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A falta de memória histórica condena-os à opção pelos mesmos erros que vitimaram instituições que o país um dia julgou perenes, adequadas àquilo que a Europa civilizada era. Foi o que aconteceu durante os derradeiros cinco lustros de vigência do regime da Monarquia Constitucional.
Num curto e incisivo artigo no Sol, José António Saraiva considera não estarem as nossas elites políticas naquele patamar de clarividente competência que nos permita o enfrentar das dificuldades que o país há duas gerações atravessa. Não foram capazes de fazer a transição do marcelismo para um sistema representativo aceitável - pelo contrário, João Carlos I conduziria a Espanha ao sucesso da normalização institucional -, não souberam nem puderam gerir o intempestivo ingresso numa CEE que excluindo a Alemanha não nos queria e pior ainda, o abarrotado conglomerado Soares, Sampaio, Cavaco Ferreira Leite, Félix, Pacheco, Sócrates, Barroso e uma infinidade de outros nomes bem conhecidos, anda tresloucado pela ânsia do parecer bem e agradar às bastas vezes distraídas, mas esperadas audiências televisivas. Insiste no despejar de lama às pazadas sobre as instituições e os seus titulares, acicatando a quezília, a desconfiança, o crime e a violência, estranhamente se parecendo como um grupo onde a autofagia se confunde com um auto-outorgado certificado de inépcia na condução dos assuntos da coisa pública.
Os que cá ficarão pagarão bem cara esta descarada estupidez, enquanto eles, os diletantes responsáveis pelos governos que ininterruptamente se sucederam, decerto um dia partirão despreocupados para mais benignas paragens. Alguém hoje se recorda que Afonso Costa morreu anafado e bem recostado em Paris? Ou melhor, quantos dos dez ou quinze milhões portugueses alguma vez ouviram falar do Afonso Costa?
Há uns trinta e muitos anos, os linguarudos coça-barbichas gostavam de jocosamente caracterizar a 2ª República pela trilogia Fado-Futebol-Fátima. Do "antigamente" apenas anotavam o facto de sem democracia Portugal não conseguir vencer o festival da Eurovisão - apesar dos Tordos, Tonichas, Carvalhos e Arys -, a fraca industria salazarista e a correspondente aurífera pesada herança, símbolo de todas as misérias. Vejamos então no que deu o apontar do dedo às três parcas do autoritarismo:
1. O Fado.
Agora estouram os regimentais de gozo por poderem apresentar a canção da alma nacional, como um glorioso Património da Humanidade. Há muito se esqueceram dos kiri-ki-kis do Zeca e dos compadres ricos do Sérgio. Onde antes existiam marceneiros, vendedeiras de laranjas e nomes que invariavelmente evocavam outros gostos - a Fé, a Tarouca, a Amália, a Lucília ou a Hermínia -, pontificam agora Cátias com K, Marisas com Z e Camanés, desiludindo aquelas, as indefectíveis fãs do "Não és homem para mim, eu mereço muito mais!" e estes, os guarda-redes e treinadores num país das arábias. Entretanto, a totalmente fascizante Amália foi honrosamente panteonizada e o próprio Jerónimo já garantiu que esta sempiterna estrela dos monárquicos e outros patrioteiros do costume, "também muito ajudou" a gente do PC... Se o Sol da Terra ainda brilhasse, talvez até metesse uma cunha para uma póstuma Ordem de Lenine. Aqui está uma insuspeitada stakhanovista da Adega do Machado.
2. O Futebol.
Durante a Longa Noite, os futebóis ocupavam os derradeiros minutos dos telejornais a preto e branco. O Eusébio era um herói nacional do tal Portugal maior, os jogadores ganhavam uns trocados mensais e os clubes resignavam-se ao acolhimento de portugueses, fossem eles de aquém ou de além mar. O que se passou entretanto? O linguarudo sr. Marcelo tira o compasso à política evocando avançados, defesas, árbitros, transferências, faltas e penáltis e "estar no banco", hesitando entre os cartões amarelos e vermelhos, consoante o cavaqueiro interesse do momento.
