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Portugal faz parte da Zona Euro? Resposta à pergunta: pela total ausência de comentário da parte do António Costa ou Mário Centeno em relação à redução do programa de estímulo do Banco Central Europeu (BCE), eu diria que não: que Portugal não faz parte da Zona Euro ou mesma da União Europeia. Enquanto celebram nas televisões o pagamento ao FMI de mais uma prestação do resgate imposto pela Troika, o governo deveria acautelar-se com a decisão tomada hoje pelo BCE. Para todos os efeitos práticos e monetários, os juros de dívida dos títulos de tesouro de Portugal têm-se mantido naqueles valores reduzidos, irrisórios até, porque a mão da ficção monetária do BCE tem feito a sua parte - tem ajudado bastante. Mas a bengala comprida de ajuda aos países em apuros foi agora desbastada, está mais curta, cada vez mais curta - 30 mil milhões de euros mais curta. Significa isto que Draghi e companhia querem acreditar que as economias em causa já têm pernas para andar. O BCE, que tem um mandato parecido com o da Reserva Federal dos EUA, procura fundamentalmente atingir dois objectivos; o pleno emprego e a estabilização de preços, ou seja, um nível de inflação que se coadune com a actividade económica. O governo de Portugal, como aqueles de Itália ou Grécia, viveu (viveram) sob os auspícios de protecção do BCE e, o grau de dependência, deseja-se que mingue. No entanto, vejo alguma neblina no horizonte. O impacto económico e financeiro da catástrofe nacional dos incêndios, quando determinado convenientemente pela geringonça, será certamente muito negativo, de vulto. Portugal é assim apanhado em contramão, em contraciclo, no que diz respeito à decisão agora tomada pela BCE. Teria sido conveniente para Portugal uma interpretação que integrasse os mais recentes eventos trágicos do país. Mas não é assim que funciona. Por um lado, e muito bem, o BCE não pode acomodar vontades políticas parcelares, ideológicas ou de governos, seja qual for a sua natureza. Por outro lado, se é a União Europeia (UE) que está em causa, então será o valor mediano europeu, democrático, se quisermos, que deve imperar. E o BCE, sendo independente do poder político, determinará, doa a quem doer, o que melhor serve o desempenho pan-europeu, da Zona Euro. Os lideres políticos de Portugal não podem assobiar para o lado. Uma parte da floresta do BCE foi desbastada. E Portugal foi apanhado. Tem a dívida pública para encarar e o défice orçamental de 2018 para enganar.