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Make America Weak Again

por Samuel de Paiva Pires, em 14.07.18

Amy Zegart:

Trump has a foreign-policy doctrine, all right. He’s been advancing it with remarkable speed, skill, and consistency. Its effect can be summed up in one neat slogan: Make America Weak Again.

America’s preeminence on the world stage rests on five essential sources of power: neighbors, allies, markets, values, and military might. The Trump Doctrine is weakening all of them except the military."

(...).

International-relations scholars have long found that great powers typically fall for two reasons: imperial overstretch or rivalry with other great powers. Never in world history has a country declined because of so many self-inflicted attacks on the sources of its own power.

publicado às 14:01

Trump é um péssimo negociador

por Samuel de Paiva Pires, em 06.08.17

É o que fica patente na análise de David A. Graham a duas chamadas telefónicas de Trump, uma com o presidente do México, Enrique Peña Nieto, e outra com Malcom Turnbull, Primeiro-Ministro australiano. Graham conclui assim o seu artigo na The Atlantic:

Two countries, two leaders, two approaches—yet both succeeded, for different reasons. The calls with Malcolm Turnbull and Enrique Peña Nieto are not only a valuable document of how diplomacy works; they would also set a pattern. Time and again, foreign leaders have found that Trump is hardly the hardened negotiator he claims, but is instead a pushover. If they can get into a one-on-one conversation with Trump, they can usually convince him to come around to their position. If that was true on paying for the wall and taking refugees, it stands to reason it would be true for lesser Trump priorities, too.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 18:34

A mensagem de Trump para Putin e Xi Jinping

por Samuel de Paiva Pires, em 07.04.17

donald trump.jpg

Não se consegue ainda perceber bem as consequências do ataque que Trump lançou esta noite sobre a base militar síria de onde alegadamente saíram os aviões que protagonizaram o recente ataque com armas químicas na Síria - ainda não foi confirmada a autoria deste ataque, embora a administração norte-americana afirme que tudo indica que a responsabilidade recai sobre Assad e a posição russa seja realmente risível. Alguns começaram já a condenar Trump por trair a retórica isolacionista em termos de política externa utilizada durante a campanha para as eleições presidencias do ano passado, outros afirmam que o ataque desta noite mostra um aventureirismo perigoso.

 

Eu prefiro sublinhar que Xin Jinping chegou ontem aos EUA para reunir com Trump e que tanto a China como a Rússia têm apoiado a Síria na ONU, o que me faz crer que a acção algo imprevisível de Trump comporta essencialmente uma mensagem para Pequim e Moscovo: há linhas que não podem ser atravessadas mesmo em contextos de guerra e os EUA não vão assistir impavidamente às acções de russos e chineses que atravessam essas linhas ou que apoiam quem as atravessa.

 

O ataque lançado pelos EUA é cirúrgico o suficiente para ser uma justa retaliação pela acção inqualificável de Assad, mas também, e mais importante, para servir como demonstração de força e enviar uma mensagem a Putin. E não deixa de ser ridículo ver o presidente russo, tantas vezes aplaudido por muitos por decisões imprevisíveis e demonstrações de força que ignoram ou violam o direito internacional e são justificadas por pretextos dúbios recorrendo a argumentos tipicamente utilizados por potências ocidentais, vir agora argumentar que a decisão de Trump viola o direito internacional, é uma agressão a um Estado soberano  e prejudica as relações entre EUA e Rússia. Ora, afinal, o que foram as invasões da Geórgia e da Ucrânia, e em particular a anexação da Crimeia, senão provocações da Rússia a todo o Ocidente e agressões a Estados soberanos violadoras do direito internacional?

 

A utilização recorrente deste tipo de argumentos por Putin, que não correspondem à prática russa, deixa bem patente a duplicidade do presidente russo que ainda vai passando algo incólume, mas a sua utilização no dia de hoje mostra também que Putin foi surpreendido por Trump e não sabe bem, pelo menos para já, como reagir - o que é muito positivo.

 

(também publicado aqui.) 

publicado às 11:25

WikiLeaks, um casus belli de café

por Nuno Castelo-Branco, em 12.12.10

De um lado, temos os eternos inimigos de tudo aquilo que pareça ser americano. Os porta-vozes, são, por regra aceite e confirmada, gente bem colocada socialmente e que desfia impressionantes conhecimentos de estória do cinema yankee do período áureo do pós-guerra, não desdenhando também em rotineiramente invocar Hemingway como marco de "garantia liberal". Umas férias anuais para gozo da neve em Nova Iorque e com as correspondentes visitas ao MOMA e à Broadway, compõem o quadro. Existe sempre o recurso a uma frase em louvor do país "muito livre, liberal, self-made e pai das liberdades individuais", surgindo logo como contraponto, o eterno mas!, simples expressão que contudo, visa a subreptícia liquidação de tudo o resto. O mas!, deve-se à reacção americana "sempre que os seus interesses económicos e de segurança sejam ameaçados". Como se tais sempre fossem coisa de somenos importância, os observadores do politiquês abespinham-se contra o reflexo defensivo conduzido por Washington D.C., que invariavelmente e para cúmulo do espanto dos santarrões bem pensantes, imediatamente contra-ataca.

