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Deixando de lado a paupérrima qualidade das investidas "hitchcockianas" de Marcelo - bem acompanhas pela sageza cinematográfica de Rodrigo Moita de Deus, essa sim, mais próxima do idealismo dos "movie brats" -, chego à conclusão que este país não é para gente bem apessoada e prudente. Ou se preferirem, não é para novos nem para velhos. Não é um país frequentável. Ponto. Nem para guião cinematográfico serve. Quando o debate público gira em torno das declarações - ingénuas e desajeitadas - de uma personalidade pública - o célebre affaire Jonet -, das bravatas de um vídeo pateta e idiota que só desqualifica quem o promoveu, e por fim das insídias a uma chefe de Estado de um país democrático e cioso dos seus interesses políticos e económicos, só posso inferir que atingimos o grau máximo da necedade colectiva. Lamento muito, mas este país é uma parolice pespegada.
A vossa intenção era boa mas, para mim, sempre foi um dado adquirido, desde que Marcelo Rebelo de Sousa o anunciou publicamente, que esse vídeo não seria autorizado. É que, de há muito que a apregoada "tolerância democrática" conhece limites em determinados países da Europa. E a Alemanha, por muito que isso espante alguns, é disso exemplo. Veja-se, a título meramente simbólico, o que se passa no funcionamento do Parlamento Europeu onde uma criatura que dá pelo nome de Martin Schulz, alemão socialista, dirige as sessões de uma forma vergonhosa e facciosa como nunca naquela casa há memória de ter sucedido no passado. É, recorde-se, o mesmo que fez estas espantosas declarações que hoje aqui recupero. E que não venha ninguém com a história de que eu não gosto de alemães. Estudei entre eles desde a meninice e uso muitas das suas admiráveis técnicas de disciplina e de trabalho que tanta utilidade teriam em Portugal, assim as soubessemos aproveitar em nosso benefício. Quanto ao resto, para além de serem um povo trabalhador e empenhado, em sede de tolerância ainda têm muito para aprender. Falta-lhes precisamente aquilo que nos sobra: a capacidade de aceitação das diferenças e o saber conviver com diferentes culturas e povos que fizeram com que Portugal tenha sido grande no passado, como o Ultramar português foi exemplo cabal.
Quando relembro o alarido que o surgimento de uma direita liberal da blogosfera gerou, dá-me vontade de rir. Já se via o que aconteceria a tanta independência e espírito de liberdade quando houvesse dinheiro para distribuir.
Como é claro, as pessoas têm todo o direito de se cobrir de ridículo, mas o RMD tem levado o dito à náusea.
Desta vez equipara o cursus honorum da praxis política (compadrio, ser filho de cacique, ganhar o torneio de matrecos da “jota”, dominar a chafarica local) com o conhecimento teórico de um fenómeno que transcende a experiência individual (dominar as implicações comunitárias, sociais, éticas dos modelos de convivência política). Não há diferença entre uma pensar e fazer. Entre theoria e tekné. O pintor ou o canalizador são o mesmo que um arquitecto. O enfermeiro ou o auxiliar do hospital, o mesmo que um médico.
Para um colunista, aspirante a político, não está mal. O conhecimento científico da política é, segundo RMD, aquilo que os políticos fazem. E isso é bastante ilustrativo da forma como o RMD analisa a política (nos seus blogues e colunas), ou seja, a fazer política. Não dá ponto sem nó, que é como quem diz, não analisa imparcialmente e desligado dos seus fins pessoais coisa nenhuma.
Sem querer tecer considerações metodológicas, não sei se e o quê o RMD terá cursado, mas não perceber o papel da ciência (política ou outra) não augura nada de bom. Talvez deva ficar pela política…
Afonso, no que diz respeito a mariquices e capacidades argumentativas, estamos conversados desde que tu e o Rodrigo amuaram por eu ter evidenciado as falhas gritantes do vosso patético vídeo para a Finlândia.
