Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Os inquéritos de opinião, as sondagens e as estatísticas são primos da mesma distorção. É possível, se assim o desejarmos, fabricar resultados e influenciar juízos e percepções. Provavelmente o que resulta deste estudo não andará longe da verdade, mas, na minha opinião, para se comparar a qualidade de vida registada no antigo regime com a do pós-25 de Abril, os únicos que poderão cabalmente responder a esta pergunta já estarão mortos e enterrados. Ou seja, descartemos o que pensam ou deixam de pensar os que se encontram na faixa etária dos 18 aos 34 anos. Esses indivíduos nem sequer eram espermatozóides antes de 1974 - nem sequer sonhavam com a sua própria existência. São dispensáveis para efeitos deste estudo. Quem deveria ser consultado (em dia de visita ao lar de terceira idade), são aqueles cidadãos que efectivamente viveram quarenta anos sob um regime autoritário e outros tantos sob o sol democrática. Esses séniores é que têm autoridade para fazer o boneco de uma coisa e de outra. Os outros têm umas noções e formaram juízos a partir de estudos como estes. Os factos palpáveis na primeira pessoa são escassos. Os sobreviventes de Salazar serão os únicos com credibilidade estatística para avançar com respostas. No entanto, pela amostragem e método empregue na recolha de informação, provavelmente não haveria muito sucesso nas entrevistas telefónicas realizadas aos visados com mais de 100 anos de idade. A probabilidade de serem cegos, surdos (e mudos) é, de facto, muito elevada. Dito de outro modo, não se pode comparar cravos com bugalhos, pelo menos deste modo cru e insonso. Há que cozinhar as percepções com ingredientes de qualidade.
a pátriaos camõesos aviõese os gagos-coutinhoscoitadinhos [...]Mário-Henrique Leiria
É verdeiramente epidémica a apologética que grassa entre a sociedade portuguesa pedindo o regresso de um Salazar. O que é notável nas vésperas de mais um 25 de Abril! Já não se trata, apenas, de uma conversa entre velhas alcoviteiras de autocarro ou reformados que jogam a bisca no jardim, mas de uma autêntica histeria que cresce progressivamente de dia para dia em blogues, jornais e espaços públicos. Salazar é que faz falta, dizem e escrevem. Impressiona como a memória não é só curta, mas ingrata. Gente que grita insultos gratuitos nos fóruns e nos jornais contra os políticos actuais, resguardando-se na figura do inviolável, casto e probo Salazar - como é possível se afinal estes são o produto daquele?
Tudo isto é tolice, como é óbvio. Quem viveu durante o Estado Novo sabe perfeitamente que aquilo não era mau, era péssimo. Até posso compreender a nostalgia de infância, o colorido dos brinquedos de lata, as brincadeiras junto ao lavadouro enquanto a mãe esfregava os lençóis de estopa - pobre mulher que, chegando a casa encontrava provavelmente um marido analfabeto e, tendo sorte, sóbrio. A maioria que clama pelo regresso desta austeridade, queixando-se da de hoje é ainda desta geração que rapidamente esqueceu as limitações (ou então não) de um país de brutos, em que o marido punha os olhos no chão quando falava ao patrão e a mulher pouco mais personalidade tinha do que um saco de batatas atilhado por uma Constituição nada favorável.
Por outro lado, para a classe alta (aquela que bajulou Salazar até ao tutano), constituída por labregos burgueses e aristocratas falidos os tempos deviam ter sido de glória e até podem ter razões para querer o regresso daquele regime catolaico, de recato público e deboche privado. Em todo o caso, não deixa de ser uma incongruência que num mundo em que se ganha dinheiro com a exploração do cidadão global se queira fechar num país orgulhosamente só. Só posso compreendê-lo à luz do estatuto e daquela noção de respeito que faz o tópico da conversa salazarista: antes do 25 de Abril é que era!. Era o quê? Não se roubava? Ninguém morria? Não se mentia? Não havia clientelismo? A política era sã e filantrópica? Poupem-me.
