Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Fillon mignon

por John Wolf, em 21.11.16

complete_trim.jpeg

 

Os democratas franceses nada aprenderam com os mais recentes eventos que abanaram o sistema político norte-americano. A lição de Hillary não foi assimilada. São tantos os participantes a concurso nesse campo ideológico que Marine Le Pen deve estar a esfregar as mãos de contente. Sarkozy jafoste. E agora Fillon mignon apresenta-se com grandes desígnios que se inscrevem nessa velha escola de funcionalismo público, impostos mais ou menos baixos, e depois, como se ninguém reparasse, lá mete um referendo sobre a quota de imigrantes como se a virtude democrática das massas pudesse ser exultada de um modo honesto. Ou seja, defende o que Trump defende, mas não assina o despacho. Remete para o povo essa decisão nefasta. Sacode preventivamente a água do capote do nacionalismo residente na marselhesa. Em plena época de falências do politicamente correcto o filão de Fillon não pega. Nas cidades e nas serras, e nos banlieu, o código de sobrevivência é outro. Os franceses de pleno direito, que em tempos não o eram, são os primeiros a pôr trancas à porta, a barrar a porta a "ladrões" de empregos. E há mais. A alegada moderação de Trump apenas ajuda a consolidar a ideia de que afinal o conservadorismo não se faz equivaler a extremismos proto-fascistas. Vivemos uma época de grandes rupturas. O descarrilamento das instituições clássicas, mas também da linguagem que tarda em se refrescar para acompanhar o novo glossário de intenções políticas.

publicado às 10:51

Sarko revient, Hollande est là, au secours!

por Nuno Castelo-Branco, em 19.09.14

Há umas semanas acusado de corrupção e tráfico de influências, agora regressa à ribalta polítca, enfrentando um Sr. Hollande que é aquilo que todos  sabemos ser. Em Portugal a coisa nem sequer é muito diferente, conhecendo-se o cardápio desde há décadas oferecido por consecutivos locatários de Belém.  Somos mais discretos e desculpabilizadores e por isso mesmo, supra parvos.

 

É mesmo um alívio ser-se monárquico. Os franceses que pensem no assunto e questionem-se acerca da razão pela qual os britânicos são tão teimosos.  Ou precisam de mais referendos tira-teimas?

publicado às 18:01

Sarkozy carregado de boas razões

por Nuno Castelo-Branco, em 04.07.14

Diz ele que jamais infringiu os sacrossantos princípios republicanos. Não foge à verdade que os factos demonstraram ao longo de muitas décadas. Nem sequer perdendo tempo com ilustres esquecidos, apenas há que recordar:

- a bomba que Mitterrand patrocinou, fazendo explodir o Rainbow Warrior

- as suas ameaças a jornalistas, inquiridores e outra gente incómoda

- a filha que ocultou e a quem não deu o nome

- a rede de conluios e influências que criaram um poder supremo sem rival.

- o escabroso e descarado apoio ao golpe encabeçado por Ianaev

- os estranhíssimos affaires africanos

 

Seguiu-se-lhe o Sr. Chirac de todas as manigâncias que não vão nem irão a tribunal. Temos o agora irritado Sarkozy, uma infeliz victime de todo o tipo de calúnias. Quanto ao Sr. Hollande dos riquexós, motinhas e discretas patetices de alcova - fora o resto que a seu tempo saberemos -, eis a ética republicana.

 

Por cá muito há para dizer, desde faxes de e para Macau, o uso indevido de dinheiro público para viagens prodigalizadas a chusmas de camarades, as faltas de respeito às forças armadas e políciais. Seguiu-se todo o tipo de incúrias institucionais, abusos constitucionais, falta de comparência em cerimónias protocolares "lá fora" - o golfe sempre era mais agradável que a chatice do funeral do Rei Hussein - e alegados zunzuns acerca do sector imobiliário e de escritórios. Para deixarmos um passado ainda recente e sermos mais actuais, lembremos os genros recompensados com mega-salas de espectáculos, acções fora de Bolsa, conspiratas inventadas, casas sem rasto no cadastro, etc.

 

Poderia ficar por aqui a noite toda, mas não me apetece. Vou dar uma vista de olhos no Brasil-Colombia. 