P.S. - Vamos continuar com esta competição criançola para ver quem tem o dito cujo maior? Sinto-me um privilegiado por gastarem as vossas energias e notáveis capacidades intelectuais e argumentativas com a minha pessoa mas ou montam uma central blogosférica abrantina a sério ou isto assim nem chega a ser minimamente desafiante e estimulante.
É curioso como um tipo sem paciência para a blogosfera vem aqui por acaso e constata que outros simplesmente não curam as suas obsessões antigas. Lamento desiludir, Afonso. Nem o Samuel precisa da minha defesa, nem eu estou disponível para entrar no seu jogo. Deixo-lhe, contudo, uma resposta única: parece que o blogue que fez a apologia do deputado Galamba contra as denúncias que fiz à identidade dos Abrantes, e às ligações desse deputado aos ditos, tinha interesses ocultos - já que ia dar guarida a novos Abrantes. Nada que não se tivesse percebido na altura.
Vá, continue lá a brincar no recreio, Afonso, que daqui não leva nada. A malta crescida tem mais o que fazer!
Folgo em ver que o Rodrigo está a aprender rapidamente. Entre as técnicas clássicas dos Abrantes ou dos spin doctors em geral, o Rodrigo aplicou três em apenas dois posts:
1 - Vitimização. Eu não presumi nada. Eu realizei um juízo de valor com base no que me é dado observar do teu comportamento, comparando atitudes/opiniões perante situações semelhantes, que têm resultados diferentes em função do partido que está no governo. E desta avaliação resultou a classificação de contorcionista e abrantes, sendo este último termo utilizado para designar spin doctors em geral, pelo menos por mim. A capacidade e possibilidade de crítica está no cerne de qualquer sociedade livre e democracia liberal saudável. Já vai sendo tempo de em Portugal deixarmos de ser umas virgens ofendidas e começarmos a saber lidar com as críticas que nos façam, sem vitimizações.
2 - Colocar palavras na boca/escrita dos interlocutores. Esta o Rodrigo já tinha tentado aplicar hoje. Nem eu nem o André dissemos que concordávamos com as medidas do ministro. Mostrámo-nos, isso sim, defensores da privatização da RTP e prometemos ser os primeiros a aplaudir se esta alguma vez ocorrer.
3 - Desviar o assunto - Aproveitando o ponto anterior, o Rodrigo introduziu outra temática que, se tem importância, não deixa de ser lateral em relação ao que está em questão: Miguel Relvas tentou chantagear uma jornalista, ameaçando-a com a publicação na Internet de dados da sua vida privada. Não preciso de caracterizar alguém que tem uma atitude destas, pois não?
Um dos grandes males da política portuguesa é o culto do chefe nos partidos políticos, que normalmente implica um seguidismo acéfalo, tornando a política em futebolítica. Os partidos não são, ou não devem ser, claques de futebol. Para mim, acima deste clubismo estúpido estão os princípios e as políticas prosseguidas. Se estas, na essência, são as mesmas, erradas, quer esteja o PS, o PSD ou o CDS no poder, e se a única coisa que os distingue é aquilo a que acham por bem (ou mal) destinar o dinheiro dos outros, então criticarmos uns e defendermos outros quando adoptam exactamente o mesmo tipo de medidas e, pior, quando tomam atitudes moralmente reprováveis em moldes semelhantes, é verdadeiramente um acto hipócrita e revelador do pântano em que vivemos.
Como é óbvio, não posso adivinhar que estás num iPad (não sou Deus), ou que este não dá para fazer links. Sobre a privatização da RTP, há um ano que ando a ouvir/ler isso. Estou com o André: "Se se concretizar, serei o primeiro a elogiar o Governo – incluindo o ministro da comunicação social". Até lá, infelizmente a Maria João Marques tem muita razão. De intenções está o cemitério dos programas eleitorais cheio.
Entretanto, já percebeste que no post anterior acabaste por assumir os classificações realizadas? Correu mal a ironia, eu percebo. Precipitações, claro.
