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O lançamento do processso conducente a um acordo de comércio livre entre os Estados Unidos e a União Europeia é, no meu entender, uma boa notícia. As virtudes do velho continente aliadas à ousadia do novo mundo, podem trazer proveito a ambas as partes. Mas torna-se necessário não cometer os mesmos erros verificados no processo de construção e aprofundamento da União Europeia. Foi em nome do negócio que grandes avanços foram decididos, que políticas foram accionadas em nome do princípio da solidariedade e da coesão económica e social, mas o resultado está à vista. Os cidadãos foram utrapassados pelas exigências do mercado e a crise que atravessamos parece ser um catalisador perigoso para entidades desesperadas, que procuram uma solução rápida para debelar as profundas recessões, e o flagelo do desemprego que aflige as partes envolvidas. A emergência é sentida em ambos os lados do Atlântico e os líderes em causa, sabem que o seu atraso significa o avanço de outros actores político-económicos de dimensão assinalável. A China, a Indonésia e a Índia, entre outros, estão na via ascendente que poderá ofuscar a preponderância económica dos Estados Unidos e da União Europeia. Os prospectivos signatários do acordo de comércio livre não estão separados por um muro que se possa inscrever em téses extremas de vantagem ou desvantagem comparativa. Os direitos e as tarifas que dividem os países Europeus dos Estados Unidos, não são dos mais agrestes. Contudo, para que o projecto possa vingar em termos efectivos, a União Europeia será obrigada a reinterpretar os seus processos produtivos e progredir a passos largos para desenvolver uma genuína cultura de empreendedorismo. Por outro lado, os Estados Unidos terão de dar continuidade a um processo de abertura no que diz respeito à interpretação dos estilos de vida de gentes de outras paragens. A meu ver, o meio-termo, o ponto de encontro de ambas as partes deverá processar-se no domínio do relativismo cultural. Os valores, as tradições, os costumes de uns e de outros terão de ceder, no sentido de se encontrar uma genuína plataforma euro-americana. No meu entender é aí que se encontra o busílis da questão, para não mencionar a bitola do comboio.