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António Costa empossou os Media. Os meios de comunicação social são agora membros oficiais do governo. E falharam - não preveniram a prevenção - nem avisaram que os incêndios estavam ao virar da esquina. Sérgio Figueiredo da TVI aproveitou a deixa para escrever mais umas frases do guião da ficção nacional. Aquela estação, segundo o próprio, não se retrata nas palavras do primeiro-ministro. A TVI fez todas as campanhas de redenção que pôde - como se não pertencesse à grande casa ibérica socialista dos media. Mas já que estamos numa de verdade e consequência, e depois de avistar o Mário Nogueira, o Arménio Carlos e a coqueluxo Ana Avoila, diria que estamos em franca época de greves. Ou seja, não há nada a reportar, muito menos a prevenir. A função pública está na rua em protesto porque está intensamente satisfeita com as promessas governativas do seu governo de Esquerda. Da minha parte, e no que toca a bloguismos e silogismos, avisarei a tempo e horas a população das trapalhices e falcatruas do governo. Essas são fáceis de estimar. Se eu fosse medium ou vidente, propunha uma greve dos Media, para ver como o governo deixaria de funcionar.
Mal se extingam os últimos focos de incêndios da temporada, Portugal será fustigado por uma outra vaga de indisposições geo-térmicas que também resultam da inacção humana, política. Daqui a nada as chuvas repentinas chegarão e teremos a versão molhada do drama quente do verão. As inundações, que decerto afogarão centros urbanos e povoados ribeirinhos, irão gerar uma outra discussão já conhecida dos portugueses - a limpeza atempada das sarjetas e principais vias de escoamento de águas. Um distinto termo de irresponsabilidade será trazido à baila da navegação à vista, já com as autárquicas atrás das costas - a ausência de políticas de administração e gestão urbanas adequadas. Alguém já viu trabalhos de prevenção a decorrer nas cidades normalmente afectadas pelo rebentamento de águas nas condutas? Alguém já se cruzou com um piquete de intervenção a remover beatas e pasto dos gradeamentos por onde deveriam fluir as águas? Dentro em breve lá teremos os mesmos bombeiros a socorrer os residentes de habitações e os proprietários de espaços comerciais com água pelo pescoço. Há uma linha que separa o bom senso da tragédia líquida. Um país que nem sequer consegue realizar a gestão dos seus elementos naturais, dificilmente conseguirá defrontar outro género de intempéries. Os canais de água que atravessam o território nacional indicam claramente onde residem os maiores perigos e, nos centros urbanos, catástrofes anteriores deixaram marcas mais que suficientes para se colocarem trancas à porta. Estou admirado que o tema não seja politicamente relevante. Ainda não vi nenhum cartaz para as eleições autárquicas que aluda a esse flagelo, servindo-se do medo como principal instigador da inclinação torta dos boletins. Os votos não caminham sobre a água, decididamente. Ou o país já afundou por completo.