Salazar era um misógino ressabiado, filho de caseiros que viveu entre hortas e quis aplicar este modelo de ordenamento de quintal de Santa Comba ao resto país. Criou a ideia do doutor formado a pulso que degenerou numa coisa sem espinha dorsal nem ossos chamada boy do partido. Provinciano, o senhor Presidente do Conselho, achava que o país era um imenso potencial de força braçal movido a vinho. E, estupendamente beato e cínico, julgava os seus amigos pelas aparências, cumulando-os de prebendas em troca de silêncio e lealdade hipócrita. Salazar é o pai desta gente que construiu a III república: medíocre, saída dos bancos de escola estado novistas, da cartilha do Deus, Pátria e Família, do pobrete mas alegrete. Estes dizem repudiá-lo. Muitos gritam fascismo nunca mais, mas entregue-se-lhe o facho nas mãos e verão o mesmo modus operandi, os mesmo tiques e desejos. E isto não é sequer uma questão de democracia ou ausência dela. Efectivamente não tivemos um estado fascista, mas tivemos com certeza um regime que estimulava a mediania ou a inferioridade, em troca de valores inócuos. E isso é transveral na nossa política, da Esquerda à Direita.
A única coisa verdadeiramente trágica não é brincar à liberdade de ano em ano pelo 25 de Abril (ainda assim perdendo tempo precioso a não habituar-se a ela) nisto tudo o que é verdadeiramente tenebroso é que o Salazar-Cronos, na hora de tragar os filhos, morreu. E as crianças, hoje com 40 anos, estão aí a brincar aos cravos...
É isso mesmo o que Otelo acha!
*Fila da frente da esquerda para a direita: Mário de Nascimento Ferreira, Rui Graça (primo direito da minha mãe), José Marques Tapada, Kaiser, Carlos Cacho.
Fila de trás da esquerda para a direita: Mário Alves Pinto, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlos Paixão, Cruz Nunes, Octávio Esteves.
(imagem daqui)
Jaime Nogueira Pinto, António de Oliveira Salazar - O Outro Retrato:
«Depois do 25 de Abril, com estes padrões por únicos, e aproveitando-se da hegemonia política então alcançada, as esquerdas, que já muito antes da Revolução tinham ganho a hegemonia na «República das Artes e Letras» e na opinião mediática (apesar, ou por causa, da Censura), conseguiram que os seus valores e metas se firmassem como valores e metas indiscutíveis da sociedade portuguesa – ou de qualquer sociedade que se preze. E os partidos de não-esquerda – o PSD e o CDS – entraram neste jogo, por medo, por oportunismo ou até por convicção dos seus dirigentes. Não sendo capazes de apresentar uma alternativa de ideias e valores para o discurso dominante, inspirado na ideologia jacobina do século XIX e nas várias versões da utopia comunista.
Custos ocultos
Este foi um dos custos ocultos do salazarismo. O facto de o seu discurso político se basear nos grandes princípios do nacionalismo conservador, sob forma autoritária, tem sido um obstáculo à afirmação de alternativas políticas – em democracia – que os contenham. E como esses princípios e valores –Deus, Pátria, Família, Propriedade, Justiça – entendidos como concepção transcendental do político, a Nação como valor supremo da ordem temporal e a abordagem orgânica da organização social são o núcleo do pensamento substancial da direita (e são ainda hoje, de Reagan a Sarkozy), a direita partidária continua fraca, ainda mais e na medida em que o PS abandonou o discurso jacobino e a vulgata antifascista.
Assim, a direita partidária não tem ideias políticas, nem sequer as da direita da Esquerda que emigrou para a Direita e luta por ganhar a sua hegemonia intelectual.
Noutro sentido, o modo de reorganização da unidade da Direita que, nos anos 30, Salazar constituiu, perdeu-a na sua dependência e tutela. No que foi seguido por Marcello Caetano. E foi outro custo grande para a Direita, que perdeu o sentido da luta das ideias, da luta política, da afirmação de convicções. E, a avaliar pelos seus actuais dirigentes partidários, que encarreirou definitivamente pelo amorfismo ideológico, pelo oportunismo dos processos, pela pura manobra táctica, sem princípios, estratégia ou iniciativa. Aguardando que, por uma lei fatal da geometria partidária, em sistema de dois partidos fortes no Centrão, um tenha um problema e dê oportunidade à oposição. E o terceiro aspire a ser bengala de suporte a uma maioria relativa formada no seu espaço. Não é brilhante.»