Enquanto durante uns anos se evocaram "lutas de classe", explorações e "mais-valias" sacadas do compêndio do pesadote alemão tumulado em Londres, hoje em dia não há linguaruda viv'alminha do esquema vigente que não discorra acerca da política caseira, servindo-se do dicionário compilado pelos Mourinhos, Faquirás, Cajudas, Nelos Vingadas ou de certos simulacros de Yorkshire Terrier que pontificam algures na 2ª circular. Interrompe-se a entrevista de um ex-1º ministro, devido ao urgente fim de satisfazer-se a curiosidade da chegada à Portela, de um treinador que desembarca para férias à beira Sado. Os jogadores já são comendadores da republicana (!) Ordem do Infante e a própria Monarquia - que jamais teve qualquer tipo de preconceitos para com o mérito dos portugueses que brilham - lhes conferiu a distinção pública, fazendo de muitos deles, Cavaleiros de N. Sra. da Conceição de Vila Viçosa. Já são fidalgos.
Futebol na abertura dos noticiários. Futebol antes do intervalo dos mesmos. Futebol no fim das novidades da uma, cinco e oito da noite. Futebol no linguarudérrimo Marques Mendes, na Ferreira Leite e no Galamba, no Eixo do Mal, no Zorrinho, nas mesas redondas de deputados, no Prós e Contras e debates parlamentares. A bola consiste numa roleta russa de infindáveis horas de acaloradas discussões acerca de linhas de passe, assuntos de suores no balneário ou de relvados meio soltos. Enfim, do Infante, do Vasco da Gama, dos Albuquerques - Afonso e Mouzinho - e da gente da Restauração, o regime transitou para os dilemáticos problemas do já eterno pretendente da Irina Shayk e pouco mais. Esse pouco mais é o assunto que consumirá muitas semanas de tempo de antena até ao verão: os comentadores da SIC, RTP e TVI, já esfregam as mãos de contentes. Portugal e a sua honra, dependem agora da ida de Mourinho para a Inglaterra. É que Fergusson já saiu e há que dar início à contagem das favas.
3- Fátima.
O "fascismo, o fá-sismo, feixismo e fácismo, a lembrança do Santo Ofício, o Cerejeira, o clericalismo, os jesuítas-de-uma-figa e o obscurantismo". A isto resumiam os linguarudos, quarenta e oito anos obsessivamente martelados por Fátima. A verdade tornou-se noutra, até porque nesta 3ª República, Fátima já escancarou as portas do seu segundo templo no recinto das aparições e acolhe mais gente que nunca, é uma Compostela do século XXI. A miséria a que as péssimas governanças atiraram o país, conduz infalivelmente à esperança de uma melhor vida à egípcia no Além e sempre será mais conveniente queimarem-se uns tantos milhões de velas votivas, em vez dos automóveis, lojas e casarões do regime. A Cova da Iria também é uma referência que o laicíssimo esquema vigente propagandeia lá fora, sempre na esperança de atrair uns valentões cobres dos turistas. Dizia-se que Soares até "andava de maneira diferente" quando estava na presença de um Papa ou de um Cardeal e há uns anos, um país espantado ficou a saber que um residente de Belém terçara irados argumentos com o Patriarcado de Lisboa, lutando e correndo pela Sé e à vista de todos, por uma precedência protocolar diante de SS.AA.RR., os católicos e fidelíssimos Duques de Bragança. Nos três canais de televisão, pontificam freis que dizem da sua graça e justiça e a nossa obesa esquerda, pela-se por apresentar o exemplo de bispos que aderem aos indignados contra si mesmos. As visitas papais são delírios de correrias país fora, facilmente ultrapassando qualquer vitória do CRonaldo, num qualquer 39-0 infligido pela selecção a uma equipa adversária.
O que fazer da supracitada triologia do antigamente? Vamos elevá-la ao quadrado ou ao cubo? Aceitam-se sugestões.
Este regime é tão vetusto, pesado e imóvel como a Grande Pirâmide du Faraó Khufu.
