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Oferecida pelo meu amigo Jacques Fieschi, a obra de Lucien Corpechot tem servido de base a todas as outras biografias de D. Amélia. Este volume da edição de 1914, é dedicado pelo autor ..."A Monsieur le duc de Noailles et à Madame la duchesse de Noailles. Respectueux hommage
Lucien Corpechot"
"A la faveur d'une législation naïve, toutes sortes d'entreprises, de spéculations politiques sont nées et s'épanouissent scandaleusement, épuisant les revenus de la nation, l'entraînant à d'inévitables faillites. Deux partis, ou plutôt deux groupes d'hommes se succèdent au poivoir: les conservateurs et les libéraux. En réalité, il s'agit beaucoup moins d'une méthode governementale, d'une politique en remplaçant une autre, que d'appétits à satisfaire. C'est un véritable système destiné à gorger tour a tour tous les politiciens du parlement. Il est avoué. Il a un nom. On l'appelle le système rotatif.
En Portugal, il n'y eut pendant bien longtemps d'autre industrie que la politique. Elle offrait à peu près le seul moyen de parvenir et de s'enrichir. Chacun l'exploitait à son profit. "Certains parlementaires se sont faits, dit le Roi, une situation telle, et si semblable à celle de quelques féodaux du moyen-âge, ils se sont si bien élevés au-dessus des lois, qu'on n'ose pas leur faire payer des impôts, auxquels tous les citoyens sont soumis! On a parlé de pots-de-vin scandaleux, de corruption; ce n'est pas cela la plaie vive, et d'ailleurs les faits d corruption sont encore à prouver. Seulement aussitôt arrivé au pouvoir, un chef de parti ne songe qu'à explouter le pays au profit de sa clientèle, à créer des charges pour ses protégés, et l'Etat devient ainsi la proie, le butin, la depouille des politiciens. A ce jeu, les ressources de la plus riche nation seraient vite épuisées (...) La Constituition laisse le Roi spectateur impuissant de cette vaste curée! Je ne pis ien changer, dit dom Carlos, car aucun ministre responsable, aucune Chambre ne se prête à un bouleversement qui mettrait fin à un tel scandale!"
Em pleno século XXI, esta sãodagem que "tudo mudaria" para o mesmíssimo rotativismo de sempre, informa que os inquéritos foram realizados a agregados familiares com telefone de rede fixa. Fixa? Fantástico... Ah!, e a populares com "mais de dezoito anos de idade". Como é que sabem? E se for a Cátinha ou o Fábinho que acabados de chegar da Secundária, decidiram zelar pelo devir da nação? Já agora, poderiam informar-nos acerca das horas de perscruta de tão prestimoso serviço à Pátria?
Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, As Farpas, Junho de 1871:
«Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder... O poder não sai duns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, numa explosão de risadas.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá não estão, – os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus carácteres e às suas famílias.
Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais – os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, os interesses do país e a pátria.
Mas, cousa notável!
Os cinco que estão no poder, fazem tudo o que podem – intrigam, trabalham, para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se para deixar de ser – o mais depressa que puderem – os verdadeiros liberais e os interesses do país!
Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros – os verdadeiros liberais – entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país, e os que caíram do poder, resignam-se cheios de fel e de amargura – a vir ser os verdadeiros liberais e os interesses do país.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da fazenda e ruína do país...
Não há nenhum que não tenha sido demitido ou obrigado a pedir demissão pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas, – pela imprensa, pela palavra dos oradores, pela acusação da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o país neste caminho em que ele vai, feliz, coberto de luz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, num choito triunfante!»
Fialho de Almeida ( que viria a " reconciliar-se com o regime tradicional, depois de um encontro com o ministro de D. Carlos " ) : - " Superior, inteligente, culto, bravo e generoso...enjoado da torpitude dos partidos, e tendo da ideia de pátria um culto inverosívelmente alto e absorvente "
Homem Cristo : -" Tinha defeitos, mas, no meio dos seus defeitos, foi o político mais inteligente do seu tempo "
João Chagas, a propósito das cartas a João Franco : - " Aliviam a memória de D.Carlos de um grande peso "
Foi este " homem forte de vontade, enérgico e decidido nas atitudes, largo nas ideias e profundo no saber " ( « D.Carlos »- Casimiro Gomes da Silva ), que um bando de conspiradores que tinham escapado à prisão a 28 de Janeiro do mesmo ano assassinaram faz hoje 102 anos.
" À noite, nas Necessidades, o Conselho de Estado reunido persuade o novo Rei, infante D. Manuel, a afastar João Franco e a formar ministério novo. Faz-se a vontade ao inimigo, abatem-se bandeiras perante o crime. « Os regimens sucubem e desaparecem, menos pela força do ataque que pela frouxidão da defesa » - dirá o próprio João Franco. Resume, muito exactamente, um jornal, meses depois: - ' O Rei morreu na tarde de 1 de Fevereiro, no Terreiro do Paço. A Monarquia morreu nessa noite, no Paço das Necessidades ', precisamente quando a Realeza se erguia unida a um governo sério e forte. Eliminado da cena e lançado para o exílio o único homem de pulso, não há em torno de D.Manuel senão os velhos homens dos partidos, sempre envolvidos em querelas de vaidades, sempre obcecados pelo fito de conquistar o mando para si e para os seus amigos " ( João Ameal )
Os partidos que aquele chamara de " rotativos ", aproveitam-se assim da inexperiência bem intencionada do Infante adolescente para voltarem ao mesmo regabofe, depois dos esforços do rei e do seu 1º Ministro para fazerem de Portugal um país decente.
* E aos que o acusam de ter chamado « Piolheira » ao país pelo qual tanto sofreu, melhor fora que lessem este texto.
e incompatíveis, mas as políticas não: se, por algum motivo, algum deles sair, o centrão aí estará de novo.
Adenda: " Os portugueses já sabiam que as eleições serão uma luta entre PS e PSD" *, disse José Sócrates. É que o rotativismo que nos colocou neste estado miserável tem de continuar. Até se bater no fundo ( temo que, a continuar este regabofe, não demore muito )
*mas essa frase é, pensando bem, só mais um dos indícios da " democracia socratiana " - varrer do mapa os outros partidos