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Racismo, meritocracia e desigualdades

por Samuel de Paiva Pires, em 27.09.20

O caso de ontem nas redes sociais foi o novo pivô da SIC Notícias, Cláudio Bento França. Permitam-me recapitular e tecer breves comentários aos três previsíveis “argumentos” que logo começaram a ser derramados por aí contra aqueles que se regozijaram com o acontecimento:

1 - “Não é o primeiro pivô negro em Portugal”. Claro que não, mas foram e são tão poucos, devido ao que se segue nos próximos pontos, que não pode deixar de ser notícia.

2 - “A cor da pele não é relevante, o que importa é que as pessoas desempenhem cargos para os quais têm competência e que alcançaram por mérito próprio”. Assim seria num mundo ideal, que não é o nosso. Estamos perante a perniciosa ideia de meritocracia, um pilar do capitalismo contemporâneo que permite justificar e normalizar estruturas e relações de poder que contribuem para a perpetuação de desigualdades e discriminações. Nos últimos anos, vários autores têm evidenciado efeitos negativos da crença na meritocracia, sendo esta, aliás, o tema do mais recente livro de Michael Sandel (The Tyranny of Merit). Mas podem continuar a acreditar que não partimos todos de situações desiguais resultantes de diferentes condições económicas das famílias em que nascemos (que os sistemas de educação, saúde e segurança social não conseguem atenuar como seria desejável), que em sociedades capitalistas onde os brancos constituem a maioria étnica e a burguesia é a classe social dominante basta ser trabalhador e competente para se conseguir ascender socialmente sem que a classe social, a cor da pele, o sexo, a orientação sexual ou a aparência (atente-se nos comentários sobre as rastas de Cláudio Bento França) sejam barreiras ao sucesso, e, por último, podem também continuar a adoptar o pensamento mágico de que todas as pessoas em posições profissionais e políticas destacadas estão lá por mérito e devido à sua competência – as últimas duas décadas demonstraram à saciedade a imensa competência de tantos políticos, CEO’s e banqueiros portugueses. Ou seja, podem continuar a viver no vosso domínio ontológico privado e a achar que o mundo é o vosso umbigo, mas não esperem que a realidade social se conforme aos vossos simplismos intelectuais.

3 - “Lá está a esquerda a abanar a bandeira do racismo outra vez quando Portugal não é um país racista, o que se comprova, entre outras coisas, por este caso, como por outros congéneres e até por termos um Primeiro-Ministro de ascendência goesa”. Em primeiro lugar, se aceitarmos este argumento, em que a selecção de um reduzido número de casos individuais (cherry picking, falácia de atenção selectiva) aparentemente valida uma tese (“Portugal não é um país racista”), então, a contrario, teremos de aceitar igualmente a selecção de outros casos, como Marega em Guimarães ou os assassinatos de Alcindo Monteiro e Bruno Candé, para confirmar a tese contrária (“Portugal é um país racista”). Como é óbvio, ambas as teses não podem estar certas, o que indicia a presença de vícios de raciocínio impeditivos de uma discussão racional. Ora, para começarmos a vislumbrar alguma racionalidade nesta discussão, importa desde logo questionar o que se entende por “Portugal”, se é o Estado-aparelho de poder, se é o Estado-comunidade. Com efeito, o Estado-aparelho de poder não prossegue políticas públicas racistas - pelo contrário. Já o Estado-comunidade - a sociedade portuguesa - é composto por indivíduos (e estes, por sua vez, compõem e moldam instituições e estruturas sociais formais e não-formais) com os mais diversos preconceitos racistas e outros que não têm quaisquer preconceitos. Portanto, o Estado-aparelho de poder não é racista, mas na sociedade portuguesa encontramos tanto indivíduos racistas como não-racistas. A discussão tem sido feita em termos maniqueístas e absolutos, i.e., de forma errada, porque a esmagadora maioria das pessoas não compreende que a realidade social é muito mais complexa que a sua mundividência e porque os actores políticos de ambos os lados têm interesse em alimentá-la naqueles termos para poderem dela retirar ganhos políticos.

Por último, permitam-me ainda sublinhar que se a direita persistir em deixar a esquerda reclamar como suas causas que deveriam ser transversais, ou seja, se deixar o combate às desigualdades económicas e sociais para a esquerda e continuar mais preocupada com certos espantalhos e os interesses de classes sociais privilegiadas, estará a condenar-se a uma ainda mais prolongada irrelevância política - leia-se, a não governar.

publicado às 14:13

A propósito do caso Raríssimas

por Samuel de Paiva Pires, em 14.12.17

Não deixa de ser curioso observar que, para muitos, o problema não se coloca apenas nos planos ético, legal ou político, mas sim, e sobretudo, no que diz respeito às origens sociais da fundadora e presidente da associação. Parece que o nepotismo e a corrupção, desde que praticados pelas pessoas certas, ou seja, de determinadas origens sociais e/ou familiares, são desculpáveis ou, pelo menos, a sua crítica não vem acompanhada de qualquer juízo acerca das origens sociais dos seus praticantes. Já uma "suburbana de Loures que começou a vida a vender jornais num quiosque" e que ainda teve o desplante de colocar um "e" entre os seus apelidos de forma a tornar o seu nome mais sonante (o que só mostra que percebeu bem a sociedade em que vivemos), não poderia nunca apropriar-se de fundos públicos de forma indevida sem ser, logo que descoberta, escorraçada como se tivesse peste bubónica. 

