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Eram da Holanda, esses dois casais amigos que tanto gostavam de passar o mês de Agosto numa casa que temos lá no Alto Minho. Numa dessas estadias entre nós, estávamos nos anos 80 do século passado, numa altura em que se anunciava já a adesão de Portugal à CEE, uma das senhoras disse que os portugueses ainda haviam de se arrepender de dar tal passo; que não sabíamos o que nos esperava... E ainda estávamos longe da União Europeia -do Tratado de Maastritch -, do Acordo de Schengen, do Tratado de Lisboa, o tal que só quem sabemos achou " porreiro "...
Preparou-se, pois, logo no mesmo ano de 1907, a partir da casa do visconde da Ribeira Brava, que, tal como José Maria de Alpoim, dissentira do partido progressista, e estava " já lançado no primeiro plano da lucta contra o governo ", um golpe contra João Franco , aprazado para o dia 28 de Janeiro de 1908, organizado pelos republicanos e franco-mações António José de Almeida e Luz de Almeida. Entre os conspiradores estavam os futuros regicidas Buiça e Costa, que haviam sido " escalados para o assalto ao palácio real ", mas " visto o rei ficar em Vila Viçosa ", tinham-se dirigido para o Quartel dos Lóios.
" Na Avenida é que se devia esperar o João Franco ", comentavam entre si os conspiradores, e " após a execução ", proclamariam a república no Terreiro do Paço.
Mas o chefe do governo não aparecia. Deliberaram dispersar. Não sem que a conjura fosse descoberta, por um acaso: " Um policia de serviço na Camara Municipal " vira entrar muita gente para o elevador, que não trabalhava, e lançara o alarme ", tendo a maioria sido presa. Encontraram-se muitas armas, que tinham sido fornecidas pelo visconde.
No dia seguinte, o indignado Alfredo da Costa, chamando covardes aos que tinham " deixado de cumprir o seu dever " dirigiu-se à Redacção do « Paiz », onde se acercou de Meira e Sousa, o director do jornal, e que também conspirava contra o Rei e o seu Conselheiro, a quem exclamou: " - João Franco lavrou a sua sentença de morte ao tocar em António José de Almeida - o seu ídolo -; vou matá-lo! ", ao que o jornalista contrapôs que " o presidente do conselho era apenas uma prolongação do rei, que o dirigia ".
" Então mata-se o rei! ", objectou.
Fonte: « João Franco e o Seu Tempo », de Rocha Martins
É por estas e por outras que desisti de acreditar neste país. A lei de limitação de mandatos serviu, concretamente, para quê? A decisão de Menezes não me surpreende rigorosamente nada, o que me preocupa - já nem me refiro ao edil de Gaia, pois, a sua nulidade política dispensa quaisquer comentários - é a caterva de politiqueiros que seguirá o exemplo de Menezes, nomeadamente os dinossauros autárquicos que, após inúmeros anos à frente de uma determinada câmara, prosseguirão a sua carreira política noutras paragens. Este regime está definitivamente caduco.
Uma das lições básicas das Ciências Sociais, pela qual passa em grande medida a refutação do cientismo, é a de que a realidade social não é um laboratório, ou seja, não é possível utilizar o método experimental, pelo que não se pode decalcar o método científico das Ciências Naturais. Claro que a Ciência Política não foge à regra. Mas eu estou em crer que esta lição está cada vez mais desactualizada. Possivelmente, tratar-se-á de uma inovação realizada pela Relvas School of Political Science. Que o diga António Borges. Mas deixando de lado a hipótese de os cientistas políticos poderem ver-se na iminência de terem que rever os seus métodos de análise, o que fica mesmo da abordagem experimental à praxis política, operada nos últimos dias a respeito da privatização da RTP, é um amadorismo sofrível. Eu preferia manter intacta a lição e que fôssemos poupados a trapalhadas que os spinners de serviço na blogosfera e no Facebook lá vão tentando disfarçar - mal, porque amadoramente, o que não deixa de estar em sintonia com o governo. Infelizmente, os politiqueiros parecem preferir a opção contrária.
dizia Margaret Thatcher. É o que se me oferece dizer ao ler este post de Pedro Quartin Graça.
