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Os portugueses já deveriam saber como isto funciona. Os actores apresentam um espectáculo notável e o público deixa-se ir, julgando se tratar da atracção principal da noite. No palco dois personagens desenvolvem um sketch em torno de um microfone, um enredo com picos de tensão e comédia, e enquanto a plateia assiste impávida e serena ao tira-teimas, uma outra troupe, em toda parecida à primeira, saca do guião umas linhas mais cínicas, um monólogo expectável de toda uma classe política: o regresso das subvenções vitalícias dos políticos. O esquema, usado vezes sem conta em política, geralmente funciona. Quando não há palhaços disponíveis, o futebol também serve para distrair. Ou uma outra trivialidade picante, sórdida. O vice-presidente da bancada socialista foi o encenador escolhido para dar esta pancada na moleira dos portugueses. Vieira da Silva, cujo semblante serve perfeitamente para estas encomendas, não nos faz esperar pela tomada de posse de António Costa para provar que o mundo tornará a ser como era. Nada mudou nem mudará. O Partido Socialista que se apresenta (sempre) como o bom da fita neste péssimo filme, não passa afinal de um intérprete da mesma mediocridade. Falam com saudade da revolução, mas são uns fracos, uns vendidos. A reforma de Estado nunca será avistada nos termos em que o país exige. Assim que o Largo do Rato voltar a mandar neste cangalho, iremos assistir a um processo de retorno aos dinheiros fáceis de um qualquer programa comunitário. Os portugueses têm todas as razões para estarem arruinados. Isto não se endireita com uma simples mudança de personagens.