 

Isto, aliás, constitui quase uma lei que qualquer português de origens humildes ou de classe média que ascenda socialmente deve ter em mente: os que nascem no seio de uma família sem poder político ou económico ou privilégios sociais ligados a uma determinada classe têm de ser moralmente impolutos, sob pena de caírem em desgraça se se descobrir que incorreram numa prática eticamente duvidosa e/ou ilegal. 

 

Não quero com isto defender seja quem for, justificar seja o que for. Limito-me a observar uma característica transversal a muitos portugueses. Provavelmente, alguns, noutros tempos, fariam sempre questão de salientar que Cavaco Silva era "o filho do gasolineiro de Boliqueime." Outros, talvez ainda não se tenham refeito do choque com a desgraça em que caiu Ricardo Salgado, certamente uma vítima de circunstâncias excepcionais e nunca um ladrão sem escrúpulos que destruiu a vida a milhares de pessoas, a quem, ainda por cima, um Primeiro-Ministo sem pergaminhos de classe e que vivia e vive em Massamá ousou recusar ajuda. Não será, aliás, por acaso, que certas pessoas não só nunca se esquecem de sublinhar que Passos Coelho vive em Massamá - porque nas suas mentes parolas, quem tem um papel social de relevo e não vive na Lapa, Campo de Ourique, Estrela, Roma, Cascais ou Foz deveria ser um pária -, como criticam o ex-Primeiro-Ministro do PSD pelo caso Tecnoforma enquanto simultaneamente continuam a defender José Sócrates - embora isto também seja reflexo da clubite aguda aplicada à política. 

 

Ainda que, parafraseando Orwell, reconheça que alguns são mais iguais que outros - e isto é assim em Portugal como em qualquer outra sociedade, por mais igualitária que seja -, nem por isso a manifestação especificamente portuguesa deste traço de neo-feudalismo deixa de me parecer particularmente lamentável.

publicado às 23:32

Que impacto terá um Grexit em Portugal?

por Fernando Melro dos Santos, em 03.07.15

 

 

 

publicado às 17:56

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Em Portugal anda tudo com os nervos à flor da pele. Anda tudo muito sensível. Basta a Markel opinar sobre o grau académico de Portugal, e perde-se logo a compostura, fica-se logo incomodado. A primeira reacção cutânea é de repúdio e negação. Dá vontade de mandar a senhora àquele lugar (pela ??? vez), mas uma leitura mais atenta do seu atestado permite extrair outras certidões, apurar resultados diversos. Pois é. Durante décadas a fio (desde a democratização do ensino em Portugal), os portugueses quiseram se afastar o mais possível das nefastas taxas de analfabetismo, das origens humildes, da terra entranhada debaixo das unhas. E ter o menino a estudar na cidade para vir a ser um "verdadeiro" doutor era motivo de grande orgulho. É mais ou menos isto, em traços largos. Acontece que essa escalada académica  e social, de largas camadas da população, serviu também para discriminar ofícios "menores". Desse modo, instituiu-se que ser carpinteiro ou canalizador não era a mesma coisa do que ter uma licenciatura em gestão, e, de estigma em estigma, Portugal inverteu a cadeia de valores, negligenciando a importância de tantas funções requeridas na sociedade. O complexo de colarinho sujo dominou o espectro estatutário dos profissionais. Estabeleceu-se, de um modo mais ou menos explícito, que trabalhar na bomba de gasolina não é motivo de orgulho - o brio do mecânico escorreu também nessa sangria colectiva. Quando a Sra. D. Ângela diz que há licenciados a mais, está também a dizer que o país carece de profissionais no sentido integral, independente do grau académico que atingiram. Para mim é líquido que assim seja. Nos Estados Unidos pouco interessa o grau académico, ou mesmo o apelido, para todos os efeitos da missão profissional a cumprir. O que interessa é ser-se competente e eficaz seja qual for a posição ocupada. Se Portugal deseja a refundação económica e social da sua matriz, deve devolver a auto-estima ao trolha, ao almeida e ao sapateiro do bairro. Desde que sejam bons naquilo que fazem.

