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Oração a Santa Tecla

por Fernando Melro dos Santos, em 10.09.14
A ti minha Santa, ícone de muitas noites em claro
e do ânimo telúrico com que desprezo o meu semelhante,
rezo para que a velhice nunca me traga a veia penitente
que a tantas boas pessoas hoje desliga o switch da raiva e do nojo,
deixando-os trocar uma boa meia-hora a ler ou a jogar flippers
por essa arena nauseabunda em 16 x 9 e cores garridas, sociais,
onde se digladiam dois protozoários intelectuais
a golpes de cuspo e com a verticalidade de escarros.
Sê clemente na tua piedade imaculada e previne, ó Santa
esta gente de reincidir no crime ignominioso do voto.

publicado às 21:21

Estar na oposição

por Manuel Sousa Dias, em 28.05.14
É sempre útil ter um camelo para fazer a travessia de um deserto.

publicado às 13:37

O nome da rosa-laranja

por John Wolf, em 02.11.13

Só faltava Passos Coelho oficializar o regresso de José Sócrates. Ao fazer comparações entre o seu reinado e o do outro (o "outro" é um termo politicamente incorrecto, eu sei), reconhece direitos adquiridos ao socialista-écrivain - concede-lhe a importância que ele merece. O actual primeiro-ministro demonstrou, porventura sem o desejar, que Sócrates não é apenas um problema do passado, mas poderá vir a ser um rival num futuro próximo. Depois de sucessivas tampas de Seguro, a propósito do guião da reforma do Estado e do orçamento de 2014, Passos Coelho vira-se para aquele que está ávido por desferir uns golpes, mas que ainda não tem as luvas da titularidade política calçadas. O primeiro-ministro quer mostrar ao lider da oposição Seguro que nem precisa dele para invocar as fracturas profundas que opõe os socialistas aos social-democratas. Sabemos muito bem que Seguro não é comparável a Sócrates (é igual a si), e deste modo Passos Coelho retira força aos socialistas ao se "picar" com um político ligeiramente civil - Sócrates é uma espécie de fantasma da Troika, regressado do mundo dos políticos mortos-vivos para distribuir a culpa pelos outros e eximir-se de responsabilidades. À medida que Sócrates se reintegra na vida política e social do Rato, vai reavivando a fraca memória dos portugueses - estes irão lentamente recordar que foi o mestre de Paris que assinou o memorando de entendimento, que foi ele que conduziu o país a esse estado de calamidade que infelizmente teve continuidade através das políticas de austeridade do actual governo. Afinal Sócrates tem uma missão importante a cumprir na tomada de consciência dos cidadãos portugueses. Sócrates regressa ao cenário de sismo económico e social para o qual contribuiu, impávido e sereno, mas os portugueses sabem o que a casa gastou. Quem negar as responsabilidades de um e de outro na actual crise, não estará a ser honesto e justo. A ruína não pertence em exclusivo aos sociais-democratas ou aos socialistas. Foi uma longa sociedade por quotas destes dois parceiros que ditou o rumo penoso de Portugal. O país vive o dilema do prisioneiro e não existe uma jogada que possa eximir as duas principais forças políticas das suas responsabilidades. Seria bom que soubessem, que nalguns casos, as laranjas e as rosas não se comparam - nem se cheiram.