 

Deve existir liberdade de expressão - logo, de informação - na net, aliás uma invenção proveniente dos States. O que parece ser espúria, é a obtenção de testemunhos que pela sua marginal importância, fazem parte da petite histoire diplomática. O que um embaixador diz ou pensa acerca deste ou daquele dirigente estrangeiro, consiste sempre numa opinião pessoal, quantas vezes ditada por informações prestadas por amigos ou inimigos do dito líder estrangeiro. Assim, o quadro geral não é absolutamente fidedigno e presta-se, bem pelo contrário, a deficientes interpretações por parte dos serviços receptores das mensagens, ou seja, o Departamento de Estado. Hillary Clinton "mandou espiar" o secretário-geral da ONU? Talvez, mas daí não advirá qualquer problema de maior, até porque o sr. Ban Ki-moon não possui a condução directa de qualquer potentado militar, ou uma única mala de códigos desencadeadores do Armagedão. Já há uns vinte anos, vieram a público informações referentes ao sr. Kurt Waldheim, o prolixo e severo secretário-geral que durante muito tempo, havia feito a "vida negra" à diplomacia portuguesa. Conhecido aliado tácito e táctico dos interesses da então omnipotente URSS, era incensado pelos apoiantes do Movimento pela Paz e Cooperação, como "homem da paz entre os povos", amigo da "causa árabe", dos "movimentos de libertação e crítico do "imperialismo". Naquela altura, o WikiLeaks era uma possibilidade tão imaginária, quanto a decifração do genoma humano. A queda da tirania moscovita e a paulatina abertura dos ficheiros secretos, revelaram uma outra estória que ficou para a história. O austro-alemão Waldheim era chantageado pelo Kremlin, conhecedor da sua antiga carreira de oficial nacional-socialista na Jugoslávia ocupada. Ficámos a conhecer a sua glabra silhueta, impecável no elegante uniforme das forças armadas do III Reich e a partir daí, toda aquela retórica da década de 60-70 fez coincidir, como papel químico, os postulados a que nos habituou, com outros que haviam desaparecido dos noticiários em 9 de Maio de 1945. Eram parecidos, para não dizermos escandalosamente idênticos. O homem tinha medo de ser "desmascarado" - no sentido marxista-leninista-maoísta do termo - e perder o vaidoso poleiro onde cravara as unhas.

 

A chamada Europa, deverá ser mais cuidadosa na receptação de toda as "boas-novas" trauteadas por quem já apoiou Estaline, Castro, Krushchev, Brezhnev, Mao, Ho Chi Min, a flácida família Kim, Pol Pot, Nasser, Khomeiny - este de forma envergonhada, mas por exclusão da outra parte, isto é, do Xá -, Samora, Neto, Arafat, Kaddafy e uns tantos mais. São precisamente aqueles que ainda há uma semana, já sugeriam uma "provocação americano-sul coreana à Coreia do Norte", a propósito da chuva de obuses que Pyong-Iang fez cair sobre uma ilha do seu rival do sul.