publicado às 20:36

Cravos e ferraduras de Portugal

por John Wolf, em 01.04.14

Estou em Portugal há menos tempo do que os seus 40 anos de democracia e, pela primeira vez, questiono de um modo profundo o seu futuro e as implicações para a minha felicidade e a realização dos meus objectivos. Numa frase: Portugal é um país maravilhoso para se viver, mas não para trabalhar. Na qualidade de estrangeiro fui sempre tratado de um modo magistral e afectuoso. Fui alvo de tanta generosidade, de gente simples ou não. Quando chegava à casa de um desconhecido levado pela mão de um amigo, sem demoras recebia o abraço afectuoso da casa e tinha de deixar à saída a promessa de tornar à mesma. Quando as emoções lastimosas se apresentam ao nosso espírito, a latinidade portuguesa ampara e evita a queda. Vamos sair que isso passa. E isto é muito valioso. Na vida agitada do dia a dia, o português inventa sempre uma hora para o encontro, o convívio - o café. Quando chega o sol então é uma alegria. O calor faz-se acompanhar pelas coisas boas da vida. Peixe assado e vinho branco, praia. Tudo isto é qualidade de vida e nem sequer estou a levar em conta a abundância de trocos para a prossecução desse esplendor. Não é (era) preciso muito para estar nas sete quintas. Mas isso infelizmente mudou drasticamente nos últimos anos e agora a felicidade em conta tornou-se cara, incomportável. Quanto a trabalhar em Portugal: a coisa muda de figura (com as devidas e merecidas excepções). Começa logo mal com a pontualidade - é coisa que não abunda. Três horas depois da hora agendada - é melhor ficar para amanhã (amanhã? Hoje já terei fechado o negócio com outro parceiro, por sinal de outro país, e que garante a entrega num prazo ainda mais apertado). A patologia prossegue ainda com as respostas que não chegam. Os mails que morrem na eternidade no inbox de destinatários toldados pela sua pretensa superioridade hierárquica. Depois temos a ausência de ambição profissional e vistas largas (o que tenho a ganhar com isso e por que razão devo esforçar-me se estou bem assim?). Depois há a falta de educação profissional - a cortesia que faz parte do protocolo. Quando se recebe algo, agradece-se. Depois há os contactos privilegiados que levam as coisas avante ou não. E aqui já não estou a especular. Para se conseguir chegar "lá" é preciso conhecer a gente "certa". Movimento-me em tantas dimensões profissionais e confirmo que os campos estão todos minados. Das artes às letras, da banca aos media, é a mesma coisa. Poderia continuar a dissertar sobre este mal-estar que me aflige e que coloca diante da minha pessoa um grande "poste" de interrogação. Será que Portugal consegue contrariar o que vem praticando há tanto tempo? Será que vale a pena investir o meu esforço num país que se rege por padrões comportamentais e políticos que tantos danos causam ao indivíduo e à ideia de mérito? Começo a pensar que não, que não merece a pena. O que vale mesmo são os valores que Portugal tem guardados na alma desses indivíduos que conhecemos e que conquistam a nossa amizade para todo o sempre. Com isso podemos contar. Mas é uma quase-saudade sem ter partido, sem ter sentido a ausência. Sem ter abalado para tornar a voltar. Ficar.

publicado às 09:45

O que deitou Portugal abaixo

por John Wolf, em 26.03.14

Sabem o que deitou Portugal abaixo? Não foi a grande teoria política, a doutrina ideológica revanchista. Não, senhor. Foi o chico-esperto que estaciona em segunda fila porque se julga o primeiro. Foi o malandro que procura um jeitinho na repartição. Foi o primo que arranjou o emprego para o afilhado lá na empresa. Foi a comadre que abarbatou os lápis e os afiadores da despensa escolar. Foi o artista que viu a sua obra publicada pela ex que manda lá na editora. Foi o construtor que subtraiu o valor do SISA na assinatura do contrato de compra e venda. Foi o realizador que orçamentou muito acima do valor necessário e que me meteu muita fita no bolso. Agora multipliquem isto tudo por 100 e terão os políticos que governaram Portugal nas últimas décadas. É mais ou menos isto, não é?

publicado às 09:46

Sr. Dr. Sem-Abrigo da Silva

por John Wolf, em 12.02.14

São títulos deste género que me dão a volta ao estômago: "um médico, um piloto e um engenheiro entre os 852 sem-abrigo em Lisboa". Até podia haver um astronauta e um prémio Nobel a dormir na estação de Santa Apolónia. Ou será que existem sem-abrigo de primeira e outros de terceira categoria? Este tipo de notícia não serve grandes causas. Eterniza aquilo que retratou Portugal nas últimas décadas - a ideia de privilégio, a noção fortemente entranhada de estrato social, de hierarquia. Quais as implicações decorrentes deste relato? Que por haver diplomados nas hostes de sem-abrigo a matéria tem de ser endereçada politicamente como deve ser? Será que "o senhor engenheiro e sotôr" podem escolher os melhores locais no átrio da Estação do Oriente para encostar a cabeça? Francamente. Assim não vamos lá. O destaque dado a este pormenor de inquérito demonstra as distorções que susbsistem na sociedade portuguesa. Todos os homens tombam. E quando tombam, não interessa a patente que ostentam.