publicado às 15:31

Porto Moreira

por John Wolf, em 30.09.13

Se eu tivesse de eleger o vencedor absoluto das autárquicas, esse homem seria, sem margem para dúvida, Rui Moreira. As suas primeiras frases de declaração de vitória não servem apenas a cidade do Porto, devem servir o país: "pela primeira vez, o partido que venceu na cidade foi o Porto". Esta simples linha política é mais do que um mero chavão de ocasião e não será esquecida tão facilmente. A afirmação - uma espécie de primeiro tijolo do processo político -, tem implicações para a totalidade do território. É um aviso sério à navegação partidária dos compinchas e um estímulo para todos os movimentos alternativos ou independentes. Portugal viu nascer um político com um sistema operativo totalmente novo - não é um upgrade de um modelo já existente no mercado. É um design original com a folha limpa, com futuro pela frente e sem passado duvidoso. Os detractores e delatores da bola, invocaram desde o primeiro minuto dos festejos do independente Moreira, que este representava uma mera extensão figurada do CDS, como se este fosse uma marioneta ao serviço dos centristas. Mas não se trata disso. Rui Moreira tem o seu quadro-base de valores, mas soube afastar-se da catequese doutrinária para granjear a confiança da sociedade civil. Em duas penadas de inteligência demonstrou que é o extremo oposto de Seguro - é competente e sabe transmití-lo -, e ao fazê-lo inspira confiança muito para além da cidade do Porto. Penso que estamos diante de alguém com carisma suficiente para servir Portugal de um modo muito mais substantivo. Ainda bem que não tem percurso político. Ainda bem que não é um notável recauchutado de um município para o seguinte, de um partido para outro. Nos próximos dias seremos surpreendidos com a inclusão na sua equipa de indivíduos sem cadastro político mas com perfil adequado para servir um Porto em crise, um Portugal em descalabro. Se Costa foi o vencedor incontestado de Lisboa, Moreira será mais do que um "simples" vencedor do Porto. Será, se assim o desejar, o embaixador de um Portugal que quer acreditar no futuro. Os socialistas que cantam vitória em todas as categorias, assentam a sua existência numa matriz de apoio tradicional que conhece os seus limites e define a sua doutrina com muita convicção e auto-suficiência. Rui Moreira, que não é partido e não é nada, apenas depende de si, mas já declarou que irá incluir uma panóplia de protagonistas para atingir os objectivos da sua missão. E é aqui que reside a sua vantagem. Os outros, os partidos, têm valores de referência e notáveis, mas que deixaram de o ser de um modo inequívoco. O movimento dos indignados e os protestos de rua não estão necessariamente por detrás de Rui Moreira, mas têm uma quota importante de responsabilidade na sua eleição. Agitaram as águas políticas e alertaram para a corrosão dos partidos políticos. Mas Moreira fez o que fez, sem se aproveitar de marchas por avenidas com aliados ou por alamedas da liberdade. Foi suave e inteligente, sabendo interpretar o mood social e político dos portuenses. Neste caso em particular, foi o Porto a centralidade da sua acção, mas o que invocou serve um manifesto geral. Lentamente começamos a vislumbrar uma nova disposição política em Portugal. Não sei se Costa aguenta os quatro anos de mandato que a população de Lisboa lhe conferiu, mas terá seriamente de pensar nas agruras que um dirigente como Seguro pode trazer. Moreira, sem o desejar, é uma pedra no sapato de Seguro, por demonstrar de um modo abismal que há certas pessoas que parecem ter nascido para a política e outras não. Contudo, como já havia referido antes, os resultados das autárquicas não desequilibram as contas da troika nem servem para afastar a expressão dos juros da dívida. A vida negra decorrerá debaixo das mesmas nuvens de contrariedades. Mas o que aconteceu no Porto é de aproveitar. É uma tocha à entrada do túnel. A contagem dos votos ainda decorre, mas podemos afirmar de um modo paradoxal, que nada e tudo mudou em Portugal. No Porto e quem sabe nos arredores.

