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A cultura sexy da integração europeia

por John Wolf, em 26.11.13

No auge do entusiasmo das Comunidades Europeias, os programadores culturais tudo fizeram para demonstrar a fraternidade dos povos. As televisões foram os canais privilegiados para mostrar as verdadeiras provas da alegria de uma Europa a caminho da abertura de fronteiras, do mercado comum e das políticas gizadas na grande capital comunitária. Finalmente Bruxelas passava a ter alguma utilidade, mesmo não tendo o carisma de outras metrópoles - o poder efectivo e o glamour de outras coutadas. O estudo cultural que aqui apresento pretende relembrar alguns dos pilares de sustentabilidade da aproximação dos povos do norte e do sul da Europa. O primeiro pilar que refiro é o Festival da Canção da Eurovisão, a festa-maravilha que, em nome da solidariedade e da igualdade de tratamento, lá foi dando prémios políticos a cantores de países necessitados de um abraço, uma palavra de estímulo para se aproximarem do norte trabalhador e inventor da excelência. Depois vem-me à memória mais um icone da baboseira lúdica - os Jogos sem Fronteiras. Uma espécie de instituto de integração dos desajeitados e trapalhões (Eládio Clímaco foi o terapeuta de serviço). Neste belo programa já se notava um certo tratamento discriminatório das equipas a concurso. Os países do norte mais hábeis e os do sul queimados pela vida airosa do mediterrâneo pontuavam quase sempre menos (mas eram muito esforçados). As diferenças entre as equipas mal formadas e as exemplares passavam em horário nobre como se nada fosse, para ajudar nessa lenta conversão à norma, ao modelo salutar de desenvolvimento e progresso - vocês são um atraso de vida, mas podem ser como nós. Foram belos tempos de ilusão televisiva apresentados em forma de cavalhadas e quedas na piscina de águas límpidas. Mas no clímax da excitação, do entretenimento televisivo, houve quem quisesse ir mais longe. Uns quantos especuladores precoces quiseram verter as suas considerações para um patamar ainda mais rebuscado, próximo da sexualidade que faz mover o homem na busca da perfeição estética ou laboral. Os alemães não quiseram deixar que a coisa descambasse por completo e resolveram demonstrar a sua aproximação aos estilos de vida do sul. O programa Tutti-Frutti tinha logo à partida todos os ingredientes para se tornar num sucesso de bilheteira, como se fosse um estímulo para combater o problema de envelhecimento que já se fazia sentir na Europa - ide e reproduzai-vos - foi o mote. Sim, podemos entender esta iniciativa como uma forma de miscigenação pré-Schengen - o desenvolvimento de relações íntimas entre os parceiros europeus. Os italianos, indignados pelo assalto alemão à libertinagem, pertença exclusiva dos sulistas, não foram de meias-medidas e avançaram com o seu formato de uma Europa ainda mais sexy. Quem não se recorda do famoso Colpo Grosso? O programa internacional, proposto pela direcção de informação da SIC, deixou a RTP a morder a poeira das cantigas do festival ou a chover no molhado daqueles joguinhos. Pois é. E eis que nos encontramos aqui sem concorrente à altura. Um programa que espelhe o grande entusiasmo, a esperança e a vibração que se fazem sentir no seio da União Europeia. 

publicado às 10:37

O mar de todos os conflitos

por Pedro Quartin Graça, em 05.05.12

O mar é actualmente o maior ponto de conflito territorial no Planeta Terra. Neste, o Mar (do Sul) da China é o palco do maior dos confrontos entre Estados soberanos actualmente existente.

O Japão reivindica a soberania sobre as ilhas Etorofu, Kunashiri e Shikotan, e sobre as ilhas Habomai, conhecidas no Japão como "Territórios do Norte" e, na Rússia, como "Ilhas Kurilas do Sul", ocupadas pela União Soviética em 1945 e administradas actualmente pela Rússia.

"Nenhum presidente russo irá entregar nem que seja uma ilha do Arquipélago das Kurilas ao Japão", afirmou recentemente uma fonte altamente colocada do Kremlin. Segundo a mesma fonte, a viagem que o Presidente russo Dmitri Medvedev efectuou às Curilas em 2010 teve um “efeito terapêutico” sobre as autoridades nipónicas.

