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José Adelino Maltez, Breviário de um Repúblico, 29 de Janeiro:
«Pensar é dizer não. A realidade sempre foi subvertida pelas autonomias, pessoais e comunitárias, quando estas assumem que, no princípio, tem de estar o fim, o tal dever ser que é, das essências que apenas se realizam pelas existências. Todos os decretinos processadores, em nome da ideologia ou do vértice hierárquico, do ministerialismo, com os seus sucedâneos, directoristas, presidencialistas ou rectorísticos, temem os que praticam o pensar é dizer não, como dizia Alain. Ou que a revolta é bem mais fecunda que a revolução, como vai acrescentar Albert Camus (2011).
Resistência individual. Quem experimentou as garras do saneamento e do processamento da persiganga não pode admitir que o rolo unidimensional do conformismo nos faça enjoar, sobretudo nesta praia da Europa que sempre foi partida para todas as sete partidas. O sinal do nosso futuro continua a passar pela resistência individual e pelo pensamento crítico da liberdade. A essência do homem ocidental sempre foi o individual do indiviso, que é expressão da fundamental dignidade da pessoa humana. Mesmo quando se rejeitam as normalizações impostas pelos pretensos antidogmáticos, neodogmáticos, como esses que, perante certo situacionismo, proclamam que têm o monopólio da contestação e assim nos desmobilizam. Os bobos da demagogia, da tirania e da mentira podem alimentar-se desses irmãos-inimigos. Quem quiser continuar mesmo do contra tem que procurar o mais além e antecipar o tempo da revolta (2011).»