publicado às 09:06

Messianismos propagados com fel

por João Pinto Bastos, em 30.09.13

Parece que, em alguns meios da opinião publicada, Rui Rio foi erigido, repentinamente, como o novo messias da política portuguesa. Lamento desapontar-vos, mas Rui Rio, por enquanto, terá, forçosamente, de ficar recluído à espera de que piores dias venham. Sim, é certo que o PSD perdeu espaço político, ao deixar escapar de forma clamorosa algumas das principais edilidades do país, sem esquecer a verdadeira débâcle eleitoral sofrida na região do soba Jardim. Sim, é certo, também, que a partidocracia nacional sofreu um forte abalo, que não se limitou, note-se, ao PSD de Passos. Contudo, fazer destes resultados uma espécie de clamor subterrâneo pela ascensão política de Rui Rio ao leme da nação, cheira demasiado a bafio, a um bafio que eu julgava já extinto. A culpa não é, certamente, de Rui Rio, aliás, o ainda presidente da Câmara Municipal do Porto tem estado, diga-se a abono da verdade, bastante silente, porém, há certos papagaios regimentais que não aguentam, por mais que a realidade lhes dite o contrário, a legitimidade das urnas. Que Deus lhes perdoe as manigâncias. Entretanto, eppur si muove,  o CDS, brilhantemente guiado por Paulo Portas, obteve um excelente score eleitoral, tendo em conta que, antes destas eleições, o partido era o parente pobre do poder local. Os centristas conquistaram 5 câmaras, ganhando, com isso, um alargamento da sua influência política nos municípios portugueses. O PS de Seguro, que Manuel Alegre, num acesso de "a mim ninguém me cala", qualificou como o grande vencedor da noite, foi, na verdade, um vencedor muito frouxo, aliás, frouxíssimo, o que, em bom rigor, é plenamente explicado pela perda de fôlego verificada nos últimos tramos da corrida às principais praças eleitorais. Quanto ao Bloco, comprovou-se, se dúvidas existissem, que, hoje em dia, o partido do caviar e do ipad para menininhos rebeldes, é uma inexistência política, que só sobrevive graças aos merdiocratas frequentadores das noitadas do Bairro Alto. Já o Partido Comunista, cujos resultados foram, infelizmente, demasiado risonhos, pode agradecer ao seu tão odiado Deus tamanha dádiva, pois, aqueles 7 a 8% de portugueses desguarnecidos de inteligência voltaram a dar, sabe-se lá como, ao partido da foice, do martelo, e do genocídio apoiado fora de portas, o comando de alguns centros urbanos de relativa importância. Os resultados eleitorais, analisados à primeira vista, oferecem, vistas bem as coisas, uma catadupa de leituras, mas o que importa relevar é que os portugueses, com algumas reticências pelo meio, manifestaram um profundo desagrado face à partidocracia reinante. Para bom entendedor meia palavra basta. O que sairá daqui só o futuro o dirá. 

publicado às 02:40

Vencedores e vencidos - uma lista aberta

por João Pinto Bastos, em 30.09.13

Seguindo o método do Rui A., aqui fica a minha lista de vencedores e vencidos:

 

Vencedores: Paulo Portas, Rui Moreira, António Costa e José Sócrates.

 

Vencidos: Passos Coelho, Luís Filipe Menezes, António José Seguro, Alberto João Jardim e Vítor Baía.

publicado às 00:23

Onde está a Merkel de Portugal?

por John Wolf, em 23.09.13

Onde está a Merkel de Portugal? Não será concerteza Passos Coelho e muito menos um opositor frouxo como Seguro. Mas Merkel também ganha outros prémios de carreira para além destas eleições propriamente ditas. A questão de longevidade política da chanceler alemã deve ser colocada numa perspectiva comparativa e internacional. Margaret Thatcher está prestes a ser destronada enquanto lider com mais anos de serviço. Com uma breve passagem de Maria de Lurdes Pintassilgo pela chefia de um governo nacional, entre 1979 e 1980, Portugal nunca conheceu um outro perfil feminino capaz de liderar um país (Ferreira Leite? Leonor Beleza? Belém? não me parece). Mas a questão não deve ser colocada em termos sexistas, para desdém de machistas ou gáudio de feministas. Esse facto estatístico é uma mera curiosidade do livro de Guinness político. O único critério que deve pontuar as lideranças é a competência e a capacidade de integrar consensos. As eleições alemãs são um bom exemplo de fair-play político. Angela Merkel sabe, logo à partida, que terá de procurar parceiros de um modo natural, procedendo a uma operação siderúrgica de fusão para formar um governo uníssono. A partir desse momento o exterior deixa de ouvir falar em dissidências e contrariedades internas. A Europa e o resto do mundo não será testemunha de processos negociais e ajustamentos que acontecem nos bastidores do governo alemão. O executivo anterior, composto por rivais e competidores políticos, será como o que se segue - comprometido com o futuro do país e da Europa. E isso decorre de um modo distinto, de acordo com uma cultura política afinada ao longo de décadas de autocrítica e marcada por ousadia económica e social. A população de países europeus sob programas de ajustamento precipita-se ao sentenciar Merkel enquanto madrasta da austeridade. Um desfecho eleitoral distinto poderia ter sido bem pior, se elevasse a voz daqueles com disposição para atirar para fora do Euro países sob a batuta da troika. A continuidade de Merkel significa que o governo de Portugal sabe, de um modo genérico, com o que vai contar. Não irá haver uma inversão de marcha ou uma mudança de direcção muito acentuada. O que acontecer à Grécia nos próximos tempos servirá de powerpoint para outros destinatários. Mas a Europa será o eixo central da política alemã. A nação germânica sabe que a sua regeneração demográfica está em risco e o seu refrescar passa por acomodar uma visão transnacional, que não tem tanto a ver com uma lógica de supremacia política, mas sobretudo  com a necessidade de garantir a sua própria sustentabilidade económica e social. A Alemanha está mais dependente do sucesso de países como Portugal, Grécia ou Irlanda do que pode parecer. O caos dos outros não faz bem à saúde do motor da Europa e essa percepção terá efeitos nos limites da austeridade que se pode impor aos amigos do Sul. O problema que se coloca a Portugal, e que contrasta com a pessoa política que Merkel representa, tem a ver com a falta de competência intelectual e académica dos lideres nacionais. Passos Coelho pouco ou nada percebe de física, e Seguro não serve para alquimista.