Um parasitário cabeça do Estado que fala a linguagem de imaginados hieróglifos verbais. Uma Constituição abusiva, retrógrada e patética que há mais de trinta anos consiste um autêntico convite à ruptura através de um pronunciamento militar. Uma caquética oposição esmigalhada em taifazinhas, cujos reluzentes relógios sacados à conta, mostram os ponteiros a girarem da direita para a esquerda, num sempiterno ó tempo volta pra trás. Um país organizado de forma quintaleira e própria dos tempos pré-Fontistas, coincidentes com o advento da era dos caminhos de ferro. Um desastroso presidente da edilidade capitaleira que teima em transfigurar-se na banda desenhada do Grão-Vizir que quer ser Califa no lugar do Califa. Um comentadeireiro oficial do regime que faz da intriga de baixo coturno, a mais alta e compensatória forma de comadrismo cívico.
Nada querem mudar. A coisa está morta e eles ainda não perceberam.
Mário Soares finalmente acordou. E, agora, também já diz que Portugal inteiro está contra o Regime! Bem-vindo camarada Mário!
Uma conversa ao nível da tasca de caracóis na Feira da Ladra. Se um é um conhecido provocador blasé, a oxigenada oponente não lhe está ao nível e caiu numa armadilha primitiva. É esta a gente que manda em Portugal, sendo os espelho de uma realidade que ninguém poderá ignorar. É a República Portuguesa no seu melhor e com um bocadinho de sorte, bem merecem uma comenda no próximo 10 de Junho.
Aquela tarde de 1 de Fevereiro de 1908, para sempre confirmaria a grandeza de Dª. Amélia de Orleães. Não lhe podendo ser negada a iniciativa por numerosas obras de benemerência, algumas das quais pioneiras em Portugal, a rainha ofereceu a um país atónito, uma prova de fibra e de abnegação. Protegendo a vida dos seus, foi o único e firme braço que faltou ao governo, à policia e a uma população que fugiu em debandada, atemorizada pela arrogante investida subversiva que violentamente derrubaria o Trono, a Constituição e um Estado de Direito que se normalizara após um conturbado início do século XIX. Foi a rainha da legalidade e da destemida coragem que enfrentou o comprometido silêncio de muitos e as rancorosas e mortíferas maquinações de alguns. Quem durante anos ofendeu e procurou denegrir a sua estatura de mulher honesta e o inatacável serviço prestado como rainha cuidadosamente preparada para o difícil serviço, pôde sempre contar com o majestático silêncio e mais tarde, longe de um Portugal que jamais esqueceu, com o seu perdão. Este é um exemplo para os que hoje - muito mais poderosos do que Dª Amélia alguma vez foi - de nada e de ninguém se esquecem, com o único fito de não quererem relevar. Não querem porque não podem, dada a natureza de um sistema que como o caruncho, tudo vai corroendo sem olhar a reputações de sujeitos singulares, ou ao geral interesse pela tranquilidade que o progresso exige.
Caíram o marido e o filho, mas as porfiadas e desafiadoras homenagens que ano após ano e durante um século inteiro o povo jamais deixou de prestar aos monarcas, tornam a rainha num vulto maior e merecedor do mesmo tributo. A vingança da rainha é esta que não fere ou mata. É a vingança da memória que de políticos e celebridades facilmente se olvida, enquanto para sempre ficará uma obra, ou a simples e imponente presença imortalizada em antigas fotografias que ainda hoje testemunham o tempo dos nossos bisavós, afinal bem próximo.
Que este 1º de Fevereiro de 2011, inclua Dª Amélia na recordação daqueles que heroicamente tombaram sem culpas e indefesos diante bem organizada conjura que condenaria os portugueses a mais de oitenta anos de esbulho, opressão e atraso. Portugal tem na rainha Dª Amélia, um exemplo de serviço que a coloca entre os grandes da nossa História.
Mais do que muitos nados e com seculares raízes nesta terra, a rainha bem mereceu a nacionalidade portuguesa.
A Real Associação de Lisboa apela à comparência popular no acto de reparação do 1º de Fevereiro de 2011, a realizar-se na Igreja da Encarnação pelas 19.00H, em Lisboa (Chiado). Estará presente a Família Real.
"O horrível drama de Lisboa, página trágica da História, sangrento episódio da luta de um povo e dos seus governantes, desencadeou em todo o mundo civilizado uma reprovação unânime. Tais crimes não se podem desculpar pela paixão política, e aqueles que ao virar da esquina, atiram sobre um soberano não podem aspirar a ter outro nome que não o de assassinos.(...) Todo o comentário é, de resto, supérfluo quando se trata de semelhantes actos, tão bárbaros quanto inúteis, dado que o soberano desaparecido deixa, no próprio terreno, um sucessor."