publicado às 16:59

Um país com pelo menos um século de atraso

por Samuel de Paiva Pires, em 17.01.14

É favor fazer chegar este texto de Michael Oakeshott, "The Idea of a University", ao Ministro da Economia e a todos os que pensam como ele. Já agora, eu gostaria de dizer que sou totalmente a favor de acabarmos com a investigação científica financiada por dinheiros públicos, mas só sob uma única condição: que se acabe também com linhas de crédito estatais e a atribuição de fundos comunitários às empresas. É que conheço - e não creio estar sozinho - muitos casos de empresas em que não sei bem como é que esses financiamentos se materializam, citando Pires de Lima, "em resultados concretos que depois beneficiem a sociedade como um todo."

publicado às 13:16

A idade da emoção política

por John Wolf, em 14.01.14

A idade da razão foi tomada de assalto pelo calor do momento, pelas emoções à flor da pele. Nos últimos tempos, em relação aos quais tenho dificuldade em estabelecer um marcador para o seu início, as nossas sociedades têm sido instigadas a exercer o magistério dos instintos primários. A falência económica e social do sistema capitalista, tal e qual como o conhecíamos, determinou, em larga medida, a deslocação da racionalidade para o campo aberto da luta pela sobrevivência, do salve-se como entender. O desespero dos indivíduos gerou comportamentos assimétricos, de tudo ou nada, de extremismos, de vaticínios, fundamentalismos ou devoção cega. Assistimos, neste quadro de desmoronamento, a expressões de desequilíbrio, de anulação e validação no mesmo gesto. A dialética foi preterida em nome da certeza absoluta. Esta clivagem entre extremos radicalizou posições e antagonizou a própria noção de compromisso societário, alicercado no diálogo, na condição humana enquanto valor maior. Um sem número de eventos e factos terá contribuído para engrandecer a desordem e ampliar a dimensão emocional da condição existencial. A maioria dos acontecimentos inscritos no campo negativo, e a menor parte, no campo do tendencialmente positivo. Sem o desejarmos, ou controlarmos os seus efeitos, estaremos à mercê dessa panóplia de estímulos que apelam a respostas instantâneas, viscerais. A tômbola de doutos e antídotos tem gerado náuseas e um sentimento de insegurança em relação ao futuro. De Snowden aos caprichos de Wall Street, aos casos do BPN e do Freeport, da morte de Eusébio às conquistas de bolas de ouro de Ronaldo, dos protestos de rua dos últimos dois anos, ao mais recente caso de vingança tributária do leitão da Bairrada (sem esquecer a garfada de Hollande); tudo isto contribui para reforçar o domínio do caos, da dependência em relação ao reagente que se segue, o speed emocional que se confunde com a matéria política porosa. Uma vez tombados nessa dependência, os indivíduos prescindem dos requisítos mínimos de racionalidade. E, na minha opinião, isso constitui uma séria ameaça. Porque, no contexto desse ambiente propício ao populismo, as mais radicais ideias encontram o terreno propício para serem readmitidas. Refiro-me a laivos substantivos de anti-semitismo, fascismo e corporativismo, registados sem agrado um pouco por toda a Europa debilitada. A euforia dos últimos tempos faz pendular os mais indefesos entre a glória e a desgraça, como se fossem marionetas. Reitero, de um modo humilde e pequeno, a salvaguarda de uma parte do juízo, para podermos separar o trigo do joio, o essencial do perdulário. As emoções devem comandar a vida, a poesia, a arte, mas não necessariamente a prosa política. Tenhamos atenção ao espectáculo que se nos têm oferecido nos últimos tempos, qualquer que seja a arena da nossa preferência.

publicado às 20:47

A desquadra natalícia

por John Wolf, em 15.12.13

É um lugar comum afirmar que é bom ver tanta gente na rua. Que ruas apinhadas é sinónimo de felicidade e de esperança. Quem ontem deambulasse pela Baixa lisboeta veria com os seus próprios olhos o caudal de pessoas que inundava os passeios. Foram ver as montras e as decorações de Natal para afogar as mágoas. Foram ver com os próprios olhos o enfeite luminoso para não perder pitada do entusiasmo natalício. Os políticos e os defensores dos direitos afectivos do homem dirão que faz bem à sociedade e ao país encontrar os concidadãos na rua, mas eu tenho uma visão mais cínica, pessimista. Os transeuntes da quadra natalícia transbordam os passeios, mas não passam de window shoppers. Sonham com o dia em que poderão entrar nas lojas e levar sem pestanejar a máquina fotográfica para captar com precisão os melhores momentos - a ascensão e a queda da sua condição dependente do estatuto social, o seu semblante espiritualmente descaído e culturalmente deplorável. As pessoas nada melhor têm para fazer do que desejar a materialidade que parece ter escapado por entre os dedos, por entre a censura da austeridade e os devaneios do neo-liberalismo. E não é apenas na grande superficie ou na loja de bairro onde esta lógica impera. Nos outros locais de culto, do LX Factory ao Mercado de Campo de Ourique, a humanidade também se faz ver nessa triste constrição da sociedade de consumo. Uns dirão que a malha forjada em forma de cachecol é artesanal e por isso produto de uma Esquerda esclarecida pela lã. Outros afirmarão que o televisor LED, embora construído por trabalhadores oprimidos na República Popular da China, estará a contribuir para o crescimento económico e social daquele país, a fazer crescer a média classe a um ritmo nunca antes visto. Ou seja, o Natal serve para todos os embrulhos ideológicos e conceptuais. Permite a oferta de todo o género de justificações e não parece ser arma de arremesso do espectro político na sua integridade total. Neste caso, bizarro e paradoxal, a concordância é plena. O redentor para todos os males chama-se Jesus - mas não passa de um menino.

