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Pouco tempo depois de se tornar Primeiro Ministro, Mariano Rajoy convocou - e o termo é mesmo esse - as empresas espanholas com maior projecção internacional (Repsol, Telefónica, Zara, Indra, BBVA, Santander, Pescanova) para usarem a sua visibilidade para passar uma imagem positiva de Espanha, de forma a contrariar os danos provocados pela crise económica na credibilidade do país.
Neste espírito, está a fazer furor no país vizinho um video feito pela filial espanhola da consultora Grant Thornton que pretende justamente fazer passar a mensagem que, apesar das más notícias, Espanha merece confiança e optimismo. E que, mesmo com estatísticas pouco animadoras, a economia espanhola conta com empresas bem sucedidas e prestigiadas internacionalmente.
O curioso é que o video está a ser elogiado pela originalidade, quando de facto parece ser uma imitação do video feito há dois anos em Portugal, destinado a esclarecer os finlandeses. É claro que há grandes diferenças. O video espanhol, além de ser francamente mais inteligente, tem a enorme vantagem de poder mostrar grandes empresas espanholas que são exemplos de como o saber-fazer espanhol merece a confiança de clientes em todo o Mundo.
É claro que cá, sendo um desporto nacional vender as boas empresas a estrangeiros, já não podemos fazer o mesmo: apesar de haver algumas empresas de capitais portugueses com dimensão internacional (Jerónimo Martins, Galp, Sonae, Amorim, Soares da Costa, Efacec), são de facto muito poucas as que têm visibilidade a nível internacional que possa ser capitalizada em favor do país: além da TAP e do Mateus Rosé (as mesmas de há quarenta anos) e agora da Galp (em Espanha) pouco mais temos com notoriedade junto do grande público como sendo uma marca portuguesa. E é óbvio que, por muito importantes que sejam os investimentos que têm cá, não podemos contar com a Volkswagen, a IKEA ou a Continental-Mabor para promover a imagem externa de Portugal.
A decisão do Tribunal do Porto de negar efeito suspensivo ao recurso da sentença anteriormente proferida em Setembro de 2011, na sequência de oportuna queixa apresentada pela Associação Portuguesa de Casinos e pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, por força da qual, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional está obrigada, a partir de segunda-feira, a retirar toda a publicidade referente à bwin, patrocinador da Taça da Liga, é naturalmente de saudar. Trata-se apenas e tão só da reposição da legalidade já que aquela empresa de apostas online teimava em querer, contra a lei, patrocinar competições de futebol depois de o ter já feito antes com a 1ª Liga.
Essa retirada abrangerá o site oficial da Liga, bem como todas as referências à referida Bwin nos jogos da Taça da Liga.
A Liga anunciou já que irá recorrer desta decisão para o Tribunal da Relação do Porto, a fim de tentar anular a sentença produzida em primeira instância.
Entretanto, os interesses mercantis de todos quantos apostam em querer impôr a teoria do facto consumado contra aquela que é uma correcta decisão jurisprudencial traduzem-se em textos como este por parte de um órgão de comunicação que deveria ter mais cuidado com o tipo de análise feito, nomeadamente face às responsabilidades informativas que, desde há décadas, tem no desporto português. Absolutamente lamentável.