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Paulo Rangel é indiscutivelmente um dos políticos mais argutos da imensa feira de vaidades que dá pelo nome de Partido Social Democrata. Sabe o que diz, quando deve dizer, e, ainda que em muitas ocasiões esteja em total desacordo com o que defende a propósito das mais variadas matérias, não deixo de lhe reconhecer uma capacidade de síntese e de raciocínio bastante acima da dos seus pares partidários. Vem isto a propósito da recente conclamação a respeito de um "15 de Setembro" para defender os interesses do Norte. Entendo a reclamação, compreendo até a ira e o agastamento, tenho, porém, mais dificuldades em aceitar o modo, o porquê, e, acima de tudo, as razões de tamanha indignação. Que o Norte tem sido sistematicamente preterido na agenda governativa é um facto, empiricamente observável, que nem mesmo o adversário mais empedernido do Portugal-é-bem-mais-do-que-a-magnífica-paisagem-lisboeta seria capaz de negar. Falta de recursos financeiros, ruína do tecido produtivo e desemprego massivo, são realidades insofismáveis que qualquer observador minimamente atento pode confirmar com um mero relance de olhos. Agora, outra coisa bem diferente é apelar a uma espécie de levantamento popular para reclamar pressupostos de acção assentes no estatismo centralizador tão do agrado das elitezinhas da "Lesboa" nefanda e anafada. O Norte não precisa da bênção subsidiocrática costumeira, necessita, isso sim, do liberalismo autonomista de antanho. Do espírito das liberdades liberais dos seus antepassados e do autonomismo idiossincrático das suas gentes. Coisas que, como é óbvio, arrepiam os "lesboetas" da treta. Rangel, melhor que ninguém, sabe bem que a indústria da reclamação baseada na pedinchice ao Leviatã esgotou-se. Mais, o eurodeputado, inteligente como é, tem a obrigação de saber que se o Norte quiser de facto progredir terá forçosamente de abrir a sua economia e de aproveitar o potencial exportador de uma economia há muito adormecida. Basta querer e desejar.