Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A figura de Marques Mendes nem sequer é controversa - é patética. Mas é a SIC que faz aquele boneco funcionar. O traficante de informação lá aparece semanalmente com postas frescas obtidas no mercado secundário da política. O homem vai à lota e não regateia as encomendas. Como aquilo que vende não é considerado fake news, ninguém o chateia muito. O porta-voz de tudo e todos pega no telemóvel logo pela manhã e colecciona temas e dilemas existenciais de partidos e políticos. A desregulação do mercado da informação e a ausência de regras de lobbying permite que um agente deste calibre possa veícular matéria de debate para encher a grelha do jornal e vender publicidade à antena de televisão. Ninguém pergunta nada, mas ele responde a tudo. É uma espécie de sucedâneo de si mesmo. Uma réplica crónica da sua mediania. Ou seja, na sua segunda vida de comentador de serviço, não consegue apagar a mediocridade da sua passagem política. O detective Mendes tem poderes especiais. Obtém dicas e rumores antes dos boatos. Avança com conjecturas depois do sucedido. Em suma, é um homem analógico. Chegamos a acreditar que os outros lhe concedem o beneplácito da confissão, da sinceridade. Se ele parece saber os factos antes dos eventos sucederem, penso que ele deve ser tido em conta na quota-parte da responsabilidade que decorre do conhecimento de causa. Num país de ligações especiais, canais de comunicação privilegiados, Marques Mendes é o mexilhão que rapa o tacho antes do jantar estar pronto. Por acaso gostava de saber quais são os seus fornecedores regulares, os traidores de cada agremiação partidária, provavelmente outros tristes caídos em desuso nas respectivas estruturas e direcções. Ou seja, a não ser que seja o próprio Presidente da República a preparar-lhe a ementa de considerações, serão outras figurinhas de segunda a fazer o take-away. O Mendes apenas tem de reaquecer os guisados, mas não sei se isso acrescenta grande coisa aos debates, à Democracia e à vida dos portugueses. O seu contributo é inócuo e serve de mea culpa colectiva. Depois podem todos seguir alegres e contentes, com a cartilha limpa pela explicação.
Não perderemos pela demora. Os acontecimentos precipitar-se-ão na Venezuela, queira ou não queira o governo português, seja ele de que tons for. Não se trata já de um se, mas sim de quando. Há uns anos aqui neste blog foram as nossas autoridades avisadas - então sob a égide da coligação Passos Celho/Paulo Portas - e aparentemente nada mudou, naquele previsível exercício do empurrar os problemas com a barriga sempre faminta de negócios mais ou menos claros.
A Venezuela, tal como a África do Sul - o próximo da lista -, tem a particularidade de dentro das suas fronteiras contar com uma colossal comunidade de portugueses e luso-descendentes, praticamente todos eles com as suas geleiras e despensas vazias e ainda por cima, vítimas fáceis de todo o tipo de criminosos de delito comum. Por outro lado, sabe-se que são gente empreendedora e uma boa parte dela assentando arraiais no sector da distribuição alimentar no seu sentido mais lato: produção em unidades fabris, mini e supermercados, padarias, pequena indústria transformadora, fazendas de produtos agrícolas e gado. Enfim, são gente que não vive nem quer viver à espera do Estado para receber qualquer coisa.
Aqui está uma inevitabilidade que mais dia menos dia forçará a TAP a rever a sua controversa e oportunista política de preços nos voos para Caracas. Não tardará o momento em que a companhia do Estado será obrigada a colaborar numa atabalhoada evacuação que já se antevê relativamente aproximada do desastre de 1974-75-76. Aí teremos os terminais aeroportuários a abarrotar de refugiados - lá lhes chamarão novos retornados para disfarçar a catástrofe com um epíteto mais tragável - que daquele país apenas trarão a roupa com que desembarcarão numa Lisboa já esquecida de pretéritos, péssimos e vergonhosos exemplos. Lá terá então o nosso governo de recorrer de mãozita estendida ao Soviete Supremo de Bruxelas, recriando-se o IARN e tudo o que significou em termos de iniquidade, corrupção e abuso de confiança. Deve ser exactamente isto o que pretendem.
