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O pretenso humanismo da nossa esquerda resume-se a isto: apodar de "filho de puta" (sim, o blogueiro em questão escreveu, muito educadamente, "filho de puta") um adversário político que, por acaso, morreu algumas horas antes. E assim se opina neste Portugalório democrático.
A Maria João Marques chamou aqui a atenção para esta brilhantíssima posta do Sérgio Lavos. Reparem só no título aterrorizador, quase dantesco, do texto: "25 de Abril ameaçado". Aqui d'El Rei que a direita quer acabar com as liberdades. Cuidado, povo português. Nós, a vanguarda intelectualeira das esquerdas bem-pensantes, temos a solução para o problema da Direita, esse monstro das bolachas que quer comer o zé povinho e rapar o tacho. Mas o melhor vem agora. Leiam e admirem o vigor democrático desta frase: "E durante trinta e nove anos, a direita que derrubámos foi aceite no seio do regime". É fantástico, não é? Ou seja, a esquerda dos arrastões, dos Vítor Dias, e, também, dos Jugulares galambianos crê que a direita só cá está porque foi aceite benevolamente pela esquerda. Conceitos como liberdade, tolerância, pluralismo de opiniões não interessam rigorosamente nada. O que importa é que o regime é da esquerda. É curioso, não é? Para quem defende um conceito de propriedade bastante lato, não deixa de ser interessante verificar que a esquerda entende o regime como uma coutada privada. A vida tem destas ironias. O Sérgio Lavos tem, de facto, muita piada. Demasiada até. Tem tanta que eu, ingénua e parvamente, estou a dar tempo de antena a estes disparates. Sem embargo, e como nem tudo é mau, tenho de fazer um pequeno elogio ao Sérgio: ao menos o arrastão foi capaz de admitir que o objectivo da esquerda de que faz parte é afastar a direita do poder, e porque não, da cena política. Quem diz coisas como esta, "esta direita é um cancro da democracia, um perigo que precisa de ser rapidamente afastado", demonstra cabalmente o que pretende e o que deseja. O que vale à esquerda reaccionária, virulenta e antidemocrática deste regime, é que os nossos talassas são muito moderados e serenos. E, acima de tudo, tolerantes. É esta a grande diferença.