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Minto se disser que não sinto um peso enorme nos ombros, é uma grande honra para mim poder fazer parte desta família que é o Estado Sentido.
Agradeço desde já ao Samuel pela introdução, amizade e voto de confiança que tem tido para comigo, não só em relação ao convite para o blogue mas também em todas as situações desde que cheguei a Lisboa. À Cristina e ao Nuno um grande obrigado pela hospitalidade e simpatia que demonstraram, espero poder ser uma mais-valia aqui.
Siga com o primeiro post;
No dia 13 de Setembro deste ano de 2008, sentei-me nas escadas frias (sim, são frias o ano todo) do Santuário de Fátima, apesar de não ser religioso, sempre gostei de me sentar ali a ver os transeuntes de olhares secos como quem procura refúgio. Apesar de parecer um cenário deprimente, acaba por ser uma boa fonte de inspiração para um poeta (sim, não são só os médicos, advogados e cangalheiros que se safam à conta do mal dos outros).
Peguei no meu caderno negro e escrevi um poema, curiosamente chamado Sentido (sem estado como é obvio). Soava assim:
Encosta-te bem na cadeira,
Não pares de ler
Aconteça o que acontecer.
Estala os dedos das mãos se isso te alivia o stress,
Não precisas de encolher a barriga.
Não tenhas complexos de mim,
Somos amigos, certo?
Ainda bem.
(Descansa um pouco os olhos)
Volta a olhar,
Volta a ler.
Não deixes que nada te perturbe agora
Deixa-me ser o senhor da tua atenção uns minutos
Sei que não gostas de ler poemas tão pouco ritmados
Mas isso resolve-se
Agonia rima com folia
Avareza com beleza
Gostaste?
Ainda bem.
Tenho um segredo para te contar…
Prometes que não dizes a ninguém?
Estou a confiar em ti, posso?
Ainda bem.
(inspira e expira duas vezes)
Descobri o sentido da vida.
Queres que te conte?
É muito complicado contar-te isto,
Porque não sei se quero partilhar
Algo de tão importante.
Mas como somos amigos…
Junta aqui para te dizer ao ouvido,
Junta-te rápido!
Obrigado.
O sentido da vida é o que não é…
(Como assim?)
Descobri o que era o sentido da vida quando consegui não pensar na vida
Quando finalmente me abstraí do que é andar no mundo.
O sentido da vida é o orgasmo mental.
Queres que te ensine?
Abstrai-te do corpo,
Sente-te em plena nudez,
Esquece tudo o que é material;
Volta à origem,
Ao contacto com a infinita natureza
Que vez todos os dias
E que todos os dias ignoras…
Pensa em quem amas,
Mas sem te esforçares.
O que vez?
Branco, negro, azul?
Um dia perguntei a alguém o cheiro dos sonhos.
A resposta foi que cheiravam a rosas,
Durante um tempo pensei que ela estava certa,
Só depois descobri que os sonhos
Têm o cheiro que lhes queremos dar.
O sentido da vida é o sonho
O sentido da vida é o que não é.
Chega-te de novo para a cadeira.
Olha à tua volta!
Vê o mundo que perdeste enquanto lias.
Sorri, chora, faz o que quiseres.
Desde que sonhes…
Bem Haja