publicado às 10:27

O advogado de defesa do rapaz que pretendia imitar um massacre à americana numa escola de Massamá diz que este se encontrava triste e magoado com os valores individualistas e materialistas da nossa sociedade. As parvoíces e clichés do costume, portanto. Mas claro que isto justifica plenamente sair por aí a esfaquear pessoas.

publicado às 21:21

A democracia democratizou-se

por Regina da Cruz, em 22.09.13

 

Para todos aqueles que estão impressionados com o grau de boçalidade e amadorismo dos cartazes da miríade de candidatos às autarquias eu digo: bem-vindos ao Portugal real! 

Esta é a gente que faz a base que sustenta este país. Quantas vezes após ouvir os sketches do Gato Fedorento, eu abanava a cabeça num gesto lento e comprometido, apertando nos lábios um sorriso matreiro a querer escapar, dizendo: “A forma de falar do matarruano é igualzinha à de um tio meu…” Bem, na verdade, igualzinha à forma de falar de vários tios, padrinhos, pais e avós de muita gente que eu conheço. E até vos digo que houve muitos momentos em que nem achei tanta graça assim aos saloios que eram caricaturados pelo grupo de humoristas: é que a realidade rural, para quem cresceu com ela, é bem mais divertida, caricata e surreal: é inimitável! Mas tudo bem, para os tipos da cidade, muito urbanos e cosmopolitas, pouco acostumados a lidar com fauna autóctone, acredito que tenha funcionado como uma revelação hilariante. 


No entanto, creio que os consumidores de humor, citadinos, snob, yuppies e muito kosher, mantiveram na cabeça a ideia que aqueles personagens não passavam de uma ficção; que aqueles *bonecos* não passavam de uma caricatura exagerada de uma minoria diminuta e em vias de extinção. E eis senão quando chegamos à campanha para as autárquicas de 2013. De repente toda essa gente que alguns julgavam recôndita sem visibilidade surge estampada em cartazes, sem maquilhagem nem Photoshop, com olheiras, manchas, rosácea e cabelo desgrenhado,  a escrever como falam, vestidos com a roupa de domingo. Um espectáculo de descontracção tão cândido como absurdo. Desconcertante.

 

Poderão alguns perguntar o que é feito das agências de comunicação e que isto tudo é um espectáculo péssimo, meu deus, de onde saíram estas aves raras e todas estas mulheres? Agora as mulheres estão também na política local?! Deve ser aquela coisa da igualdade… agora tem que ser tudo igual, mesmo que seja intrinsecamente desigual. Fica sempre bem ter mulheres num cartaz, é como uma moda. Pelo menos uma! Cai bem… E muito independentes! O que está a dar é ser independente! (mesmo tendo-se um passado político, mesmo sabendo-se que as ideias são todas iguais às de outrora e que os métodos para aplicar essas ideias serão sempre os mesmos, mesmo que o dinheiro que paga os cartazes seja do mesmo sítio de onde sai todo o dinheiro para estas coisas…)

 

Sejamos francos: quem é realmente independente e assim se quer manter, não ambiciona exercer cargos políticos de qualquer espécie. Estar na política é estar comprometido.

 

Pessoalmente acho tudo isto delicioso e estou maravilhada. Gosto da naturalidade, da verdade, sem maquilhagem, sem spin doctors. A realidade é o que é: para quê dourar a pílula? No final, quando cai a máscara, quando se descasca o verniz, constatamos sempre a mesma mediocridade. Nestas eleições não há expectativas e não há surpresas. Ao menos sabemos ao que vamos. Digamos que será um voto por amor e não por interesse - os candidatos não têm interesse nenhum!

 

Finalmente, os proponentes da democracia têm o prazer de ver o sistema funcionar em todo o seu esplendor. Depois dos 15 minutos de fama para o povão, temos os quatro anos de mandato. Andou-se a fazer por isso… Teremos as câmaras e juntas ocupadas e “governadas” pelos espectadores do Big Brother e do Você na TV, os ávidos leitores da “Maria”, groupies de Tony Carreira. Gente para quem um filme Clássico é o Amo-te Teresa ou aquele do… como é que é? - aquele de porrada - o do Stálóne!