Claro que o Rodrigo tem razão (no quê?!). Tanta quanto a falta de etiqueta ao não linkar os respectivos blogs no meu nome e no do André. De resto, não fomos eu e o André que divulgámos dados pessoais do Rodrigo. Foi o próprio que colocou à vista de todos o que nós apenas classificámos. Mas se o Rodrigo diz que essas classificações são, na verdade, dados pessoais, então acaba de as confirmar e, como se vê, nós limitámo-nos a chamar as coisas pelos nomes. Porém, verdade seja dita, a classificação de Abrantes é injusta num aspecto: o Rodrigo dá a cara, não recorre ao anonimato. Ao menos isso.
O Rodrigo diz que eu digo que ele não é da minha direita. Passando ao lado do facto de eu não ter dito coisa do género, tendo apenas citado o Ricardo Lima, o Rodrigo até tem razão. Alguém faz o favor de lhe explicar que a social-democracia não é de direita?
Ler isto primeiro, e depois o André Azevedo Alves, Um verdadeiro espírito livre (2):
"O Rodrigo Moita de Deus sente-se, compreensivelmente, pressionado, mas da minha parte não tem nada a temer. Lido com blogues e bloggers há quase uma década. Se fosse pessoa para fazer o que o Rodrigo Moita de Deus teme, já todos – até o próprio o Rodrigo Moita de Deus – teriam dado por isso."
O Rodrigo diz que eu não gosto de discordâncias. Claro que ele não é obrigado a ler-nos e a perceber que neste blog, por exemplo, temos uma esquerdista feminista e europeísta e um conservador católico tradicionalista. Por acaso estou quase sempre em desacordo com eles. E não tenho por hábito amuar quando alguém de uma tribo de que faça parte discorda de mim (vídeo para a Finlândia, ring a bell?). Mas compreendo o fim da irreverência do Rodrigo. São "ossos do ofício".
* título roubado ao André Azevedo Alves.
O Rodrigo anda infeliz. Passaram já 24 horas desde que foi eleito "comissário político" e o Corporações ainda não lhe dedicou um post. Rodrigo, olhe que ter ficado sentado em cima da perna metálica da cadeira foi apenas o começo de um longo martírio... em jeito de "aviso à navegação". O que esperam os senhores corporativos? Abraço Rodrigo!
O Pavilhão Atlântico transformado num imenso "cenoural". E é lá que está o Rodrigo... Retirado daqui, com a devida vénia.
Não queria acreditar, à medida que ía lendo, agradado, o texto em questão. Depois de tentar negá-lo nos primeiros dois ou três parágrafos, eis que a partir do quarto já me encontrava praticamente decidido a fazê-lo. E perto do fim já estava penosa e decididamente certo: decidira, não obstante a contrariedade, fazer um post citando o Rodrigo Moita de Deus.
Graças a Deus, Deus afinal citava Almada.
Desta vez foi por pouco...
Adoro receber hate-mail e hate-comments. Fico a saber que não sou patriota, que sou um pseudo-intelectual, que não tenho sentido de humor, que não faço nada pelo país, que sou só conversa e nada de trabalho, que sou vaidoso e egocêntrico. Isto vindo de gente que nem me conhece. E eu é que me levo demasiado a sério, caríssimo Afonso Azevedo Neves?
Pena que os portugueses não se levem tão a sério na fiscalização dos governantes como se levam na sua verborreia de lugares comuns como o “eu é que sou patriota, tu és anti-patriota”, misturado com insultos e com aquela típica mania de quem pouco aprecia a liberdade individual que os leva a querer saber da vida dos outros com o “você de certeza que não faz nada pelo país”. Mais clichés houvessem, mais os portugueses os utilizariam.
Ademais, Rodrigo e Afonso, não vale a pena preocuparem-se, as até agora 8 mil visualizações do meu anti-patriótico post (parece que por estes dias quem prefere ser preciso no conhecimento de factos históricos e acha ignóbil um país com 9 séculos de História colocar-se na situação de pedinte não é patriota) em nada afectam o meio-milhão de visualizações do vídeo que se arrisca a levantar de tal forma o moral dos portugueses que não tarda estamos a marchar sobre a Finlândia. Pelo que, para mim, que não tenho sentido de humor, não posso deixar de dar gargalhadas com este post do José Costa e Silva: “Pequeno país farta-se de ser bonzinho: Portugal deixa-se de “vídeos” e ameaça “reduzir a pó” países que boicotarem ajuda”.
