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A mensagem de Trump para Putin e Xi Jinping

por Samuel de Paiva Pires, em 07.04.17

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Não se consegue ainda perceber bem as consequências do ataque que Trump lançou esta noite sobre a base militar síria de onde alegadamente saíram os aviões que protagonizaram o recente ataque com armas químicas na Síria - ainda não foi confirmada a autoria deste ataque, embora a administração norte-americana afirme que tudo indica que a responsabilidade recai sobre Assad e a posição russa seja realmente risível. Alguns começaram já a condenar Trump por trair a retórica isolacionista em termos de política externa utilizada durante a campanha para as eleições presidencias do ano passado, outros afirmam que o ataque desta noite mostra um aventureirismo perigoso.

 

Eu prefiro sublinhar que Xin Jinping chegou ontem aos EUA para reunir com Trump e que tanto a China como a Rússia têm apoiado a Síria na ONU, o que me faz crer que a acção algo imprevisível de Trump comporta essencialmente uma mensagem para Pequim e Moscovo: há linhas que não podem ser atravessadas mesmo em contextos de guerra e os EUA não vão assistir impavidamente às acções de russos e chineses que atravessam essas linhas ou que apoiam quem as atravessa.

 

O ataque lançado pelos EUA é cirúrgico o suficiente para ser uma justa retaliação pela acção inqualificável de Assad, mas também, e mais importante, para servir como demonstração de força e enviar uma mensagem a Putin. E não deixa de ser ridículo ver o presidente russo, tantas vezes aplaudido por muitos por decisões imprevisíveis e demonstrações de força que ignoram ou violam o direito internacional e são justificadas por pretextos dúbios recorrendo a argumentos tipicamente utilizados por potências ocidentais, vir agora argumentar que a decisão de Trump viola o direito internacional, é uma agressão a um Estado soberano  e prejudica as relações entre EUA e Rússia. Ora, afinal, o que foram as invasões da Geórgia e da Ucrânia, e em particular a anexação da Crimeia, senão provocações da Rússia a todo o Ocidente e agressões a Estados soberanos violadoras do direito internacional?

 

A utilização recorrente deste tipo de argumentos por Putin, que não correspondem à prática russa, deixa bem patente a duplicidade do presidente russo que ainda vai passando algo incólume, mas a sua utilização no dia de hoje mostra também que Putin foi surpreendido por Trump e não sabe bem, pelo menos para já, como reagir - o que é muito positivo.

 

(também publicado aqui.) 

publicado às 11:25

Rexpolitik de Trump

por John Wolf, em 13.12.16

 

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Pode parecer um choque politicamente incorrecto, mas de um ponto de vista conceptual e pragmático, a nomeação do CEO da Exxon Rex Tillerson para Secretário de Estado do próximo governo dos EUA, deve ser assumida como uma interpretação de Realpolitik particularmente brilhante. Quase todos os conflitos dos tempos modernos, ocorridos no Médio Oriente, ficaram a dever-se a interesses energéticos digladiantes. Embora tivesse havido sempre o adorno ideológico de um mundo bipolarmente repartido, em primeira e última instância, o petróleo foi o combustível de alianças políticas e dissabores bélicos. Trump realiza um salto indutivo surpreendente. Não é necessário tomar ou largar partidos para constatar este facto. A dimensão inédita da nomeação "atípica" para esta pasta significa diversas coisas. Em primeiro lugar; Trump assume que o petróleo é o tema maior da política externa dos EUA e dos seus principais interlocutores. Em segundo lugar; embora a América tenha atingido a tão desejada independência energética, sendo há uma boa meia-dúzia de anos exportadora líquida de diversas soluções carburantes, a verdade é que tal condição não é passível de ser repartida com rivais - a dependência dos outros é condição basilar para a vantagem geopolítica americana. São ângulos de análise desta natureza que convém resgatar para realizar uma leitura desapaixonada das particularidades em causa desta nomeação. Rex Tillerson terá competências que não são detidas por Henry Kissinger e muito menos por Hillary Clinton. Se a Síria possa parecer um tema desconexo do quadro energético da região, talvez seja boa ideia repensar os vectores que estão em jogo. Lentamente, embora polvilhada de riscos, uma doutrina Trump começa a emergir. O intervencionismo americano, tantas vezes sancionado por diversos detractores de quadrantes ideológicos distantes, parece agora assumir contornos híbridos. Quando Obama se desligou das causas do Médio Oriente, nem mesmo a Esquerda o quis aplaudir, porquanto os resultados práticos da "saída americana" foram, para dizer o mínimo, catastróficas. Vejamos o que o resto do mundo reserva para Trump e a inauguração de uma nova modalidade de política externa menos académica e mais endémica. Ninguém sabe ao certo se Rex será cru ou se é apenas crude.

publicado às 15:45

1983

por Nuno Castelo-Branco, em 14.10.16

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 Estávamos em 1983, na fase final da Guerra Fria. Não costumo falar das minhas experiências, mas neste caso abrirei uma excepção. Fui convidado pelo então deputado Borges de Carvalho, para participar num seminário da NATO a realizar-se em Pont-à-Mousson, nas cercanias de Nancy, numa abadia magnífica e adaptada para este tipo de encontros. Um serviço onde a gastronomia e civilidade francesa era acompanhada por um horário de trabalho intenso com professores e militares provenientes de alguns dos países-membro da coligação ocidental. Como colegas portugueses tive um sobrinho do presidente da A.R. de então e o actual primeiro-ministro António Costa. 


