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A respeito desta medida do levantamento do sigilo bancário, concordando com o António de Almeida (aqui e ali), e com o Luís Rocha, recupero apenas algo que escrevi em Outubro de 2008:
Numa altura em que se assiste a um recuperar de forças e instrumentos por parte dos governos em detrimento do sector privado e se se vier a ter como provado o que tenho escrito sobre o reajustamento de todo o sistema internacional como reflexo desta crise, parece-me que a legitimidade moral das chamadas democracias liberais deixará de ser tão genericamente aceite e reflectida no sistema internacional, visto que China e Rússia passarão a desempenhar um papel cada vez mais activo, e sem esquecer os diversos emergentes que, podendo ser democracias eleitorais, dificilmente se poderão considerar como consolidadas democracias liberais.
Além do mais, mesmo nas chamadas democracias liberais, a tendência será para restringir liberdades, pois tendo mais instrumentos ao seu dispôr os Estados não hesitarão em utilizá-los. É elementar que quanto mais poder se tem mais se é tentado a utilizá-lo, numa analogia às palavras de Lord Acton de que o "poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente."
A combinação destas duas percepções, obviamente pessoais e não necessariamente correctas, causa-me a ligeira sensação de que daqui a uns tempos a sempre eterna discussão sobre o liberalismo vai voltar a centrar-se muito mais no campo das liberdades políticas e individuais do que no campo da economia. Devo dizer que sendo daqueles que acredita na acepção grega clássica do primado da política sobre as demais áreas ou saberes da governação, tal até não me parece mal de todo, pelo menos para mim é intelectualmente mais estimulante.