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Por favor, alguém tenha a bondade de me explicar o swap da gestão da Carris como se eu fosse muito burro. Se fica tudo na mesma, como afirma Costa, por quê fazê-lo? A resposta é simples: estamos em plena campanha eleitoral para as autárquicas e esta operação dá ares de clarificação e liquidação de dívida, mas não passa de um embuste. As empresas privadas responsáveis pelas operações que produziram as dívidas avultadas estão a ser tratadas como bancos. Ou seja, a sua incompetência, e a gestão danosa que decorre da mesma, será saneada, caiada com tinta de resgate, porque em última instância é o dinheiro dos contribuintes que será esbanjado sem dó nem piedade. Se o malparado está num bolso ou noutro, é totalmente indiferente. Estão ambos furados. São sacos sem fundo. E quem sabe se não serão azuis. Ou rosa. Venha de lá mais um livro sobre carismo. Desta vez redigido pelo edil e ex-edil. O que isto precisava era de um UBER dos autocarros. Para pôr isto a mexer. Acabavam logo as dívidas e mordomias de direcção. Porque no fundo isto é tudo a mesma coisa. Uns vão para a Caixa Geral de Depósitos. E outros saem na paragem seguinte.
Maria Luís Albuquerque ainda nem sequer pôs os pés em Londres e um tribunal daquela cidade já condenou o Estado português. A isto chama-se um Swap rápido. Se tivesse trabalhado em Manchester antes de ser ministra das finanças não haveria problema (estou a reinar). E Sócrates tem mais uma história para contar aos netos. Os contratos do Banco Santander são obra sua. Os socialistas podem empurrar com a barriga, mas foi com um seu governo que a coisa foi feita. Até Jerónimo de Sousa o afirma sem rodeios, sem medo dos sócios. Mas existem mais coisas que devem pesar na consciência de certos decisores políticos adeptos de atalhos e envelopes. Lula da Silva - outro amigão socialista -, padece de sintomas de gula e abastança. Será que nunca aprendem? E há mais. António Costa, malabarista de orçamentos, vai enfrentar a pressão daqueles que não se deixam enganar por bailaricos domésticos. O homem dos acordos à Esquerda já tem o Eurogrupo à perna. As contas não convencem. Seja como for, serão os portugueses a suportar as despesas pelos estragos. Veremos o que sobra para as empresas públicas de transportes Metropolitano de Lisboa, Carris, Metro do Porto e STCP. Veremos se estas patinam ainda mais e aparece um realizador de cinema disponível para fazer um filme de glória nacional, de patriotismo de uma certa mocidade toda atirada para a frentex. Damásio. Damásio, é o que me ocorre dizer.
E poderia deixar de sê-lo? É bem conhecido o concubinato entre os agentes políticos e as empresas que têm o Estado como torneira de dinheiro. A deputada do PS* está indignada e quer ter acesso à papelada. Curiosa insistência esta, pois a todos parece que tal se tratará apenas de mais uma daquelas cortnas de fumo em que a partidocracia se tornou perita.
Pedem os papéis porque conhecem bem os meandros da sua destruição. Esses documentos, a terem sido miraculosamente guardados em cópias "pelo sim pelo não" feitas por um funcionário consciencioso, talvez nos trouxessem mais umas tantas surpresas do estilo a que o mesmíssimo PS nos habituou.
Mais um caso enche-horário do Jornal da Uma.
* O link aqui deixado estava correcto, mas o artigo desapareceu misteriosamente. O Público retirou-o, vá-se lá saber porquê.
Claro que na feicebucaria anda um berreiro por causa dos tais dossiers misteriosamente desaparecidos, quiçá num auto-da-fé pré-eleitoral de há uns dois anos. Isto cheira demasiadamente a mais um cartão de visita com um nome filosofal. O problema do pavlovianismo feicebuque, é esse mesmo: não atende às datas. Uma maçada.
Muito provavelmente foi com uma máquina-trituradora igual a esta que a Inspecção de Finanças destruiu papéis essenciais para avaliar swaps. Os documentos dos inspectores que sobreviveram à razia foram aqueles respeitantes à CP e à Carris. Ouviram bem? CP e Carris. Não foi à toa, não. Estes sistemas de transporte podem ser utilizados como carro de fuga no assalto. Qualquer dia embarcam numa carreira e tomam como reféns os passageiros e zarpam rumo a Salamanca ou Perpignan, ou apanham o expresso e inflingem uns murros ao maquinista para que não dê meia-volta. Que normas internas são estas que eliminam sem mais nem menos matéria relevante para tirar tudo a limpo? Quem redigiu estas normas tão convenientes? Que mão invisível pressionou o botão da trituradora? Em condições normais, todos os documentos deveriam ficar congelados num arquivo jurídico - uma espécie de torre dos tombos políticos. A Democracia Portuguesa está a ser continuamente violada com este tipo de práticas. Não foram necessários agentes químicos para exterminar uma parte da "estória" de Portugal, os eventos que também figurarão na histeria do país. O mais grave é a forma descarada como se declara o processo de destruição de provas - com naturalidade. Com tantos incêndios à mão de semear, teria sido preferível forjar um fogo e bradar aos céus que tudo as labaredas levou.
