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A expressão sacudir a água do capote assenta que nem uma luva. António Costa demonstra mais uma vez que não tem o que é preciso para governar um país:"foi mais o susto que o prejuízo" (?). Não sei há quantos anos este político lidera os destinos da cidade, nem sei há quantas décadas anda o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a se bater pelas causas da eco-sustentabilidade de Lisboa, mas António Costa nem sequer é capaz de limpar as sarjetas e os sistemas de drenagem de águas. E se um sismo de grandes proporções ocorrer, is Costa our man? Não me parece. Onde esteve António Costa quando os rápidos desceram pela Av. da Liberdade? Não o vi de galochas ao lado dos senhores da protecção civil. Não o vi mais ou menos molhado. Ah, já percebi. Se aparecesse em cena seria logo acusado de estar em campanha, de se aproveitar despudoradamente do evento para granjear uma opinião favorável junto dos simpatizantes. Mas não é disso que se trata. Trata-se simplesmente de estar no exercício das suas funções. De fazer o que lhe compete. Em vez disso, apresenta-nos um paleio empírico de águas em abundância, surpresas e sustos. A água que certamente irá regressar a Lisboa para apanhar desprevenidos outros autarcas, levanta a eterna questão, permanente: de que modo a cidade de Lisboa tem vindo a redesenhar a estrutura sobre a qual assenta o seu futuro? Em plena festa de protesto climático em todo o mundo, Lisboa levou um aviso sério, mas os mesmos desafios que puseram os lisboetas com água pelos joelhos, são transversais à integridade do país, à sua totalidade. Seguro que também quer mandar, também não soube aproveitar a deixa. Viram-no de galochas a armar-se em bombeiro? Não vi nada. Em 1927, o Estado do Lousiana, EUA foi devassado pelas cheias que se viriam a tornar épicas. O então presidente Coolidge acorreu logo ao local para emprestar a sua aura de lider e dar confiança aos cidadãos. É óbvio que o que aconteceu ontem não se pode comparar com a catástrofe da cidade de Evangeline, mas o chefe Costa não cumpriu os requisitos mínimos. Se acontecer algo realmente devastador nesta cidade, pelo menos sabemos com o que não contamos. Não contamos com presidentes de câmara capazes de pensar nas questões de fundo subjacentes ao governo de uma cidade ribeirinha. E diz ele que quer ampliar os resultados da gestão de Lisboa ao resto do país. Ao que restar dele.

publicado às 08:47

Plano de incontinência para a Síria

por John Wolf, em 27.08.13

A escassos dias (ou horas) de uma intervenção militar na Síria, conduzida pelos EUA e seus aliados, e colocando de lado interpretações de ordem geopolítica, preferências ideológicas, as questões morais respeitantes à lei da guerra e o uso de armas químicas, assim como o registo do acentuar da clivagem que opõe a Rússia ao ocidente europeu e americano, venho perguntar se uma nação marginal ao conflito como Portugal tem preparado um plano de contingência, ou se aguarda com expectativa e curiosidade o desenrolar dos acontecimentos? Sei que as guerras internas são de outra natureza, mas um hipotético grupo de trabalho de emergência deve considerar os efeitos nefastos da intervenção militar que se segue, designadamente aqueles que se farão sentir na subida dos preços do crude e nas bombas de gasolina. A intervenção a que assistiremos, de 6 ou 60 dias de duração, obriga os estrategas a redefinir a sua agenda. A crise económica e social de Portugal agudizar-se-á seja qual fôr o desfecho. A retórica das últimas horas inscreve-se no domínio do fait accompli - a política externa dos EUA já lançou os dados e não irá aguardar o aval de uma organização que há já algum tempo deixou de ter relevância no quadro actual da relação de forças - a ONU já não serve de comissão de autenticação ou de plenário de rejeição de decisões tomadas de acordo com interesses que lhe são alheios. Esteja onde estiver, Rui Machete deveria começar a pensar uma pequena declaração sobre o posicionamento de Portugal. Em que condições se encontram as reservas energéticas estratégicas de Portugal? Qual a medida estimável de impacto na consolidação orçamental? Qual o cenário mais  desfavorável para Portugal? E se o governo (ou algum membro do executivo) não realiza este exercício de listagem de possíveis cenários, a oposição teria uma excelente oportunidade para realizar um simulacro. Eu sei que o Bloco de Esquerda anda preocupado com outras coisas, como sentar na sua bancada uma economista em vez de um médico, enquanto que o PS tem resposta para tudo e mais alguma coisa, mas é o governo actual, alegadamente presente para responder a todo o tipo de incêndios, que deve apresentar à nação um esquisso de uma resposta plausível. Pode ser que eu não esteja a ver nada. Afinal de contas Machete foi o homem que sempre cultivou uma relação de proximidade com os EUA (o Soares também; Carlucci e mon ami Kissinger...) e talvez já saiba o que está para acontecer, que tenha assistido a um briefing americano e tenha recebido um memo. Bem sei que o povo português pouco espera de Cavaco, e que o mesmo nunca poderia encarnar um Churchill acutilante, mas alguém deve aparecer para relatar as possíveis consequências do conflito que se avizinha. Acho curioso que a crise Síria ainda não tenha sido utilizada como alíbi, como distracção para as desgraças domésticas que continuamente fustigam a esperança nacional, mas acho que tenho uma resposta aceitável. Melhor ainda, sei porquê. O campeonato de futebol já arrancou, a primeira liga já corre. E não há liga árabe que destrone o desporto-rei.

publicado às 20:39






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