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Passos Coelho ou Cavaco Silva não podem fazer o que o Papa Francisco acaba de fazer. Pegar no telefone e ligar para um cidadão com o intuito de lhe dar alento, esperança. Que fique bem assente: não professo nenhuma religião em particular nem trabalho para a companhia de telefones. O que confirmo nesta chamada relaciona-se com a perda do mínimo denominador comum que liga os homens, a ligação empática. Os actuais governantes perderam a nação, mas também perderam a noção de que essa entidade sagrada não pode ser violada. Quando um lider perde o direito de estabelecer a ligação com o cidadão comum é porque a coisa não corre bem. Eu sei que estão a pensar nos soldados da paz e a falta que o abraço lhes fez. Mas, por outro lado, talvez já não queiram sentir "essa" mão no ombro. Se um número de telefone fosse discado e a chamada aterrasse na casa de um desempregado, de alguém caído fora do sistema, não sei se o contacto do call center seria um incómodo ou não. Oh, Passos, não tens nada melhor que fazer? Vai chatear outro. Desampara a loja. As telecomunicações políticas já não são o que eram. O que resta para que não desliguem o telefone na cara? Os outdoors das campanhas autárquicas? Os panfletos e as brochuras obscenas? Um homem como o Papa Francisco rasgou o protocolo e carregou o cartão de chamadas. Fala de igual para igual com os seus interlocutores. E é disso mesmo que se trata - credibilidade. A refundação da relação lider-seguidor, o restabelecimento da confiança a partir do grão inicial. Enquanto esse grau de proximidade não for restabelecido os governantes terão de continuar a emissão a partir de uma torre de marfim, um castelo de cartas.