 

 

Meus caros amigos leitores, eventuais compatriotas: alegrai-vos! Para quem não sabe para onde vai qualquer destino serve e o fundo serve-nos na perfeição. Gosto quando se bate no fundo pois significa que em seguida só poderemos subir. Ou não. Tanto faz.

 

Enquanto houver dinheiro vamos ter de assistir a este triste espectáculo decadente e a muitos outros que ainda hão-de vir. É o que temos.

publicado às 15:01

Cultura, sociedade e política

por Samuel de Paiva Pires, em 28.08.13

 

T. S. Eliot, Notas para uma Definição de Cultura:

 

«Se deste ensaio algumas conclusões emergirem, por certo que uma delas será a seguinte: cultura é coisa que nunca poderemos atingir deliberadamente, tratando-se, como se trata, do produto de uma variedade de actividades mais ou menos harmoniosas, cada uma delas realizada em virtude do seu próprio mérito, que obriga o artista a concentrar-se na sua tela, o poeta na sua máquina de escrever, o funcionário público na resolução equitativa de problemas específicos à medida em que lhe vão aparecendo sobre a mesa. Mesmo que essas condições que me preocupam pareçam ao leitor representar objectivos sociais desejáveis, ele não deverá concluir que esses objectivos podem ser atingidos apenas por uma organização deliberada. Seria artificial e intolerável qualquer divisão de classes da sociedade planeada por uma autoridade absoluta; uma descentralização sob uma direcção central seria uma contradição; uma unidade eclesiástica não pode ser imposta na esperança de provocar a unidade da fé e uma diversidade religiosa cultivada em seu próprio benefício seria uma coisa absurda. O ponto que podemos atingir é o reconhecimento de que essas condições de cultura são «naturais» aos seres humanos, que, embora pouco possamos fazer para as encorajar, podemos combater os preconceitos intelectuais e os erros emotivos que se erguem no seu caminho. No que ao resto diz respeito, o óbvio é encarar o melhoramento da sociedade da mesma forma como procuramos o nosso melhoramento individual, isto é, atendendo aos pormenores com relativa minúcia. Não podemos dizer: «Vou tornar-me numa pessoa diferente.» Poderemos dizer apenas: «Abandonarei este mau hábito e tentarei encontrar um melhor.» Deste modo, a respeito da sociedade, o máximo que podemos dizer é: «Tentaremos melhorá-la, neste ou naquele aspecto, onde o excesso ou o defeito for evidente. Deveremos tentar, ao mesmo tempo, abranger com a nossa visão tudo o que nos for possível para que evitemos, ao corrigir uma coisa, provocar o erro noutra.» Contudo, mesmo isso já é manifestar uma aspiração bem maior do que é possível alcançar. Com efeito, é devido mais ou menos ao que vamos fazendo casualmente, sem compreensão ou previsão das consequências, que a cultura de uma época diferente tanto da anterior»

publicado às 21:21

Röpke e a Economia Humana

por Samuel de Paiva Pires, em 24.03.13

Roger Scruton, "The Journey Home - Wilhelm Röpke & the Humane Economy":

 

«The Eurocrats tolds us, when John Major weakly agreed to the Maastricht Treaty, that it was all OK, that national sovereignty would not be sacrificed, that the principle of subsidiarity applied, and that all decisions pertaining to the nation and its specific interests would be taken at the national level, by elected Parliaments. But then comes the catch: it is the European Commission, not the national parliament, which decides that a given issue pertains to the specific interests of a given nation state. National sovereignty is therefore delegated from above, by an unelected Commission which is in the hands of its permanent staff of bureaucrats rather than in those of the sheepish politicians who have been shunted there from parliaments where they are no longer wanted. The principle of ‘subsidiarity,’ which purports to grant powers to local and national bodies, in fact takes them away, ensuring that powers that were once exercised by right are now exercised on sufferance. ‘Subsidiarity’ confiscates sovereignty in the same way that ‘social justice’ confiscates justice, and the ‘social market’ confiscates the market.

So what is the alternative? What was Röpke getting at, and how should we respond to the problems that he wished to address—the problems of social fragmentation and the loss of community feeling, in a world where the market is left to itself? There are those—Milton Friedman, for example, or Murray Rothbard—who have powerfully argued that a genuinely free market will ensure the good government of human communities, through the self-restraining impulse that comes naturally to us. But their arguments, however sophisticated, are addressed to Americans, who live among abundant resources, free from external threat, surrounded by opportunities and in communities where the volunteer spirit survives. And they do not confront the central question, which is how communities renew themselves, and how fundamental flaws in the human constitution, such as resentment, envy and sexual predation, are to be overcome by something so abstract and neutral as consumer sovereignty and free economic choice.

