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Nesta altura do campeonato, inclino-me para votar na Aliança de Santana Lopes. Mas se o Miguel Morgado se tornar líder do PSD, o que seria óptimo para o partido e para o país, ficarei perante um enorme dilema. De resto, provoca-me bocejos ouvir tantos putativos virgens impolutos (Rio segue destacado na liderança) que se escandalizam com agitações e alegadas tentativas de golpes palacianos porque, pasme-se, os agitadores só estão preocupados com lugares, como se, em democracia, a política intra-partidária fosse outra coisa que não isto e como se não andassem eles próprios nestas lides há décadas. Ide ler Maquiavel e relembrar que a política, num sentido restrito, é a conquista, manutenção, exercício e expansão do poder político. Se são inábeis nas últimas duas (como Rio demonstrou à saciedade durante o último ano), sofrem as consequências. É a vida, ou como diria Paulo Portas, "as coisas são o que são."
O senador John McCain fez mais oposição política nas suas exéquias fúnebres do que Rui Rio em toda sua vida partidária. António Costa tem muita sorte em não ter um morto-vivo deste calibre para lhe fazer a vida negra. O senador republicano, na sua hora final, reivindicou o espírito da América. Proclamou, do termo dos seus sete palmos de terra, que existe vida para além da fractura, esperança para além da ganância e um destino maior do que aquele promulgado por passageiros clandestinos. Mas existem semelhanças entre John McCain e Rui Rio. Um foi prisioneiro de guerra e o outro foi tomado como refém pelo Partido Socialista. Para todos os efeitos práticos, o Partido Social Democrata foi anulado pela toada autofágica de Rio. No entanto, um lider partidário que se agarra a um lenho de Monchique e dispara pólvora sêca, embora inconscientemente, e por não existir no firmamento político, deixa a porta escancarada para que a Geringonça se estatele no asfalto. Sem oposição digna desse nome, os socialistas mais rapidamente executam a sua própria sentença. Não me surpreende que até Santana Lopes se faça ao piso, com todos os riscos e escorregadelas que isso comporta. O vácuo deixado pelo assoreamento do Rio deixa o caminho aberto para propostas mais interessantes, de sangue novo, audaz e destemido. Na ala liberal já nasceram forças a ter em conta. E por defeito de percepção e prática desviante, os ideais liberais encontram agora terreno fértil para a sua refundação, para o enunciar do espírito dos filósofos originais, fundadores. À esquerda, a regeneração não acontece. Os socialistas voltam sempre à mesma equação inchada de ficção e facilidades. Mas serão as intermitências da vida e morte que permitirão discernir os pequenos dos grandes, os políticos de algibeira dos estadistas. McCain representou bem esses ideais de grandeza. Veremos se o seu legado servirá para distribuir lições válidas. Aqui ou acolá.
Se é para ser, que seja. Rui Rio entra à matador. Arrasa com uma bondosa e uma catrapila os sonhos molhados dos socialistas. Campeão antecipado do certame das mãos largas, existe pouco que o Partido Socialista possa fazer para subir a parada desta aposta. Perdido por mil, perdido por dez mil...euros. No entanto, existe algo de intensamente estratégico e correcto na receita. Um país toldado pela velhice, distraído por tira-teimas e rábulas paliativas e promessas de eutanásia, sem reprodutores à vista, pejado de géneros para todos os gostos e feitios, racistas de feira e editoras sobranceiras, presidentes da bola que perderam a bola - Portugal merece isto e muito mais. A extravagância da ficção monetária, fiscal e política. A ousadia de um lance auspicioso, a jogada que finta tudo e rompe a rede. Que grande pacote que Rui Rio avença e avança para que os outros da geringonça possam levar na pacotilha. E depois admirem-se que os meninos não saibam para onde está virado Portugal. Que grande prova de aflição. Viva a Revelação! Viva o híper-socialismo!