publicado às 08:21

Junta de Freguesia de Merkel

por John Wolf, em 21.09.13

As campanhas autárquicas aí estão em toda a sua força e esplendor. O surrealismo dada, dado, oferecido nos outdoors, de norte a sul do país reflecte uma constatação mais profunda - o modo artesanal como a política é exercida em Portugal. As agências de comunicação especialmente concebidas para criar as mensagens políticas acertadas são inexistentes, ou existem apenas para as cúpulas. Por outras palavras, significa que os partidos políticos não estão interessados em disponibilizar os seus meios numa base equitativa e coerente, de Coina a Manguito de Baixo. Mesmo as campanhas dos grandes como Costa, Seara ou Menezes estão pejadas de absurdidades e frases feitas a martelo - "Estacionamento gratuíto para residentes em toda a cidade" (atenção, será que a frase é mentirosa ou é apenas um encadeamento de palavras com sentido variado, caro Seara?). Significa que um residente de Benfica pode estacionar em Campo de Ourique à borliu? Não me parece, mas é o que diz o slogan de ocasião.  O tutti-frutti de cores e gostos políticos duvidosos revela o falhanço cultural do país - a  incapacidade de se rever de um modo crítico, com sobriedade e inteligência. A soma de todos os disparates que avistamos em cartaz, nas rotundas ou à entrada dos pueblos, nada trará a um país carente de uma solução integrada. A explosão de democracia, cujos estilhaços são agarrados por uma corja de desesperados políticos, apenas serve para diluir uma grande estratégia nacional. A Esquerda ou a Direita há muito que deixaram de existir, mas continuam a servir de poleiro para extravagâncias e reinvindicações furadas. O folclore das autárquicas não é apenas visual. Os chefes estão a perder as suas vozes e não apenas no sentido literal. Os argumentos são gastos, reciclados e pouco credíveis. Seguro e Semedo (a que se seguirão outros mais resguardados das correntes de ar) não aprenderam a colocar a voz. São cantores espontâneos, amadores que descuram detalhes e ignoram a técnica. É tudo feito às três pancadas e por isso não têm pernas para andar. Andam por aí, a fazer quilómetros em vão, porque os dados já foram lançados. Há eleições no domingo e essas não levam em consideração os arraiais de feira e os jantares-convívio. Seja qual for a expressão da vitória da Merkel, a Alemanha poderá retomar a política virada para o exterior. Durante os últimos meses, a chanceler alemã teve de demonstrar perante os seus eleitores que o seu "core-business" é germânico, mas com a sua reeleição, a política das periferias voltará a fazer parte da sua agenda de um modo intenso, com a Grécia à cabeça da lista das suas preocupações. A austeridade dos outros será um dos lemas despejados com a mesma intensidade de outros ciclos.  Tempos difíceis avizinham-se para a Europa, porque o preço a pagar não será realizado integralmente pela centralidade, pelo norte. As agências de comunicação política na Alemanha sabem o que estão a fazer, mas isso é um factor que em nada ajuda Portugal. Pode parecer que a festa autárquica se encontra nos antípodas do que se passa na Alemanha, como se a dança de cadeiras acontecesse num mundo à parte e não tivesse importância. Mas não é bem assim, está tudo encadeado e interdependente. E nada disso está presente na consciência política de candidatos à freguesia ou repetentes de câmara. Os seus slogans políticos ficam-se pelos limites de um conselho pouco sábio. Tudo isto é fado, tudo isto é tão triste.

publicado às 07:52

Não é por nada...

por João Pinto Bastos, em 19.09.13

Mas a sobredita apresentação da magnum opus de Sócrates após as eleições autárquicas visa, exactamente, o quê e quem? Vá, não sejam inocentes.