O Japão e a Coreia do Sul disputam ainda as rochas Liancourt (Takeshima/Dokdo) ocupadas pela Coreia do Sul desde 1954; a República Popular da China, Taiwan e Japão disputam também as ilhas inabitadas de Senkaku-shoto (Diaoyu Tai) e o Japão declarou mesmo como sua zona económica exclusiva o Mar da China Oriental.

A República Popular da China, a República da China (também conhecida como Taiwan, Taipé ou Formosa) e o Vietname reivindicam a totalidade da área do Mar do Sul da China, ao passo que as Filipinas, a Malásia e o Brunei reivindicam algumas zonas. Ou seja, são nada menos do que oito os países em litígio territorial relativamente, quer a territórios terrestres, quer a águas marítimas.

Entretanto, e de acordo com as últimas notícias, o governo metropolitano de Tokyo poderá adquirir as ilhas Senkaku, de propriedade privada e fonte de conflitos com a China, revelou o governador Shintaro Ishihara. Segundo este, sua administração está a negociar a administração das ilhas para protegê-las da China, informou a NHK.

O governador responsabilizou o governo central de não tomar nenhuma providência sobre o assunto, que na sua opinião, não compra as ilhas Senkaku por temor de perturbar a China. Esta falta de acção obriga Tóquio a actuar, disse. No entanto, o ministro porta-voz, Osamu Fujimura, manifestou que, se necessário, o governo poderia comprar as ilhas situadas no Mar da China Oriental, relativamente às quais decorre uma petição pública destinada a angariar verbas para o efeito e que, no momento, ascende já à astronómica quantia de...1 milhão de dólares(!)

Por sua parte, o governo chinês através de um porta-voz reafirmou a soberania de seu país sobre o território em disputa e ressaltou que qualquer iniciativa unilateral por parte do Japão é inválida e ilegal.

Quatro das cinco ilhas pertencem a cidadãos japoneses. A cidade Okinawana de Ishigaki exerce controle administrativo sobre elas cujo arrendamento é pago pelo governo central nipónico. Em setembro de 2010, um barco pesqueiro chinês colidiu com barcos de patrulha japoneses ao redor das ilhas e o incidente provocou um dos maiores conflitos diplomáticos dos últimos anos entre ambos os países.

Na área das ilhas existem depósitos de gás natural que a China pretende desenvolver. Tóquio também argumenta que a fronteira marítima entre os dois estados separa claramente esses territórios, e que as áreas ricas em gás pertencem ao Japão. “É um facto óbvio, tanto do ponto de vista histórico como segundo a lei internacional”, - disse o ministro das Relações Exteriores do Japão.

As pequenas ou micro ilhas irão continuar a ser os maiores focos de conflito territorial entre Estados à escala mundial nos próximos anos. De entre estas, as águas do Mar do Sul da China prometem assumir-se como as mais escaldantes do planeta e continuar a aquecer.

 

publicado às 09:37

Sul do Sudão torna-se independente

por Pedro Quartin Graça, em 07.02.11

Os sudaneses do Sul compareceram em massa às urnas neste domingo, primeiro dia de votação do histórico referendo, esperado há mais de 50 anos e na sequência do qual, por força da vitória da proposta de secessão, o Sul se tornará em breve independente. O Sudão é, recorde-se, o maior país do norte da África, e divide-se entre o Norte, muçulmano, e o Sul, cristão.
"É o momento histórico pelo qual os sudaneses do sul tanto esperavam", declarou Salva Kiir, presidente da região semiautónoma do Sudão do Sul.
"É um novo dia, porque votamos por nossa liberdade. Combatemos durante muitos anos, mas hoje este voto pela separação é também um voto pela paz. O sol nascerá logo em um Sudão do Sul livre", declarou Wilson Santino, um eleitor.
"Este é o começo de um novo capítulo na história do Sudão, um capítulo muito importante. Estou muito esperançoso. Foi formidável ver Salva Kiir votar hoje. É o auge de negociações difíceis; muitos obstáculos precisaram ser vencidos", destacou o senador americano John Kerry, que participou no referendo como observador.
O referendo é também a principal realização do acordo de paz que pôs fim a mais de duas décadas de guerra civil entre norte e sul, assinado em 2005.

Será que, ao menos desta vez, Portugal apanha o comboio a tempo? Depois não digam que não chamámos à atenção...

 

Saiba mais sobre a situação política e económica do Sul do Sudão aqui.

publicado às 15:24






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