Qual é a diferença entre António de Oliveira Salazar e Álvaro Cunhal?
P.S.: ver isto.
Que jeitão nos daria agora, se Salazar tivesse declarado guerra à Alemanha a 6 ou 7 de Maio de 1945... E ao Japão...
PS, PC e BE juntos na defesa do legado da II República. Aqui está a gente nacional, popular e patriótica.
Depois de Fenomenologia do Ser, parece que Passos Coelho anda a ler A Diplomacia de Salazar, da autoria de Bernardo Futscher Pereira. Oxalá o leia mesmo e aprenda alguma coisa.
Uma excelente crónica de Pedro Lomba, a respeito das recentes afirmações do Embaixador de Israel em Portugal (via Corta-fitas):
«Na semana passada a Gulbenkian acolheu a conferência Portugal e o Holocausto patrocinada, ao que sei, pela Embaixada dos Estados Unidos. Lendo os jornais, apercebi-me que saíram da conferência declarações estranhas. Mas nenhuma ultrapassou em desaforo histórico o que foi dito pelo embaixador de Israel, segundo o qual Portugal "foi o único país que colocou a sua bandeira em meia haste durante três dias", logo que Hitler morreu. E o embaixador de Israel acrescentou: "É uma nódoa que para nós, judeus, vai aparecer sempre associada a Portugal."
Tenho demasiado respeito e simpatia por Israel para deixar passar estas afirmações sem resposta, até porque aparentemente ninguém na própria conferência reagiu. Fui, pois, investigar. E escutar quem investigou. Ora, o sr. embaixador de Israel não sabe, não considerou que os demais Estados neutros europeus na guerra procederam como Portugal. Vejamos a imprensa da época:
No Diário de Lisboa de 3 de Maio de 1945 refere-se que "continuaram a meia haste as bandeiras da Nunciatura Apostólica, da Embaixada de Espanha e das Legações da Suíça e da Suécia". Em Dublin, o mesmo luto protocolar conduziu o primeiro-ministro (e ministro dos Estrangeiros) Éamon de Valera a apresentar condolências à legação alemã. Como pode o sr. embaixador afirmar que Portugal "foi o único com a bandeira em meia haste", quando a prática foi comum aos outros Estados neutrais?
Mas compare-se o luto protocolar do Estado português perante a morte de Roosevelt e o que se registou com a de Hitler. Quando Roosevelt morreu, Salazar deslocou-se pessoalmente à embaixada americana para apresentação de condolências. A propósito dos regulamentos protocolares, lê-se no recente livro do embaixador Bernardo Futsher Pereira sobre a diplomacia salazarista (p. 436): "Neste mundo convulso, Portugal permanecia a mesma plácida ilha de paz. As minudências jurídicas protocolares continuavam a ser rigidamente observadas. A 4 de Maio, quando correu a notícia da morte de Hitler, as bandeiras foram colocadas a meia haste. Quando o embaixador inglês protestou no dia seguinte, Teixeira de Sampaio argumentou que, fosse ou não fosse Hitler o maior criminoso da História, continuava mesmo assim a ser o chefe de Estado de um país com o qual Portugal mantinha relações diplomáticas. Os regulamentos prescreviam uma salva de artilharia e uma visita pessoal de condolências pelo Chefe do Estado ou seu representante. Tudo isso tinha sido eliminado e as formalidades reduzidas a deixar cartões e pôr as bandeiras a meia haste."
Não terá o sr. embaixador omitido o contraste entre a postura de Portugal aquando da morte do Presidente americano e os "serviços mínimos" verificados na morte de Hitler? Não sou historiador e não me pronuncio sobre Portugal na II Guerra. Mas dir-se-á que quer Portugal quer a Irlanda agiram, não por qualquer afinidade com o regime nazi, mas no respeito pelo formalismo protocolar inerente à neutralidade, numa lógica de "correcção diplomática" e de afirmação soberana.
Custa ter de fazer este reparo ao representante de Israel entre nós. Mas a acusação que fez é factualmente errada, é injusta e ignora o cânone protocolar. A 22 de Dezembro de 2011, a Assembleia Geral da ONU cumpriu um minuto de silêncio pela morte do ditador norte-coreano Kim Jong Il, mas esclarecendo à partida que se tratava de um acto protocolar. Foi uma nódoa que mancha Israel e os restantes membros? Ou foi apenas diplomacia as usual, de que o sr. embaixador aqui se esqueceu?»