publicado às 16:46

A guerra das décimas

por João Pinto Bastos, em 19.09.13

Há uns tempos atrás, não sei precisar quando, um amigo dizia-me, com uma certa pitada de ironia, que Seguro é um tipo simpático, mas, infelizmente, demasiado banana. Deixando de lado a adjectivação acima referida, até porque a minha análise política não se arrima no insulto desbragado, não posso deixar de sublinhar que Seguro, em tudo o que faz, diz e orienta, é, queira-se ou não, um enorme fiasco. Fiasco nas ideias, fiasco nas propostas, e fiasco no modo de comunicar as suas balelas apolitizadas com os seus concidadãos. Repare-se, por exemplo, na mais recente "polémica" - chamar a isto polémica, é o mesmo que dizer que o candidato Noray de Vila Nova de Gaia é polémico - da política portuguesa. Falo, pois, do duelo cinemático dos 4,5% de défice de Portas contra os 5% de Seguro. Em primeiro lugar, Seguro, como não poderia deixar de ser, avança com um determinado número, sem cuidar das consequências do que afirma. Para Seguro, 5% ou 6% seriam, para os objectivos a que se propôs, exactamente a mesma coisa. O que importa aos valedores desta lógica oposicionista deslavada e carente de ideias é firmar uma pseudo-oposição só porque sim. Se Portas ou Passos dizem ai, Seguro, só porque "lidera"a oposição, diz ui, se o Governo disse mata, Seguro diz esfola. Não é difícil, perante este cenário alvar, chegar à conclusão de que os socialistas estão metidos numa bela embrulhada. Entretanto, os juros continuam na sua trajectória de subida, inermes aos avisos recidivos de Seguro. Com uma oposição destas, o Governo, por mais que falhe e desiluda, terá as portas da reeleição absolutamente franqueadas. Para bem do país, note-se.

publicado às 14:52

Bypass aos socialistas

por John Wolf, em 01.08.13

Lentamente vamos percebendo o guião que nos conduzirá à próxima legislatura. Aos poucos, com a ajuda de colaboradores como Cavaco e Soares (sim, os mesmos de sempre), um certo alinhamento vai ganhando forma. O partido socialista parece ter dado entrada nas urgências políticas - vai ser sujeito a um bypass. O governo vai aos poucos estabelecendo uma relação de pré-amizade com os trabalhadores Portugueses. Não me quero esticar muito, dadas as parcas provas de estabilidade no convívio, mas o facto do governo ter encetado negociações com a UGT, significa que a oposição parlamentar é dispensável. O governo deu despacho a um novo transporte executivo que passa ao lado da oposição. O que Pedro Mota Soares andou a fazer sem se deslocar de vespa, é um primeiro sinal da construção de uma nova colmeia de consenso - uma abertura quanto baste para causar ainda mais enjôos àqueles que se julgam os donos do entendimento dos anseios nacionais, os únicos intérpretes de um conceito inexistente em política, a verdade. Os socialistas puderam ler a tabuleta afixada na porta de serviço, mas não quiserem entrar nessa zona de acesso restrito. Até parece que um porteiro lhes negou a entrada, mas foi mais um in-sai job. O que o governo está a fazer é remendar as calças cáidas pelos joelhos com o pano que tem à mão. Não se trata de uma declaração inequívoca de salvação nacional nem constitui uma união nacional, mas representa a abertura do estabelecimento a novos fornecedores, ávidos por promover as mais antigas técnicas laborais. O executivo de Passos Coelho entende que mais vale falar directamente com os visados do que com um representante de um conjunto de utopias de governação. Nem sequer era necessário que o histórico fundador do Rato desse umas bofetadas no afilhado Seguro. O joker desse frágil castelo de cartas iria cair por si. Era apenas uma questão de tempo, de tampas dadas pelos colegas ideológicos. Lá para as bandas socialistas o ambiente em torno da mesa de jantar não é dos mais simpáticos. Seguro entornou o caldo com a sua brandura dos cinquenta. Quando se levantou para discursar foi ao bolso errado da casaca e esqueceu-se do cravo na lapela - ficou-se mais por uma no cravo outra na ferradura. Seguro tem um cartão de cidadão com uma idade lixada para o conceito aguerrido de convicção. O líder do momento nasceu inter-geracionalmente. Não foi cultivado pelo dogma profundo nem pelo arado dos ventos revolucionários. Apareceu num apeadeiro entre duas estações centrais. E a pergunta que se coloca é a seguinte; se o governo (disposto a sobreviver a todo o custo), for aproveitando as propostas dos socialistas, e estas forem de facto acertadas e boas para o país, porque razão desejam os socialistas chegar ao poder? Não bastará que as suas soluções caminhem para os ministérios e os representem condignamente? Até podem ficar com os louros olímpicos, desde que o país consiga sobreviver à maratona. Se se trata de uma questão de poder pelo poder, então mais vale a pena ficarem quietinhos. Se as brilhantes e precoces ideias dos socialistas servirem o país e o governo as aproveitar, então o país ganhará e eles figurarão de um modo distinto aos olhos de tantos e tantos descrentes. Seguro pode até se tornar histórico por ter sido responsável pela renovação que terá de acontecer no PS. No mínimo deve ser acreditado com um emblema de arrumador involuntário da casa. Não vejo outra possibilidade se não essa. Não imagino o renascimento de um Fénix Seguro. Não consigo sequer imaginar uma mudança de indumentária que possa aliviar os nossos maiores receios. Já vi outros políticos o tentarem e falharam redondamente. De repente, face às contrariedades dos últimos tempos, lá aparece um novo Seguro com outro look, quiçá com umas patilhas farfalhudas, lentes de contacto, um bigode à Torres Couto (na sua primeira fase), e, mais importantemente, uma distinta colocação de voz - um timbre menos cavernoso acompanhado por tosse/escarro, algo mais gutural, menos político ou polido. E essa medida drástica seria porventura a mais surpreendente de todas na sua carreira. Realmente não sei mais o que fazer ao socialista que matou a oposição e que emprestou um cajado ao governo que lá vai caminhando. Que lá vai marchando, mesmo que manco e aos poucos.