Não é preciso ser o bruxo de Fafe, nem saber a letra do hino pão, pão, paz e liberdade, para entender que o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE) têm os lugares em risco na selecção da Geringonça. O actual mister dos socialistas anda de olho no avançado Rio, desfazendo-se em elogios à convocação do novo lider da oposição. Para quem sobrevive com as sobras eleitorais de legislativas e transforma derrotas em maiorias e governos, a jogada é um clássico. O esquema táctico pode passar num ápice de um 1-1-1 para um 1-1. O galanteio de António Costa pode até ser considerado uma forma de assédio ao social-democrata Rui Rio. O que o primeiro-ministro deseja, mas nem ao Rato confessa, seria que o camarada do Partido Social Democrata deixasse cair uma parte da nomenclatura dita liberal daquele partido e se convertesse à sua igreja, que fosse adoptado pelos socialistas como se de um orfão se tratasse. Por outras palavras - que se convertesse à religião da Esquerda iluminada. Mas para chegar a tal bloco de notas e realizações falta algo atípico - que Costa se comece a inclinar à Direita e a seduzir uma parte do espectro laranja. Face a estas movimentações e indícios de traição, o PCP e BE poderão sentir o enchifrar de um modo agreste e, em resultado de tal estado político-emocional descontrolado, começar a cobrar caro à Geringonça. Como o PCP e BE continuam a ser o que sempre foram e não têm nem Ruis nem Rios para vender, terão de jogar com a prata da casa. Teremos deste modo uma Catarina ainda mais teatral e um Jerónimo cada vez mais histórico. António Costa sabe que Rui Rio é muito mais intelectual e programático do que a sua persona, por isso terá de reforçar o seu jogo de cintura, apontando alguns golpes de rim aos argumentos económicos e financeiros intransponíveis que cedo irão jorrar do discurso coerente de Rio. O homem do puerto sabe muito mais da poda do que Costa. Quanto ao traquejo político que falta, lá chegará. O estado de graça de que dispõe é superior ao tempo que remanesce à Geringonça antes que as coisas começem a meter água.
Andaram entretidos a fazer bonecos, a esquiçar desenhos, a apalpar almas gémeas onde elas nem sequer existiam e agora António Costa terá de se revisitar e rever a matriz ideológica que o sustenta, os vícios que o coligam ao Partido Socialista - chegou alguém capaz de o destronar dessa corte colada com o cuspo de uma maioria parlamentar de Esquerda. Rui Rio aí está, e embora ainda se encontre em fase experimental, em versão beta de um sistema político operativo open source, já apresentou credenciais de quem será capaz de buscar apoios e insatisfações daqueles que se iludiram total ou parcialmente com a receita da Geringonça. Existe coerência estratégica da parte do novo líder do Partido Social Democrata, que paulatinamente deixou que o inscrevessem na resistência formada à Esquerda. Rui Rio apresenta-se numa condição híbrida, trans-partidária - como se fosse independente sem descurar atributos liberais, social-democratas ou mesmo de Esquerda. É essa convivência endémica, na relação que mantém consigo mesmo, que o distinguirá das parecenças com António Costa que necessita de se abengalar aos camaradas caducos e prestar homenagem à mitologia de Mário Soares para justificar a acção governativa, como se existissem imperativos de ordem moral, pertença exclusiva da superioridade republicana e socialista. Nessa medida ideológica, devemos considerar Rui Rio como um atéu acabado de chegar, mas que partiu há muito para a mesma travessia da odisseia política de Portugal. Vai haver efeitos de sopro e ondas de choque. No seu partido e no dos outros.
foto: OBSERVADOR
Em entrevista hoje ao "outrora Espesso" o candidato à presidência do PSD Rui Rio comete um segundo erro fatal na campanha já em curso, isto para além de proferir deselegâncias várias em relação ao seu adversário.
