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1. Descaramento
Todos sabemos por experiência colectiva - como eles gostam de dizer - que quem manda, por regra mente. Mente descaradamente e a propósito de tudo e pior ainda, de todos. Falta à verdade de tudo o que lhe convém enviar à estratosfera numa espécie de nuvem chuvosa no Saara. Temos então a questão pendente da Real Quinta de Caxias, em péssima e sinistra hora doada pelo infeliz Rei D. Manuel II ao Estado, no mesmo lote em que para sempre se foi Queluz. Cento e oito anos passados, o desastre está à vista desarmada, as portas escancaradas e o interior devastado por ladrões e pelos seus colaboradores. Ao contrário do que ontem foi dito no telejornal, o espaço está completamente acessível há muitos meses e o estado do interior prova isto mesmo. Só lá não foi quem não quis.
E quem são aqueles colaboradores? Precisamente quem até há uns tempos usou e abusou de um espaço que lhe foi entregue bem cuidado, mobilado, decente e apresentável tal como demonstram as escassas fotos datadas de 1905. Tudo se perdeu para sempre. Painéis de azulejos setecentistas, madeiras de soalho, pinturas e forros, vidros, portas e portadas, tudo foi destruído, dir-se-ia uma imagem de um palácio na Europa Central de 1945. Alarme dado nas redes sociais, podem agora fazer as reportagens que bem entenderem, pois o espaço chegou ao ponto de ruptura sem remédio possível. Podem apresentar-se diante de jornalistas todos os recém-chegados especialistas que encontrarem e podem apresentar-nos militares uniformizados de porteiros de hotel de terceira categoria que ainda têm o topete de debitar diante dos microfones, a anunciada e rigorosa "lista de encargos exigida aos futuros proprietários". Sabemos que desavergonhadamente mentem "com todos os dentes que têm na boca", tomem bem conta disto. Querem ganhar dinheiro a todo o custo, quando simplesmente têm o dever moral de entregar gratuitamente a Real Quinta a quem dela de imediato cuidaria: a Fundação da Casa de Bragança.
Sim, falta de pudor e um total descaramento.
2. Arrogância
Quem diria que passadas apenas algumas semanas, a conversa enchachada do sr. Juncker mudaria radicalmente, oferecendo agora a vital pasta da Segurança a um comissário britânico?
O que disse ele durante uns dias, valha-lhe Deus! O ódio chispava, as palavras saíam-lhe incontroladas pela boca fora, ofendia em pleno "parlamento" europeu, o mau perder era clamorosamente perceptível e agora, subitamente, tendo sido ele uma autêntica fraude na gerência luxemburguesa, é moralmente moche e finalmente amochou.
A arrogância era afinal uma desesperada fita e atendendo bem à realidade dos factos que não têm discussão, não há na Europa país mais competente para dirigir situações relativas à Defesa e Segurança do que o Reino Unido. Não há, estamos ainda muito longe de termos um outro entre os vinte e sete que sequer remotamente se lhe compare. Habituem-se a isto em Bruxelas.