Naquele momento a NATO encontrava-se sob esmagadora pressão militar, política e mediática após uma fase de refluxo da presença do ocidente em todo o mundo, perda de influência à qual não foi estranha a derrota americana no Vietname e mais importante ainda, como então sublinhei a quem pacientemente quis ouvir-me, a catastrófica perda de todas as possessões de um dos países fundadores da Aliança Atlântica, deixando assim oaqueles que deveriam ter sido os interesses euro-americanos perigosamente fragilizados nas vias de acesso do grande comércio internacional marítimo, para além da evidente segurança militar que a existência de portos, costas e ilhas amigas representavam. Abertamente o afirmei a quem do outro lado do Atlântico ali chegou para um misto de doutrinação, aulas e talvez prospecção de futuros quadros de confiança. Nunca mais fui convidado para coisa alguma e muitos anos mais tarde percebi o porquê, mea culpa,  quando os outros dois portugueses, então muito mais parcos nas palavras, bem depressa chegaram aos lugares que pretenderam. Nestas reuniões aparentemente procuravam alguns yes, Sir! e a minha personalidade não lhes pareceu cumprir este requisito. 

O que lhes terei dito que tenha soado tão mal aos seus ouvidos? 

Começando por criticar rispidamente toda a política norte-americana quanto ao seu relacionamento institucional com um aliado formal como era, sempre foi e é Portugal, foi em silêncio que escutaram a minha longa lista de protestos plenamente justificados com números e factos e sempre em termos comparativos com as outras prioridades internacionais das administrações que teoricamente se sucederam na Casa Branca. A posição dos EUA na Indochina, os erros crassos, quando não abusos descarados, na relação americana com todos os países da zona, confirmando o fetiche soviético pelo dominó; o disparatado boicote do esforço de guerra português na guerra em África, precisamente em três frentes onde o ocidente poderia ter feito a diferença; o estranho caso da quase gratuita Base das Lajes, sempre em comparação com o despejar de biliões de dólares para sempre irremediavelmente perdidos em Subic Bay e Cam Rahn; a total falta de informações relevantes, obrigatoriamente no âmbito da aliança a fornecer a Portugal e bem pelo contrário, a passagem delas para o campo adversário por intermediários vizinhos dos portugueses. 

Em algumas conversas fora das salas, dois dos militares então presentes concordaram com praticamente tudo o que lhes dissera e encolhendo os ombros - não encontro imagem mais apropriada - disseram-me que não podiam corrigir o mal já feito e ultrapassado em quase uma década. O pior é que estes reconhecidos erros terão durado o tempo suficiente para serem corrigidos ou minorados, atendendo à evolução claramente negativa do conflito na Indochina e a duas consecutivas guerras no Médio Oriente, onde Israel em 1973 seria salvo in extremis, mercê de uma massiva ponte aérea na qual os Açores jogaram uma parte muito relevante, sem que por isso Washington sequer aconselhasse o seu preferencial aliado a moderar a retórica anti-portuguesa nas Nações Unidas. Retorquiu um deles que para o Pentágono, Portugal apenas era uma landing beach a saturar com bombas e mísseis antes do desembarque dos G.I. Assim mesmo, a seco e um tanto ou quanto já sem paciência para a repetição do reconhecimento dos apontados erros. 

Neste período cheio de incertezas, a Base das Lajes vai sendo notícia de forma discreta, não procurando - e bem - as autoridades de Lisboa agitar oceanos que apenas poderão muito prejudicar o nosso país no seu todo territorial. Tem alguém a mais pequena dúvida disso? A viagem de Costa à China não serviu apenas para o estreitamento de relações comerciais luso-chinesas, disso deveremos estar tão certos como o Sol despontar a leste todos os dias.

Existe um facto incontornável que pela sua perenidade de imediato deverá estar sempre presente a quem, seja quem for o partido que domine o poder em Lisboa, se encontre em qualquer tipo de negociações em relação à preciosa possessão portuguesa situada em pleno Atlântico norte: mesmo que os EUA retirem todo o pessoal que tem povoado a Base das Lajes, decerto Washington ali manterá um corneteiro e um soldado que ali diariamente hasteie a bandeira estrelada. Os símbolos conformam toda a importância que têm e neste caso, a Base é de facto um local privilegiado no preciso momento em que o alargamento do Canal do Panamá promete intensificar ainda mais as ligações marítimas do resto do mundo com a até hoje abastada Europa, agora, apesar da censura dos media, sob um ataque total proveniente do exterior. Poderão argumentar os portugueses e os seus hipotéticos convidados, venham eles de onde vierem, com  intenções meramente científicas ou comerciais, mas deverão sempre ter em conta que os americanos jamais admitirão um único corneteiro, para além do seu, naquelas ilhas. Muito menos ainda, aviões, navios, blindados, mísseis, soldados ou técnicos militares que sequer de longe possam representar uma passagem de testemunho. Esta é a realpolitik com que temos de nos conformar e se são totalmente desejáveis e imprescindíveis as novas relações de comércio e troca de conhecimentos entre Portugal, a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e até outros países europeus que connosco ainda participam na bastante incerta U.E., a questão da posse militar do arquipélago açoriano é um escolho imenso, intransponível. Para além da praticamente segura perda dos Açores, o nosso país não pode ser um alvo de qualquer tipo de campanha hate ou ter Lisboa a servir de alvo como foi Belgrado. 

