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Já estamos a imaginar as reacções das catatuas habituais: "paternalismo, hipocrisia, relações públicas do Palácio de Buckingham" e outras sandices mais.
Guilherme de Gales passou a noite nas frias ruas de Londres, dormindo com os sem abrigo. No seguimento dos exemplos de Carlos - ecologia, património, saúde pública - e de Diana, chegou a sua vez, como presuntivo sucessor do pai.
Não podemos afastar a clara mensagem política deste tipo de atitudes, sempre tão estranhas ao chamado establishment, seja este britânico, francês, português ou americano. Numa época em que princípios tão basilares quanto ancestrais como a caridade foram normalmente substituídos pela ideologia politicamente correcta da solidariedade - actualmente o mesmo pressuposto, mas laicizado -, a Monarquia envia à sociedade uma inequívoca mensagem de alerta perante um mundo cada vez mais desigual e que enfrenta problemas que radicam na excessiva influência plutocrática. Compreende-se assim o acendrado republicanismo de gente como os Murdoch, financeiros da City e lobbies da construção. A atitude de Guilherme não pode ser considerada como uma excentricidade, mas como um claro sinal de desagrado e de demarcação política. É que estas acções têm de ser vistas num todo, em complemento das actividades de Carlos nos campos do ambiente, agricultura, ordenamento territorial e assistência social. É esta a Monarquia do século XXI.
Aqui em Portugal, sabemos quem se tem dedicado - evitando surgir nas parangonas da imprensa - a todo o tipo de causas relacionadas com a assistência social. Uma boa parte do país ainda o ignora, mas não tardará em aperceber-se e valorizar quem verdadeiramente se interessa pelos seus.
Entretanto, Belém vai-se preocupando em fritar sonhos para a consoada, enquanto S. Bento afia as canetas, á guisa de punhais. Tudo normal.