Permitam-me ainda os preclaros leitores e leitoras relembrar, mais uma vez, a célebre frase de Samuel Johnson, bem a propósito deste processo que de há cerca de um ano a esta parte tem vindo a acontecer, em que de repente, todos sem excepção, inclusive o Primeiro-Ministro, somos muito patriotas: “O patriotismo é o último refúgio de um canalha”. E que bem que fazia a muita gente ler The Patriot, onde Johnson critica o falso patriotismo, o daqueles que se assumem a todo o momento como grandes patriotas, enquanto vão prejudicando a nação.
Só para finalizar, tal como era expectável e como já aqui tinha escrito, é mais que certo que a Finlândia vai apoiar (nem que seja pela abstenção) o resgate. A reapolitik assim obriga. Ou andará muita gente a dormir e sem saber que a Alemanha não se pode dar ao luxo de não resgatar Portugal? Vou adorar é ver muitos portugueses satisfeitos com o vídeo e com o seu pseudo-patriotismo a dizerem que foi este que levou ao apoio. Falta ver é se os seus autores também enveredam pelo mesmo. E talvez até José Sócrates se associe ao vídeo, que de tão patriota que anda um dia destes até desmaiará de amores com a simples visão da azul e branca.
Nunca o povo português foi ouvido sobre a forma de regime que quer ver. A Constituição da República Portuguesa apenas reconhece como legítima a forma de governo republicana, filiando-se muitos dos senhores do regime no ideário da I República. A I República, sabem os intelectualmente honestos e os que se interessam de forma objectiva e histórica por esse período, foi um regime anti-democrático, sanguinário, em que até entre os republicanos ocorreram divisões e perseguições mortais, inaugurando-se a tão célebre prisão do Tarrafal para os presos políticos.
99 anos depois, a III República decidiu dotar a Comissão Oficial para as Comemorações do Centenário da República com 10 milhões de euros para gastar a seu bel-prazer. Uma fortuna em tempos de crise, para celebrar um regime terrorista - isto sim é criminoso. Tentam por todos os meios calar os monárquicos, aqueles que querem discutir civilizadamente o país em que vivemos, aqueles que sendo mais democráticos que os democráticos de algibeira que pululam por aí, querem que o povo seja ouvido.
Há uns dias um punhado de monárquicos decidiu simbolicamente substituir um símbolo municipal pela bandeira azul e branca na varanda onde foi proclamada a I República, com o objectivo de incentivar a discussão sobre o assunto. Crime ou não, e esperamos que de facto o Estado de Direito e o sistema de justiça funcionem - ao contrário do que acontece diariamente, em especial com casos em que estão envolvidos muitos dos senhores do regime -, continuaram em liberdade e deram a cara, desde logo predispondo-se a devolver a bandeira do município. Os monárquicos estão habituados a agir sempre com base no valor da honra (que a República obliterou no que ao Estado e à governação diz respeito), assumem os seus actos e as suas consequências, estando habituados às responsabilidades e a ser responsabilizados.
Há dois dias encontrei o Rodrigo na Praça do Município a dar uma entrevista. Estivemos alguns minutos à conversa, recordo-me de nos rirmos com a ideia da PSP e do DCIAP terem pensado colocar todos os membros do 31 da Armada como suspeitos da substituição da bandeira. E pior mesmo é dispender inutilmente dinheiro aos contribuintes numa acção judicial ridícula. Não sei o que é que carece de investigações já que o vídeo é público e o Rodrigo desde logo se assumiu como responsável pela acção. Continuou em liberdade, como era apenas normal. Alguns dias decorreram desde a substituição da bandeira e tal como prometido, dirigiram-se a quem de direito para devolver a bandeira. Entretiveram-nos numa sala enquanto chamavam a PJ para os deter. É a isto que chamam ética republicana? Eu chamo-lhe cobardia.