Hoje a NATO tal como existe é questionável, urge mesmo a sua rápida reforma após as colossais decepções decorrentes da queda do comunismo soviético. Há que avisar todos os nossos aliados acerca desta urgência incontornável e de preferência, numa reunião magna, diante do mundo.

Previa-se a anexação do território da zona soviética da Alemanha e a neutralização ao estilo finlandês dos países do Pacto de Varsóvia, outrora servos de Moscovo. Não foi isso o que aconteceu, para grande desilusão russa, preparada como estava para aceitar a retirada do território da RDA, mas que hoje vê com legítima inquietação a grotesca, aberrante tentativa de incluir a Ucrânia numa aliança que parece cada vez mais tentacular e devemos dizê-lo sem rebuços, unilateral e capa de desculpa para acções que apenas a um dos seus membros interessam. Muito legitimamente, os russos sentem-se ameaçados directamente e para isso bastará passarmos nós, os aliados ocidentais, as nossas vistas sobre a lista de bases ocidentais espalhadas de ocidente a leste e a sul da Rússia. Em política, a psique funciona e nalguns casos é mesmo um factor determinante.

A NATO surgiu com propósitos defensivos, até de garantia de progresso material e liberdade numa Europa destruída pela guerra e ódios seculares. Cumpriu plenamente o seu papel e obteve, graças à persistência e claras insuficiências e contradições internas do sistema soviético, uma vitória certamente esperada. Nos anos de 1989, 1990 e 1991 bateram-se palmas de alegria, cantaram-se hinos, unificou-se uma nação dividida arbitrariamente e num ápice desapareceram os Estados totalitários que oprimiam os próprios povos, mantendo-os numa abjecta sujeição a um suserano externo, fatalmente incompetente no que interessava - o conforto material, a liberdade de expressão e circulação -  e brutalmente impiedoso. 

Hoje começamos a ouvir ao longe o inconfundível rufar dos tambores da guerra. Num momento em que os russos nunca viajaram tanto, num momento em que os russos livremente lêem e escrevem tudo o que entendem, num momento em que os russos são uma sociedade de consumo muito exigente e valiosa para o conjunto europeu, num momento em que os russos investem, compram e viajam na Europa, estamos perante aquilo que durante os anos de chumbo que foi a Guerra Fria jamais sucedeu: a iminência de um conflito militar de larga escala, onde, queiram ou não queiram os mais optimistas, as armas nucleares serão usadas, mesmo que pontualmente. Não serão apenas utilizadas na Europa, mas também além Atlântico, ...precisamente onde mais lhes dói, segundo o dizer de um conhecido russo.  A Síria será então um pretexto tão ínfimo como o Caso Gleiwitz. 

Em 1939, o governo então presidido por Salazar encontrou-se perante o dilema de se situar entre a potência tutelar, o então enfraquecido Reino Unido que connosco fazia fronteiras na África e na Ásia e uma Alemanha plena de vigor e espírito expansionista. Salazar sabia que não podia quebrar com os ingleses como sempre prepotentes na chantagem sobre o nosso império e em simultâneo, também tinha a plena consciência do que poderia advir para Portugal ao antagonizar-se com o Reich.

Declarada a guerra a 3 de Setembro, o Presidente do Conselho foi à Assembleia Nacional e ali manifestou a fidelidade portuguesa à Velha Aliança e em simultâneo declarou a neutralidade. Pois é disso mesmo que os nossos aliados têm a imperiosa necessidade de recordar e que o então meu colega de três semanas, António Costa, hoje primeiro ministro, deverá, em caso de inopinada e impensável necessidade,  integralmente copiar. Mesmo morrendo, salvaremos a face em relação aos poucos que ficarem para contar a história. 




publicado às 22:11

A UE e as vinhas da ira dos refugiados

por John Wolf, em 08.03.16

 

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 Antes pagavam para arrancar vinhas. Agora pagam para plantar refugiados. Da CEE à UE - uma breve história.

publicado às 09:38

O que muita gente teima em não querer entender

por Samuel de Paiva Pires, em 19.11.15

Luís Menezes Leitão, Freedom is not free:

 

Hoje a França bombardeou territórios do Estado Islâmico, dando assim uma resposta militar ao que foi um verdadeiro acto de guerra contra civis inocentes. Essa resposta só faz, no entanto, sentido se for para preparar uma invasão terrestre. Por muito que evolua a tecnologia, uma guerra só se ganha colocando tropas no terreno e ocupando o território do inimigo.

publicado às 20:10

Criminosas sacanices na Síria

por Nuno Castelo-Branco, em 31.08.14

Destruição da igreja de Santa maria em Adra, Síria. Autores? Os protegidos do Sr. Barack Hussein Obama.

publicado às 21:00

Criminosas sacanices na Síria

por Nuno Castelo-Branco, em 30.08.14

Destruição da igreja de S. Malki, na Síria. Autores? Os protegidos do Sr. Barack Hussein Obama.

publicado às 21:08

Criminosas sacanices na Síria

por Nuno Castelo-Branco, em 29.08.14

Destruição da igreja de Abu Kamal, Síria. Autores? Os bem protegidos aliados do Sr. Barack Hussein Obama

publicado às 21:05

Tipicamente British?

por Nuno Castelo-Branco, em 24.08.14

 

“The lions are coming for you soon you filthy kuffs (infidels)... ”beheadings in your own backyard soon.”

 

Bem podiam todos pensar tratar-se de um Latimer, Brown, Smith, Taylor, Cook, Watson ou Brooks. Aliás, alguns até desejavam que isso se confirmasse.