A crise de liderança do Partido Social Democrata (PSD) tem provocado mais alergias e urticárias no seio de outros partidos do que na própria casa da Rua de São Caetano à Lapa. Parece quase certo que o Derby social-democrata será disputado entre Santana Lopes e Rui Rio. Convém sublinhar o seguinte fenómeno separatista; Os mais contundentes sucessos de governação dos candidatos aconteceram na região norte - nas cidades da Figueira da Foz e do Porto. Numa lógica de bastiões e reservas estratégicas do PSD, faz algum sentido que assim seja, e tendo em conta o track-record de cada um dos adversários, se puxarem dos galões autárquicos para promoverem as suas causas, farão a vontade dos socialistas. Ainda recentemente, embora embriagado pelo oportunismo das eleições autárquicas, António Costa reforçou a sua dose ideológica de regionalismo e "autonomia" política dos concelhos desde que estes sejam do Partido Socialista (PS). Numa interpretação mais ampla, e à luz dos acontecimentos que decorrem na Catalunha, a bandeira do poder local pode ser um argumento subtil a ter em conta na gestão de um país. Quer Santana Lopes quer Rui Rio devem saber integrar as movimentações ideológicas excêntricas. Dirão muitos que o que acontece na Catalunha não interessa ao menino Jesus, mas não é bem assim. Quaisquer derrames não previstos, decorrentes da garraiada que opõe Madrid a Barcelona, terão impacto nos discursos políticos pan-europeus e nas contas europeias. A geringonça ficará indelevelmente colada ao ciclo económico favorável do turismo e ao dinheiro fácil do Banco Central Europeu. Numa lógica de modelos económicos que se esgotam e de alternância de vocalistas, o mais provável é o PSD agarrar o poder em Portugal quando este estiver na mó de baixo, a andar às voltas da nora de uma nova crise de excessos e devaneios orçamentais. Seja qual for o chefe da casa política do PSD, este deve alinhar ideias de um modo realista, mas desapaixonado. O PSD, não sendo governo, deve ter um papel de auditor interno, de agência de rating. Por outras palavras, deve fazer uso do capital de que dispõe. E o legado de que dispõe diz respeito à experiência na gestão de crises. Os outros, para serem coerentes com o seu currículo, continuarão a pintar um cenário cor-de-rosa, perfeito. O PSD deve levar em conta que as marés psicológicas são de duração limitada e que as escorregadelas financeiras dos governos marcam o início do seu fim. O PSD apenas deve ser paciente. A realidade falará por si. A ideologia acaba sempre por se trair e deixar ficar mal os crentes mais ferverosos. O PSD deve declarar a sua independência política das querelas típicas que polvilham o quadro governativo de Portugal. Se quiser sair por cima.
Parece que, em alguns meios da opinião publicada, Rui Rio foi erigido, repentinamente, como o novo messias da política portuguesa. Lamento desapontar-vos, mas Rui Rio, por enquanto, terá, forçosamente, de ficar recluído à espera de que piores dias venham. Sim, é certo que o PSD perdeu espaço político, ao deixar escapar de forma clamorosa algumas das principais edilidades do país, sem esquecer a verdadeira débâcle eleitoral sofrida na região do soba Jardim. Sim, é certo, também, que a partidocracia nacional sofreu um forte abalo, que não se limitou, note-se, ao PSD de Passos. Contudo, fazer destes resultados uma espécie de clamor subterrâneo pela ascensão política de Rui Rio ao leme da nação, cheira demasiado a bafio, a um bafio que eu julgava já extinto. A culpa não é, certamente, de Rui Rio, aliás, o ainda presidente da Câmara Municipal do Porto tem estado, diga-se a abono da verdade, bastante silente, porém, há certos papagaios regimentais que não aguentam, por mais que a realidade lhes dite o contrário, a legitimidade das urnas. Que Deus lhes perdoe as manigâncias. Entretanto, eppur si muove, o CDS, brilhantemente guiado por Paulo Portas, obteve um excelente score eleitoral, tendo em conta que, antes destas eleições, o partido era o parente pobre do poder local. Os centristas conquistaram 5 câmaras, ganhando, com isso, um alargamento da sua influência política nos municípios portugueses. O PS de Seguro, que Manuel Alegre, num acesso de "a mim ninguém me cala", qualificou como o grande vencedor da noite, foi, na verdade, um vencedor muito frouxo, aliás, frouxíssimo, o que, em bom rigor, é plenamente explicado pela perda de fôlego verificada nos últimos tramos da corrida às principais praças eleitorais. Quanto ao Bloco, comprovou-se, se dúvidas existissem, que, hoje em dia, o partido do caviar e do ipad para menininhos rebeldes, é uma inexistência política, que só sobrevive graças aos merdiocratas frequentadores das noitadas do Bairro Alto. Já o Partido Comunista, cujos resultados foram, infelizmente, demasiado risonhos, pode agradecer ao seu tão odiado Deus tamanha dádiva, pois, aqueles 7 a 8% de portugueses desguarnecidos de inteligência voltaram a dar, sabe-se lá como, ao partido da foice, do martelo, e do genocídio apoiado fora de portas, o comando de alguns centros urbanos de relativa importância. Os resultados eleitorais, analisados à primeira vista, oferecem, vistas bem as coisas, uma catadupa de leituras, mas o que importa relevar é que os portugueses, com algumas reticências pelo meio, manifestaram um profundo desagrado face à partidocracia reinante. Para bom entendedor meia palavra basta. O que sairá daqui só o futuro o dirá.
À Revista Visão o ainda Presidente da C.M. Porto disse de sua justiça:
"Já disse que Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, não tem perfil para o cargo. Porquê?