 

 

publicado às 20:36

Eleições..."já"!

por Nuno Castelo-Branco, em 19.04.13

 

Enquanto Cavaco anda "cheio de inveja" do Peru - o crescimento é apenas um detalhe, o pior está no resto -, gostávamos de saber a opinião daqueles que vivem obcecados com sondagens, "faltas de representatividade" semana sim semana não, mudanças de humores ou indignações a retalho.

 

Há um ano, o normal François Hollande era eleito no meio de grande berreiro e surgia como uma espécie de Maga Patalógika que faria regressar a Europa aos anos 60. Crescimento, welfare State totalitário - de preferência acompanhado por muita dívida, "perna aberta" aos caprichos e abusos mafomistas, baladas, cantorias e nacionalizações que fariam Mitterrand corar de timidez -, república, mais república e se a congestão o permitisse, ainda mais república. Seja lá o que isso queira dizer.

 

Foi o que se viu. Para os desesperados das quase semanais sondagens Expresso/Católica, aqui estão alguns dados que talvez lhes interessem: o grosseiro, esbanjador e nepotista  ex-president venceria hoje sem margem para qualquer dúvida, enquanto Hollande talvez discutisse a segunda posição com Marine Le Pen. 

 

Eleições "já"!

 

publicado às 11:30

A racaille

por João Pinto Bastos, em 15.11.12

A tolerância democrática não pode, nem deve servir para aceitar a algazarra violenta de uma minoria arruaceira e tumultuosa. Sarkozy definiu este lumpen com classe apodando-os de racaille. De facto, esta minoria violenta não passa de uma racaille estúpida e ignara. A democracia defende-se, sobretudo, aqui, protegendo as instituições, a ordem pública e a segurança dos cidadãos. Não dando, pois, vazão à violência ingénita daqueles que nunca aceitaram o desfecho político do dia 25 de Novembro de 1975. Talvez um dia este bando entenda que a democracia é, como escreveu magistralmente Victor Hugo, o abraço caridoso de todos à Humanidade.

 

P.S.: Subscrevo tudo o que o Samuel e o Nuno disseram, sendo que acrescentaria o seguinte: a degradação da situação económica e política favorecerá a emergência de fenómenos violentos, pelo que é forçoso dar apoio total e absoluto às forças de segurança, com o respeito da institucionalidade democrática na mira. A democracia não se defende permitindo que  se solapem as instituições.

publicado às 15:50

Et maintenant, M. Hollande?

por João Quaresma, em 07.05.12

Agora vem a parte mais difícil.

 

publicado às 04:00

Sarkozy & Hollande

por Nuno Castelo-Branco, em 05.05.12

Pois, também me parece

publicado às 10:50

Que vença Hollande

por Nuno Castelo-Branco, em 01.05.12

Após a fragorosa vitória na guerra de 1870-71, Bismarck sabia bem o que dizia, quando considerava a hipótese de uma restauração da Monarquia francesa um imediato casus belli. Tinha as suas razões para apostar no sempre instável regime republicano e as décadas que decorreram até à I Guerra Mundial, foram pontilhadas de casos que alternavam tentativas de feitos espectaculares no ultramar, com os aspectos mais sórdidos do período dito liberal. Se a grande Guerra propiciou a União Sagrada que fez frente aos Impérios Centrais, logo os anos vinte e trinta fizeram regressar aquele clima de não declarada guerra civil, esse fervilhante viveiro que ditaria uma vez mais,  uma rápida e clamorosa derrota frente à Wehrmacht. Nas duas derradeiras décadas do século XIX e no período da Belle Époque, deram brado os casos do general Boulanger, o embraçoso episódio Dreyfus, as constantes ruínas empresariais e escândalos financeiros, a total capitulação que os ingleses impuseram em Fachoda - esse sim e que ao invés do "nosso", consistiu num Ultimatum com perdas bem reais - ou a deriva populista que encontrou na Igreja o alvo ideal, enfim, alguns episódios bem conhecidos e que para os cem anos seguintes permaneceram presentes na discussão da coisa política em França.