 

Esta é a carantonha do suspeito nº 1. Numa foto postada numa "rede social", exibe-se com uma cabeça cortada, sendo também conhecido pela sua militância e pouco invejável currículo de bandoleirismo familiar.

 

É o cúmulo do politicamente correcto - na visão do patetismo militante -, esta insistência no "britânico", identificando os criminosos genocidas, pela formalidade da capa do passaporte. Como aqui se suspeitava desde o primeiro momento, o tal "John" afinal bem poderá ser  Abdel Madjed Badel Bary. Se assim for, o livrinho-passaporte não passa de um pedaço de papel reciclável. Andamos a brincar às escondidas e o passaporte é o disfarce perfeito.

 

Este bandido foi  educado no Reino Unido? Foi. Foi sem dúvida educado por aqueles que tudo relativizam em prol da impunidade política e da segurança da bolsa dos fala-barato que destruíram a Europa e o que este espaço significa em termos de liberdade, segurança e horizonte de esperada justiça. 

 

Merecerão estes britânicos da degola de outrem, o benefício e a honra de poderem viver na Europa das democracias e daí viajarem para onde bem lhes apetecer com o passaporte que lhes garante a nacionalidade tira-misérias? Não, já não merecem. Há então que começar a legislar de acordo com o desafio incompatível com delongas, não descurando a protecção de muitíssimos que não poderão ser prejudicados, confundidos e ofendidos pela criminosa acção de assassinos. 

 

Aqueles que ainda podem ser apodados de moderados, deverão agir rapidamente e em conformidade com a dimensão da ameaça, pois se não o fizerem, mais tarde ou mais cedo a outros será confiada a tarefa. Depois, não nos poderemos queixar. 

publicado às 18:01

Jihadistas "extremamente bem financiados"

por Nuno Castelo-Branco, em 22.08.14

Tem toda a razão o general norte-americano. Por aquilo que temos visto quanto ao porte de arma com licença, os assassinos têm sido extremamente bem financiados e armados por uma certa agência americana e por outros países formalmente "amigos do ocidente", ou sejam, a Arábia Saudita e alguns emiratos, precisamente aqueles que açulam todo o tipo de indecêncios bramidas por santos "xeques" repimpados na Europa.

 

A suposição da urgente necessidade de intervenção anti-jihadista, implica a extensão das operações dos aliados da NATO à própria Síria. Das duas, uma: ou Washington e satélites pretendem chegar a um urgente e desejável acordo com Assad, ou este súbito interesse pela segurança colectiva não passa de um pretexto para repetirem em 2014, aquilo que há uma década infelizmente fizemos no Iraque. 

publicado às 09:10

Por um canudo...

por Nuno Castelo-Branco, em 28.12.13

 

O cruzador de batalha Pedro o Grande

...ficam israelitas e americanos a ver a miragem da jihadista vitória militar na Síria. Este acordo que Putin celebra com Assad terá múltiplas vertentes, uma das quais será a delimitação da "área de caça" russa na região. Tudo se torna mais nítido, Obama não poderá fingir não ter percebido. Ele que explique os factos consumados aos seus irrequietos colegas de Jerusalém. 

publicado às 11:01

Cosmética

por Nuno Castelo-Branco, em 12.12.13

 

Aquelas armas há uns meses descaradamente usadas pelos jihadistas na Síria, talvez tenham sido uma das razões pelas quais americanos e ingleses se decidiram à quebra no fonecimento de material militar à chamada oposição síria. A opinião pública ocidental já não afina facilmente pelo diapasão daquilo que o departamento de Estado americano indica como grandes perigos planetários. Se a isto juntarmos a decidida intervenção russa, foi então obrigatório o encontrar de um pretexto, aquela airosa saída que salve as aparências.

 

Esta notícia ainda não chegou a Portugal, talvez aguardando os normais copy-paste em que a nossa imprensa se especializou. A seriedade deste anúncio merece todas as reservas, dado o que sabemos acerca do envolvimento saudita e de outros países do Golfo no fornecimento de todo o tipo de auxílio à subversão radical. Quanto aos instrutores militares prodigalizados pelos EUA, essa é outra questão a não esquecer.

 

Embora o anúncio pareça tratar-se de uma sessão de cosmética, para já Bashar al-Assad pode acreditar ter uma vitória militar à vista. 

publicado às 16:31

Meia dúzia de Nobel

por Nuno Castelo-Branco, em 20.09.13

 

Satisfazendo todas as vontades de Washington e procurando evitar um Caso Gleiwitz, os sírios iniciaram a entrega de listas contabilizando o seu arsenal de armas químicas. Seria uma excelente ideia se outros países - EUA, Rússia, Paquistão, Irão, China, Israel, Coreia do Norte e Índia - decidissem tomar a mesma iniciativa, aproveitando a oportunidade para uma maciça destruição deste tipo de armas. Contabilizar-se-iam uns seis ou sete valiosos e credíveis Nobel da Paz, já de antemão  garantidos. 