Le Petit Journal, Paris, 3 de Fevereiro de 1908
No 1º de Fevereiro pelas 19.00 horas, celebrar-se-á na Igreja da Encarnação, uma missa de sufrágio por D. Carlos I e pelo príncipe Luís Filipe. A Real Associação de Lisboa convida todos os lisboetas a comparecerem neste acto de reparação e afirmação da nacionalidade. Estarão presentes os Duques de Bragança.
Falam eles de submarinos, falam eles de cortes em dividendos alheios, falam eles em cortes nos salários. Falam eles em cortar tudo e todos E se falassem também no estranho caso do BPN, uma cratera que não expele lava, mas antes pelo contrário, é uma sôfrega sorvedoura de dinheiro público? Agora, paga-se o preço suficiente para "mais um submarino", ou seja, 500 milhões de Euros para o fosso. Porque razão não conhecerá o país, a lista de todos os nomes dos envolvidos em negócios escuros que como uma espessa nuvem de cinzas, paira sobre o regime? Quem são, com quem se dão, o que representa este segredo tão bem guardado? Alguém poderá explicar o que se passa e o quê e quanto mais Portugal terá de pagar?
O país está em crise e dentro de portas, as famílias resumem uma boa parte das férias a refeições enlatadas e pouco mais. No entanto viajam e aparentemente, pouco mudou desde o anúncio da hecatombe anunciada há alguns meses.
Nada parece funcionar e de facto, a carcassa que nos tornámos, demonstra que afinal o tumor não se encontra isolado e bem pelo contrário, espalhou metástases que longe merecerem o tratamento urgente, são deixadas à natural evolução das maleitas. As ramificações não saem de um núcleo perfeitamente identificável e bem pelo contrário, o sistema funciona quase de forma global, como se de uma economia de troca se tratasse. Assim, qualquer acto imprevisto e isolado, poderá tornar-se naquele rastilho de queima rápida, bem capaz de fazer explodir a autêntica Santa Bárbara em que vivemos. Adormecida a tropa por medos de reacção adversa por parte dos parceiros comunitários, são cada vez mais possíveis aquelas iniciativas voluntárias e de vingança pessoal. É bem certo que os agentes políticos não têm ajudado a apaziguar as paixões e a raiva que se escuta e lê seja onde for. Os principais partidos fazem jogos de sombras chinesas, não se preocupando minimamente com o deplorável efeito junto da população urbana - que é quem decide e acaba por ditar a evolução dos acontecimentos - cada vez menos crédula e impaciente.
Há poucos dias, o muezim Louçã reeditou o vetusto programa de expropriações de terras, exigindo a criação de uma "bolsa" estatal. esta ardilosa proposta, de imediato pode ser encarada como um rápido regresso à violência política, num clima de crise económica, desemprego generalizado, penhoras de propriedades, falências, etc. Pouco importa se o Estado é principal prevaricador no abandono das suas terras, ou se o Fuehrer do BE não explica como poderá dessa forma, obrigar ao regresso aos campos. Talvez tenha em reserva mental, o sistema tão proficuamente executado por Pol Pot. Não se sabe, nem ele jamais o dirá. Os radicais têm a perfeita consciência daquilo que propõem, com aquele sentido oportuno que caracteriza o apontar do dedo ao "inimigo de classe", o "rico que tem dois palmos de terra" que herdou dos avós. É esse improvável milionário que hoje se encontra em risco de perder o seu lugar de motorista, bem como o seu apartamento T2 nos subúrbios de Lisboa ou do Porto. O tema dos incêndios serve perfeitamente de pretexto político, mas a intenção visa antes de tudo, o controlo de recursos abandonados e possíveis de negociação e de instalação de um poder de facto. Quem possui a terra, poderá utilizá-la como bem lhe aprouver, mesmo escondendo-se atrás de edifícios legais disfarçados de cooperativismo e outros estratagemas. O que eram as UCP saídas do PREC, senão uma forma de chantagem sobre o poder político consagrado pelas eleições, significando antes de tudo, um domínio territorial de reminiscências feudais? Daí ao controlo autárquico que durou muitos anos, foi apenas um passo, com tudo o que significou em termos de atraso, desperdício de meios, desinvestimento na modernização, especulação imobiliária e destruição de património. Tudo isto aconteceu mesmo às portas da capital do país e os resultados estão à vista. Nada de novo e quanto aos incêndios, já se adivinham os mesmos erros de sempre, com uma pretensa reflorestação feita à base de materiais inflamáveis.