Os europeus têm desfrutado do seu Estado Social de uma forma que surpreende e atrai todos aqueles que não beneficiam da posse do passaporte das doze estrelinhas e isto deve-se única e exclusivamente, a um factor que não se compagina com "Declarações Universais", "Cartas" e outras miríficas prendas. A poderosa Europa que no seu exaustivo currículo pode ostentar as outrora colossais armadas portuguesa, espanhola, holandesa, francesa, inglesa, italiana e alemã, hoje em dia, de pouco se pode ufanar quanto à sua segurança. Um problemático porta-aviões para mostrar a bandeira tricolor, outros dois da R.N. em construção e mais três pequenos cascos porta-aeronaves, a isto se reduz o outrora esmagador poder mundial. É tudo o que justifica a condição de potência militar de terceira classe. Depende dos americanos na secreta, como dos americanos depende na vigilância e segurança que chega do espaço próximo do planeta Terra. Se excluirmos a semi-europeia Grã-Bretanha, a restante península pretensiosamente auto-denominada de "continente", pouco pesa, quando chega a hora da acção. No próprio Iraque, a intervenção foi atacada pelos "promotores e defensores da paz" - os mesmos que olhavam com complacência os 20.000 panzers e as dúzias de mísseis SS-20 soviéticos colocados na fronteira da RDA -, alegando estes, que a invasão visava o controlo do petróleo. Ora, bem vistas as coisas como realmente se passaram, a produção não só não aumentou, como bem pelo contrário, foi reduzida, tendo ficado de fora das concessões, muitas daquelas que pareciam ser as claras beneficiárias da queda de Saddam: as empresas energéticas americanas. Gostemos ou não, de facto, a nossa tranquilidade caseira tem sido garantida por algumas Task Forces que o Pentágono concentra em pontos vitais do globo. Uma dúzia e meia de porta-aviões nucleares, centos de aviões, milhares de operacionais prontos para intervenções imediatas, uma elaborada logística, aparelhos de vigilância contínua, a rede de satélites espiões, submarinos que patrulham todas as rotas vitais em todos os oceanos, centros de informação que avisam da entrada de elementos subversivos na Europa, etc. É este o guarda-chuva proporcionado pelos EUA. Não será disparatado afirmar que tal generosidade, é obviamente mitigada pelos seus próprios interesses na manutenção da hegemonia, devendo esta ser encarada com a naturalidade decorrente da própria experiência europeia que desde há 500 anos, o mesmo tem feito com picos e quebras de sucesso.

 

Ficamos contentes por descobrirmos as indecências relativas a negócios em que o Estado português foi lesado pela cupidez de assinantes de acordos comerciais ou de transferência de posse de bens? Com certeza que sim. É uma satisfação ficarmos cientes acerca esquemas comerciais e de abusos cometidos por dirigentes contra os seus próprios concidadãos? Decerto. Julgamos útil a divulgação de opiniões pessoais de um embaixador acerca de festas, bebedeiras ou transferências bancárias de um conhecido político da arena mundial? Sim, tratando-se de casos episódicos que tornam bem reais os sketches dos Monty Pitton, passíveis de nos alegrar um jantar entre amigos e proporcionarem tema de conversa à hora do café. Mesmo tratando-se de uma intolerável invasão da vida privada de quem a ela tem todo o direito, estes últimos casos são meramente marginais e não implicam o risco para a segurança de sujeitos singulares e muito menos ainda, de nações inteiras. Denotam apenas as chamadas "fraquezas humanas", onde a cobiça, a vigarice arteira e as naturais pulsões do bicho homem, surgem como aquela invariável que justifica a nossa espécie.

 

Os EUA mal agem quando se decidem a argumentar com a vida pessoal do sr. Assange. As alegações de violação nada mais são, senão isso mesmo: alegações. Justificar directivas de captura em termos de "lei, moral e bons costumes", não deixa de ser um aspecto caricato, pois assim sendo, entra-se naquela contradição que de imediato nos recorda uma pobrezinha secretária da Casa Branca, "abusada na sua dignidade de trabalhadora dependente" por um presidente dado a "vícios" de oralidades. Já repararam que quem mais atacou Clinton foram, precisamente, os mais estrénuos defensores de todas as "liberalidades"? Esses mesmo. O homem é W.A.S.P., ou seja, um yankee. Isso basta.

 

De tudo isto, retiramos umas breves conclusões. Os americanos, os seus aliados europeus e alguns países asiáticos - as democracias -, deverão regressar aos antigos processos de recolha e guarda a bom recato, da informação verdadeiramente importante - segurança e defesa, relatórios económicos e de pesquisa científica que garantem o que resta do nosso poder no mundo - e que durante longo período deve permanecer confidencial. Isto significa um regresso à missiva enviada em envelope lacrado e cuidadosamente resguardado pela mala diplomática, destinando-se a ser recebida por uma ínfima minoria de privilegiados que detenham o efectivo poder de decisão nos Estados. Após a leitura e devida ponderação dos factos - e não de suposições ou informações de duvidoso valor e proveniência -, a papelada deverá ser guardada a sete chaves e tal como outrora, apenas disponibilizada decorridos dez lustros.

