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Aquelas armas há uns meses descaradamente usadas pelos jihadistas na Síria, talvez tenham sido uma das razões pelas quais americanos e ingleses se decidiram à quebra no fonecimento de material militar à chamada oposição síria. A opinião pública ocidental já não afina facilmente pelo diapasão daquilo que o departamento de Estado americano indica como grandes perigos planetários. Se a isto juntarmos a decidida intervenção russa, foi então obrigatório o encontrar de um pretexto, aquela airosa saída que salve as aparências.
Esta notícia ainda não chegou a Portugal, talvez aguardando os normais copy-paste em que a nossa imprensa se especializou. A seriedade deste anúncio merece todas as reservas, dado o que sabemos acerca do envolvimento saudita e de outros países do Golfo no fornecimento de todo o tipo de auxílio à subversão radical. Quanto aos instrutores militares prodigalizados pelos EUA, essa é outra questão a não esquecer.
Embora o anúncio pareça tratar-se de uma sessão de cosmética, para já Bashar al-Assad pode acreditar ter uma vitória militar à vista.
E ainda há quem pretenda "nada haver de extraordinário" em tudo isto. Pelo contrário, logo surgem algumas harpias protectoras. Agora, imaginem situações destas em Portugal.
A Rainha Isabel II mostrou-se ultrajada pela insólita impunidade de que até há pouco, Abu Hamza - a repulsiva gárgula turbantada de Finnsbury Park - escandalosamente beneficiou. A soberana apenas desabafou aquilo que é óbvio para qualquer cidadão comum. Abu Hamza odeia a Grã-Bretanha, promove a subversão como forma de procedimento social normalizado, acicata ímpetos terroristas no seu rebanho. É simplesmente, uma criatura desprezível, um atentado à segurança do Estado e da população.
Em suma, eis o depoimento do Sr. Gardner: "She spoke to the home secretary at the time and said, surely this man must have broken some laws. Why is he still at large? He was conducting these radical activities and he called Britain a toilet. He was incredibly anti-British and yet he was sucking up money from this country for a long time. He was a huge embarrassment to Muslims, who condemned him."
Ali também começam a deixar de "dar cavaco" e todos esperam mais dia, menos dia, o feliz envio desta encomenda endereçada aos competentes serviços dos Estados Unidos da América. Com um selo da recomendação de prestígio, By Appointment of H.M. the Queen.
A onda de violência anti-ocidental que se estende já à Índia e contra representações do Reino Unido e da Alemanha recorda-nos a tensão latente que se vive desde há anos, e que explode por qualquer pretexto: cartoons, rumores de profanação de exemplares do Corão ou agora este estúpido filme amador colocado no Youtube. Com a agravante de agora os sectores radicais estarem no poder no Egipto, Tunísia e Líbia. E mesmo nos países onde não estão, os governos estão numa posição delicada por não quererem indignar a opinião pública, e estão receosos de reprimirem as manifestações com o grau de violência necessário, depois do que aconteceu aos regimes derrubados no ano passado. Isto era perfeitamente previsível e veremos até onde este processo irá.
Em Portugal, temos tendência para esquecer que, a seguir a Madrid, a capital mais próxima de Lisboa não é Paris mas sim Rabat e a seguir é Argel. O Norte de África é uma realidade que nos é muito próxima e cuja instabilidade nos pode afectar, à qual devemos estar atentos. E existe uma corrente no mundo islâmico (e não apenas entre os radicais) que reclama a reconquista do sul da Península Ibérica anteriormente sob domínio muçulmano, o Al Andaluz. Portugal mantém boas relações com Marrocos e Argélia mas nunca se sabe o que é o futuro, como as mudanças no ano passado demonstraram.