 

É desejável a vitória de F. Follande. Aparentemente, a opinião geral, mesmo aquela veiculada em surdina pelos seus próprios apoiantes, considera o homem "um molusco" sans aucun intérêt, querendo isto dizer ser ele pertença daquela zona desinteressante, cinzenta e sem chama ou grandes princípios, que desde há três décadas tomou de assalto muitos dos países da antiga CEE, precisamente aquela imensa coorte de gente ligada a escritórios de advogados, gurus dos truques baixos nas Bolsas e economistas yuppies do início da histeria colectiva desencadeada nos tempos da administração do Presidente Reagan. Oxalá nos enganemos. A premissa do "Tudo será cada vez Melhor", o absurdo princípio do politicamente correcto, a obrigatória posição dos braços abertos em accueill à n'importe qui parce que oui e a demencial padronização ditada pela moda financiada pelos conglomerados económicos e financeiros, fizeram o resto. Toda a Europa foi devastada por uma febre do lucro a todo o custo que nos primeiros momentos prometia um gargantuesco banquete a todos, mas que decorridos uns poucos anos, marcou o inevitável declínio daquilo a que hoje se designa de U.E. No campo da geopolítica, o caso francês torna-se ainda mais evidente, pois a derrota na II Guerra Mundial obrigou o país a uma Entente com a inimiga hereditária, sendo esta a principal razão para concertar o supremo esforço na tentativa da criação de um espaço de paz e de pujança económica capaz de garantir algum do passado lustro que durante cinco séculos fez brilhar a grande península crismada de continente. Por outras palavras, a França contrariadamente reconheceu a sua descida no ranking das Grandes Potências.

 

 

 

publicado às 02:56

Os boches não decidem.

por João Quaresma, em 27.04.12

François Hollande: «A Alemanha não decide pelo conjunto da Europa.». «Nós não somos um país qualquer.»

 

Estas não são apenas frases de campanha: um candidato presidencial francês a prometer fazer frente à Alemanha é quase uma travessia do Rubicão para a política europeia. Poderão ser os primeiros passos na ruptura com uma aliança que dura desde os anos 50, firmada entre Charles DeGaulle e Konrad Adenauer, e que tem sido - em conjunto com a protecção norte-americana - o garante de Paz na Europa em mais de meio século. É possível reverter este caminho de ruptura? É e vai certamente ser revertido porque ambos os países têm todo o interesse nisso. Mas as frases ficam (mesmo que Sarkozy seja re-eleito e seja o mais germanófilo que conseguir) e a França não se livrará de lhe ser lembrado que também passou os últimos anos a tentar decidir pela Europa, em conjunto com a Alemanha.

 

Se Merkel pode ser acusada de fragilizar a confiança na Alemanha e de ressuscitar velhos fantasmas da História, agora do lado francês já tem réplica. Do outro lado do Canal da Mancha, em esplêndido isolamento, os britânicos assistem ao espectáculo com a serenidade de quem vê tudo a correr exactamente como lhes interessa.

publicado às 01:20

Três apontamentos sobre as eleições francesas:

por João Quaresma, em 24.04.12

1. Apesar do tom generalizado da imprensa, de vitória antecipada na segunda volta, é tudo menos certo que François Hollande seja o próximo presidente francês. É notório o cansaço e a antipatia por Sarkozy. Mas os franceses estão assustados com a crise que vêem grassar pela Europa fora; com a sua decadência e com o ascendente da Alemanha; com a constatação de que a "Europa" não passou de uma ilusão que lhes foi vendida e de que agora é cada um por si; e - como não poderia deixar de ser - com o radicalismo islâmico presente entre a imigração (relembrado pelo jovem terrorista de Toulouse, há poucas semanas). Sarkozy perdeu popularidade, entre outras coisas, com o envolvimento na guerra contra Muhammar Kadaffi (que pouco antes tinha recebido em Paris com um aliado), com o mal explicado assunto Dominique Strauss-Khan (ainda assim foi melhor que o defrontar nas eleições), com o downgrade do rating de França, e com a subalternização em relação a Angela Merkel (o vídeo satírico em que fazia de mordomo da chanceler deve ter sido devastador junto da opinião pública). A maioria já percebeu, do que se vai passando na Europa, que não têm alternativa que não reformar o seu estado social e reduzir a administração pública, por muito doloroso que seja. E que os socialistas não têm estofo para o fazer, nem para lidar com o radicalismo islâmico, nem para controlar a criminalidade. E se Sarkozy se tornou num criado de Merkel, Hollande não promete ser melhor. No compto final, a primeira volta das eleições poderá ter servido para punir Sarkozy e a segunda para o reconduzir por falta de alternativa credível.

