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Não é apenas o bode expiatório Correio da Manhã a partilhar essa possibilidade. O jornal Sol também interpreta o protocolo de Estado - a morte de um ex-Presidente da República pode significar o cancelamento de festejos de passagem de ano se for decretado o luto nacional. Este género de especulação mórbida não deve ser considerado jornalismo. Este estilo de reportagem, que não se restringe ao sol e à manhã é, no mínimo, despudorado. Não confundamos as preferências ideológicas, políticas ou partidárias de cada um, com o que está em causa. Entramos no domínio dos totolotos, das apostas múltiplas e do mau gosto por antecipação - o nível é baixo. Já basta o Dr. Barata aparecer à porta da Cruz Vermelha para tornar os portugueses reféns de instabilidade emocional e portadores de confusão mental, para agora sermos testemunhas de elaborações bizarras promovidas pelos meios de comunicação social. Estranho que a família próxima e afectiva de Mário Soares não tenha rogado ao país privacidade e decoro, mas de certa forma esse é o preço que parece estar disposta a pagar. A transformação da "hospitalidade" em espectáculo nacional, a cobertura e a sucessão de entrevistas de actores de todo o espectro político também demonstra uma certa miséria moral. Pensava que o homem privado ao menos o pudesse ser na sua hora. Dispensava este post mártir.
Os políticos, na sua generalidade, imitam a concorrência. Quando lhes faltam ideias, mas sentem que não podem perder o filão, aventuram-se no jogo da cópia barata. Praticam uma espécie de contrafacção de inutilidades. Ou seja, perdem a noção das prioridades. A Joana Amaral Dias serviu-se da gestação para avançar a barriga da notoriedade. Por outras palavras, à falta de melhores argumentos, deu o corpo ao manifesto - auto-chulou-se, como se estivesse numa qualquer esquina do Cais de Sodré. Mas António Costa quis ir mais longe. Quis ir ao escroto da mesma matéria da angariação de votos. A Procriação Medicamente Assistida parece ser uma ideia peregrina para cativar o eleitorado feminino, mas faz parte de uma agenda batida, antiga, politicamente arremessada quando dá jeito - a igualdade de géneros. Não sei se é boa ideia convocar a ex de Paulo Pedroso para vender esse peixe. Cheira mal misturar estórias mal contadas com a esperança que se oferece a futuras mães. Grassa na política de oposição uma enorme falta de pudor, ética. Tudo isto mete nojo. A procriação política é uma aberração.