Quantos " elefantes brancos" não cresceram com o " dinheiro dos outros " nestas últimas décadas? Este é mais um, bem nutrido, à custa do erário de todos nós. Falta de vergonha de quem atribui tais salários, mas também de quem os recebe, porque cientes da sua proveniência.
Guimarães não merecia esta nódoa. Portugal não a merecia também. Como não merecia todas as que a precederam. Quando é que esse termo, vergonha, começará a fazer parte do dicionário da imensa maioria dos políticos???
Responsabilidade, Sentido de Estado em qualquer situação, e não apenas numa situação delicada e urgente é coisa que ' deveria ' fazer parte da vida de cada um que se propõe entrar na vida política activa; para isso é pago, e juraram-no perante quem os elegeu; se não for essa a sua vocação melhor será ir dar uma volta ao bilhar grande. Óbvio. Mas quando um fujão do gabarito do actual presidente da comissão europeia se arroga o direito de o dizer alto e bom som, melhor seria que, antes, metesse a mão na consciência, perguntando-se se tem autoridade moral para tanto.
" Líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, afirma que Portugal está a aproximar-se «perigosamente da situação da Grécia» e que, por isso,
«Sócrates é um primeiro-ministro sem perdão»
Os políticos portugueses sofrem de uma grave falta de capacidade de auto crítica: será que, ao longo de todos estes anos algum tem perdão?
Comecei a lê-lo, com agrado, n'O Insurgente. A Alberto Gonçalves. E é sempre com agrado que leio as suas crónicas no DN.
No primeiro tema que hoje glosa, é-me inevitável não imaginar a conhecida lata com que o engenheiro aparece regularmente no ecrã a desfiar essa meada de aldrabices e trapalhadas, com o ar mais seráfico deste mundo, porque sabe que, ao terem-no reconduzido ao governo, há muitos portugueses crédulos. Mas repeti-las a um jornal como o Financial Times, será que o mesmo engenheiro esperava ter uma plateia de inocentes, facilmente enganáveis pela sua verve fácil de vendedor de banha da cobra?
Face ao chorrilho de insanidades que se dizem sobre políticos e deputados, diz a deputada de Medeiros
Os que vos aguentam, com a força do seu trabalho, sabe Deus à custa de que sacrifícios, bem que podem - e devem - carregar mais nas tintas; talvez assim se conseguisse a tão necessária fiscalização daqueles a quem entregaram o seu voto, e que, ao longo destes anos todos se tem revelado um cheque em branco.
Diz Jerónimo de Sousa. Vou mais longe - como se adivinhava -: é preciso, para que Portugal retome o caminho de um país sério, romper com toda esta classe política medíocre, que começa a sua ascensão nas juventudes partidárias, com o único pensamento de " encher o bandulho ".
não que o mal que vem dos lados de S. Bento tivesse acabado, mas uma calmaria se anuncia: o " animal feroz " que tem feito de todo um país o seu feudo, vê-se agora na posição humilhante de amansar os ímpetos de teimosia arrogante que sempre o acompanharam, por força da muita pressão do exterior, para meter juízo naquela cabeça, mesmo que seja uma incógnita se o mesmo veio para ficar...( Duvido mesmo muito...)
Escusado, já que um homem que está à frente dos destinos de um país não devia precisar de sujeitar-se a isso.
Coisas que já foram impensáveis.
em que me punha em frente ao ecrã a beber as palavras dos congressistas. Cheguei, ainda a tempo, felizmente, àquele estádio em que achamos uma perda de tempo indesculpável gastarmos uma tarde da nossa vida a ouvir as aldrabices dos políticos da portuga praça: bacocas, intriguistas e mentirosas: o recente congresso do PSD não seria excepção, por maioria de razão, por ter já uma opinião muito clara acerca dos elegíveis.
