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A Real Associação de Lisboa promove no próximo dia 2 de Março pelas 20,00hs o 1º Jantar debate “Conversas Reais” subordinado ao tema “Semi-presidencialismo à Portuguesa: funciona ou não?” que contará com a presença dos convidados especiais Pedro Lomba, docente universitário e colunista do ”Público” e Miguel Morgado, professor de Ciência Política na Universidade Católica de Lisboa.
O Jantar decorrerá em Lisboa no Restaurante Maritaca na Av. 24 de Julho, 68F (ao lado da discoteca Kapital).Para mais informações contacte a Real Associação de Lisboa para o telefone 213 428 115 ou reserve desde já o seu lugar comodamente na loja on-line. Aberto a não sócios.
O Manuel, no Café Odisseia:
Na América a Religião é um sinónimo de Liberdade. Foi a grande liberdade de culto que alimentou inicialmente o espírito e ideais republicanos daquela terra, foi a religião que permitiu aos intelectuais daquele tempo perceber as sábias palavras dos iluministas que preconizavam uma igualdade inspirada, entre várias coisas, no Cristianismo.
O que mantém esta simbologia cristã nas cerimónias públicas dos americanos é a Tradição, mas não somente pelos seus valores de imitação e continuidade (já aqui falei no que acontece às Tradições caducas). Todos esses valores inspirados pelo "God Bless America" ou "One Nation Under God" têm um significado intrinseco que os americanos usam para glorificar os que já passaram, muitas vezes morrendo por esses valores, e inspirar toda uma nova geração a abraçá-los e adoptá-los. Não se trata de um esforço para criar um comportamento-modelo por parte do Estado, mas sim da Tradição de um povo, com todo o seus significado para manter a sua dignidade e especificidade histórica. A Tradição, quando encontra nos seus símbolos os nobres valores que sempre representou, deixa de ser uma arma política e passa a ser um sinal de individualização dos povos, e os Americanos sabem-se únicos, e sabem que é isso que os torna a nação mais poderosa e provavelmente mais livre à face do planeta, capaz de se curar das mazelas governamentais de um mau executivo para ressurgir como terra prometida, sem usar de revoluções fracturantes, ao contrário do que é costume na Europa. É esta harmonia Povo-Estado-Indivíduo-Verdadeira Tradição que reforça a América.
Em Portugal não faz sentido usar este tipo de vocabulário nas cerimónias de investidura, por uma simples razão. O republicanismo português não tem qualquer simbolismo que o ligue ao povo português e à sua cultura, seja religiosa ou pagã (que a há). As cerimónias presidenciais, desde os tempos da Iº República, sempre foram realizadas em privado, na presença dos partidos ou entre os membros dos Conselhos, nunca foram motivo de júbilo para a sociedade. Assim, se o Presidencialismo Americano tem a força simbólica de uma coroação, o presidencialismo português é uma transição cuja espectativa se desmorona no momento da investidura.