 

2. A subida do Front National era de esperar, e é compreensível. Mas é uma má notícia que a Extrema-direita esteja em ascendente na Europa, sobretudo em clima de crise económica, e em países com tradições de xenofobia como é o caso de França. Mesmo que os magrebinos, turcos, paquistaneses e africanos sejam o alvo preferencial, e que os portugueses sejam em regra bem vistos, é natural que mais tarde ou mais cedo também haja problemas com os nossos imigrantes. Nem sempre a sua aceitação é tão boa como se diz, sobretudo em zonas onde há grande concentração (Luxemburgo, Suíça). Havendo alguns milhões de portugueses emigrados e estando o seu número a aumentar ainda mais, o Governo Português devia ter uma estratégia de relações públicas a ser aplicada na Europa de forma a cuidar da imagem do povo português. Para que não sejamos apenas o país do Cristiano Ronaldo, um país de gente forçada a emigrar, que recebe fundos comunitários e que mesmo assim precisou da ajuda da Troika.

 

3. A reacção dos mercados à vitória de Hollande foi mais significativa que as manchetes dos jornais desta manhã: não se espera muito dele.

publicado às 00:18

Oui, c'est la république (qu'il faut payer)

por Nuno Castelo-Branco, em 22.04.12

O homem é horroroso. Ordinário a fazer juz ao péssimo porte, língua afiada para a gracejola de beco de doca e um enorme baú de esperadas  vulgaridades, este perfeito bon à rien foi um poço de promessas e de todos os arrivismos, tudo fazendo para chegar a este resultado. Vencido à tangente por um molusco, tem uma Sra. Le Pen a morder-lhe as canelas. Quanto ao resto, já se confirma aquilo que todos desconfiávamos: o fulano que tanto podia ser candidato pela extrema-direita como pela extrema-esquerda, a coqueluche do luso Bloco, ficou-se naquele residualismo que pouco conta, apenas sobressaindo entre outras ninharias presentes no cortejo.

 

O que a França tem visto nestes últimos 40 anos, roça a risota em pleno teatro do guignol: o Giscard dos negócios vergonhosos e do petit commerce africain, o Mitterrand das escutas, silenciamento de opositores, mortes misteriosas e semeador de sedícias, o Chirac semi-presidiário militante e agora isto que ainda está e aquilo que talvez venha, são  um panorama desolador.

 

A ideia de um país que teve Luís IX, Henrique IV, Luís XIV, os dois Bonapartes e até De Gaulle como Chefes do Estado, ver-se reduzido ao espampanante bordel cor de rosa da dupla Sarkozy-Bruni, é sintomático. Enfim, c'est la République e o que ainda há para dizer está aqui, como é costume.

publicado às 19:55

Islamices repúblico-francesas

por Nuno Castelo-Branco, em 12.03.12

 

Não gosta do chador, mas usa uma mascarilha que impossibilita o seu reconhecimento. Também será mesquiteira?

Já que andamos em fase eleitoral pelo lado das Gálias, aqui estão algumas curiosidades que decerto agradam aos nossos sempre rendidos amantes da moda parisiense. Após gerações de obrigatória religião do Ente Supremo, a França está encurralada  nesta situação em que todos os valores subjacentes à própria trilogia revolucionária, são espezinhados através do recurso à sua própria invocação! Assim, sabia que:

 

1. Segundo o Nouvel Observateur, as muçulmanas exigiram ser dispensadas da frequência de aulas de biologia e desportos, sem que isso tenha alguma influência no cômputo do seu aproveitamento escolar. As ditas raparigas podem ainda legalmente ir a exame acompanhadas pelos maridos, sendo sempre a examinadora uma mulher.