Röpke’s own idea, if I understand him rightly, was that society is nurtured and perpetuated at the local level, through motives that are quite distinct from the pursuit of rational self interest. There is the motive of charitable giving, the motives of love and friendship, and the motive of piety. All these grow naturally, and cause us to provide for each other and to shape our environment into a common home. The true oikos is not a cell shut off from the world, in which a solitary individualist enjoys his sovereignty as a consumer. The true oikos is a place of charity and gift, of love, affection and prayer. Its doors are open to the neighbours, with whom its occupants join in acts of worship, in festivals and ceremonies, in weddings and funerals. Its occupants are not consumers, except obliquely, and by way of replenishing their supplies. They are members of society, and membership is a mutual relation, which cannot be captured in terms of the ‘enlightened self interest’ that is the subject matter of economic theory. For extreme individualists of the Rothbard kind life in society is simply one species of the 'coordination problem,' as the game theorists describe it—one area in which my rational self-interest needs to be harmonized with yours. And the market is the only reliable way that we humans know, or could know, of coordinating our goal-directed activities, not only with friends and neighbours, but with all the myriad strangers on whom we depend for the contents of our shopping bags. Membership, if it comes about, is simply another form of quasi-contractual agreement, whereby we freely bind ourselves to mutual rights and duties.


Who is right in this? Well, the position that I have attributed to Röpke is to me transparently obvious, whereas that which I have attributed (for the sake of argument) to Rothbard is to me profoundly mistaken. (...)
»

publicado às 19:24

A política é bem mais complicada do que muitos crêem

por Samuel de Paiva Pires, em 01.01.13

Roger Scruton: "O mercado livre é o princípio segundo o qual a vida económica deve ser organizada. Mas a vida económica é só parte da vida. As pessoas não procuram apenas o lucro e bens económicos. Procuram a felicidade, valores religiosos, ordem moral. Procuram a amizade com outros, querem unir-se com outros em pequenas comunidades. Isto significa que há muitos aspectos da sociedade para além do mercado. Há clubes, instituições e igrejas e há toda a ordem moral que é difícil de definir caso a caso, mas que é de muito maior importância para nós que a mera acumulação do lucro e evitar perdas. É o entender estes outros aspectos da sociedade humana que nos leva a reconhecer que a política é bem mais complicada do que os free-marketeers gostariam que acreditássemos. A política tem de proteger não apenas o mercado livre, mas também estes outros aspectos da vida social, que são repetidamente ameaçados não só por inimigos exteriores, mas também pela anarquia individual."

 

 

(Vídeo via Filipe Faria)

publicado às 21:48

Ainda Isabel Jonet

por Samuel de Paiva Pires, em 14.12.12

Pacheco Pereira está cheio de razão sobre as intervenções de Isabel Jonet. Se muitos conseguissem sair da redutora e primária posição de defender as patetices proferidas por Isabel Jonet, que têm uma carga ideológica e um pensamento sobre a sociedade - ainda que rudimentar - evidentes, e com que estou em absoluta discordância, apenas porque a sua obra é meritória, talvez pudessem então vislumbrar a "bigger picture". Mas para isso era preciso que também deixassem de acreditar no mito do "viver acima das possibilidades", muito em voga para os lados do Governo. Ler este artigo talvez ajude.

 

Leitura complementar: O mito do viver acima das possibilidadesMarx a rirDuas petiçõesPobreza intelectualVamos brincar à caridadezinhaA indecorosa leveza da ideologia da caridadezinha; Raiva.

publicado às 14:00

Já dizia Hayek que "social" é a suprema palavra doninha

por Samuel de Paiva Pires, em 05.12.12

Há por aí muita gente que gosta de enaltecer o "sector da economia social". Ainda que mal pergunte, se tomarmos como verdadeira esta denominação, será que alguma alma caridosa pode explicar-me então o que é a economia não social ou asocial?

publicado às 00:04

A caminho da desagregação social

por Samuel de Paiva Pires, em 20.02.12

Hoje aconteceram-me duas situações que me irritaram. A primeira foi quando ao entrar na estação dos correios, pousando os sacos com envelopes que carregava e dirigindo já o meu dedo à máquina das senhas que estava mesmo à minha frente, sou ultrapassado por um tipo nos seus 40 a 50 anos. Fiquei a olhar para ele, à espera do que iria fazer. Nem tugiu nem mugiu, agarrou na senha e continuou em frente. Lancei-lhe um "boa tarde também para si e obrigado pela falta de respeito e má educação". Não reagiu. Não querendo acreditar que aquilo estava a acontecer, alto e bom som afirmei "há gente mesmo muito estúpida." Ficou a senhora dos CTT a olhar para mim, e o tipo sem sequer dizer nada. Coloquei-me ao lado dele, ficando a aguardar a minha vez. Acabando eu por me despachar mais rapidamente do que ele, tendo sido atendido por outra senhora, no fim pedi a esta que apresentasse as minhas desculpas à colega pela minha tirada rude, derivada da irritação com a má educação do fulano. A colega, que ainda o estava a atender, fez um gesto de anuência com a cabeça e o tipo, novamente, não teve nenhuma reacção.

