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Quando jornalismo se traduz em minudências e insignificâncias deixa de ser jornalismo. Passa a ser uma ementa grosseira, uma reles lista de supermercado. Pensava eu que era apenas a TVI a desviar a atenção dos factos, mas estava redondamente enganado. O Jornal Sol descreve em detalhe o décor da novela da prisão de Lula, mas não ficamos a saber no artigo o mais importante de tudo: as acusações de corrupção que pendem sobre o senhor. Sabemos que mastiga o pão e sorve o café. Sabemos que o seu clube Corinthians não deixou de ter o seu apoio. Sabemos que tem uma sanita e um chuveiro para a higiene confinada a uma cela. Sabemos que um repasto de carne assada, arroz com feijão e macarrão serve para encher o bandulho. E sabemos que não se esqueceram do chuchu. Não sei quem dá as ordens na redacção do jornal Sol, se é o Saraiva grande ou o Saraiva júnior, mas esta peça está ao nível da sarjeta. Mas bate tudo certo. Já tivemos o Sócrates a analisar a vida de gangues e malfeitores, já tivemos o Bruno de Carvalho com um torcicolo verbal e espasmos lombares. O que se seguirá? O que vamos ter de levar de frente, de chapão, na fuça?
Deixemo-nos de congressos do Partido Social Democrata e se a Sra. Dona Fraga tem uma voz semelhante àquela do ditador- acabaram-se-os-jornais, o Goeballs de Alvalade, para centrarmos as vistas em algo um pouco mais substantivo. Refiro-me a um facto que escapa ao controlo da Geringonça, do Banco Central Europeu (com ou sem o vice VÍtor Constâncio a imitar o chefe Draghi) ou de ideólogos de mãos largas e tesourarias falidas. Como todos sabemos, ou deveríamos conhecer, o fim da era dos juros baixíssimos de títulos de dívida pública aproxima-se a passos largos - assim teria de ser, a não ser que desejemos inflação e depois ainda mais inflação - galopante ou hiperbolante. O sistema financeiro internacional é, para todos os efeitos, um monstro que não se restringe à cerca da política monetária de um dado país. Ou seja, o que está a acontecer nos Estados Unidos da América (EUA), no que concerne à subida da taxa de juros de government bonds, far-se-á sentir na Zona Euro. A União Europeia, castigada pelo Euro forte (que em nada ajuda as exportações), não se encontrará nas melhores condições para acompanhar a Reserva Federal, ou seja, subir a taxa de juro de referência com efeitos inevitáveis para parceiros como Portugal ou a Grécia, a título de exemplo. Mas terá de o fazer porque a inflação pode ser madrasta quando menos se espera. Nesta toada de considerações, Portugal, que tem festejado sucessivas emissões de dívida (a 2, 5 e 10 anos) a níveis invulgarmente baixos, pode encontrar-se numa situação particularmente anti-gerigonçal no que diz respeito a financiamentos públicos. António Costa tem celebrado o grande desempenho da economia portuguesa, mas parece omitir o easy money, os tais dinheiros emprestados ao Estado português com prestações ao preço da chuva. Tudo isto está a mudar. Desde os anos 40 que não se registava tal fenómeno de subida abrupta das taxas de juro dos títulos de tesouro dos EUA. E isto tem de preocupar os gestores da economia portuguesa, mas sobretudo os governantes da república. Mas vejo algo diverso - rest and relaxation a mais deste governo de Esquerda que julga erradamente que isto é lá com eles. Nem a três conseguem vislumbrar o que aí vem - o dinheiro fácil algum dia tinha de acabar.
Não existe uma época em particular para falências éticas. A sazonalidade da mediocridade é coisa que não existe. Deve ter sido o efeito de estufa, o ozono, ou coisa que o valha a causar este estado de arte. Mas aqui a coisa está nivelada. O grau de toxicidade é equivalente. Estão ambos na mesma latitude - nos trópicos de Câncio. E chove. Saraiva, dizem uns. Granizo, dirão outros. A Fernanda não soube aproveitar a deixa erótica para se declamar como emancipada sexualmente. Ao fim e ao cabo, parecem todos padecer da mesma falta - falta de. Essa "falta de" é um perigo. Escorre e contamina as indústrias livres. Coloca a canzoada a latir em torno do mesmo canil de ofensas de partes baixas. E a fotográfia é uma disciplina maior. Não se pode admitir esta forma de auto-flagelo, estas sevícias no pudor útil. O corpo é essa maldita caixa de ressonância que vibra - qual fogo que queima sem se ver. O amor não abunda nos dias de hoje. Eu e os políticos. Belo título.