 

Agora, aguarda-se por algo que a Administração inventará para descredibilizar esta listagem feita a bom ritmo. 

publicado às 17:57

As bombas de Obama e a carta de Putin

por Nuno Castelo-Branco, em 13.09.13

 

Pela primeira vez vez em muitas décadas, um texto saído da cúpula moscovita teve eco internacional. Já não se trata de uma velha tirada de retórica ideológica "aglomera-ânimos" dos tempos do estalinismo, mas sim de um magistral documento que em cheio atinge a psique do americano comum. Os argumentos são clássicos - e por isso mesmo sumamente eficazes -, indo sempre apelar a um bastante politicamente correcto appeasement que ao invés daquilo que o comum dos mortais julga, jamais se tratou de uma característica da politica norte-americana. Putin é bem claro, pois afirma  ..."I carefully studied his address to the nation on Tuesday. And I would rather disagree with a case he made on American exceptionalism, stating that the United States’ policy is “what makes America different. It’s what makes us exceptional.” It is extremely dangerous to encourage people to see themselves as exceptional, whatever the motivation. There are big countries and small countries, rich and poor, those with long democratic traditions and those still finding their way to democracy. Their policies differ, too. We are all different, but when we ask for the Lord’s blessings, we must not forget that God created us equal." Lapidar. 

 

Para não irmos demasiadamente longe na retrospectiva da história, temos de considerar a provocada guerra espano-americana, eivada de falsas informações, atentados inventados ou decorrentes de meras contingências alheias a qualquer malévola vontade. Prosseguindo, durante a I Guerra Mundial, o presidente Woodrow Wilson capciosamente indicaria aos beligerantes um programa que flagrantemente era por si mesmo uma tomada de posição de pré-beligerância, dada a situação  sobre a qual se erguiam os impérios da Áustria-Hungria e Otomano. De facto, todo o articulado dos 14 pontos poderia ser resumido àquilo que aos Aliados pareceu essencial, isto é, num novo e oportuno - sobretudo para a França - redesenhar do mapa do velho "continente", desarticulando-se toda a Mitteleuropa e impedindo sine die o alvorecer daquilo a que Coudenhove-Kalergi designaria de Paneuropa.  A autoria americana da destruição do outrora poderoso fiel da balança de poderes que era o império dos Habsburgos, de forma alguma consagrou os princípios anunciados por Wilson. A Checoslováquia, a Jugoslávia, a Roménia e a própria Polónia, foram o efervescente cadinho para novos conflitos que inevitavelmente desestabilizariam a ordem estabelecida por Versalhes. 

 

A inevitável ascensão do nacional-socialismo ao exercício do poder na Alemanha, - o Tratado de Versalhes e a política de "reparações" assim o permitiram - serviria precisamente para demonstrar o quão falaciosos eram os 14 pontos apresentados ao mundo como caboucos da paz eterna. Hitler deles se serviu para a contabilização das suas reivindicações territoriais na Europa. Ao pretender a inclusão da Áustria, dos Sudetas, de Dantzig, de áreas da Posnânia, do Tirol do Sul e de outros territórios povoados por alemães, não estaria o Fúhrer a basear o seu discurso naquilo que Wilson indicara como essência da justiça e da confiança internacional? Era, daí a política de appeasement que as democracias ocidentais cultivaram durante toda a década de trinta, presas ao sofisma por elas próprias adoptado como fonte primeira do direito. Prosseguindo na longa série de interpretações unilaterais do direito internacional, Washington, detentora de jamais assumidas possessões coloniais - as Filipinas, por exemplo -, verberou com acrimónia o cada vez mais evidente expansionismo japonês, precisamente no momento em que sugeria aos portugueses a cedência de Angola como possível solução para as nebulosas promessas de Lord Balfour.

 

Todo o caminho que conduziria a América a Pearl Harbour foi balizado  por discursos e atitudes claramente beligerantes, desde as proibições de comércio de matérias primas destinadas ao Japão, até a claros ultimatos enviados a Tóquio logo após a intervenção japonesa na Indochina. Se a isto somarmos as conversas à lareira que Roosevelt prodigalizaria como forma de justificar a intervenção que já se verificava em pleno Atlântico - comboiando a US Navy os freighters britânicos a caminho do R.U. -, temos então um quadro bastante completo do assumir da pretensão hegemónica mundial. O fim da II Guerra Mundial consagraria esta política, aliás facilitada pelo completo ocaso das antigas potências europeias destruídas pelo conflito. Na verdade, a emergência da URSS - previsível desde 1905, quando a espectacular recuperação económica prometia a hegemonia continental ao império dos czares -, porque tardia, serviu os interesses norte-americanos, evitando qualquer multilateralismo, ou melhor, um mundo multipolar que já se adivinhava com a chegada à cena internacional de novos países recentemente descolonizados. 

 

A simbólica queda do Muro de Berlim apenas confirmaria a suposição de uma provisória assunção americana da ordem internacional, pois em 1989 já eram nítidos os sinais do despertar chinês e da aproximação da Índia e de países sul-americanos - o Brasil - a um maior protagonismo nas relações internacionais. Os erros cometidos foram imensos, entre os quais avulta a apressada entrada da China na OIC e por isso mesmo caindo as vitais barreiras que durante muitas décadas garantiram a estabilidade e pujança das economias ocidentais. 

