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Ao contrário do que vai suceder na Taça de Portugal (falo de futebol, obviamente!), as eleições legislativas de 10 de março não sucedem a dois tempos, com eliminatórias. A Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS) assumem-se deste modo como finalistas, mas existe um terceiro jogador que poderá inclinar o terreno de jogo — o Chega. O Chega será uma espécie de árbitro, ou VAR, se quiserem. Os portugueses têm visto e revisto os lances da governação, nos últimos oito anos, e podem deixar a sua paixão clubística de lado neste campeonato por manifesta insatisfação em relação aos resultados. Podem dar alguma razão ao partido da arbitragem. A equipa inicial da Geringonça, com jogadores de outras cores que nunca saltaram do banco, foi substituída para além do tempo regulamentar pela seleção da maioria absoluta, recheada de craques e com grandes planos para a liga dos campeões políticos. Mas as coisas não correram de feição. Os avançados socialistas simularam faltas, mas falharam os penáltis inventados. Os extremos marcaram os cantos, mas a bandeira nem se mexeu. E os centrais do executivo não foram capazes de conter as jogadas de ataque dos rivais da semi-circular do parlamento. Estamos assim a poucos dias do fecho do mercado de incumbências com muitas incógnitas a pairar no boletim de voto. O novo treinador do PS não conseguiu galvanizar a sua massa adepta e gizar o seu esquema táctico. Não sabemos sequer que equipa organizará para dar continuidade a Mr. Costa que saiu do clube do Rato. A AD, uma equipa em construção, sente que chegou o seu momento na segunda volta do campeonato. Mas provavelmente terá de ir buscar o apoio de uma equipa que joga noutra liga ideológica, mesmo que alguns jogadores da divisão de honra possam ser contratados para certas alas. Aguardemos então pelo apito final. E com ainda maior entusiasmo pelo tempo extra que começa logo no dia 11 de março após a contagem dos pontos...
Parabéns aos jogadores do Desportivo das Aves, que fizeram uma campanha notável na Taça de Portugal e um excelente jogo frente ao Sporting.
Parabéns a Bruno de Carvalho e aos energúmenos das claques sportinguistas. Esta derrota é vossa e totalmente da vossa responsabilidade.
Parabéns aos jogadores do Sporting, a quem nem sequer se podia pedir que se apresentassem a este jogo e que, infelizmente, têm de lidar diariamente com um presidente tresloucado que inverteu completamente a hierarquia natural num clube de futebol profissional, tratando de forma aviltante o plantel e acarinhando as claques.
O Sporting não merece os jogadores que tem. Um clube desgovernado durante 5 anos por um troglodita apoiado pelos notáveis, com claques compostas por vândalos energúmenos e adeptos que mostram sempre o que valem nas alturas críticas, abandonando os estádios antes do fim de jogos decisivos - e, no caso do jogo de hoje, quando os jogadores mais precisavam do carinho e apoio dos adeptos -, talvez mereça mesmo que os jogadores rescindam os contratos por justa causa e deixem o Sporting à beira da falência.
Já que tantos notáveis gostam de enaltecer as modalidades amadoras, então foquem-se nestas, porque claramente há uma incompetência atroz para gerir um clube de futebol profissional, ainda para mais um clube com a dimensão do Sporting.
Em dia de Taça de Portugal, pergunto porque razão, o actor Ruy de Carvalho terá honrado mais o país ao longo de setenta anos, do que o mestre marceneiro Rui do carvalho, que esculpiu a madeira dessa árvore durante igual período de tempo, sem sequer ter recebido as comendas, as ordens e as medalhas com que o actor foi agraciado? Com todo o devido respeito, a cultura tem muito que se diga, sobretudo quando os seus intérpretes julgam por um instante que contribuem com mais mestria para o país, do que aqueles, que em vez de pisarem palcos, pisam as uvas de sol a sol, de um qualquer outro digno mester. As palavras de rapina, soam-me a falsa modéstia, e servem para acentuar ainda mais a fractura que divide este país, entre iluminados e pobres coitados ignorantes. Não pediu nada em troca? - afirma o artista. Tivesse escolhido outra profissão. O actor Ruy de Carvalho, ao colocar-se em bicos de pé, fez-se ouvir na última fila da plateia, mas não pelas melhores razões. Teria preferido que não tivesse afirmado o seu desgosto, e fosse um mero operário, a excepção, o simples contra-regra. O problema dos vultos e intocáveis do país, é pensarem que podem dizer o que bem entendem, e que as palavras apenas um sentido têm. Ao ataque ao músculo da cultura, este representante poderia se ter defendido com mais finesse e respeito pelas gentes do povo, que tantas e tantas vezes o aplaudiram. E nunca o vaiaram.