 

Há umas semanas estivemos nos arquivos do MNE e lemos alguma da correspondência enviada pelo sr. Teixeira Gomes ao plasticínico ministro dos Negócios Estrangeiros da República de 1910. Numa das apressadas cartas endereçadas ao sr. Bernardino Machado, tecia considerações acerca de outros diplomatas, entre os quais sobressaía um, que por sinal, parecia ser um dos seus numerosos ódios de estimação. Entre algumas acusações de má fé e reserva mental, o ministro da Legação espanhola em Lisboa, era acusado de tendências oscar-wildinianas, com tudo o que poderia isto significar entre dentes, num garden-party qualquer. Afonso XIII não teria apreciado o dichote, disso estamos certos, mas na segunda década de novecentos e por muito inepto, grotesco e violento que pudesse ser o regime do PRP, tal alegação seria um casus belli? Não cremos, mas dá bem a dimensão da importância e seriedade de muitas das afirmações desfechadas pelos bem conhecidos degustadores do croquete alheio.

 

Ficamos por aqui.

publicado às 16:15

 

Um presidente em apuros

 

 

Mau tempo sobre a América

 

Tradições peculiares

 

Um presidente inesquecível

  

Agora que a nova administração de Americana entrou em funções pode-se já ver as grandes mudanças na politica externa americana.

Existe uma clara inversão de atitudes que tem por fim colmatar os erros do anterior presidente Bush. Os E.U.A. estavam a trilhar um caminho extremamente perigoso que poderia dar origem a uma guerra regional de grandes proporções no Médio Oriente.

A invasão do Iraque e o afrontamento directo da Rússia de Putin foram erros importantes de Bush que estão na origem dos problemas actuais mais imediatos da política externa norte americana.

A dissolução da U.R.S.S foi aproveitada nos últimos 19 anos pelo E.U.A. para tentar quebrar a hegemonia Russa sobre os povos seus vizinhos. Apoio político-económico directo, a integração em alianças militares (N.A.T.O) ou económicas (C.E.E.), a instalação de bases militares ou de misseis foram algumas das medidas mais conhecidas do grande público. Resumindo, trata-se da aplicação da antiga máxima do dividir para reinar que foi responsável pelo fim dos impérios europeus e que pretende enfraquecer a própria Comunidade Económica Europeia. Tal pode provavelmente observar-se no apoio americano declarado à entrada da Turquia.

O governo do Sr.Putin alicerçado nos rendimentos do petróleo tem mantido um processo de renovação das forças armadas e esmagou os desafios Tchecheno e Georgiano de forma a consolidar o seu prestigio e defender os seus interesses económicos. A nível externo contra-atacou os americanos no seu velho “calcanhar de Aquiles”, o Médio Oriente. Novas oportunidades surgiram com a decisão do presidente Bush após o ataque terrorista às torres gémeas de invadir não só o Afeganistão de onde tinha partido o ataque, como o Iraque de Sadam Husseim baseado num conjunto de premissas falsas. Curiosamente, no caso do Iraque invadiu um Estado Soberano sem nenhuma outra razão prática a não ser as injustiças praticadas a nível interno pelo seu regime. Criou-se portanto mais um precedente que justifica a ingerência militar de uma ou mais potencias estrangeiras na politica interna de países independentes.

Os E.U.A. pretendiam apoiados nos Xiitas controlar o país e os seus recursos petrolíferos. Os interesses estratégicos americanos desde o fim da segunda guerra mundial tem passado geralmente por tentar controlar países produtores de matérias primas chave como o petróleo. Actualmente Angola (a título de exemplo) abastece em mais de 20% o gigantesco mercado interno dos E.U.A.

No entanto de uma forma inacreditável (falta-lhes um novo Kissinger) a administração Bush não teve em conta uma poderosa potência regional com mais de 2600 anos de antiguidade, refiro-me ao Irão. O Iraque tem estado sempre sob domínio ou influência Persa. Rapidamente após a vitória militar americana, os iranianos começaram a infiltrar agentes no Iraque para o destabilizar e a apoiar uma importante facção política Xiita. Portanto os americanos começaram a ser fortemente atacados simultaneamente pelos Sunitas apoiados pela Al qaeda e pelos Xiitas apoiados no Irão. Actualmente a situação interna no Iraque está um pouco mais sobre controle porque muitos lideres tribais Sunitas foram comprados e dessa forma reduzida a base de apoio dos terroristas estrangeiros. O grande problema é que o projecto político de um novo grande Irão que com forte apoio Russo e algum Chinês começou a desenvolver a bomba atómica. Portanto existe a hipótese muito possível do dito Irão conseguir destabilizar o Iraque e expulsar do poder a facção Xiita afecta aos E.U.A. Um super Irão controlando a parte Sul do Iraque rica em petróleo e colocando sob sua “protecção” o norte Sunita seria uma catástrofe para os americanos, pondo mesmo em questão a viabilidade do Estado de Israel. Neste imbróglio temos de ter em conta a Síria aliada de Teerão e os grupos terroristas do Líbano e da Palestina. Neste momento os Estados Unidos como potência mundial em retrocesso relativo já não tem capacidade para sozinha enfrentar uma grande guerra regional contra um inimigo islâmico poderoso apoiado militarmente pela Rússia.