Por enquanto as autoridades nacionais ainda estão a tempo de gizar planos de aliciamento dos primeiros interessados com créditos, possibilidade de atribuição de terras de cultivo seja do que for e repovoamento de localidades semi-abandonadas, bastando para isso a formação de uma entidade competente e com plenos poderes para executar esta missão. Eles virão, não duvidemos. Não deverá ser nada difícil aliciar muita gente que se encontra no mais completo e absurdo desespero. O tempo urge e já não vale a pena fazermos de conta de que tudo correrá pelo melhor. A situação não evoluirá satisfatoriamente, tenhamos então a certeza disso. Se o governo bolivariano - aliás um bom amigo dos sucessivos governos portugueses - é ostensivamente incapaz, a oposição está ao mesmíssimo nível da sua congénere brasileira, pois além de inepta, é escandalosamente corrupta e mafiosa.
Sim, isso mesmo, a oposição é mafiosa.
Sabendo-se de antemão o calibre de todas as castas que há décadas se têm sucedido no controlo do poder a partir do Palácio de Miraflores e as inevitáveis ingerências externas por parte dos EUA, Rússia, Cuba e outros actores internacionais interessados na região, Portugal deverá defender os interesses dos seus que por sinal, significam uma fantástica oportunidade para as várias maleitas que este país tem sofrido desde há algum tempo: quebra da natalidade, urgente redinamização do sector imobiliário semi-abandonado ou nas mãos de uma banca totalmente falida, estiolar do empreendedorismo, abandono do interior e uma miríade de outras situações que os telejornais quotidianamente apontam. Isto seria possível num quadro diferente, em que a agilizaçãod e procedimentos burocráticos fosse uma realidade que o regime, no seu todo preso aos interesses instalados, não quer nem pode executar.
Não procurem mais noutras latitudes, não vale a pena mantermo-nos na já longa e fastidiosa fase wishful thinking como agora alguns gostam de dizer. Há que proceder a uma criteriosa evacuação faseada de todos os interessados, preferencialmente de uma forma discreta e ordenada.
Os portugueses e luso-descendentes da Venezuela decerto estarão interessados em instalar-se num país muito seguro, com condições infinitamente superiores - a todos os níveis - às daquele em que miraculosamente têm sobrevivido. Mais ainda, Portugal deles precisa urgentemente, como dos luso sul-africanos tem, percamos as ilusões, imperiosa necessidade num futuro bastante próximo. Para cúmulo da felicidade comem o que nós comemos, entendem perfeitamente o que dizemos, não se lhes passa pela cabeça mais tarde ou mais cedo exigirem a construção de outro tipo de templos e muito menos ainda condescendem com um género de santas ideias que consideramos ultrapassadas há pelo menos meio milénio. Estes governos que se têm revezado no exercício do poder em S. Bento não podem deixar às gerações que aí vêm, mais uma canga que se soma ao défice, às PPP, à dívida pública e ao controlo de Bruxelas. Evitem pelo menos todas as hipóteses que remotamente possam no futuro trazer violência, prepotência e abusos de toda a ordem às ruas das cidades portuguesas. Para bom entendedor, isto basta.
Tudo o mais não passa de ignóbil hipocrisia que pagaremos todos da pior forma. Basta olharmos para além, para o resto da Europa.