publicado às 10:27

Seguro sob escuta! Cuidado!

por João Pinto Bastos, em 21.07.13

Pelos vistos, a sede nacional do PS está a ser escutada por alguma entidade desconhecida, ou, vá, por alguns voyeurs "desconhecidos", cujas necessidades primordiais são, ao que parece, a audição das postas de pescada do inseguro Seguro. Ele há gostos para tudo. 

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publicado às 23:13

Portas giratórias

por John Wolf, em 04.07.13

Começo este post com o seguinte aviso: caro leitor, muito provavelmente as linhas que se seguem, daqui a umas horas já não farão sentido. É bem possível que nada faça sentido amanhã. Mas se eles pensam que com o seu comportamento podem destruir a minha credibilidade estão enganados. Não vou permitir que me apanhem em flagrante contradição.  A dizer e a desfazer. Fica feito o aviso. Também tenho as minhas defesas e estou em condições de avançar com algumas suposições políticas. Muito bem. Começo por dizer que lentamente começo a entender o que se está a passar. Paulo Portas quis imitar a Troika. O coligado quis realizar a sua própria avaliação do desempenho do governo. O seu próprio exame ao desempenho do governo. Mas, para o realizar de um modo idóneo, nunca poderia fazer parte do mesmo - seria um conflito de interesses se auditasse as decisões políticas fazendo parte do executivo. O exame irregular que pretendeu efectuar só poderia ser feito aproveitando a perspectiva de Seguro. Ou seja, longe do poder, fora de portas e na qualidade de crítico distante. No entanto, o egoísmo político de Portas serviu outras causas. Funcionou como ensaio geral para um sismo. Fez soar alto o alarme de emergência. O que ele organizou foi um simulacro. Confrontou o país com o maior dos seus medos. Um verdadeiro terror político - a possibilidade de um governo liderado por Seguro. A pergunta que ele fez foi: querem imaginar, por um instante, eleições antecipadas e Seguro ao comando dos destinos da nação? Então fechem os olhos e vejam bem o berbicacho em que se vão meter. Na minha opinião foi absolutamente brilhante o que Portas ofereceu a Passos. Até irei mais longe; é bem possível que o plano de evacuação tenha sido combinado, ensaiado em Conselho de Ministros. A carga emocional teve de ser descarregada da palette em pequenas partes para criar o efeito de crescendo dramático. Gaspar? Sim? Primeiro vais tu. Escreve uma cartinha e tal, e dá-me umas ripadas que a malta agradece. E tu, Portas, amua mesmo. Dá um murro na mesa quando eu chamar a Albuquerque. Pois. Tudo isto faz parte da política e só não vê quem não quer ver. A encenação funcionou. Enfraqueceu de uma assentada o presidente da república e obrigou Seguro a procurar ajuda psicológica. Seguro tornou-se bipolar sem o saber. Confundiram-no por completo. Já não sabe se vai ou fica. O homem tinha as malas feitas para rumar a São Bento e eis que lhe trocam as voltas do canhão. Já não tem a chave, e ainda por cima, a Troika, através de mandatários designados para o efeito, já avisou que ele pode tirar o cavalinho da chuva - eleições antecipadas nem pensar. Cortam logo o gás e a electricidade. Compreendo a consternação de muita gente, mas onde está escrito que uma coligação não pode ser renegociada? Ouvimos dinossáurios afirmar que não está garantido o regular funcionamento das instituições? O regular funcionamento das instituições? Está tudo doido? Será que ainda não viram quem está aos comandos de Belém? A política é feita de homens e há muito tempo que a Santa Trindade das relações políticas institucionais está escangalhada. Encontramo-nos, efectivamente, noutro paradigma de fretes, numa outra dimensão de fazer política. As ondas de choque provocadas por Portas fizeram-se sentir na sua sede partidária, mas também na cúpula dos socialistas. No largo do Rato devem estar finalmente a perceber que a mera sugestão de Seguro no poder fez com que os portugueses deitassem as mãos á cabeça e queiram mesmo emigrar. Tenho a certeza que até a mocidade socialista sentiu o desagrado da população em geral. Mais dia menos dia, temos congresso para substituir Seguro. No meio disto tudo, foi ele quem mais perdeu. Mas, como disse o outro, não interessa quem está no poder. Porque quem efectivamente está no poder é a Troika e dentro de dias cá estará novamente para realizar mais testes e exames. E já se sabe que quem semeia portas colhe janelas partidas.