Neste clima de avolumar de discórdias e de crispações várias, vem agora o CDS contribuir com um certo facilitismo. A medida parece destinada à almejada desburocratização, num país onde existem muitas centenas de milhar de armas em hipotéticas "boas mãos". A partir de um dado momento estabelecido por lei, dispara-se contra tudo aquilo que mexe e os campos e montes são invadidos por gente camuflada, ansiosa por confirmar a sua descendência daqueles caçadores-recolectores de outros tempos, podendo depois exibir as fotos de fazer inveja a amigos do mesmo calibre. Pouco interessa se as espécies são ou não protegidas e o descaramento já persegue e ataca propriedades onde são criadas avestruzes, ovelhas e gado bovino. Gaviões, águias, cegonhas, mochos e aves migratórias de espécies protegidas, tudo serve para descarregar as cartucheiras e até burros, cães, gatos e outros animais domésticos, têm sido impiedosamente fuzilados sem qualquer hesitação, ficando as carcassas a apodrecer à beira de caminhos e estradas. Simultaneamente, o chumbo vai-se espalhando pelas zonas rurais, detectando-se óbvios casos de envenenamento progressivo de numerosas animais.
A quantidade de armas legalizadas é enorme e bem conhecida, mas, o que poderemos dizer acerca do florescente comércio de pistolas e caçadeiras de todos os tipos, provenientes de arsenais desconhecidos? Nas feiras e em certas zonas marginais dos grandes centros urbanos, é possível adquirir qualquer tipo de espingarda ou pistola própria daquilo a que vulgarmente se chama exército. Os "jovens" - como agora se usa dizer - saem á noite e entram em discotecas e bares, bem artilhados com armas de "defesa pessoal" e muitas vezes as utilizam intimidatoriamente, arrecadando á custa de outrem, os recursos para esbanjar em poucas horas de folia. Comércio descarado, ilícito e alargado de substâncias ilegais, fronteiras escancaradas e um eterno desrespeito da autoridade do Estado, eis o actual quadro. Em suma, embora o tentam disfarçar, assim não há democracia que resista.
Esta propensão suicidária, poderá provocar uma rápida corrida ás armas e as notícias diárias de assaltos em plena via pública, agressões à propriedade estatal e privada, violência nos transportes urbanos e a lei da selva pelos campos fora, serão inequívocos sinais de futuras perturbações que colocam em causa a própria segurança do Estado. Se a tudo isto acrescentarmos a geral sensação de nítida anarquização social, o quadro é deveras catastrófico.
A Lei deverá decerto ser simplificada de burocracias, mas ao invés de querer parecer como uma facilitação do processo de rearme pessoal, deverá ser muitíssimo mais severa e exigente quanto à concessão e controlo das licenças e dos armeiros. Simultaneamente, deverão ser facultados recursos legais e materiais às polícias, no sentido de se proceder rapidamente à fiscalização e controlo da posse ilegal, numa política de desarmamento coercivo e de ameaça de severa punição.
Desemprego, radical míngua no crédito, desapropriação e penhoras e no campo político, a degenerescência total do sistema e aproveitamento radical para o ataque à propriedade - comummente via impostos directos e indirectos sem freio -, eis um quadro medonho que levará alguns tresloucados á repetição de hoje exaltadas canalhices de há um século, essas sim, bem planeadas por quem acabou por ascender ao poder, arruinando a esperança de um século. Num ambiente destes, o tiro aos flamingos que agora arribam à foz do Douro, será corrigido para outro tipo de alvos bem conhecidos e universalmente criticados à mesa de qualquer café. Já nisso se fala abertamente e sempre haverá quem exalte o crime. Depois, não se queixem.