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O petismo é, de facto, um poiso de petralhas, para usar o jargão do indispensável Reinaldo Azevedo. Só isso explica o porquê de a "presidenta" do Brasil, Dilma Rousseff, ter estado, em primeiro lugar, com António José Seguro e Mário Soares aquando da sua chegada ao país. Há gestos que definem um(a) político(a). E este foi um deles. Misturar uma visita de estado com lamechices de cunho político-partidário é tudo, mas rigorosamente tudo o que um chefe de Estado não deve fazer. Se não ensinaram isso a Dilma, lamento. Ainda para mais sabendo que tem no elenco governativo que lidera um diplomata da estirpe de António Patriota. Mas adiante. A única questão que importa colocar é saber se Aníbal Cavaco Silva, chefe desta República da treta, teve a coragem suficiente para fazer o devido reparo à dita "presidenta". Duvido que o tenha feito. Cavaco não sabe o que significa a palavra coragem. Nunca soube. Quanto a Seguro, a única coisa que me apraz perguntar é o seguinte: no grupo de Bilderberg também se ensina a tripudiar o protocolo de visitas de Estado? Provavelmente, sim. A esquerda lusófona é mesmo uma súcia. Valha-nos Deus.
E pronto, lá volta este jotinha às intimidades no Facebook, a chamar-nos amigos e a mandar-nos abraços. Mas alguém pode fazer compreender ao fulano que ele é Primeiro-Ministro e não o líder de uma distrital qualquer da JSD? Como dizia alguém, quando quem manda perde a vergonha, quem obedece perde o respeito.
Na origem do nome deste blog, como todos sabem, está este conceito, princípio ou valor, que embora de difícil definição, é passível de ser reconhecido enquanto virtude que caracterize alguém. Acontece que, ao ler On Democracy, de Robert A. Dahl, cruzei-me com um parágrafo (p. 73) que parece sumarizar bastante bem o que é o sentido de estado. Tomando a seguinte concepção, não é difícil percepcionar que é coisa que há muito vai faltando à maioria dos políticos portugueses - em muitos, para não dizer a esmagadora maioria, talvez nunca tenha existido - e talvez ajude a perceber porque é cada vez maior o desgoverno.
(imagem retirada daqui)
To govern a state well takes more than knowledge. It also requires incorruptibility, a firm resistance to all the enormous tempations of power, a continuing and inflexible dedication to the public good rather than benefits for oneself or one's group.
(imagem picada daqui)
Peço desculpa pela ausência, que irá continuar nos próximos tempos, mas imperativos de ordem académica impedem-me de marcar presença na blogosfera de forma tão assídua. Não podia, no entanto, deixar passar em branco a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado.
Esta resistência quasi-heróica de Dias Loureiro ao longo dos últimos meses fez-me recordar um escândalo que envolveu a cassação do mandato de Renan Calheiros, Presidente do Senado Brasileiro, corria o ano de 2007. Na altura, este foi acusado de ter aceite subornos. Também se falava em campanhas negras. Renan conseguiu ser absolvido no Senado por duas vezes, embora tivesse vindo a renunciar ao cargo.
É certo que Dias Loureiro não foi ainda julgado nem sentenciado a não ser em praça pública. O mesmo aconteceu a Renan já que a esmagadora maioria da população brasileira preferia que o mandato tivesse sido cassado. E ambos tiveram uma resistência que não sei se ficará a dever-se ao receio de que o acto de demissão possa simbolizar a assumpção da culpa - mas como, se supostamente têm a consciência tranquila não é? - ou se será apenas por boçal teimosia provocatória.
Também é certo que onde há fumo há fogo. Ou como dizia Salazar, "Em política o que parece é".
Obrigado caro Dr. Dias Loureiro por não envergonhar mais os portugueses. Só peca por tardia a sua atitude. Já podia ter-se demitido há e muito e constituir-se arguido a seu pedido, guardando silêncio e não provocando o lavar de roupa suja que agora já não tem retorno, que apenas tem como ponto positivo fazer prova da falta de Sentido de Estado das nossas "élites". Mais uma vez.
Desde que a sala principal da Assembleia da República está em obras as reuniões plenárias dos deputados passaram a ter lugar na Sala do Senado. Nem com a atenta vigilância de D. Luís I e dos Duques de Palmela, Saldanha, Terceira, Ávila e Bolama, Loulé, D. Guilherme, Fontes Pereira de Melo e do Conde do Lavradio, os senhores deputados e governo da terceira república conseguem ter qualquer inspiração de sentido de estado. Que pena. Às tantas mais valia retirar os bustos destes e talvez em vez da tela de D. Luís I se devesse colocar uma daquelas telas do Menino que Chora.