publicado às 07:09

A diplomacia do croquete estragado

por João Pinto Bastos, em 11.06.13

O petismo é, de facto, um poiso de petralhas, para usar o jargão do indispensável Reinaldo Azevedo. Só isso explica o porquê de a "presidenta" do Brasil, Dilma Rousseff, ter estado, em primeiro lugar, com António José Seguro e Mário Soares aquando da sua chegada ao país. Há gestos que definem um(a) político(a). E este foi um deles. Misturar uma visita de estado com lamechices de cunho político-partidário é tudo, mas rigorosamente tudo o que um chefe de Estado não deve fazer. Se não ensinaram isso a Dilma, lamento. Ainda para mais sabendo que tem no elenco governativo que lidera um diplomata da estirpe de António Patriota. Mas adiante. A única questão que importa colocar é saber se Aníbal Cavaco Silva, chefe desta República da treta, teve a coragem suficiente para fazer o devido reparo à dita "presidenta". Duvido que o tenha feito. Cavaco não sabe o que significa a palavra coragem. Nunca soube. Quanto a Seguro, a única coisa que me apraz perguntar é o seguinte: no grupo de Bilderberg também se ensina a tripudiar o protocolo de visitas de Estado? Provavelmente, sim. A esquerda lusófona é mesmo uma súcia. Valha-nos Deus.