Julgo que falava sobre a equidade nas reduções de salários e não me pareceu que estivesse a dizer a verdade. Fiquei um bocadinho chocado.
A senhora comportou-se com alguma arrogância, por vezes até de forma pouco adulta.
Como vê o envolvimento da ministra no caso dos swaps?
Com alguma maldade, a ministra decidiu travar um combate político contra os swaps. Afastou dois secretários de Estado porque aprovaram swaps. Promoveu a secretário de Estado quem os quis fazer, com a pior das intenções do ponto de vista do interesse público.
Ela, que os fez na REFER, não saiu do Governo nem ficou secretária de Estado: foi promovida. Qual a coerência disto tudo?
A ministra mentiu?
Pelo menos, não disse a verdade toda."
Rui Rio continua a "mexer". E promoveu agora uma "Carta Aberta ao Governo de Portugal", na qual 50 personalidades do Norte de Portugal vêm a público "em defesa do crescimento económico e do respeito pelo Porto" e querem que o Estado pague os 2,4 milhões de euros que deve à sociedade "Porto Vivo", destinada à reabilitação urbana da baixa portuense.
Nomes como os de Pires Veloso, Alberto Amaral, Mota Cardoso, Emidio Gomes, Novais Barbosa, Marques dos Santos, Belmiro de Azevedo, Américo Amorim, Fernando Guedes, Hélio Loureiro, Sobrinho Simões, Artur Santos Silva, D. Manuel Clemente, Silva Peneda, Arlindo Cunha, Miguel Cadilhe, Miguel Veiga e Valente de Oliveira fazem parte dos signatários da "Carta" na qual Rui Rio acusa o Governo de não pagar, desde 2009, o montante das contribuições devidas à Porto Vivo, de "há mais de um ano" arrastar a recomposição do conselho de administração e de votar contra todas as decisões da assembleia geral anual, incluido as contas de 2012.
"Com estas atitudes de tão fraco sentido de responsabilidade, o Governo diz ostensivamente aos portugueses em geral, e aos portuenses em especial, que, no Porto, a reabilitação urbana não faz parte do seu programa de acção, por muito que, no discurso político, reafirme à exaustão o seu empenho nesta causa", pode ler-se na carta aberta.
O primeiro acto público formal de Rui Rio como candidato a sucessor de Pedro Passos Coelho no PSD. Temos homem!
Deixo aqui claramente exposta a minha opinião sobre a "solução" para a situação económico-financeira de Portugal. É altura de renegociar de forma muito dura a dívida e sairmos do EURO. E de fazermos aquilo que devíamos ter feito e não fizemos no passado: referendar a nossa permanência na União Europeia. Virão, dirão uns, ainda maiores dificuldades? É possível. Mas prefiro passar por elas agora, de uma vez, e recuperar Portugal para o futuro dos nossos filhos e netos, num misto de Europa (onde nunca deixámos de estar) coma a Lusofonia, que é a nossa Pátria comum. Sem esquecer o o Mar Português, o nosso maior território. Essa é, e sempre foi, a história de Portugal.
Para tarefa de renegociação da dívida com a Troika - incapaz de ser desempenhada por Pedro Passos Coelho - e sem recurso a eleições, que os Portugueses não desejam - , a alternativa imediata, e que seguramente recolherá grande apoio parlamentar no CDS, é confiar a Rui Rio (bem visto em Belém) a chefia do Governo. O PSD profundo agradece, vendo nessa substituição uma "tábua de salvação" e a esperança de melhores resultados nas autárquicas. No fundo Passos Coelho já não é Primeiro - Ministro mas ainda não se deu conta disso.
Quando em início de Setembro por duas vezes aqui lançámos o nome de Rui Rio como sucessor de Pedro Passos Coelho e antecipámos os cenários possíveis, estávamos isolados nessa análise. Mas quase que parecia que tínhamos sido ouvidos, quer em Belém, quer no Largo do Rato. Para além do PSD "profundo", como é evidente. Da Presidência, naturalmente, não chegam notícias. Da parte do PS, porém, eis que ontem ouvimos o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares de José Sócrates, Augusto Santos Silva, um homem do Porto, fazer precisamente a mesma análise que aqui deixámos. Parece que, afinal, o Plano B existe mesmo. Mas, ao contrário do que a maioria pensa, não inclui Passos nem Gaspar. Há um Rio que se avista no horizonte...
