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Portugal positivo e o moralismo do Restelo

por John Wolf, em 03.03.15

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Entramos na época de saldos políticos. O período sórdido que antecede eleições, no qual todo o género de armas de arremesso é utilizado. Entre o ruído produzido por uns e o barulho oferecido por outros, encontraremos aquilo que efectivamente interessa ao país - o interesse nacional. Enquanto brincam ao jogo da dívida à Segurança Social ou aos dardos IMI, Portugal parece estar a consolidar a sua recuperação económica. Os bons indicadores económicos e sociais devem custar a engolir a certos detractores e pessimistas crónicos, mas os dados são incontornáveis. Por alguma razão um movimento à Syriza ou estilo paella Podemos não eclodiu em Portugal. A Esquerda sabe (embora não o admita) que a viragem está a acontecer. Não precisa de um campeão demagógico (e perigoso) como Tsipras, que a breve trecho terá de encarar a inevitabilidade de um terceiro resgate. No entanto, Portugal tem de lidar com uma outra maleita que diz respeito à sua identidade cultural, à sua natureza endémica - a tendência para se canibalizar e maldizer. Esse espírito resteliano parece ser de difícil cura - os tratamentos também não funcionam. Aqueles que me lêem sabem que já fui muito mais céptico em relação a Portugal, mas tenho de reconhecer que agora devo mudar a ficha, realizar um upgrade do software. Ainda ontem me chamaram de estafeta da Direita, mas enganaram-se no género - sou mais do tipo estafermo direito, mesmo sendo torto. Ou seja, não nutro preferências ideológicas por esta ou aquela escola. Sou a favor da cidadania, defensor da força colectiva das nossas sociedades e apologista da máxima expressão de individualismo. Capitalista? Sem dúvida? Crente no lucro? Sim. Se assim não fosse, ambicionaria ser apenas mediano, correndo o risco de atingir a mediocridade. Deste modo posso afirmar sem pudor que falhei. Mas que tentei, tentei.

publicado às 08:57

Portugal e o referendo da mentira

por John Wolf, em 18.01.14

O Parlamento, ou o Governo, podem, para todos os efeitos, inventar os referendos que entenderem. E os portugueses podem morder o anzol ou não da distracção política para se deixarem levar na conversa. O espectáculo absurdo a que foram submetidos os portugueses parece ter um propósito claro - distrair da questão essencial. A situação dramática em que se encontra Portugal. Por mais esforços que façam para omitir a verdade, os factos económicos, financeiros e sociais demonstram o contrário. Demonstram que a retoma não passa de um mito e o dobrar da esquina uma ilusão cozinhada ao sabor de números truncados, especialmente convenientes para governos de coligação. A única pergunta que deveria ser colocada aos portugueses em forma de tudo ou nada,  de sim ou não, já foi colocada pelos próprios. E a resposta também foi fornecida sem hesitações. O país exige algo maior do que passes de mágica parlamentar, chumbos ou aprovações de tribunais constitucionais. O país exige a solução maior e parece não haver homens de verdade para avançar com um Governo de Salvação Nacional. Quer o Presidente da República, quer o António José Seguro, não estão para aí virados. Aliás ninguém quer prescindir da sua agenda em nome do interesse nacional. No fim quem pagará a factura serão os portugueses. A saída limpa da Troika não passa de "optimismo ébrio", um acto de fé e mais nada. O país já é orfão de um Governo incapaz de oferecer a segurança de um lar aos portugueses. Os portugueses são filhos de uma terrível madrasta, vergastados sem piedade pela chibata de convicções erradas - foram co-adoptados pelo governo de coligação e a Troika. Entramos, deste modo, na fase de total disfunção política dos orgãos de soberania. Na loucura total de argumentos e pretextos, a voz do povo foi trazida à baila para entrar no esquema de decepção, para sacudir as águas do capote que vão aparecendo, granizo. Mas não devemos esquecer quem colocou no semi-círculo parlamentar os miúdos e graúdos. Não devemos omitir quem escolheu os líderes dos partidos políticos em Portugal. Não devemos esquecer quem elegeu o Presidente da República. Todos eles, sem excepção, emanam da matriz cultural e ideológica de Portugal, da vontade de cada um expressa na sua forma democrática e constitucionalmente consagrada. Portugal é filho de muitos progenitores, resulta de uma interminável orgia política iniciada há décadas. O que irá acontecer a Portugal nos próximos tempos não servirá para esclarecer seja o que for. Dia 17 de Maio e a saída da Troika não significa rigorosamente nada. Nessa data auspiciosa, Portugal não se divorciará do seu drama, do seu flagelo. Na melhor das hipóteses estará sozinha para conduzir os seus destinos - o seu fado.

publicado às 18:42






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