 

A liquidação do império soviético conduziu ao esperado resultado da fragmentação da massa euro-asiática, facto que os norte-americanos logo souberam aproveitar, estabelecendo fortes laços com as novas autoridades de alguns dos Estados da Ásia Central. A verdade é que tal como Roosevelt não fazia a menor ideia acerca da localização de importantes províncias alemãs como a Silésia, Pomerãnia e Prússia Oriental - entregando-as sem um piscar de olhos à limpeza étnica promovida pelo seu aliado J.V. Estaline -, as sucessivas administrações de Reagan, Bush, Clinton e Bush (filho), pareceram dar nenhuma importância à necessidade da existência de uma esfera de segurança russa. Já não se tratava da Europa central e oriental, do Afeganistão ou de Cuba, mas sim das áreas tradicionalmente ligadas aos russos durante os últimos trezentos anos. Washington não foi capaz - ou terá sido intencional ? - de prever a gravidade dos desafios que eram colocados a Moscovo, cujas autoridades foram subitamente colocadas perante factos consumados nas suas fronteiras. O radicalismo islâmico alastrou em algumas áreas ainda componentes do Estado russo e Putin ver-se-ia colocado perante a desagradável escolha entre uma contemporização que denotaria fraqueza extrema, e a acção que macularia a sua imagem de estadista pós-soviético. Washington não ajudou e pior ainda, deu carta branca a dirigentes considerados próximos, sendo o caso georgiano um entre outros exemplos. Todos conhecemos o afã quanto à intervenção no Iraque, alegando então George W. Bush com aqueles perigos que durante estes dias Obama tem escrupulosamente enunciado quanto à Síria. Ora, tendo sido comprovadamente falsas as alegações com as quais se mimoseou o sanguinolento regime de Saddam Hussein - um reconhecido antigo aliado táctico na luta contra os aiatolás - , como esperará agora a administração norte-americana, um acatar ocidental do mesmíssimo discurso agora dirigido a Assad? A verdade é que o regime de Damasco tem sido moderadamente eficiente na passagem da sua mensagem anti-Al Qaeda e na Europa, ao contrário dos loucos de Deus que parecem prevalecer nos EUA, o repúdio por mais uma aventura Yes we can, é evidente. Os aliados incondicionais - as populações do Reino Unido e de Portugal - fazem saber via sondagens, da sua total indisponibilidade por um caucionar do conflito que se prepara, enquanto outros, entranhadamente avessos a projectos de contornos muito difusos - a Alemanha -, abertamente se opõem ao toque a reunir. Em suma, os russos sabem que desta vez os americanos se encontram isolados e pior ainda, a administração não pode contar com um esmagador apoio interno. Neste sentido, a carta de Putin também é magistral.

 

O presidente russo sabe a quem se dirige. Senão, vejamos:

 

1. "Amansando a fera", o presidente russo anuncia não desconhecer as dificuldades do período da Guerra Fria, matizando-as com a fugaz aliança durante a II Guerra Mundial. Este poderá ser um argumento com mais peso que aquele aparentemente suspeitado, pois sabe-se que a política do Departamento de Estado está intimamente ligada, quando não dependente, do posicionamento do seu mais forte aliado no Médio Oriente. 

 

2. Aquando das intervenções russas na Alemanha (1953), Hungria (1956), Checoslováquia (1968) e Afeganistão (1979), os americanos fizeram enorme alarido em todos os areópagos internacionais, apelando à carta das Nações Unidas. Aliás, os seus interesses específicos naquela parte do mundo - o Médio Oriente - obrigariam os EUA a rapidamente condenar a intervenção anglo-francesa no Suez (1956), implicitamente reconhecendo uma violação da soberania por parte das outrora poderosas potências europeias. Putin escreve hoje exactamente segundo o mesmíssimo guião, indicando a ONU como o forum capaz de dirimir conflitos e até aponta o direito de veto - prodigamente utilizado pela Rússia e China - como um dos recursos capazes de manter o equilíbrio nas relações internacionais. O espectro da Sociedade das Nações está presente, pois não é por acaso que de imediato nos surge a lembrança das atitudes unilaterais daqueles que um dia foram os parceiros do Eixo que a Rússia (a então URSS) e os EUA combateram em nome do direito internacional. Este é um argumento de rápida divulgação e de esperado sucesso na Assembleia Geral da ONU. Em suma, "the United Nations’ founders understood that decisions affecting war and peace should happen only by consensus, and with America’s consent the veto by Security Council permanent members was enshrined in the United Nations Charter. The profound wisdom of this has underpinned the stability of international relations for decades.

 

3. Putin conhece perfeitamente a forma como o americano comum entende a sua própria presença terrena. O apelo a Deus - neste caso, o dos cristãos - e a menção ao actual Papa, não será por mero acaso. A evidência do alastrar da instabilidade pela consolidação de grupos terroristas - os americanos atrever-se-ão a considerar este facto como uma falsidade? -, não deixará de influir pesadamente na opinião pública americana, ela própria copiosamente alimentada de pavores, conspirações e mania de atentados sugeridos pelas suas autoridades. Putin simplesmente aproveita o caldo de cultura servido pelos sucessivos governos norte-americanos e ameaçando com o terrorismo islâmico - nisto irmanando os interesses de russos e americanos -, desfere um golpe fulminante em todo e qualquer discurso que Obama possa proferir. Pior ainda, ameaça a Europa com a subversão, pois "mercenaries from Arab countries fighting there, and hundreds of militants from Western countries and even Russia, are an issue of our deep concern. Might they not return to our countries with experience acquired in Syria? After all, after fighting in Libya, extremists moved on to Mali. This threatens us all." É mesmo verdade, não há como negar. 


4. Um aspecto nada negligenciável e que se prende com a situação actualmente vivida noutros países da região - referimo-nos ao Egipto -, faz de Putin um defensor das minorias religiosas, nomeadamente dos cristãos que mais que nunca se encontram ameaçados pelo avanço islamita. Há que considerar o papel da Turquia - ela própria a braços com a instabilidade - na região, sempre sob forte suspeita da tentativa de criação de um certo Lebensraum de claro recorte imperial e que obedece grosso modo à tradição otomana. O tácito apoio russo aos iranianos não deve ser apartado deste caso. 