 

Pergunta: as cristãs poderão exigir algo de semelhante?

 

2. Segundo noticia o Express, a associação de estudantes muçulmanos da Universidade de Paris, contesta o direito de avaliação de um "professor ocidental" - leia-se, formalmente cristão -, no caso do trabalho ser apresentado por um estudante muçulmano.

Sabia que convencidas da sua "irresistível beleza", as muçulmanas vestem as túnicas antes de cumprirem as suas obrigações escolares diante do quadro, para "não despertarem qualquer desejo" (sic)?  E que nas escolas primárias, os pais muçulmanos recusaram deixar as suas filhas na classe de um professor substituto, devendo ser uma mulher a substituir a outra professora? A escola teve que criar um compartimento sem janelas, para reconhecer as mães cobertas da cabeça aos pés, antes de lhes entregarem os seus filhos. Sabia que nas escolas primárias, os alunos têm dois banheiros e torneiras separados, sendo um reservada para os 'muçulmanos', e outro para 'franceses' ou "funcionários escolares"? Exigem ainda que existam vestiários separados nos ginásios, porque, segundo eles, um circuncidado não pode despir-se ao lado de um "impuro". (Le Monde)

 

Pergunta: aplicam então "os laicos" o princípio do Apartheid

 

3. Le Parisien informa que recorrendo à desculpa da "laicidade", associações muçulmanas exigem a abolição da comemoração do Natal nas escolas primárias e a proibição de árvores natalícias nas escolas e jardins de infância.

 

Pergunta: como é possível ainda não ter a menina Câncio aderido a esta luminosa ideia?

 

3. Organizações laborais exigem para os muçulmanos férias adicionais e em conformidade com as suas "férias islâmicas". A isto, ainda acrescentam a "mitigação de horários" em locais de trabalho, escolas e universidades, adequando-os às suas "obrigações" religiosas (Nouvel Observateur). 

 

Pergunta: qual será a resposta do poder, no caso do episcopado francês exigir o mesmo para os cristãos?

 

4. Segundo o N. Obs., os mafomitas exigem também a revisão dos livros escolares franceses, de modo a incluírem a história dos seus países de origem e da sua religião. O Libération informa ainda acerca da retirada imediata de qualquer referência a Charles Martel e a Joana d'Arc, pois "ofendem" a comunidade muçulmana. Já agora, questionamos nós, o que terão a dizer de S. Luís e de todos os Cristianíssimos monarcas até Luís XVI? Desaparecem de cena, reduzindo-se os manuais de história a contos sobre tapetes voadores, cavernas de ladrões, paradisíacas rechonchudas virgens de quádruplo queixo e ancas de padaria, chás no deserto e lendinhas sobre Saladino?

 

Pergunta: o que teríamos de fazer por cá em relação a toda a 1ª e 2ª Dinastia, seus principais soberanos, guerreiros, navegadores, etc? Teríamos também de queimar os Lusíadas?

 

5. O Libération noticia a exigência das médicas muçulmanas que pretendem apenas tratar outras mulheres. Por outro lado, as funcionárias públicas desta seita, reivindicam trabalhar de chador na cabeça. Imagine o nosso leitor qual seria a resposta da sua entidade patronal, se por exemplo pretendesse atender clientes com uma máscara do homem Aranha ou do Batman? No caso de ser uma leitora, até podia dar-se o caso de lhe apetecer servir à mesa com a mascarilha e o chicote da Tiazinha... Segundo o Figaro e Le Monde, os médicos correm o normal risco de serem espancados, se tratarem mulheres muçulmanas sem o consentimento de seus maridos. 

 

5. O L'Express diz que um manual de boas condutas "lícitas e ilícitas no Islão", explica como um bom muçulmano deve bater na sua esposa: com a mão, chicote ou um pedaço de madeira (leia-se vergasta).

 

5. Segundo o próprio governo francês e os sindicatos, sabia que a nova legislação exigirá que a polícia, o exército e o serviço civil, passarão a contratar prioritariamente jovens imigrantes, tendo-se já assinado em 35 empresas na França, (televisão, Peugeot, cadeias de distribuição e casinos), um acordo para contratação preferencial de pessoal estrangeiro?  Sabe o que em França quer dizer "estrangeiro"?

