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"Dois anos depois, a república era imposta a tiros de canhão e as relações luso-siamesas eclipsaram-se, passando a representação consular para mãos de italianos pelas décadas de 20 e 30, até à chegada de um português nas vésperas da Segunda Guerra Mundial. Portugal perdeu, então, a última oportunidade de manter no Sião o estatuto de potência aliada, a mais antiga e respeitada, que os siameses sempre lhe haviam tributado. O estado de coisas era tão confrangedor que um dia, por volta de 1911, a polícia siamesa entrou pelo nosso consulado adentro para questionar os residentes a razão "daquela bandeira que ali puseram no jardim". Referiam-se, claro, à verde-rubra que ninguém conhecia e que Lisboa não tivera sequer a sensatez de anunciar aos países com os quais mantinha relações diplomáticas. Coisas do amadorismo de uma república que se vai celebrar !"
"Quando o monarca sucumbe, a realeza não morre sozinha, mas, como um abismo, arrasta consigo tudo o que a circunda; é como uma roda colossal, fixa no alto de uma montanha, a cujos enormes raios estão ligadas dez mil peças mais pequenas, e que, ao desmoronar-se, leva consigo todos estes frágeis anexos que, tal um pobre séquito, a acompanham na sua impetuosa ruína. Nunca o rei suspirou a sós que não gemesse com ele a nação inteira".
Shakespeare, Hamlet (acto II, cena 3).
Assim aconteceu em Portugal, e neste centenário da república, o regicídio é parte integrante e essencial da imposição do novo regime.
Passam hoje noventa anos do assassinato colectivo da mais bela família do planeta Terra. Nicolau II, a czarina Alexandra de Hesse, as grã-duquesas Olga, Tatiana, Maria e Anastasia, o czarevich Alexis e todos os acompanhantes, foram liquidados a tiro de pistolas Nagan, por ordem directa de Lenine e de Trotski.
Dez anos antes, quando do regicídio de Lisboa que vitimaria o rei Carlos I e o príncipe Luís Filipe, o futuro dirigente comunista regozijava-se com esta obra dos republicanos, não imaginando que um dia ditaria a ordem de assassinato do seu soberano e de toda a sua família mais directa. A liquidação dos Romanov, seria o marco essencial que caracterizaria a ferocidade do regime comunista durante as sete décadas que se lhe sucederam. Dezenas de milhões de inocentes acompanharam o trágico destino da família imperial, esquecidos em geladas valas comuns algures nos Urais ou na Sibéria, vitimados pela arrogãncia, prepotência, maldade e inépcia do regime mais sanguinário e vil de que há memória.
Como a História encerra ironias incontornáveis, Lenine é agora amaldiçoado como um dos maiores criminosos da raça humana. Hoje, na Russia, Nicolau II encontra-se bem posicionado para ser o escolhido do seu povo, que se prepara para o declarar o maior russo de todos os tempos. Vae victis, Lenine, vae victis!