5. A propaganda desmontada. São bastante fortes as suspeitas do uso de gases por parte dos chamados rebeldes e talvez esporadicamente, por Assad. Crescem os testemunhos e a lógica indica o total desinteresse de Assad em cruzar a barreira que Obama ainda não há muito estabeleceu. Todos se recordarão do Caso Saddam e a evolução iraquiana não foi de molde a deixar qualquer tipo de ilusões na opinião pública norte-americana, ainda para mais confrontando-a com a iminência de um ataque químico a Israel: "no one doubts that poison gas was used in Syria. But there is every reason to believe it was used not by the Syrian Army, but by opposition forces, to provoke intervention by their powerful foreign patrons, who would be siding with the fundamentalists. Reports that militants are preparing another attack — this time against Israel — cannot be ignored."


5. A desculpabilização do Irão e da Coreia do Norte. O  bastante previsível unilateralismo norte-americano que Putin aponta ao longo de todo o seu texto - "millions around the world increasingly see America not as a model of democracy but as relying solely on brute force, cobbling coalitions together under the slogan “you’re either with us or against us.” - conduzirá à inevitabilidade do surgimento de todo o tipo de arsenais dotados de armas de destruição maciça e entre estas, a pavorosa bomba atómica que ensombra a imaginação do Ocidente. Assim, o presidente russo parece oferecer os seus bons ofícios que tenderão a impedir este resvalar do armamento nuclear para mãos duvidosas. No fundo, está implícito o princípio da prevalência do "homem branco" que civiliza e protege o Direito. 


6. Putin estabelece os limites, indica o espaço da sua coutada. De facto, toda a Ásia Central, os Estados eslavos saídos da extinta URSS e uma mão cheia de países tradicionalmente aliados ou dependentes, são considerados como pontos vitais da segurança russa, sendo entre estes a Síria um importante contraponto aos desígnios turcos e aos conflitos latentes no Cáucaso. Em resumo, a presença americana deve ser moderada pelos ditames da realpolitik que afinal serve perfeitamente os interesses dos EUA - os do Ocidente - a longo prazo. 


7. Em conclusão, Putin será decerto benquisto pela maioria dos ocidentais, principalmente por muitos europeus temerosos da imprevisível situação interna nos seus países  - França, Bélgica, Alemanha, Suécia -, também convencidos do declínio norte-americano que implicará uma inevitável aproximação  entre os países do hemisfério norte. É claro que todos entenderão o que isto quer dizer, pois existe um receio histórico que há uma centena de anos se denominava de perigo amarelo. O medo funciona. Hoje, esta tonalidade é acompanhada por outras. Putin sabe-o e racionalmente apela ao irracional. É um mestre

 

 

publicado às 19:52

Ainda a carta de Putin

por Samuel de Paiva Pires, em 13.09.13

No seguimento do meu post anterior, o Rui Carmo escreve - e bem - sobre como a acção política de Putin tem ido no sentido contrário ao que a sua carta de ontem deixa patente. No entanto, ao contrário do que o Rui aponta, não deposito qualquer esperança em Putin. Ainda ontem a Foreign Policy publicava uma excelente peça sobre uma outra carta de Putin, em 1999, em que, para justificar uma intervenção militar na Chechénia, utilizava argumentos idênticos aos que Obama utiliza para justificar a intervenção na Síria. Aliás, nem precisaríamos de ir tão longe, bastava recordar a intervenção na Geórgia e a retórica de cariz ocidental e humanista utilizada por Putin para a defender. Afinal, a política internacional, como não poderia deixar de ser, é dominada, em larga medida, por double standards. Isto, contudo, não retira importância à carta que, conforme escrevi ontem, provavelmente poderá tornar-se um dos textos mais estudados nos próximos anos em cursos de Relações Internacionais, e foi isso que pretendi transmitir com o meu post. De resto, estou completamente de acordo com este post do Rui A, que transcrevo na íntegra:

 

«A não ser que acreditemos que a conversão da Rússia já começou e que Putin é o novo Constantino, convém procurarmos outras razões para explicar o que está subjacente à magistral intervenção do líder russo na crise Síria, que ontem teve um momento alto com a publicação de um artigo seu no NYT. E esses motivos são relativamente inteligíveis. No essencial, Putin aproveitou uma janela de oportunidade escancarada pelo desastrado presidente americano para voltar a colocar a Rússia como actor decisivo na geopolítica mundial, com foco especial no Médio Oriente e no Islão, donde estava afastada desde, pelo menos, a invasão soviética do Afeganistão. E a mensagem foi muito clara: a pax americana terminou, e o mundo conta novamente com a Rússia para equilibrar o xadrez mundial. A carta “escrita” por Putin é, de resto, uma peça admirável de mestria e de cinismo político, porque utiliza os valores que são caros aos EUA para os chamar à ordem e envergonhar o presidente americano. O flanco dado por Obama com a sua gestão errática do problema Sírio, na sequência dos transtornos que tem vindo a causar com a «primavera árabe» e das trapalhadas de espionagem em que anda metido, vulnerabilizou fortemente os EUA e criou um vácuo de autoridade a que a política internacional tem horror. Putin, ontem, preencheu-o. A administração Obama está de parabéns.»