 

publicado às 10:17

França, mais uma falcatruada republicana

por Nuno Castelo-Branco, em 27.02.12

Eis uma falcatruada, a juntar-se a tantas outras. Uma das pré-candidaturas, aquela a que se aponta uma intenção de voto que ronda os 16%, será impossibilitada de concorrer ás eleições. Inventaram o princípio do "apadrinhamento" - parrainage -, um termo claramente mafioso que diz ser necessário o aval de 500maires para que uma candidatura possa chegar à estampa no boletim de voto. Assim, sendo a França a cúspide daquilo a que se designa por "politicamente correcto", teremos a curiosidade de um fulano que representa 2% do eleitorado facilmente conseguir as 500 assinaturas camarárias, enquanto um outro, oito vezes mais representativo, não poder sonhar com o mesmo. Como se já não bastasse a vigarice da segunda volta nas eleições legislativas, aqui está uma mais. Lindo serviço!

 

"Que saudades da velha monarquia, onde havia os Estados Gerais, o poder dos parlamentos regionais que Paris temia, a força  das ordens profissionais independentes, intermediação entre o Estado e a sociedade mas, sobretudo um sistema meritocrático - aberto, limpo - que permitia a ascensão social dos indivíduos capazes. A tricolor, na expressão que os constituintes de 1789 lhe quiseram dar - o azul da França de Carlos Magno, o vermelho de Paris e o branco do Rei; ou seja, a nação, o Estado e o Rei - transformou-se numa mera e irreconciliável justaposição de interesses. Sem Rei, o Estado passou a ser Paris e um dos grupos que antes ocupava o poder - a nobreza togada - passou a disputar o lugar do Rei, árbitro independente. Fazem cada vez mais sentido as velhas dicotomias entre a França legal e a França real, a maioria política e a maioria silenciosa. As democracias ainda não viram que a única república possível é a resultante da existência de uma Coroa ?"

 

Leia mais no Combustões

publicado às 15:42

À grande e à francesa, sem dar cavaco!

por Nuno Castelo-Branco, em 11.02.12

 

A estranha sucata dourada que substituiu a flor-de-lis

De forma calculista, os republicanos sempre pretenderam reduzir-nos à discussão sobre touradas, bigodes, patacos, sangues anilados e pouco mais. Convem-lhes, procurando distrair as atenções daquilo que é essencial.  Sabendo-se que os dezassete milhões de Euros - não contando com os ex e com os salários alegadamente não recebidos pelo actual inquilino - anualmente despendidos pelo Palácio de Belém são coisa pouca, mesmo se duplamente inflacionados se os compararmos com a boa sorte reservada aos contribuintes belgas, espanhóis, dinamarqueses ou suecos, o que poderemos então dizer daquilo que se tem passado no regabofe que é a República Francesa?

 

Sarkozy não é uma novidade, até porque os seus predecessores sempre amaram macaquear o grande estilo outrora reservado aos mais poderosos monarcas franceses, arrivismos bonapartistas incluídos. Ainda temos presente aquela quase kitsch imagem de Mitterrand quando na homenagem feita a Jaurés, obrigando uma numerosa assistência a esperar durante horas pela sua presidencial figura. Surgiu infinitamente grave e solitário, vestido de cinzento Vichy, fácies amarelo-cera e indolentemente entrando no panteão, de rosa vermelha em punho. Todo este aparato, para que nele vissem qualquer coisa que também a todos escapou.

Ficaram lendários os seus sacos azuis de onde saíam óbolos ministrados a operacionais que por toda a França e pelo mundo fora, cumpriam os desígnios da seráfica excelência. Lembram-se do caso Rainbow Warrior? Fanfarras, grandes paradas onde até um dia se viram panzers da Bundeswehr desfilando nos Campos Elísios, agentes secretos que silenciavam criaturas incómodas, custosos presentes-compra ofertados a potentados africanos, intermináveis "jantaradas com culturais amigos", tudo, tudo servia para dar a ilusão de um continuar daquele fio da história que tinha Luís XIV como exemplo máximo.