Bem-vindos à República Venezuelana Socialista de Portugal. O que António Costa acaba de proferir em jeito de ameaça revolucionária diz respeito à credibilidade de um país. Fere mortalmente a palavra de uma nação. Viola a legimitidade privada no exercício da liberdade de expressão económica. Mata Adam Smith, desonra os irmãos Wright, a iniciativa privada, assim como as ideias e os valores consagrados em qualquer contrato social, o respeito mútuo e as garantias dos cidadãos na prossecução dos seus interesses. O mercado, a entidade amorfa, para bem e para mal, não pode tornar-se refém do revanchismo ideológico de um partido que confunde Governo, Estado, legitimidade parlamentar, iniciativa privada e economias de direcção central. António Costa, que nem sequer é velho, confirma que é do Restelo. A denúncia de uma acordo desta magnitude, levada a cabo por um governo, envia um sinal poderoso e negativo para os radares daqueles que ainda entendem Portugal como destino de investimento. O que significa o domínio do Estado? A continuidade de uma companhia aérea a qualquer preço, sejam quais forem os prejuízos e as perdas? O processo TAP vai servir na perfeição enquanto exemplo do extremismo do governo socialista. Não há nada que impeça Costa, a não ser a sua própria agenda de acomodações sindicais. Porque é disso que se trata. Não se trata de transformar a dinâmica de uma empresa com potencial e alcance globais. Não se trata de interpretar as oportunidades lançadas nos últimos anos para captar novos mercados de turismo. Não se trata de elevar o nome de Portugal por via de uma companhia aérea. Trata-se simplesmente de pequena política por outros meios - a enunciação de Clausewitz por via do desvirtuamento do verdadeiro interesse nacional. Os satélites que giram em torno deste negócio dizem mais respeito ao folclore político nacional do que a uma visão estratégica e de longo prazo. Prevejo uma feroz batalha jurídica que irá certamente sugar ainda mais recursos a Portugal e aos seus contribuintes. A Lusitânia não ficará bem na fotografia, mas António Costa quer lá saber. O que deseja é o reforço da sua liderança governativa aludindo a uma nova figura: a legitimidade sindical. De uma assentada cala uma camada larga de avalistas. Trabalhadores que ainda não foram convencidos pelas promessas eleitorais, e que podem destronar António Costa. É disso que se trata. Mais nada. Vergonhoso. Lamentável. António Costa serve-se inequivocamente de José Sócrates e Nicolas Maduro como modelos de inspiração - ambos recusam encarar a verdade e atirar a toalha ao chão. Não faz parte do seu quadro ético. E pelos vistos do dele também. O que António Costa promete fazer é precisamente o oposto de apertar o cinto. Mas a obesidade ideológica não será servida fria. Os portugueses irão pagar esta taxa de aeroporto.
O putativo governo do Partido Socialista e seus associados ainda não foi empossado e já paira no ar uma neblina de censura tácita. Não se pode sujeitar as propostas de governação da Esquerda ao escrutínio normalmente expectável em Democracias. O governo de coligação, ainda em funções, foi submetido de forma intensa e continuada ao juízo da oposição durante os últimos quatro anos. Ou seja, esse desnível crítico era considerado normal, salutar. O invés nem por isso. Mas não tem muita importância. Basta ir ao barbeiro popular, à praça, ao consultório do dentista, para, sem grande provocação de conversa fiada, perceber que o cidadão português não encaixou com grande facilidade o que António Costa fez enquanto epílogo dos resultados eleitorais. Na sua vida quotidiana os portugueses não são complacentes com práticas desta natureza - não se dão bem com vira-casacas, mesmo que o sobretudo tenha sido vendido como dissuasor de intempéries. Adiante. Ainda não temos governo novo à novo banco, mas já temos diversas comissões de lesados a protestar. Ele é a Confederação dos Agricultores - não quer a reforma agreste. Ele é a Petição para não dar posse ao governo - por causa das manias de poder de Costa. Ele é a TAP que está perto do colapso - os comunistas não têm noção de distâncias. Ele é a Confederação da Indústria Portuguesa - não quer três patrões em simultâneo. Enfim, ainda nada está feito e o caldo já se entornou. O Ministro do Medo João Galamba veio mesmo a público insurgir-se contra um dos pecados mortais e alertar para os perigos da contaminação da descrença, da perda de confiança. E acho muito bem que o faça. Estes ensaios gerais servem exactamente para isto. Para confirmarmos o que está mal - para que não haja estreia. O filme ainda nem sequer começou, mas o trailer é miserável.