 

Leitura complementar: Estranhos tempos estesA Plea for Caution From RussiaAs Obama Pauses Action, Putin Takes Center Stage.

publicado às 14:48

Estranhos tempos estes

por Samuel de Paiva Pires, em 12.09.13

Em que Vladimir Putin escreve um interessantíssimo Op-ed no New York Times que é uma lição de realismo directamente destinada a Obama, mas que, creio, poderá tornar-se um dos textos mais estudados nos próximos anos em cursos de Relações Internacionais. Começa assim: "Recent events surrounding Syria have prompted me to speak directly to the American people and their political leaders. It is important to do so at a time of insufficient communication between our societies". E termina assim: "My working and personal relationship with President Obama is marked by growing trust. I appreciate this. I carefully studied his address to the nation on Tuesday. And I would rather disagree with a case he made on American exceptionalism, stating that the United States’ policy is “what makes America different. It’s what makes us exceptional.” It is extremely dangerous to encourage people to see themselves as exceptional, whatever the motivation. There are big countries and small countries, rich and poor, those with long democratic traditions and those still finding their way to democracy. Their policies differ, too. We are all different, but when we ask for the Lord’s blessings, we must not forget that God created us equal."


Leitura complementar: As Obama Pauses Action, Putin Takes Center Stage.

publicado às 14:40

Death and Taxes, Portugal and Syria

por John Wolf, em 11.09.13

Aprecio uma boa comparação, mas é na analogia que está o ganho. Também sou apreciador da ideia rebuscada, aquelas elaborações do caneco que não lembra ao diabo cego, surdo e mudo. Cá vai: Poiares Maduro está para os impostos como Obama está para a intervenção militar na Síria. Vamos lá por partes e devagarinho para ver se isto funciona, se não me engano. O que Maduro diz em bom português (proferido no International Club) é que o Estado deve entregar parte do arsenal, reformar alguns dos equipamentos e funcionários que têm servido para chupar o tutano aos contribuintes, ou zás, vem aí uma série de novos impostos. De acordo com o ministro, a Reforma do Estado tem mesmo de acontecer ou então vai haver um bombardeamento tributário da população civil, já de si indefesa, muito perto do desfalecimento. Esta conversa de ministro nacional soa a nova diplomacia de Obama. O presidente americano usa mais ou menos a mesma fórmula; a Síria deve reformar o aparelho militar ou ainda leva com uma catrefada de Tomahawks. Face a estas declarações devemos realmente ter algum cuidado. Lembram-se do cherne, perdão, daquela expressão portuguesa? - Pela boca morre o peixe? Em ambos os casos, no nacional e no americano, as palavras precedem os actos. De certa forma o que estão a dizer é: quem te avisa teu amigo é (e daqui a nada estás a levar umas mocadas). Esta forma de comunicação política é subtil, mas não o suficiente. Nem é preciso ser candidato autárquico para perceber a conversa. Para bom entendedor meia palavra basta (caramba! Estou farto de puxar pelos galões dos provérbios e dizeres populares!). Significa isto, que no caminho penoso em direcção ao cada vez mais que provável segundo resgate, ainda teremos tempo para uns encores de austeridade. O Maduro usou o palco do International Club de Lisboa para exercer esta magistratura do aviso de cobrador. No caso do Obama ainda estou para ver se a Rússia consegue obrigar Assad a entregar o material químico. Em ambos os casos algo vai acontecer. E não me parece que seja coisa boa para os objectores de consciência leve ou pesada. A expressão inglesa - Death and Taxes - serve na perfeição para o que pode acontecer a breve trecho na Síria e em Portugal. 

publicado às 21:12

Sr. Barack Obama...

por Nuno Castelo-Branco, em 08.09.13

... ne cherchez plus, já todos entendemos o que se passa. Se quer marchar, faça-o sozinho ou talvez acompanhado por uns enlatados de pernocas de rãs francesas. É o máximo que obterá quanto a ajudas externas*

 

* Quanto ao resto, nada tema. Os portugueses continuarão a ser os mesmos aliados de sempre. 

publicado às 23:59

From Washington with love

por Nuno Castelo-Branco, em 03.09.13

 

Publicando aquilo que todos há muito desconfiavam, o Washington Times proporcionou no passado mês de Maio, uma airosa saída ao apressado pacifista Obama e respectivo ácaro Hollande. Melhor ainda, os democratas falcões poderão exercitar os seus artefactos aéreos, procedendo a ataques cirúrgicos às concentrações de "rebeldes" usuários de gases, essas armas químicas que indignam o planeta. 

 

* Terão sido os dois presidentes atacados com gás sarin? Pelos sintomas que têm exibido diante do mundo, parece-nos que sim: olhos lacrimejantes (Hollande), pupilas diminuídas (Hollande), sudação excessiva (Hollande e Obama), confusão (Hollande e Obama), fraqueza (Hollande e Obama). Quanto às dores de cabeça, diarreia, copioso urinar e outros sintomas embaraçosos, nada poderemos dizer. 

publicado às 11:18

Senhor Obama...

por Nuno Castelo-Branco, em 31.08.13

 

Alguns alvos colaterais do Agent Orange (Vietname)

 

...sendo o dirigente do país que ainda há menos de duas gerações utilizou o Agente Laranja no conflito do sudeste asiático, não lhe parece descabido o apressado zelo no inculpar de outrem pelo criminoso bombardeamento com armas quimicas? O Agente Laranja pode ser considerado como uma arma química, disso já não restam dúvidas.

 

Quanto à questão nuclear - dela estamos à espera a qualquer momento -, essa é uma outra história cujos efeitos por decisão do utilizador ainda há poucos dias foram comemorados. Telefone para Tóquio e Hanói, decerto encontrará quem se disponibilize a elucidar Vossa Excelência.

publicado às 22:35






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