Coisas que aprendemos hoje (ontem) com pessoas da Relvas School of Political Science que detêm opiniões sobre os dois assuntos que se seguem: um bispo das Forças Armadas, ainda que desbocado, não pode exercer a liberdade de expressão, parecendo as suas afirmações, ainda que descabidas, um crime de opinião passível de punição exemplar. Já um Ministro pode fazer ameaças a jornalistas e ser um trapaceiro no que diz respeito ao currículo académico que não há problema algum - vai na volta e isso até é revelador de nobres traços de carácter. Como eu gostava de conseguir sondar os misteriosos critérios que presidem aos juízos de valor de certas cabecinhas...
Entretanto, Manuel António Pina é simplesmente certeiro:
«A reacção do ministro Aguiar-Branco, tomando as dores dos "alguns" a quem D. Januário insistentemente se reporta, traiu-o: mandou o bispo escolher entre "ser bispo (...) e ser comentador político". O mesmo que Salazar queria que D. António Ferreira Gomes fizesse.»
Poderá isto ser verdade? Há precisamente um ano, corria a notícia da compra de um novo veículo de transporte do primeiro-ministro Sócrates. Pelos vistos, a carripana era de péssima qualidade, porque agora terá sido necessária a aquisição de uma outra reservada ao uso do primeiro-ministro Passos Coelho, pelo módico preço de 140.000 Euros.
Será um Mercedes? Não se vê bem, hoje em dia esta sucata a prazo é toda igual. Salazar também teve uma viatura desta marca, tendo utilizado a mesma durante décadas a fio. Foi oferecida por Hitler. A Sra. Merkel não poderia imitar o seu predecessor na Chancelaria, oferecendo carros alemães aos colegas de profissão?
Já repararam que todos os ministros tendencialmente suspeitos de pertencerem à "discreta", andam agora de penduricalho de esmalte verde-tinto à lapela? Ora observem bem esta obamisse bastante bushista. Até o nosso colega bloguista Carlos Abreu Amorim, agora elevado ao areópago de S. Bento, já anda com a coisa.
Bem a propósito, anunciou-se a grande novidade do Conselho de Ministros informal. Mas afinal, foi ou não foi um Conselho de Ministros? A menos que a formalidade seja apenas um sinal da obrigatoriedade da fatiota cinzenta e da gravata às riscas dos dias úteis da semana. Neste passado inútil dia de domingo, os modernaços informais apareceram de polo e pisaram as lajes de S. Julião com os seus ténis de fim de semana. Não vimos as formais motorizadas de 50c.c., mas lá estavam informalérrimas limusinas deixadas pela herança Sócrates.
Bem vistas as coisas, Salazar tinha razão, quando afirmou a Adriano Moreira que um Conselho de ministros podia reduzir-se a dois dos membros do governo, bem entendido, ele e o ministro em causa: ..."para Conselho, dois bastam."
E mais nada.
Quando numa só semana a pressão gerada em grande parte na blogosfera e redes sociais se traduz em decisões políticas (esta e esta), só se pode concluir que estes instrumentos são cada vez mais úteis para aproximar os políticos dos eleitores, servindo para os decisores auscultarem o que a sociedade civil pensa e sente, especialmente em matérias onde uma certa moralidade é muito necessária e salutar para a coesão social. A democracia é, também, isto, e não apenas meia dúzia de alegados indignados a reviver assembleias do tempo do PREC, embora também seja isso. Há espaço para todos, conquanto permaneçamos uma democracia representativa e nos esforcemos por a aperfeiçoar antes de voltarmos a invocar que o que "faz falta é um Salazar", como ainda na sexta-feira ouvi de várias pessoas no comboio onde viajava, em reacção a um senhor que se declarava comunista e se indignava com membros do partido socialista que ali também viajavam. De facto, há deliciosos paradoxos muito portugueses.
Bloomberg elogia investimento de Salazar
Aquele que tantos pretendem (des)qualificar - fascista para os esquerdinos, socialista para os liberais - continua a ser o único estadista português cuja política económica merece crédito internacional - em todos os sentidos que este termo possa ter...
