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Para aqueles que ainda não deram conta, a campanha para as Europeias já vai no primeiro round e arrasta consigo uma outra guerra de audiências. Por um lado temos o governo a apregoar que a retoma económica é uma certeza. Por outro lado, na emissora da oposição, Seguro não desarma da convicção que tudo não passa de uma fábula, de uma ficção com propósitos políticos. No meio deste fogo cruzado de propaganda será que a vida do cidadão nacional melhorou? Não me parece. Se Seguro fala ou não no tempo adequado sobre as listas às Europeias, se Marisa Matias é ou não a protagonista certa para comandar as hostes do Bloco de Esquerda, se o PSD prefere Rangel e o CDS prefere Ruas, parecem-me ser elaborações tão distantes da aflição das gentes deste país. Depois temos os fait-divers que também fazem parte da novela de distracção. O caso do Meco que se assemelha cada vez mais à Casa Pia, por alegadamente haver tantos de pio calado, que nada sabem, que nada viram, que nada dizem. Sem esquecer as calinadas literais (ou não) da Assunção Esteves e os seus chaimites à Vasconcelos. E ainda as pinturas proto-políticas de Miró ou o redux do Benfica-Sporting. Tudo isto somado faz mal á saúde colectiva e individual, causa náuseas, mal-estar. Portugal entrou decididamente no reino do surrealismo. Mas a coisa não vai ficar por aqui, como é óbvio. Amanhã um outro óvni irá aterrar carregado de bizarrias e aves raras. E será que fará alguma diferença? Não me parece. Esta gentinha está a fazer pela vida. Pela sua, e de mais uns quantos que seguem na comitiva.
Valentim Loureiro expressou, de um modo sincero e honesto, que deseja colocar-se ao serviço da nação. Caso não tenham reparado, o Major Tom, marchou lado a lado com os indignados, aliou-se às causas da sociedade civil e fundou um movimento independente. O ex-muita-coisa finalmente saiu do armário para se assumir como um indivíduo que quer a maior distância possível daqueles políticos metidos na porcaria, aqueles que prevaricam, aqueles que roubam o erário público. Estamos na presença de um homem movido pela grande causa ética. Um soldado da fortuna que já não ambiciona o poder, mas que se põe a jeito para fiscalizar as acções políticas dos outros. Um escritor que discorreu com a sua própria caligrafia os termos da sua relação com a Câmara de Gondomar - "não sou eu que vou dirigir a Câmara" -, declara Valentim - "vou fiscalizar a Câmara com os membros da Assembleia Municipal". Pela primeira vez em muitos anos assistimos a uma decisão coerente. Um auto-casting que está longe de ser um erro de condução política. O homem será provavelmente dos mais capazes para cheirar a grande distância as falcatruas e desvios de autarcas gulosos. Este homem não é o Major que conhecemos, este militar é o General da prevaricação que sabe-a toda. Ele é o fiscal certo para o job. Nas campanhas em que participou nas guerras ultramarinas, para além do coldre que berçava pólvora seca, o raso aprendeu os truques respeitantes a desvio de colunas e mantimentos. Devo confessar que fiquei um pouco surpreendido com a falta de ambição do ex-autarca. Esperava que, no exercício da mesma função de fiscalização, quisesse estar num posto mais alto, na mesa de negociações com a Troika, para aferir de um modo inequívoco que ninguém leva a melhor aos Portugueses. Mas depois pensei no seguinte; se Loureiro, vindo em paz, como poeticamente reitera, aparecesse na confraria da salvação de Portugal, provavelmente os termos do memorando teriam de ser revistos, e, sem margem para dúvida, agravar-se-iam. De repente, a equação de agravo teria de ser reescrita para ponderar negativamente a estatura de indivíduos deste calibre. Há ainda uma outra questão de hierarquias e patentes que me preocupa. Porque razão anda o Valentim a polir as botas do alferes Cavaco? Porque razão parece estar a dar guarida ao "praça" de Belém? Estará a preparar-se para o Natal, para um indulto conveniente? Não queria dar muita importância ao ex-avançado do Boavista, mas como é fim de semana e estamos na silly season, a nova patente encaixa na perfeição desta messe, this mess.
Conheci Ohannes Fard Sahakian há uns vinte anos, exactamente no hall de S. Carlos. Tinha acabado de fixar residência em Portugal e foi-me apresentado por um colega de trabalho. Embora não tivéssemos mantido regularmente o contacto, encontrei-o muitas vezes, geralmente em exposições ou espectáculos. A sua história pessoal é muito interessante e está recheada de episódios picarescos, onde surgem nomes conhecidos de uma época já desaparecida, outros regimes e até impérios que também deixaram de existir.
Há cerca de uma década, tornei-me visita regular de sua casa e já estamos habituados a longas horas de conversas, onde histórias da vida pessoal, análise da obra de artistas ou meras considerações sobre a actualidade, são temas frequentes. O Onik - assim prefere ser chamado -, é um excelente anfitrião e cozinheiro e posso garantir já ter provado fantásticos pratos da cozinha persa, russa e arménia, aos quais dedica um esmero especial, pois faz questão em satisfazer os mais exigentes gastrónomos.
Foi o Onik quem me incentivou a voltar a usar os pincéis, reforçando as admoestações familiares que me perseguiam sem resultado, já há tanto tempo. Encorajou-me, deu-me ideias e apresentou-me a galeristas. Muito lhe devo e jamais esquecerei a sua intrínseca generosidade e total disponibilidade para frequentemente me ouvir, dissipar indecisões e apontar caminhos.
Apresento-vos o seu site pessoal, que muito melhor que as minhas palavras, poderá elucidar-vos acerca da sua personalidade multifacetada, onde uma vida rica de experiência e vontade, continua a dar-me a honra da sua amizade.