Mas não tendo assistido, os jornais fizeram-me saber do " caso " que marcou a integração de uma nova cláusula nos estatutos do partido.
Independentemente de qualquer juízo de valor, entendi as razões de Pedro Santana Lopes ao propô-la: não tenho memória de campanha tão suja, vinda do próprio partido, como aquela de que foi vítima. Hoje, ao ver aqui como as coisas se processaram, confirmo o que na altura pensei, como muitas outras pessoas aliás: quem lá estava dentro tinha uma oportunidade d'ouro para pôr a boca no trombone, e não o fez, preferindo, mais uma vez, fazê-lo nos corredores.
Mais uma razão para manter a opinião de que é nesse partido em que é mais desavergonhada e encarniçada a luta de galos, não olhando a meios para atingir fins inconfessáveis.
Sobre os políticos que assim agiram, tem o povo um provérbio muito acertado " pela aragem se vê quem vai na carruagem "...
A minha mãe a chegar e a perguntar-me se tinha assistido a algum momento daquele " tudo ao molhe e fé em Deus ", a acontecer lá para as bandas de Mafra.
- Perder tempo a ouvir estes partidocratas, estes profissionais do mal-fazer, estes bandalhos de meia tigela ( ou será da mula-ruça? ). Haja dó!
Consigo imaginar muito bem que os últimos tempos da monarquia não haviam de ser muito diferentes, e quando os verdadeiros Homens quiseram arrepiar caminho, aconteceu o que aconteceu. Os políticos d'hoje são os herdeiros directos dos de então. Por isso se foi a paciência...
Há dias perguntava-me um sobrinho se já tinha pensado que, no limite, poderíamos ter um Presidente da República, e portanto, Chefe das Forças Armadas, que não se limitara a ser desertor, antes ajudara o inimigo.Disse-lhe que já tivemos um que calcou a bandeira nacional, portanto...
Esta censura é tramada: será que estão a enganar os potenciais votantes, escondendo um potencial verdadeiro estadista, não lhe dando tempo d'antena? Bem sei que ele teria muito trabalho para contornar a falta de ideologia, mas, caramba!, dever-lhe-ia ser reconhecida a liberdade de tentar - afinal, ao longo destes trinta e tal anos a receita tem sido sempre a mesma, com os resultados conhecidos, e insistem na mesma receita? Se fosse uma questão de puro masoquismo, pronto; mas não: afecta-nos a todos...
a pensar no quão desastroso é o Poder Local? O quanto ele tem sido o responsável pela ruína de um país que tinha regiões bem características, deixando que dele se fizesse um manto de retalhos, feio, porco e mau para se viver?
Ainda me lembro como eram as freguesias em redor antes desta ascenção de patos bravos de que fala o Miguel.
A minha vila natal era uma coisa linda de se ver , não muito diferente disto. Os empreiteiros, com o imprescindível apoio desse famoso Poder Local tornaram-na quase irreconhecível. Oiço muitos lamentos daqueles que a conheceram como era antes. Falar da " proximidade " das populações só pode, mesmo, ser brincadeira.
Digo que desisto de escrever, e daí a pouco cá vai outro postaleco. Que era o último capítulo do calhamaço que é o poder local....; mas um comentário da Si faz-me voltar à liça: " Pena é que estas conclusões só se tirem de 4 em 4 anos e que depois delas volte tudo ao mesmo. Mas não tenhamos vergonha do nosso país."
É impossível não concluirmos por aí todos os dias. O problema é a nossa impotência: o que fazer com a nossa revolta, quando vemos o que fazem ao país criado por Grandes como estes?
Só podemos insultá-los, mentalmente.
Descaracterizam-no, fazem dele, que é um sítio naturalmente bom e bonito, um lugar mau e feio. E tudo isto nos custa, além do mais, muito dinheiro...
Não é bem vergonha, Si, é tristeza. É vontade de chorar.