Durante o "interregno", Salazar discursa ao povo. Que bandeira é esta?
Brincadeiras com búzios, galinhas pretas depenadas, ou aspergidores de águas bentas de todos os cheiros e sabores. O dr. Mário Soares tudo pode tentar para esconjurar a verdade de uma História que estando tão bem contada, impossibilita qualquer esconderijo por detrás de um biombo de exposição comemorativa.
"É por isso que a longa ditadura que nos oprimiu e bloqueou Portugal - entre 1926 e 1974 - não pode ser considerada República. O regime saído da Revolução dos Cravos, que realizou as primeiras eleições livres desde a I República em 28 de Abril de 1975 - 48 anos depois - e a Assembleia Constituinte, que daí resultou, elaborou uma Constituição, em Abril de 1976, que foi a expressão genuína da vontade popular. Criou um Estado de direito e intitulou-se - e muito bem - II República, visto que o interregno, que entre ambas ocorreu, foi tão só uma longa e cruenta ditadura".
Chandra Bose com Adolfo Hitler, em Berlim.
Uma das lendas mais difundidas em Portugal, consiste na mistificação do complexo enredo político e geoestratégico que conduziria à invasão de Goa, Damão e Diu pela União Indiana (17-12-1961). Condenada pela ONU, esta invasão ordenada pelo pacifista Nehru - o homem que conseguiu a proeza de malquistar a Índia com todos os países vizinhos -, obedecia aos pressupostos do movimento nacionalista indiano que nos anos 30 e 40 encontrava em Chandra Bose, o perfeito émulo dos ditadores da época, fossem eles o Fuehrer de Berlim, o Duce de Roma ou o Vozhd de Moscovo.
Leia aqui, no Combustões
(imagem tirada daqui)
Salazar continua na boca de todos. E ou muito me engano ou ainda virá à baila o fássismo, feixismo ou lá o que é. Portas compara Louçã a Salazar, Sócrates e João Soares insinuam que Manuela Ferreira Leite será um sucedâneo do ditador. Parece-me é que os políticos muito pouco democráticos que nos têm (des)governado terão um qualquer desejo secreto de governar em condições idênticas às de Salazar, e de ver o seu nome inscrito nos anais da História, à semelhança deste. Deixo aqui apenas aquilo que António Barreto há tempos escrevia:
Se de cada vez que o seu nome fosse invocado Salazar recebesse 1 euro, por esta altura já seria dono do Céu. Ou do Inferno.
(também publicado no Novo Rumo)
É ler na íntegra a entrevista de Medina Carreira no Correio da Manhã:
(...)
LC – Temos o PS com maioria absoluta. Há o grande risco de sair uma maioria relativa das legislativas. É uma questão que o preocupa?
- É o senhor que diz que há um risco. Eu acho é que se sair uma maioria absoluta é que é arriscadíssimo. Eu não quero mais maiorias absolutas de um partido. Porque se o PS levar por diante estas obras resulta do facto de ter maioria absoluta.
LC – Mas com maioria relativa vai cair muito provavelmente um ou dois anos depois.
- Pois, temos que arranjar maneira de viver. Maioria absoluta com gente deste estilo nunca mais. Para mim nunca mais. Estas asneiras teimosas, absolutamente fora de senso comum, só são possíveis porque há maioria absoluta de um partido.
LC – Que solução é que imagina num cenário de maioria relativa? O regresso do Bloco Central?
- Eu como acho que os partidos que existem não estão em condições neste momento de resolver os problemas tanto faz. É uma caldeirada relativamente irrelevante. Os partidos têm de ter qualidade, têm de estudar, têm de ter pessoas que estudem.
(...)
E ainda o artigo de António Barreto no Público:
Trinta e cinco anos depois de Abril, a democracia continua a viver à custa de Salazar e da sua queda. Parece que o regime democrático e a liberdade nada têm a oferecer ao povo para além do derrube do ditador. Que, aliás, não foi do próprio mas do sucessor. Aqueles partidos e aquela instituição vivem obcecados. Sentir-se-ão culpados? De quê? De não terem sabido governar o país com mais êxito e menos demagogia? De perceberem que a população está cada vez mais cansada da política e indiferente aos políticos?