 

No Reino Unido, a Rainha mandou definitivamente acostar o iate Britannia e a sua dotação é relativamente modesta, quando a comparamos com aquilo que os franceses desembolsam para os prazeres do Eliseu. Pior ainda, Isabel II faz as contas à vida, prescinde das rendas das suas propriedades pessoais que por sinal, pagam uma boa parte dos funcionários dos departamentos do Estado. O merchandising da Monarquia enche os cofres do Exchequer e dão trabalho a uma miríade de empresas que em todo o mundo, propiciam a desejável imagem de uma Grã-Bretanha que se quer "como sempre". 

 

Hoje os tempos são outros e as repúblicas transformam-se em reles prolongamentos do Club Mediterranée. O pequeno burguês Sarkozy é a imagem da republicana plutocracia que por cá tão bem conhecemos. Muitas festas de estalo, milionárias excursões que fariam Mário Soares morrer de inveja, jactos Airbus para trás e para a frente, 121 carros de serviço, resgate de filhotes constipados, a cônjuge de serviço que de vez em quando mostra mais um bocadinho das cuecas que a Europa inteira fartou-se de ver sobre passarelas, enfim, uma versão bastante cara da revista Maria para ser lida no cabeleireiro.

 

Nada de novo, até porque De Gaulle, Pompidou - o grande demolidor que construiu o grotesco Front de Seine -, o Giscard dos diamantes de sangue, Mitterrand e Chirac fizeram o mesmo, ou pior ainda.

 

113 milhões de Euros, um jackpot do Euromilhões. C'est ça, la République. 

publicado às 10:31

Da idiotice e petulância de Merkozy

por Samuel de Paiva Pires, em 10.12.11

Ambrose Evans-Pritchard, Europe's blithering idiots and their flim-flam treaty, a quem "roubei" também a fotografia:

 

 

«What remarkable petulance and stupidity.


The leaders of France and Germany have more or less bulldozed Britain out of the European Union for the sake of a treaty that offers absolutely no solution to the crisis at hand, or indeed any future crisis. It is EU institutional chair shuffling at its worst, with venom for good measure.

 

(...)

 

Germany has kept the focus exclusively on fiscal deficits even though everybody must understand by now that this crisis was not caused by fiscal deficits (except in the case of Greece). Spain and Ireland were in surplus, and Italy had a primary surplus.

 

As Sir Mervyn King said last week, the disaster was caused by current account imbalances (Spain's deficit, and Germany's surplus), and by capital flows setting off private sector credit booms.

 

The Treaty proposals evade the core issue.

 

Did France and Germany really have to cause this rift by throwing in an assault on the City that has precious little do with the EMU crisis? Yes, I suppose they did.

 

Given that Merkozy cannot bring themselves to accept that Europe's debacle stems from the euro itself, from a 30pc currency misalignment between from North and South, and from an over-leveraged €23 trillion banking bubble that German, French, Dutch, Belgian regulators allowed to happen… given that, yes, I suppose they have to find a scapegoat.

 

They have to whip up a witchhunt against somebody, so why not Anglo-Saxon bankers? Nasty reflexes are at work. German and French politicians in particular should be very careful about inciting populist hatred against a group that makes such easy prey. We have been there before.» 

publicado às 14:20

É "isto" a nova civilité française...

por Nuno Castelo-Branco, em 09.12.11

 

  Que Sarkozy é absurdamente vulgar - para não escrevermos "rasca" -, já todos sabíamos, mas passar dos limites mínimos da civilidade, apenas nos garante o desejo de o ver fora do Eliseu no próximo ano.

Tags:

publicado às 23:06

Papandreou 1 - Merkel/Sarkozy 0

por Samuel de Paiva Pires, em 02.11.11

Merkel e Sarkozy já congratulam Papandreou pela consulta popular, adjectivando-a de legítima, sugerem a formulação da pergunta e exprimem claramente o desejo de que os gregos devem votar se continuam ou não na zona Euro. Papandreou já ganhou um round da aposta.

 

publicado às 23:43

A república do vale tudo

por Nuno Castelo-Branco, em 07.10.11

O fulano que chupa cem milhões de Euros aos republicanos - e aos monárquicos também - franceses, arranjou o expediente do costume, há uns anos inaugurado pelo risonho Tony Blair e pela sinistra Cherie, essa imitação rasca da Cruella dos 101 Dálmatas.

