Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O dossier RTP, como muitos outros da actual governação, patenteou uma gestão digna do incompetente mais servil - afirmar que a travagem do processo deveu-se à quebra das receitas de publicidade faz-me pensar até que ponto Relvas toma-nos a todos por um bando de capachos ignorantes. Outra coisa, note-se, não seria de esperar quando assuntos desta magnitude são confiados à trupe de Relvas e Borges. O que releva desta trapalhada é, sobretudo, a inteligência política de Paulo Portas que, com o resguardo habitual, levou a melhor sobre Relvas, impondo com os seus timings a posição que mais agrada ao CDS. A meu ver, nesta fase do campeonato, qualquer solução que batesse o pé aos truques de Relvas seria, por antonomásia, uma belíssima solução. Porém, e como o futuro está já ali ao virar da esquina, convém precisar o que se pretende da RTP no curto, médio e longo prazo. Privatiza-se ou não se privatiza, concessiona-se ou não se concessiona, ou seja, que destino dar a um mastodonte que, até hoje, se prestou serviço público, repito, se prestou foi nos tempos da outra senhora. Qualquer privatização que se preze não pode nem deve sustentar-se na criação de rendas para o operador que tomar conta dos destinos da empresa privatizada. Coisas como a taxa do audiovisual deveriam de antemão estar fora do baralho. Portanto privatizar a RTP implica conceder a empresa a quem a adquirir sem privilégios de qualquer espécie, assegurando o cumprimento de um caderno de encargos em que esteja bem explícita a realização do tão anelado serviço público. É certo que a definição do que é e do que visa o tal serviço público é uma matéria que, em condições normais, já deveria ter sido efectuada, mas com Relvas exigir demasiado é exigir o impossível. Em suma, reestruture-se a empresa, mas pense-se, com cabeça, tronco e membros, no que fazer, como, quando e com quem, a uma companhia majestática que não passa, hoje, de um imenso sorvedouro de dinheiros públicos, sem a correspondente prestação do serviço público exigido.