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Posso afirmar, sem reservas, que não me encontro a deambular pelo marasmo da quadra natalícia. Os rituais há muito que foram assassinados, enjeitados e trocados por ritos de passagens aéreas, compras avulso, sacos que ostentam a marca visível à distância da consoada mais farta. Na minha família divorciamo-nos dessa dependência febril, da tensão inglória, supostamente tolerada em nome de uma qualquer instituição a preservar. Estamos por perto nas ocasiões que entendemos, nos momentos que requerem a sageza de um encosto que transcende a família nuclear, essa do sangue mais espesso. A agremiação, forçada pela cultura judaico-cristã sobre os sujeitos, muito pouco tem a ver com tolerância, paz e amizade. Enquanto esgotam jantares na estalagem e convertem o nascimento de Cristo em Carnaval, o promontório da técnica pagã, o fosso existencial vai sendo cavado com ainda maior insistência. E uma pequena linha de derivação é lançada para a outra margem, para o novo ano de 2015, como se este, por obra de um feitiço ou de um passe de mágica, fosse filho primogénito de um imaculado casal, virgem. Mas, lamentavelmente, assim não é. A genética civilizacional conhece a sua ascendência, e por isso somos adventistas. Somos testemunhas, mas também autores do descalabro anacrónico. A mensagem de esperança que vos irão lançar é mais um produto light, apresentado num embrulho demagógico, parco em substância de facto. Encontramo-nos na era do vazio, e a luz que vemos não serve de vela de santuário. É apenas o néon do centro comercial lá ao fundo, aberto até às 20h do dia 24 para deleite do utente cheio de vontade.