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Show me the money, Varoufakis!

por John Wolf, em 27.02.15

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Provavelmente da próxima vez que escrever uma pequena nota neste blog estaremos todos felizes e contentes no mês de Março. O Banco Central Europeu (BCE) havia anunciado, e vai cumprir: irá dar início ao seu programa de quantitative easing no mês que está prestes a chegarOs mercados financeiros e accionistas irão bombar como um drogado que acaba de receber uma injecção no veio central da sua existência. A compra de títulos de tesouro por parte do BCE é um doce para os especuladores, mas não gera efeitos imediatos na economia real. Vimos como foi nos EUA, mas a Europa será um caso à parte. Na América puseram o dedo na ferida, por exemplo com a intervenção no âmbito dos Mortgage-Backed Securities (MBS). Contudo, na Zona Euro poderemos esperar por um efeito que não carece de uma explicação complexa. A injecção de liquidez, por via directa ou indirecta nas economias, e pela compra de títulos de tesouro dos países da Zona Euro, afecta o valor das divisas subjacentes. Neste caso, poderemos contar com uma ainda maior desvalorização do Euro. Por um lado, essa condição cambial ajuda as exportações da Zona Euro, e, por outro lado, uma vez que a deflação parece reinar na Europa, existe margem para aumentar os níveis de oferta de liquidez. A inflação até é desejável, e por mais do que um motivo, mas sublinhemos o facto das dívidas dos Estados serem mais facilmente mitigadas se a divisa em que as mesmas se expressam menos valerem. Aquilo que vai ser iniciado em Março pelo BCE não irá clarificar a complexidade da situação económica em que se encontra a Europa. Sempre que a economia real não funciona, os bancos centrais escrevem ficção  - imprimem dinheiro e passam a ser uns mãos largas como se isso resolvesse os problemas estruturais das economias. As bolsas europeias decerto que irão bombar, e os hedge funds e especuladores farão as suas apostas certeiras, mas o cidadão comum será excluído dessa festa. A Grécia deixar-se-á envolver nesse turbilhão de ilusões e aproveitará o mesmo para extrair dividendos. Varoufakis e os demais pseudo anti-capitalistas dirão que é um claro sinal de recuperação. Mas os mais avisados sabem que isso não é verdade. Aqui deixo o meu aviso. E eu nem sequer sou um especialista na matéria.

publicado às 22:53

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Não é assim tão simples como pinta o Draghi e companhia. O European Quantitative Easing tem contornos próprios. Os estados-membros da União Europeia que venham a receber "dinheiro fresco", apenas podem servir-se do mesmo para comprar a "sua" dívida aliviando os encargos dos seus bancos. Ou seja, a integração europeia e a transversalidade decorrente da mesma são inexistentes. É o mesmo que dizer: pega lá no guito e salva-te se puderes. Como podem ver, o espírito ecuménico vigente nos tratados europeus não passa de uma fantasia. O legado civilizacional comum de pouco vale. Venham de lá esses "triliões".

publicado às 09:16

Zorba e o filme do Euro

por John Wolf, em 20.01.15

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A União Europeia (UE) é uma experiência autofágica. A possibilidade de efectiva destruição da divisa Euro, com todas as consequências que a mesma acarreta, resulta das condições endémicas geradas pelos lideres da União Europeia. Quiseram embalar no mesmo baralho monetário economias tão dísparas com a vã expectativa que os fundos estruturais e outros mecanismos de subvenção europeus pudessem limar as arestas das diferenças dos  estados-membro da UE. O resultado está à vista. O Euro está a descarrilar e já foi "abandonado" pela Suiça (e outros seguir-lhe-ao o rasto) - o país que antecipa a defesa do seu interesse nacional enquanto as outras nações dormem. Não há nada de cínico neste comportamento - não passa de uma expressão de Realpolitik monetária. Mas a última estocada que será desferida no Euro, não resulta de congeminações fundamentalistas externas, nem de ataques de terceiras partes. Será o próprio Banco Central Europeu a administrar a (over)dose fatal. No dia 22 de Janeiro, os dealers monetários da Europa, comandados pelo Exmo. Sr.  Mário Draghi, darão início a um processo de dumping monetário autorizado - European Quantitative Easing (EQE). A primeira palete será da ordem dos 550.000.000.000 de Euros (quinhentos e cinquenta mil milhões de Euros). O Euro está a afundar? Ainda não vimos nada. O Euro irá ao encontro da paridade com o Dólar? Nada disso. O dólar irá ficar ainda mais forte, muito mais forte. Mas temos de juntar outro elemento de destruição à fórmula - a mais que provável vitória do Syriza nas eleições gregas que têm lugar no dia 25 de Janeiro. Estes dois eventos quando combinados irão gerar turbulência assinalável na zona Euro e não só. Aqueles que aplaudem a "vingança" grega nem sequer sonham com o que aí vem. As falsas promessas e as utopias socialistas têm um apelo populista forte. António Costa sabe-o e tentará extrair dividendos da situação grega para a sua campanha pessoal. Quanto a Portugal, isso é outra história. Fica para depois.

publicado às 10:00

Sete anos, sete vidas e um escudo

por John Wolf, em 15.04.13

Tenho um pressentimento em relação ao desfecho da triste história que aflige o país. Um sentimento vago e instintivo, próximo do élan da opinião. Um juízo que se desloca sem causar grande alarido. Tenho algumas reservas em relação ao nascimento de uma nova mentalidade nacional. Portugal voltará a ser o que sempre foi. Sete anos, sete vidas. O prolongamento do prazo para o país cumprir os seus compromissos financeiros é, no meu entender, um presente envenenado. Uma extensão do prazo de validade da austeridade, por outras palavras menos simpáticas. Um alibi que pode ser invocado para justificar remédios que se tornam crónicos, quiçá paliativos. O tempo adicional que foi anunciado como vitória estrondosa serve o presente de um modo débil e dilui-se no futuro - o local e a hora onde Portugal tem um compromisso na agenda da sua sobrevivência, desenvolvimento. O bónus cria a ilusão de alívio junto do público em geral. Funciona como uma anestesia genérica que não deixa marca. No fundo, e citando o exemplo do filósofo Nassim Taleb; "será a distinção entre um choque frontal a 50 kms/h ou 50 embates a 1kms/h". À medida que sub-repticiamente deixam infiltrar no foro psico-social dos contribuintes a soma de males menores (que não matam mas que moem), eternizamos a noção de um modelo condenado à sua vacuidade, à justificação que morde a própria cauda. Por outro lado, e analisado de um modo político, o alongamento do prazo funciona como fita-cola para comprometer seja qual for o governo de Portugal. Sete anos dizem respeito a pelo menos dois ciclos políticos. Agarra os principais partidos de Portugal e transforma-os, sem o desejarem, num bloco central alternativo às ordens de uma força maior. Acho curioso que os planos quinquenais nunca tenham deixado de existir. Serão pouco quinquenais em termos temporais, mas que existe uma entidade que define o futuro dos outros, não tenhamos dúvidas que existe. O problema que se coloca a um conjunto de Estados relaciona-se precisamente com essa super-estrutura que não reside no reino da soberania. Portugal, e outros países caídos em desgraça, devem rapidamente reaver a sua política monetária. E readquirir uma das mais importantes ferramentas de execução governamental. Não me parece que haja muito mais que possa ser remendado com concessões, migalhas atiradas pelo chefe para o capacho dos súbditos. Dadas as condições em que se encontra Portugal, não constituirá surpresa se uma força substantiva se consolide em torno da ideia de um escudo protector. Um escudo.

publicado às 10:27






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