim, mas quanto ao discretíssimo Grupo Bilderberg? Usam o quê? Uma cuequinha de rendas e bordada com estrelas? Ou é um taquinho de golfe que dá a imagem de marca?
E, como tal, os contribuintes têm que pagar uma televisão pública cujo principal canal é uma anedota, desta forma subsidiando indirectamente as receitas do Grupo Impresa e afins? Bela noção de democracia a deste Conselheiro de Estado. O problema revela-se ainda mais grave quando o governo é conivente com esta visão. Há que agradecer a Pinto Balsemão a honestidade e o contributo para evidenciar mais uma vez que em Portugal o que temos é uma economia privada sem uma economia de mercado e que muitos empresários gostam da concorrência desde que não seja no seu sector.