 

Se toda a França - e arredores - já viu as pernas, o rabo e as mamas da Bruni, agora apenas faltava um nascimento presidencial. O que eles fazem por mais uns votos... A anafada Le Pen meterá assim tanto medo? Onde andarão as paladinas da luta contra a "coisificação"?

publicado às 01:07

A respeito da intervenção na Líbia

por Samuel de Paiva Pires, em 20.03.11

 

1 - A UE anda há anos a financiar organizações nos países do Magreb que estimulem e promovam a democracia nos respectivos países. Agora temos alguns dos seus Estados-Membros à cabeça desta operação. Estamos cada vez mais próximos do ideário norte-americano neo-conservador do que se possa pensar.

 

2 - Guardar como nota mental que a Rússia que agora se abstém e mostra reservas quanto à intervenção, é a mesma que interveio na Geórgia precisamente sob o mesmo pretexto de protecção dos civis. Não são apenas os europeus e norte-americanos que são hipócritas.

 

3 - Sarkozy deveria convidar Kadhafi para jantar e aproveitava para comparar com o ditador o tamanho dos respectivos órgãos reprodutores. Poupava-se muito trabalho e dinheiro nesta “Bigger dick foreign policy”.

 

4 - Nos EUA, com uma economia já de si fortemente deficitária, em larga escala devido aos elevadíssimos custos das guerras em que estão envolvidos, o próprio Messias da esquerda europeia viu-se empurrado para esta guerra. É bom para Obama que desta feita haja realmente um plano realista pois o desfecho desta será determinante para o seu futuro político.

 

5 - Se fosse vivo, Huntington rir-se-ia dos seus críticos. E Barry Buzan continua a ter razão. Criámos um sistema de permanente ingerência interna nos assuntos uns dos outros, e com a retórica dos direitos humanos estamos cada vez mais a encurralar-nos a nós próprios com hipocrisias e double standards.

 

6 - E talvez o mais importante. Sabendo que é apenas uma questão de tempo até Kadhafi ser apanhado, se não o for morto, o que é que lhe acontecerá a seguir? O que é que os mesmos líderes que andam há anos a apaparicá-lo e a deixá-lo passear com a sua tenda e guarda pretoriana por aí irão fazer?

publicado às 20:57

Chulices Sarkozianas

por Nuno Castelo-Branco, em 30.05.09

 

 

Essa ridícula caricatura do país que outrora foi a França, atreve-se pela decisão do seu não menos vulgar e caricato miston-president Sarkozy, a cometer um despautério de contornos guignolescos.

 

Aproximando-se as comemorações do desembarque na Normandia, o actual cônjuge da Bruni decidiu não convidar a rainha Isabel II para as ditas cerimónias. Inacreditável, o descaramento que os parisienses comedores de rãs manifestam, sempre que alguém ameace tirar-lhes o protagonismo! Não valendo a pena sublinhar o festivo e quase triunfal acolhimento que a população rural francesa lhe dispensa - ignorando ostensivamente os consecutivos residentes do Eliseu -, convém recordar o simples facto de Isabel II representar  um país que foi essencial para a sobrevivência da própria França. Durante a II Guerra Mundial, enquanto a colaboração gaulesa com o ocupante era a nota dominante - e até de forma lúdica parodiada na impagável série Allo-Allo -, os ingleses souberam mostrar a sua fibra e condescenderam em patrocinar as FFL de De Gaulle, ínfimo movimento que mercê da evolução do conflito, acabou por se transformar num verdadeiro governo exilado que permitiu aos franceses apresentarem-se em 1945, como injustos vencedores numa guerra para cujo desfecho pouco contribuíram.

 

Será uma reunião de homenzinhos, desde o miston Sarkozy ao inenarrável Medvedev e outros partenaires habituais nestas comemorações onde cada vez mais, o sentido da história se perde em benefício do alçar de criaturas que normalmente nem numa nota de rodapé seriam mencionadas.

publicado às 14:32






Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas


    subscrever feeds