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São os socialistas-milionários que me preocupam. Conheço uns quantos. Muitos deles fizeram comissões laborais em Macau, em bancos centrais ou em tribunais do território sob administração portuguesa. São esses pseudo-esquerdistas que devem estar um pouco confusos com as alucinações de António Costa. Passaram um cheque eleitoral ao secretário-geral, mas nunca esperavam que ele trocasse o cupão por outro artigo da montra política. Uma coisa é ser milionário-socialista, outra é enveredar por caminhos mais agrestes de extremismo ideológico. É por esta razão, e as demais que conhecemos, que o Partido Socialista pode vir a ser uma força ideológica a termo. Iria mais longe. António Costa talvez seja o derradeiro exemplar de uma espécie política em vias de extinção. A cada dia (hora?) que passa a intransigência de Costa não se traduz em vantagem alguma. Quem o aconselha? O César ou a Ana Catarina Mendes? Quando o derrotado das últimas eleições afirma que recusou desde a primeira hora lugares no executivo, e o que separa os socialistas do governo de coligação são orientações políticas, entra efectivamente em profunda contradição. Os próprios governos "a solo", que nem sequer dependem de terceiros, mudam vezes sem conta de orientação governativa. Os socialistas não precisam de procurar exemplos eficazes longe da sua própria casa. Fizeram-no vezes sem conta em diversos mandatos históricos. Desde o 25 de Abril, cuja paternidade reclamam, foram gradualmente mas certeiramente se afastando das premissas colectivistas que tão bem defenderam, para se posicionarem enquanto intérpretes de fórmulas neo-liberais sustentadas em mercados financeiros expressivos, o lucro e a distribuição de riqueza. Mais valia António Costa se "infiltrar" na coligação e realizar um inside job - avançar as causas nas quais acredita, os valores que defende, comprometendo os "anfitriões do poder" ao associá-los aos mesmos. Esta talvez seja a derradeira chamada a que António Costa tem direito. A seguir restar-lhe-á pouco. Um partido político esventrado, mais próximo de perdas totais em eventuais legislativas que se podem seguir, e a sua carreira de político profissional em regime de descrédito, de burn-out irreversível. Não sei se Costa tem sete vidas para dar e vender.