 

De seguida apanhei o autocarro. Quando me preparava para sair, estava um senhor dos seus 80 anos de pé. Olhei em volta e vi 2 pessoas que não teriam mais de 30 anos sentadas. Perguntei-lhes se alguma delas poderia ceder o lugar. O senhor em causa agradeceu-me mas retorquiu que não era necessário, que se sentaria quando fosse possível, e as duas pessoas deixaram-se estar impávidas e serenas.

 

Estes pequenos incidentes, somados a muitos outros que todos os dias presenciamos, são sintomáticos da desagregação da sociedade portuguesa. Quando perdemos o respeito uns pelos outros no espaço público, podemos até ter o país económica e financeiramente mais próspero do mundo, mas passamos a ter uma sociedade de que qualquer pessoa minimamente educada só pode ter vergonha.  Quando a falta de educação e de maneiras civilizadas passam a ser a regra e não a excepção, algo de muito errado se passa em Portugal.

publicado às 22:25

Do indivíduo prosélito do Estado ao Estado autocrático

por Samuel de Paiva Pires, em 19.02.12

Carl Gustav Jung, The Undiscovered Self:

 

"The bigger the crowd the more negligible the individual becomes. But if the individual, overwhelmed by the sense of his own puniness and impotence, should feel that his life has lost its meaning – which, after all, is not identical with public welfare and higher standards of living – then he is already on the road to State slavery and, without knowing or wanting it, has becomes its proselyte. The man who looks only outside and quails before the big battalions has no resource with which to combat the evidence of his senses and his reason. But that is just what is happening today: we are all fascinated and overawed by statistical truths and large numbers and are daily apprised of the nullity or futility of the individual personality, since it is not represented and personified by any mass organization. Conversely, those personages who strut about on the world stage and whose voices are heard far and wide seem, to the uncritical public, to be borne along on some mass movement or on the tide of public opinion and for this reason are either applauded or execrated. Since mass suggestion plays the predominant role here, it remains a moot point whether their message is their own, for which they are personally responsible, or whether they merely function as a megaphone for collective opinion.

 

Under these circumstances it is small wonder that individual judgment grows increasingly uncertain of itself and that responsibility is collectivized as much as possible, i.e., is shuffled off by the individual and delegated to a corporate body. In this way the individual becomes more and more a function of society, which in turn usurps the function of the real life carrier, whereas, in actual fact, society is nothing more than an abstract idea like the State. Both are hypostatized, that is, have become autonomous. The State in particular is turned into a quasi-animate personality from whom everything is expected. In reality it is only a camouflage for those individuals who know how to manipulate it. Thus the constitutional State drifts into the situation of a primitive form of society, namely, the communism of primitive tribe where everybody is subject to the autocratic rule of a chief or an oligarchy."

publicado às 17:50

Haja paciência

por Samuel de Paiva Pires, em 27.01.12

Caro Ricardo Vicente

 

Escreve um texto acintoso, confuso e cheio de erros a chamar parvos, ridículos e irracionais aos monárquicos e a classificá-los a todos como indivíduos de modos afectados e fãs de touradas e de rugby (e qual é o problema de haver os que o sejam?), arroga-se o monopólio da defesa dos direitos humanos, confundindo-os apenas e só com um qualquer conceito de igualdade, faz desfilar todo um rol de preconceitos - segundo a Porto Editora, 1. opinião (favorável ou desfavorável) formada antecipadamente, sem fundamento sério ou análise crítica 2. julgamento desfavorável formado sem razão objectiva 3. sentimento hostil motivado por hábitos de julgamento ou generalizações apressadas; intolerância - e quando confrontado, vitimiza-se na caixa de comentários, dizendo que não pretendeu ofender ninguém e querendo agora discutir a questão? Se está a tentar retractar-se, deixe-me dizer-lhe que não é esse o caminho.

 

E faz tudo isto sem operacionalizar os conceito de direitos humanos, igualdade e racionalidade, sobre os quais resulta claro que desconhece quaisquer fundamentos substanciais que pudessem sequer servir de ponto de partida para a discussão. Do alto da minha paciente arrogância para a sua arrogância ignorante, lamento imenso mas nem sequer me vou dar ao trabalho de lhe deixar os links de dezenas (talvez até centenas ou milhares) de posts onde vários autores deste blog já longamente discorreram sobre esta temática. Tem um motor de pesquisa incorporado no blog, dê-lhe uso se lhe aprouver.

 

Por último, como pode ver, talvez seja o Ricardo que não saiba o que significa preconceituoso. No dia em que um economista (julgo que o é) - que por acaso até costumo apreciar - que claramente não percebe patavina de Filosofia ou Ciência Política, me ensinar o significado de uma palavra que eu escreva, apontando-a como empregue erradamente, vergastar-me-ei. Até lá, e respondendo à sua pergunta sobre o que ando a fazer na blogosfera se só me interesso por teorias, deixo-lhe uma pista quanto ao que não faço:

 

publicado às 20:33






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