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António Costa e a sua troupe de iluminados, escreve, disserta, aconselha, declama, afirma, mas não tem noção do mundo real em que vivemos. Este é o evento que irá determinar a sorte de cada um. A ideologia, o populismo, a demagogia, a expressão absolutista da sua campanha, não servem de nada no mundo de realpolitik, hardcore. De acordo com Centeno e companhia será tudo às centenas, aos milhares, aos milhões - e isso faz lembrar outros números -, o 44 (por exemplo).Com o circo que se está a montar, Portugal pode vir a ficar em ainda maiores apuros se escorregar nas falácias lançadas em pré-programas eleitorais. Existe uma expressão em inglês que serve para ilustrar o grau de ingenuidade: they won´t even know what hit them when it hits them. O que eles querem sabemos nós: mama. Mas têm de levar um aperto para provar que são capazes. Este é o momento para espremer as promessas gloriosas daqueles que dizem abater as vacas magras.
No futuro próximo, seja qual for o governo que estiver em funções em Portugal, não terá a sua vida facilitada. O tema da Austeridade que condicionou o discurso e a acção políticos dos últimos quatro anos será substituído por algo ainda mais dramático. Façamos a distinção entre a manutenção de um sistema a todo o custo, e o descalabro da ordem subjacente. Quando Cavaco Silva perfila o seu sucessor como alguém com experiência em relações externas, acerta nas qualificações, mas engana-se no posto. Quando escuto as palavras convenientes de António Costa sobre o fim dos tempos difíceis em Portugal, a reposição das pensões dos reformados, o crescimento económico e o emprego, vejo uma criança. Os grandes estrategas do Partido Socialista (PS) apresentam-se com ganas de vingar Portugal, mas omitem as dinâmicas do resto do mundo. Descuram cenários extremos que estão a acontecer além de Badajoz. O crescendo que se regista na opinião pública na Alemanha sobre a saída grega do Euro deve ser integrado na racionalidade política e de um modo expressivo. A agenda para a década do PS vendida como panaceia, incorpora ou não uma Europa radicalmente transformada ou assenta em premissas falidas? Mas acho que encontrei a explicação para o desprezo no que toca a condicionantes excêntricas. Se os socialistas chegarem ao poder, e quando começarem a falhar as suas receitas, sempre poderão atribuir a culpa a factores exógeneos. Mas existe uma contradição endémica nessa hipotética abordagem. O sistema europeu não irá explodir fruto de ameaças de Tsipras e da sua falange revanchista. A ordem da Zona Euro e da própria União Europeia sofre o desgaste no âmago da sua construção. E os sonhos acordados dos socialistas também sofrerão, por analogia, das mesmas contradições endémicas. A natureza ideológica da Europa assente na ideia de Seguranças Social e subvenções sem fim, está em profunda mutação. Os socialistas do Rato ainda não entenderam isso. As instituições europeias também parecem caminhar de um modo desalinhado. O lider do Eurogrupo fala de uma solução à Chipre, enquanto na Alemanha o Grexit parece estar a ganhar cada vez mais adeptos. António Costa, que se tem esquivado às questões que dizem respeito aos homens, vai ter de tomar decisões difíceis. E isso vai baralhar ainda mais as contas. Para além da complexidade que define todo este processo político-financeiro europeu, vamos ter de incluir juízos errados de futuros governantes nacionais. Preocupa-me a falta de visão do mundo daqueles que prometem salvá-lo.
(imagem picada daqui)
Este post parece ter agitado algumas águas. Entre o que de mais interessante se pode encontrar nos diversos comentários, aprecio particularmente a recomendação para ir estudar História. No espaço de duas semanas é a segunda vez. Da outra vez foi a Dr.ª Odete Santos quem mo recomendou. E também uns caloiros da faculdade, no mesmo dia que a Dr.ª Odete. E já há tempos, num debate entre alunos, alguém acabadinho de chegar à universidade me recomendou precisamente o mesmo. Prometo a todos que vou tentar.