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Passámos um dia inteiro a falar de Medina Carreira para no final ficarmos a saber que o seu nome terá sido utilizado como nome de código. Entretanto, no meio da voragem mediática, a sua reputação, como a de tantos outros antes dele, foi manchada por meia dúzia de abutres impantes. É sempre a mesma estória. Não há meio de sairmos desta mediocridade afectada.
Não sei se Medina Carreira está ou não envolvido no caso "Monte Branco". Na verdade isso é o que menos importa, ainda que, doravante, os caçadores da infâmia possam aproveitar este pseudo-caso para atirarem-se, como feras sedentas, às fauces de Medina. O que me preocupa é a facilidade ominosa com que, em Portugal, se destrói a reputação de uma personalidade pública. Este país tornou-se num paraíso dos destruidores do nome e bem alheios. Petrónio dizia, não sem alguma ironia, no tão celebrado Satyricon, que a justiça é um mercado público onde a honra é lançada ao acaso. Eu acrescentaria que, além de mercado, é um poço sem fundo onde a iniquidade brota constantemente.
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:
«- ... todos os bons chapéus são feitos de nada.»
«- Como todas as boas reputações, Gladys - interrompeu Lorde Henrique. - Todo o efeito que produzimos gera-nos um inimigo. É preciso ser medíocre para ser popular.»