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Não conheço pessoalmente Alexandre Soares dos Santos, mas falei com uma amiga polaca há poucos dias que me confidenciou que os supermercados do grupo Jerónimo Martins estão espalhados pela Polónia como cogumelos depois de uma chuvada. Não tinha de me confidenciar coisa alguma, não é segredo - todos sabemos do seu sucesso por terras do prato de Varsóvia. O empresário Soares dos Santos deve estar a fazer qualquer coisa muito bem feita, mas nesta entrevista não consigo perceber se o admiro ou se me repugna. Das duas uma; ou a montagem da entrevista é maliciosa ou o homem também diz umas baboseiras. A edição da peça de jornalismo deixa algumas dúvidas no ar. Percebemos que Alexandre Soares dos Santos está metido com o arco da governação. Não interessa muito se é PS ou PSD que manda, desde que os independentes não tomem conta das ocorrências em Portugal. O homem demonstra pavor quando se lhe sugere que um independente "sem disciplina" possa soltar o caos e arruinar-lhe os negócios. Porque será? Porque sabe que conta com a assistência especial do PS ou do PSD. E aqui reside uma parte da contradição; Soares dos Santos refere que os privados têm sido "privados" de fazer negócio pela mão visível do Estado, mas não parece ter sido o seu caso. Ou seja, sugere um regime de excepção para a sua posição dominante e não pára de vangloriar-se das virtudes das suas empresas e defende que no sector privado não há corrupção. Francamente! É o dinheiro de privados que compra favores políticos para além de empresas concorrentes. Mas tenho de concordar com a sua ideia sobre a função do Estado na Educação e na Saúde. É essencial que estas duas dimensões não sejam regidas pelas leis do mercado. É o que eu digo; ao escutar o homem do Pingo Doce não sei se é peixe ou carne. Diz ele que quer um entendimento entre o PS e o PSD com pelo menos 10 anos de validade a seguir à putativa saída da Troika. Eu entendo o que ele quer dizer, e porque o diz - é bom para o (seu) negócio ter os amigos todos no saco. Mas, meu amigo, entendimento? Consenso? Acordo? Afinal ele é português ou holandês? A laranja que ele refere não me parece que seja mecânica.
Cavaco já tinha dado o mote na campanha eleitoral. Agora, chegou a vez de Paulo Otero, fazendo as vezes dos socialistas que perpassam todo o espectro partidário português, a expensas do erário público desgovernado por um engenheiro domingueiro e um alegado economista - seres que empedernidamente vociferam bacocas teses "cainesianas" como literatura de justificação, não se escusando a desenterrar do baú do "fássismo" a vulgata "patriótica" - emitir digno e altíssimo parecer onde faz saber que os cortes salariais no sector público são ilegais e inconstitucionais caso não se opere o mesmo tipo de medida no sector privado.
É só o que precisamos agora, que o sector privado, já de si gravemente asfixiado pelo coerção dos impostos, ainda tivesse que reduzir os salários dos seus trabalhadores por imposição Estatal, desmoralizando-os e acatando, provavelmente, efeitos nefastos a nível da produtividade. Eu, que não sou economista, e que liberal convicto me assumo a todo o momento, pergunto-me se não estará a faltar a muita gente passar os olhos em manuais de lições básicas de economia e de filosofia.
Se isto vier a acontecer, e se não ocorrer um verdadeiro levantamento nacional contra este estado de coisas, só provará que os portugueses nada fazem quando são literalmente roubados para pagar as asneiras dos outros. E se assim for, vou acelerar aquilo que já escrevi aqui há uns meses: Eu irei emigrar, seja lá para onde for, em 2011 ou, no máximo, em 2012. Nessa altura direi aos demais portugueses, parafraseando João César Monteiro : «Quando subi aos céus, disse para todos os mortais: fod**-se agora vocês todos, que a mim já não me fod** mais!».