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Várias nações estão em competição para ganhar o mais deprezado troféu do desenvolvimento económico e social do mundo. Grécia, Chipre, Portugal e Irlanda são os principais concorrentes que disputam o galardão máximo: o prémio Nobel da Austeridade. O júri composto pelo FMI, a Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu, está a debater há mais de dois anos, e à porta fechada, a atribuição do prémio. Contudo, a decisão a tomar não será fácil, dada a grande qualidade dos seleccionados. A short-list de países pode ser curta, mas os concorrentes querem provar que são os melhores na corrida ao fundo. Convém acrescentar que, embora de um modo formal, não façam parte do colégio de juízes, a Goldman Sachs, a Standard & Poors e a Fitch também participaram no processo de selecção dos países candidatos de um modo muito expressivo. Os Óscares do prejuízo arrastam consigo uma torrente de opinião pública desfavorável e, por essa razão, o prémio a atribuir poderá ser partilhado entre o país ganhador e os seus governantes - a promessa de juros de dívida cada vez mais elevados, despedimentos em massa, cortes na segurança social e falências extraordinárias das funções do Estado. A menos de uma semana da apresentação pública da decisão, as casas de apostas dão como certa a vitória da Grécia ou Portugal. Mal posso esperar pelo evento. Pode ser uma das únicas chances que Portugal tem para levantar a taça. Dizem que nos anos que se seguem o número de candidatos duplicará na Europa e arredores.
(imagem daqui)
John Phelan, na Standpoint:
«When Friedrich von Hayek became a Nobel Laureate in economics in 1974 he said: "The Nobel Prize confers on an individual an authority which in economics no man ought to possess." The truth of this is demonstrated daily by the case of Paul Krugman.
Krugman and his supporters whip out his Nobel Memorial Prize in Economic Sciences like a Top Trump of Diego Maradona. It is awarded annually — so why the special fuss about a prize Krugman won four years ago? His Nobel is being used to intimidate opponents. Any opposition to Krugman with his Nobel Prize is opposition to science itself.
Why Krugman generates so much opposition isn't hard to fathom. From his perch in the New York Times he says one ridiculous thing after another. (...)
As for that Nobel Prize, Paul Krugman won it for his work on international trade patterns, not his crackpot Keynesianism. Sir Paul McCartney won an Ivor Novello award for writing "Yesterday". That doesn't mean sentimental schlock like "Mull of Kintyre" is worth listening to.»
Apesar das grosseiras quebras de protocolo que foram interpretadas pelos noruegueses como uma ofensa, Barack Obama recebeu o Nobel da Paz, num ambiente de embaraço de quem tem a perfeita consciência de não o merecer. Fica-lhe bem.
Esta breve visita a Oslo tornou-se em mais um fait-divers, onde não faltou a visita ao palácio real, onde uma risonha primeira-dama sacudiu a caspa dos ombros do presidencial cônjuge, na usual manifestação da dicotomia entre o régio casal nórdico e a "gente simples, moderna e de mente aberta" que se sucede ao longo de séculos na Casa Branca. Aqui em Lisboa conhecemos bem o estilo, porque há quem goste de imitar os "grandes princípios" da linguagem própria do Canal MOV, com ou sem HD. A Cimeira Ibero-Americana evidenciou um imenso rol de patetices e dislates, interpretados por quem sabe como se faz, como próprios de representantes de nações reduzidas a obscuros saguões. É o que temos, mesmo com ..."cházinho dos Açores e bolo rainha prá dona Sofia". Tudo o mais, são Horizontes Infinitos, Novas Fronteiras, Grandes Desígnios, Esperança Imortal, Novos Acordos, Um Grande Sonho, o Idealismo Realista e outras ninharias da sociologia soap-opera.
Estava-se mesmo a ver. O Nobel da Paz foi atribuído a Barack Obama, confirmando a intensa campanha de relações públicas teleguiada a partir das agências da especialidade norte-americanas. Diálogo, "abertura de espírito", tiradas evocadoras de horizontes sem fim, eis a receita para a rápida confecção de um bolo de milhões, concedido a um homem que "não faz mal a uma mosca". Obama sucede ao também risonho sr. Carter como presidente premiado e todos devem ainda recordar o capital de "esperança, responsabilidade e pacifismo" simbolizado pelo produtor de amendoins. Até Soares - só falta a sra. Ana Gomes - já percebeu e adiantou-se logo à conveniência no apoio. O que depois sucederá, logo se vê.
Continua a guerra no Iraque, recrudesce a acção taliban no Afeganistão, Ahmadinedjad está mais desafiador que nunca, a Coreia do Norte anuncia o lançamento de mísseis de longo alcance, o Médio Oriente continua igual a si próprio, etc. Desde a sua eleição à presidência a actual administração norte-americana não conseguiu qualquer acordo formal e muito menos um tratado que se veja. Ao fim de menos de um ano de presença na Casa Branca e sem nada de relevante ter acontecido - a não ser a "esperança" e a "era de responsabilidade"-, atribui-se um Nobel, da mesma forma que outrora foram galardoados homens com um longo currículo de luta e sofrimento pessoal. Recordemos as décadas de abnegação protagonizadas por um Ramos Horta, Ximenes Belo ou Willy Brandt e facilmente faremos a destrinça.
Tal como aqui dizíamos, tudo muito politicamente correcto e previsível.