Para esta história dos Swaps ficar completa só falta aparecer um sucateiro a reclamar que foi prejudicado.
O porta-voz dos socialistas João Ribeiro quer saber se Passos Coelho mantém a confiança na equipa de finanças. De acordo com o júnior do Rato - "a credibilidade está perto do zero". Gostaria de saber de que lado do zero se encontra a credibilidade. Se no lado do mais ou no lado do menos. Se na coluna do haver ou na coluna do dever. Na coluna do haver podemos confirmar que quer os social-democratas quer os socialistas estão metidos ao barulho. Ambas os grémios do poder estão envolvidos nesta trapalhada interminável de SWAPS. Podemos afirmar que existe mesmo uma coligação involuntária de responsabilidade que se estende do largo do Rato à Rua de São Caetano, de um governo para o seguinte. Na coluna do dever (com maiúscula), o campo onde o sentido ético impera, toda a verdade deveria ser exposta sem reservas, por forma a que as ilações pudéssem ser tiradas e as consequências distribuídas pelos senhores do destino nacional. O carinha-laroca João Ribeiro tem várias coisas que não jogam a seu favor. Em primeiro lugar, mesmo que esteja a falar em nome da magna instituição, deve estar preparado para responder à letra (e ao número). O aluno João Ribeiro vem da mesma área de formação de Ana Drago - sociologia-, e embora seja uma disciplina interessante, pouco serve para interpretar os números que estão associados a instrumentos financeiros complexos ou seus derivados. De repente somos obrigados a mascar as palavras de razão de alguém que não reúne as ferramentas adequadas para aferir se os contratos SWAP são uma coisa boa ou má. O senhor em questão percebe de análise fundamental ou técnica? Sabe ler gráficos? Consegue interpretar padrões de tendência inscritos em candlesticks japoneses?Percebe de mercados? Percebe de economia?Francamente não sei responder. Talvez possa provar o que sabe em Setúbal onde deseja estagiar até ser chamado por Seguro para uma missão de maior vulto. Não deixa de ser curioso que no PS, os caminhos trilhados na ascensão política, obedecem a uma mesma diáspora, a um semelhante DNA de residências mais ou menos temporárias. Macau parece ser uma antecâmara para a descolagem política dos socialistas. João Ribeiro por lá passou, assim como António Vitorino ou Jorge Coelho. O território, embora desaparecido da administração Lusa, foi sempre uma espécie de offshore político, uns bastidores asiáticos de São Bento, próximo dos negócios da china, dos jogos de azar e fortuna, na distância adequada para cair no esquecimento. Quem disse que Portugal não tem lobbies, tem razão: localizam-se no oriente. Os SWAPs, qual ficha de casino, são o joguete do momento, o bastão que vai passando de mão em mão, para ir queimando cartuchos que nada têm a ver com a salvação do país. A reposição de toda a verdade respeitante a esta forma de controlar danos financeiros, implicaria recuar aos primórdios do conceito de risco. Envolveria analisar retroactivamente decisões políticas de outros tempos. Quando o Rei D. Sebastião lançou-se a galope em Alcácer-Quibir, já estaria a esboçar os termos de um SWAP sem o saber. Correu um risco e o país pagou um preço elevado. Se a coisa tivesse acontecido de modo diverso e Marrocos se tivesse transformado numa colónia Portuguesa jamais alguém ousaria questionar o propósito da campanha. Não sei se me faço entender, mas o coitadito do SWAP não tem culpa nenhuma, é mais uma arma ao serviço da sobrevivência económica e financeira. O problema está nos cavaleiros que o utilizam como arma de arremesso. O desgaste que sentimos tem a ver com o facto dos políticos não se apearem das suas montadas para se redimirem perante as derrotas infligidas pela dureza das mentiras. A verdade pode repor a honra de não se sabe bem quem, mas não gera emprego e crescimento - o que o país precisa urgentemente. O resto são detalhes de história. Os oradores de ocasião que se escondem atrás de púlpitos partidários serão esquecidos ou levados pelos ventos autárquicos.