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Governo de facto e o resto é conversa

por John Wolf, em 16.11.13

A situação de catástrofe económica e social obriga a medidas de salvação nacional. Um governo, para merecer essa designação, deve saber defender a todo o custo o bem-estar da população. Deve agir sem demoras ao abrigo de decisões executivas e de acordo com um plano de emergência. O governo deve recrutar mão de obra e desbastar os terrenos baldios transformando os mesmos em unidades de produção agrícola. Não tem como pagar? Atribua créditos aos trabalhadores em sede de Segurança Social ou de IRS. As autarquias que peguem nas camionetas, e em vez de levar as claques do povo à roda da sorte apresentada na televisão pública pelo obeso Fernando Mendes, que façam uso desses terrenos, paguem em género e "exportem" para outros mercados os excedentes de produção. As estradas têm buracos? Ponham equipas espontâneas de cantoneiros a remendar o alcatrão e ofereçam passes mensais aos trabalhadores para que estes possam usar os transportes públicos. O cidadão já não tem meios para comprar um casaco ou um telemóvel? Criem-se mercados de troca directa com regras para salvaguardar a qualidade e disciplina das transacções. O cidadão ficou doente, mas caiu fora do sistema nacional de saúde? Legisle-se um regime de excepção que permita a transferência de créditos de saúde de utentes protegidos pelo sistema para indigentes caídos em desgraça. Não tem forma de financiar o arranque do seu pequeno negócio? Criem-se pequenas casas financeiras com regras de funcionamento muito simples. A Santa Casa da Misericórdia poderia pensar numa lógica de financiamento de operações empresariais - os terminais de jogo, em vez de obedecer a uma lógica aleatória de sorte ou azar, poderiam emular o precedente estabelecido pelo banco Grameen. As escolas públicas estão a falir? Encontre-se uma solução de ensino doméstico, organizado em torno de pequenas classes de alunos, por forma a que possa haver aproveitamento escolar numa lógica comunitária e de proximidade com a população. As juntas de freguesia não têm salas vazias a maior parte do tempo? Não podem ser maximizadas ou será que estão presas a noções ideológicas? Aproveitem-se esses auditórios que existem de norte a sul do país. A autoridade tributária quer estimular o cumprimento fiscal dos contribuintes? Em vez de sortear carros, sorteiem-se benefícios fiscais e isenções de diversa ordem. Faltam obras públicas como hospitais e centros de saúde apetrechados com as últimas soluções tecnológicas? Estabeleça-se uma hierarquia por forma a beneficiar as construtoras em sede de IRC desde que sirvam as causas públicas e ao melhor custo. O governo que elegeu não corresponde às suas expectativas? Reescreva-se a constituição por forma a subtrair retirar poder político in loco aos titulares de cargos públicos, enquanto os danos ainda podem ser controlados, para não deixar o país descambar por completo. Estarei a ser ligeiramente utópico? Penso que não. Os tempos de descalabro extremo exigem soluções ousadas sem cariz partidário ou ideológico. Há quem tenha feito algo deste género - acho que se chamava New Deal. Por mim podem dar-lhe o nome que quiserem. Desde que seja um governo de facto.

publicado às 13:11

Banda desenhada a rigor

por Fernando Melro dos Santos, em 15.07.13

publicado às 15:48

Ensinamentos do Dalai Cavaco

por João Quaresma, em 11.07.13

«Quando quiseres assegurar a estabilidade política e a credibilidade internacional, propõe um governo de salvação nacional e eleições antecipadas lá mais para a frente».

 

Já agora: a que horas é que Cavaco Silva vai explicar ao país que foi mal interpretado? Antes ou depois do crash da Bolsa?

publicado às 00:28

A admissão que tarda

por John Wolf, em 03.07.13

Vitor Gaspar demitiu-se, Paulo Portas apresentou a demissão e Passos Coelho já foi demitido, embora não o saiba. A democracia portuguesa está a funcionar. Foi o povo que exerceu o seu anti-voto. Foi a população portuguesa que exerceu pressão alta ao longo de largos meses e que tornou a situação insustentável. A economia, o emprego e os mercados também ajudaram - porque também se demitiram de Portugal. Não foi Seguro que alcançou estes resultados extraordinários. Por essa razão não merece um bónus por bom desempenho - não foi bom e não podemos chamar à sua actuação de desempenho (disse umas coisas para figurar entre parêntesis). O lider socialista não chegou aos pés da opinião pública e colocou-se prematuramente à porta de São Bento com as malas feitas para o check-in, só que o voo não chegou. E ao fazê-lo com tanta ânsia pelo poder, também se demitiu. Demitiu-se e foi demitido por inerência de presunções. À medida que o governo sai à peça, passa em nota de rodapé uma mensagem de alerta máxima. As pessoas tentam imaginar o Seguro como o suplente que salta do banco e chegam à conclusão que não serve. Por essa razão Portugal está encalhado no purgatório da demissão. Anda um diabo à solta que nem sequer tem uma forquilha para ostentar. Essa é uma das leituras que deve ser realizada, mas não constitui a leitura principal. Todos estes fascículos são pequenos tomos da mesma mossa política. O desmoronamento do governo, realizado faseadamente, é um exemplo da reforma do Estado que se inicia com o próprio executivo. No meu entender, a cada demissão não deveria haver uma nomeação. O governo ao emagrecer, tende à extinção, ao seu desaparecimento, mas esse acto de desvanecimento arrasta sem piedade o país inteiro para o abismo de um segundo resgate. E acresce a esta vontade interna de "põe-te daqui para fora" (atiçada de um modo irrascível), uma magistratura que mingua o processo demissionário em curso. Há uma entidade que não conseguem demitir. Há um inimigo que galvaniza o país mas que não pode ser chutado para o canto. Por mais entradas e saídas que ocorram, por mais portas que girem, o monstro omnipresente não pode ser excluído e não se demite. Acho incrível que se tenham esquecido do décor que se mantém sejam quais forem os actores em cena. A Troika e as condições impostas não se demitem. Vivem numa espécie de eternidade infernal, política. Esse pequeno facto parece ter sido omitido, esquecido no calor do momento, no entusiasmo que sempre caracterizou a pequena política, os afazeres de um pequeno bairro de embirrações e rancores. A matriz fracturante nacional nunca autorizará um governo de salvação nacional. Os partidos e os seus políticos ao recusarem colaborações de recurso, demonstram que a demissão foi a regra e nunca a excepção. Se os políticos tivessem presentes o sentido de urgência nacional, colocariam de lado o seu ego ideológico. Se Cavaco "os tivesse no sítio", se fosse corajoso, punha em andamento a construção de uma equipa de salvamento. Recrutaria membros de todas as facções políticas e dos movimentos cívicos. Mas o chefe de Estado é o maior de todos - o mais demitido de todos. Um auto-demitido que ainda não foi admitido na instituição adequada. São palavras excessivamente fortes e desrespeitosas, aquelas que eu prefiro? Não me parece. A situação é gravíssima, temos de demitir, perdão, admitir.

publicado às 07:14






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