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" Rádio e Televisão deveriam ser escolas de pronúncia da língua portuguesa. Pois não são... Em vez de escolas, são latíbulos que geram monstros. Nós, os espectadores, somos " espequetadores ". Nós, os ouvintes, somos os " óvintes ", os... timados óvintes. " Busquei este excerto da Enfermaria por me ter dado conta da grande confusão que vai lá no facebook: acham não poucos que o C de espectador se deve pronunciar. Disseram-me na escola primária que neste caso, como noutros - por exemplo o de actor - tal consoante é muda. Tem um valor diacrítico: substitui o acento gráfico ( espÉtador ); sucede, porém, que ao escrevermos espectador, estamos a respeitar a história do vocábulo, pois que provém ele da forma latina speCtare ( olhar ).
" Certos escrevedores e alguns escritores alegam que não são caturras nem puristas, que a língua de hoje não é a de Fernão Lopes... Estes lugares comuns revelam quási sempre uma espécie de esperteza saloia, que mais não é que o desprezo do português. Ora o respeito ao idioma não é caturrice nem purismo. É apenas dignidade. É que tudo o que se fizer a bem da Língua será a bem da Nação. ( ... ) Há por aí quem tenha a mania de alegar que sendo a língua um instrumento vivo há-de por força modificar-se, fingindo não perceber que alterar é uma coisa, e destruir é outra. " Vasco Botelho de Amaral in - A Bem da Língua Portuguesa ( na imagem, aos microfones da BBC, no ' Programa Português ' )
Só há muito pouco tempo a vi - não sei se alguma vez ostentou outro letreiro, correcto, quero dizer. Lembro que era domingo quando por lá passei, e de ter pensado que, se estivesse aberta, a minha vontade era a de entrar e perguntar ao " boticário/a " se tinha caído o B da tabuleta onde se lia Otica. Mas na montra do estaminé expunham-se óculos!!! " Óptica"?, perguntar-lhe-ia.
e porque as consoantes mudas têm uma função, sim. " Afirma Renan algures que, de hoje a algumas centenas ou milhares de anos, terão completamente desaparecido da memória dos homens todos os livros que actualmente conhecemos, com excepção da Bíblia e talvez das obras de Homero. É possível que a profecia mofina do mais ático escritor francês do século passado, saída da sua pena prestigiosa n'um dia de melancólico desalento, venha a realizar-se, sendo precipitado no fundo sorvedoiro dos tempos todo o vasto repositório do saber humano, desde que o pensamento se materializou na palavra, e a palavra escrita se juntou a outras para formar - o Livro. E, assim como a acção destruidora dos flagelos tem devorado o recheio das mais famosas bibliotecas da antiguidade, tais como a que Osymandias estabeleceu no seu maravilhoso palácio de Tebas, e sobre cuja porta fez gravar a conhecida inscrição " Remédios para a alma ", e a célebre de Alexandria, que Ptolomeu Soter dotou com setecentos mil volumes, pela mesma forma é para recear que, no cumprimento da profecia do mestre, desapareça tudo quanto enche as modernas livrarias... " Conde de Sabugosa