Mais do que a remodelação no Governo ser inevitável, o que é imperioso é a remodelação do desgastado e desanimado Governo de Pedro Passos Coelho, ou seja, a sua substituição por outro, não necessariamente de diferentes cores partidárias, mas, pelo menos, com outro líder e sem que haja recurso a eleições, que quase ninguém deseja. Passos dá mostras diárias de público desnorte e incompreensão do País. Os portugueses não percebem Passos e Passos não percebe os Portugueses.
Ponto final. Parágrafo.
E quando aqui se chega mais vale partir para outra. O PSD profundo já o percebeu. O CDS sabe-o de há muito. Agora falta que as "forças vivas" afastem o líder, ou este se auto-afaste, e mudar. Vários candidatos da área do PSD poderiam ser apontados para uma tarefa ciclópica mas que não deixará de ter o Parlamento como necessário suporte à espinhosa missão de governação pós-Passos. Luís Marques Mendes - o homem com maior capacidade de análise e previsão política em Portugal - tem a desvantagem de ter chegado cedo de mais à presidência do PSD e, dificilmente, "a água corre duas vezes debaixo da mesma ponte". José Eduardo Martins, de uma geração mais nova, mas com a experiência que Passos não tem, teria certamente dificuldade imediata em trocar a advocacia por uma tarefa gigantesca de liderança, sem prejuízo de, eventualmente se poder perfilar para participar numa nova e eficaz solução de governação. A hora é pois, e claramente, de RUI RIO. E Rio está na linha da frente para a protagonizar, como o escrevemos há semanas aqui nestas páginas, aliás de forma isolada até ao momento em toda a blogosfera portuguesa. Bem aceite em Belém, Rio mantém uma auréola de grande rigor de actuação junto da opinião pública, não se vergando a quaisquer pressões, nem mesmo as do poderoso FC Porto. Com formação germânica, que admiramos por, a exemplo dele, a compartilharmos (enorme vantagem para Portugal porque sabe como os teutónicos pensam e a forma mais eficaz de os convencer), Rio junta o rigor de gestão alemão ao conhecimento que tem da realidade nacional. Mas, ao mesmo tempo, o necessário distanciamento das estruturas partidárias laranjas, que sempre fez questão de cultivar. Rio tem dado nas últimas semanas discretas, mas relevantes, notas públicas da sua disponibilidade. Em primeiro lugar porque pôs o dedo na ferida e apontou, e bem, as falhas da actual governação e do sistema partidocrático existente, defendendo, ao contrário de quase todos, o "aumento do prestígio dos políticos", contra os "poderes fácticos fortes". Por outro porque deu mostra pública de saber fazer a ponte com o PS, ao condenar, e bem, "linchamentos na praça pública. Ademais aponta caminhos acertados e diferentes, coisa que mais ninguém faz nos últimos tempos, pelo menos dentro do PSD. Tem, por último, que não em último lugar, uma grande vantagem: é bem aceite pelo parceiro de coligação CDS, que lhe reconhece competência técnica e política, coisa que nunca aconteceu com o impreparado Passos, um produto exclusivo, mas falhado, de uma, até então, aparentemente bem urdida campanha de marketing do seu mentor, Miguel Relvas.
Post scriptum - Uma última nota, em antecipação e exclusiva para os potenciais detractores deste meu post, falível como não pode deixar de ser, quando se abordam matérias políticas com um elevado grau de futurologia: não conheço Rui Rio e, ao invés de muitos, não aceito "encomendas". Ademais sou monárquico, logo aposto, e luto, mas de forma democrática, pela queda do Regime. O que não significa que, entretanto, não possa contribuir, através da análise e de apresentação de propostas políticas para que este, enquanto existir, não possa trazer mais felicidade aos Portugueses. Afinal, não é para isso que serve a Democracia?
Com um Passos ferido de morte, e condenado, mais cedo ou mais tarde, a ser apeado, por sua exclusiva responsabilidade, o PSD já "encontrou" o seu sucessor: RUI RIO. Resta ver ser se o eficaz e rigoroso Rio ainda vai ter de fazer a travessia do dito e aguardar até às autárquicas do próximo ano, ou se, afinal, vai ser chamado mais cedo do que se pensa a encabeçar um "governo de salvação nacional", de iniciativa presidencial, no qual Passos não entrará, evidentemente. Estes são alguns dos dados que já se jogam nos bastidores, nomeadamente em Belém, onde Passos Coelho caíu definitivamente em desgraça. Só mesmo um recuo na TSU e uma rápida remodelação governamental lhe darão mais alguns meses à frente dos destinos do País.