publicado às 00:13

Efeitos mediatos

por João Pinto Bastos, em 08.04.13

No rescaldo do anúncio do acórdão do Tribunal Constitucional escrevi que o "regime já deu tudo o que tinha para dar". Não errei no diagnóstico. Fui até bastante brando. Os dias que se seguiram, com a azáfama que tolheu meio país, designadamente o que vive na "Lesboa" das intrigas, confirmaram a crueza desta sentença. A oposição socialista, liderada por uma vacuidade desconcertante (um bem haja ao Rui A. pelo brilhantismo com que caracterizou a nulidade andante que lidera o dito partido), provou mais uma vez que não tem uma alternativa plausível para o caos em que o país está. A semana passada foi, aliás, bastante esclarecedora no que toca à inabilidade política de uma liderança que não tem mais nada para oferecer a não ser pusilanimidade. Desde uma moção de censura desajeitada até uma carta para a troika que diz e se desdiz no mesmo instante, passando, também, pela exigência de eleições, descartando, nesse acto, uma solução credível para os problemas do país, a última semana dos compagnons socialistas foi deveras penosa, para não dizer outra coisa. Ademais, ontem, o país inteiro ficou a saber, não obstante o triunfo de audiências do preclaro Marcelo, que Sócrates é o verdadeiro líder da oposição. Um líder "madurizado", populista e demagogo como nos horrendos velhos tempos. Um comunicador nato, que mentindo e omitindo continuará a trilhar o seu caminho de revanche e de ódio. Seguro é um mero peão a ser despejado da arena na hora certa. O próprio facto de Seguro marcar uma conferência de imprensa para as 18h30 do dia de hoje, atesta toda a sua fragilidade política. Não é desfaçatez, é pura desorientação, acompanhada de ignorância. Tudo isto é hilariante, no mínimo. Mas se os nossos problemas se reduzissem a Seguro, o cenário não seria tão cruel, porém, do outro lado da ladeira temos um Governo que, em boa medida, tem pela frente a verdadeira hora H. O Governo não tem mais desculpas para atrasar as reformas que se exigem. Passos falou, queixou-se e lamuriou-se, mas prometeu acção. Cumprirá o que disse? Não sei, para dizer a verdade, duvido muito. O histórico não avaliza uma leitura positiva de quaisquer boas intenções provindas de um Governo sumamente descredibilizado. Mais: se Passos quisesse realmente reformar este Portugalzinho já o teria feito há muito. Agora, será mais difícil fazê-lo. A base social de apoio do Governo diminuiu consideravelmente, e parte das elites do regime desejam uma "penedização" que, como é óbvio, só pioraria as coisas. O certo é que, com reformas ou não, o país tem pela frente desafios muito espinhosos. Basta dar uma vista de olhos pela imprensa internacional para constatar que a crença no ímpeto reformista deste Governo é quase inexistente. Das duas, uma: ou Passos reforma e liberaliza o país de vez e sem retrancas, ou a falência virá irremediavelmente. O tempo para as escusas da inacção terminou. Ou sim ou sopas.

publicado às 18:22

Um debate estúpido

por João Pinto Bastos, em 01.03.13

Um debate em que se pede o impossível: o fim da austeridade, com a bênção da troika. Estes socialistas não têm emenda.

publicado às 12:38

Ebriedade descontrolada

por João Pinto Bastos, em 01.03.13

Seguro propõe o regresso ao antigamente. Guilherme Silva diz que não se pode tocar no Estado Social. Como diria o outro, it's the insanity, stupid!

 

 (@JPintoBastos) 1 de março de 2013

publicado às 11:55

Seguro, um peixe fora de água

por João Pinto Bastos, em 10.02.13

Nunca depositei grandes esperanças na performance de Seguro enquanto líder da suposta oposição, mas depois da apresentação deste pequeno show de platitudes fiquei definitivamente convencido de que o actual líder (?) do Partido Socialista é uma autêntica nulidade que, em boa verdade, só lá está porque o putativo oposicionista, o Costa de Lisboa, decidiu, sabe-se lá porquê, dedicar o seu futuro político à apologia da obra socrática. Quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita, como sói dizer-se.

publicado às 23:41

Um partido marciano

por João Pinto Bastos, em 29.01.13

Um país que pára, sim, literalmente pára, para observar a candonga socialista é, de facto, um país condenado à inanição. De feito Campos e Cunha tem razão: a reforma do Estado não será uma verdadeira reforma sem uma modificação séria dos alicerces do sistema político. A contenda Seguro/Costa aí está para comprovar a veracidade do argumento do ex-ministro das finanças. Mais: este desaguisado interno demonstra que as elites políticas mais ignorantes são sempre as mais rapaces. 

publicado às 22:29

Sócrates anda por aí

por João Pinto Bastos, em 24.01.13

O Partido Socialista é um caso perdido. Após uma longa rave socrática, os meninos do coro do exilado parisiense continuam a mover as fichas de um jogo que, a despeito do que se passa no país, não há meio de acabar. Costa fala e não fala, Seguro questiona a pressa da coisa, Lello refere a existência de questões fracturantes, Silva Pereira deseja mais e melhor oposição, e, no fim, o que sobra? O que resta é um partido completamente alheado da situação do país, com clientelas rapaces que vivem do, pelo e para o Estado. Em suma, gente perigosa. Entretanto, os media dedicam-se, com afinco, a analisar a estupidez colectiva de um bando de meninos que, num país minimamente normal, já teriam sido apeados da vida política há muito tempo.

publicado às 22:28






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