Socorrendo-me de um livro que estou a reler na versão original em inglês (a tradução em português brasileiro deixava a desejar), “O choque das Civilizações” do Samuel P. Huntington que recomendo vivamente, os Estados Unidos na primeira invasão do Iraque em 1991, posicionaram no golfo Pérsico 75% dos seus aviões tácticos activos, 42% dos seus carros blindados, 46% dos seus porta-aviões, 37% do pessoal do exército e 46% dos seus fuzileiros. Dificilmente agora os EUA terão força para conduzir praticamente sozinhos grandes intervenções militares contra potências regionais importantes.

 

 

Neste contexto a administração Obama vem fazer a única coisa que lhe resta, atingir um entendimento com a Rússia e abandonar o projecto de dominar politicamente e militarizar os países limítrofes da Rússia. Paralelamente encetar negociações diplomáticas directas com Teerão visando encontrar um entendimento em relação ao Iraque. Simultaneamente vem à Europa reafirmar o papel de liderança americano do “bloco Ocidental”. No futuro os EUA cada vez precisam mais do apoio Europeu para fazer valer os interesses que querem fazer crer serem de todos. No que se refere ao Afeganistão é um conflito em que a solução exclusivamente militar é claramente inviável. Faz lembrar um pouco a nossa guerra colonial em África salvaguardando as proporções. A FRELIMO em Moçambique era um movimento terrorista maioritariamente apoiado na etnia Maconde que tinha dois terços da sua população na Tanzânia que era um país independente que os apoiava. Portanto qualquer vitória militar passaria obrigatoriamente pela invasão desse país, o que era impensável. Voltando ao caso do Afeganistão os americanos teriam de invadir o Paquistão de forma a submeter as áreas tribais de onde partem os ataques através da fronteira e como isso é impossível, resta aos americanos tentar negociar com fanáticos religiosos.

Em termos gerais agora no que concerne à Ásia, no futuro o que se verá cada vez mais será os americanos apoiarem a índia para contrabalançar o crescente poder da China. Neste momento estas duas potências emergentes já travam um conflito surdo pelo controle do Oceano Índico que é a porta de acesso para o Médio Oriente, África Oriental, Europa e costa Ocidental da América (através do Suez). A China aliada ao Paquistão, iniciou a construção de uma rede de importantes bases navais na costas do Índico e pretende “cercar” a Índia através de uma rede de alianças militares regionais. Isto significa que a política americana é e será sempre no futuro, a de jogar um papel decisivo na nova correlação de forças resultante da emergência destas novas potências de forma a impedir que alguma atinja a supremacia mundial. Será uma cópia à escala global da política inglesa para a Europa continental desde o reinado de Luís XIV, dividir para reinar e manter as correlações de forças para que não se criem novas hegemonia políticas desfavoráveis aos interesses americanos.

publicado às 16:27

A Política Externa Obama-Clinton

por Samuel de Paiva Pires, em 30.11.08

 

Obama fez uma jogada de mestre com a escolha de Hillary Clinton, e ela própria terá também consciência disso. É o velho príncipio maquiavélico de ter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto. Obama vai usufruir da reputação internacional não só de Hillary mas também de Bill Clinton, ao passo que Hillary fica de certa forma impedida de fazer campanha contra Obama como forma de se preparar para uma eventual candidatura presidencial em 2012. E se alguma coisa correr mesmo muito mal, Obama poderá sempre demitir Hillary, isto num caso extremo em que o custo de sacrificá-la seja inferior ao custo de mantê-la, o que pressupõe um eventual facto político gravíssimo.

 

Quanto à política externa que esta promissora dupla terá a desenvolver, Robert Kaplan deixa uma interessante sistematização neste artigo da The Atlantic. Aqui fica uma pequena parte, mas aconselho a ler na íntegra:

 

But the real reason that Obama and Clinton might enjoy success is something that goes barely mentioned in the media. Obama and Clinton are buying into a bottomed-out market vis-à-vis America’s position in the world. It is as if they will be buying stock after the market has crashed, and just at the point when a number of factors are already set in motion for a recovery. For President George W. Bush did not just damage America’s position in the world, he has also, over the past two years, quietly repositioned himself as a realist in foreign policy, and that, coupled with a bold new strategy in Iraq, known as the “surge,” has poised America for a diplomatic rebound, which the next administration will get the credit for carrying out.

publicado às 21:51






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