Tenho estado aqui a pensar para com os meus bretões, perdão, portugueses, e ainda não cheguei a uma conclusão satisfatória. Por que razão os cidadãos deste país fogem das privatizações como o diabo foge da cruz? Porque será? Será que existe um medo profundo em dar a cara e assumir a responsabilidade pelos actos? Ao longo de décadas de invocação ideológica e constitucional, cultivou-se a ideia de contrato social para todas as ocasiões. A entidade pública, fizesse chuva ou sol, lá estaria para passar o cheque ao fim do mês. A empresa está falida e é deficitária? Não faz mal. O pai Natal paga. E este tipo de mentalidade de dependência da subvenção vitalícia infiltrou-se de tal modo na psique colectiva que qualquer tentativa de "individualizar a existência" e assumir o risco foi prontamente rejeitada. Há algo profundamente hipócrita nesta tomada de posição. A abstracção não tangível da empresa pública serviu na perfeição para os mais variados devaneios à custa do freguês que foi em cantigas de deveres do Estado e justiça social. As empresas públicas don´t always do it better. O resultado está à vista. Como se fosse desejável matar a criatividade que estravasa os limite da caixa do Estado. As empresas públicas foram o camuflado perfeito para dissimular a incompetência e albardar o país com despesismos desnecessários. Mas este padrão de comportamento arrebanhado também contaminou o espectro privado. Ou seja, o próprio sector privado carece de privatização. Nas empresas privadas que operam no mercado nacional, uma espécie de corporativismo maligno afecta as operações. Neste país é muito desgastante ser criativo, porque esse mistério da imaginação acaba por pôr em causa as estruturas de poder instaladas. Deste modo a mentalidade privada também não está livre de críticas. Revela-se em muitas ocasiões, bota de elástico, retrógrada e semelhante aos monstros que pretende abater - o Estado. Portugal comemora décadas de pertença ao mercado comum, mas teima em aceitar a normalidade subjacente às privatizações. Para além disso, existe um certo prazer autofágico-sado-maso no amor pela entidade pública. São os dinheiros de cada um de vós que têm sustentado os defeitos de fabrico e operação de empresas sagradas, apanágio da má rês pública. Por outras palavras, os portugueses estão dispostos a deitar dinheiro pela janela, desde que o seu nome não fique indelevelmente associado a uma desgraça, à bancarrota anunciada há décadas mas afastada pela ética colectiva, questionável. É tão bom poder se esconder atrás da empresa do Estado. Portugal encara enormes desafios, mas a privatização da mentalidade será um dos maiores - pôr cada um a pensar por si, em nome de todos e ao serviço de um novo modelo existencial para Portugal. Não sei, não. Sei, sei.
Nota:
rês
(árabe ras, cabeça)
substantivo feminino
1. Qualquer quadrúpede que, depois de abatido, é usado para a alimentação humana.
má rês
• [Popular] Pessoa de instintos ruins; má firma; velhaco.
Plural: reses.
Confrontar: rés.
Palavras relacionadas: rés, chambão, mioleira, saquim, rabada, assacate, magarefe.
"rês", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/r%C3%AAs [consultado em 16-06-2015].
Estou relativamente à vontade para falar sobre o tema da aviação. Acompanhei muitas narrativas familiares sobre o assunto. O meu tio-avô Alfred L. Wolf foi um notável jurista formado em Oxford, piloto e General da Força Aérea dos EUA, fundador da Aircrafts Owners and Pilot´s Association, da Wolf Aviation Fund e legislador pioneiro no domínio da aviação civil e comercial. Não tendo tido filhos, quis incutir a paixão pela aviação nos sobrinhos. E pelo menos num dos casos resultou. O meu primo-direito Dan Wolf, actual Senador no Estado do Massachussetts, embora se tenha formado em Ciência Política, também se tornou piloto e mecânico aeronáutico certificado. Mas teria ainda outro sonho por cumprir - fundar uma companhia aérea. Em 1989 nasce a Cape Air que se viria a tornar na maior companhia aérea regional independente dos EUA. Uma história de sucesso que não se deve a um acaso do destino. A empresa, inovadora em múltiplas dimensões, acaba por fazer parte do sonho americano, mas de um modo particularmente interessante. Logo no início das operações da companhia aérea, o CEO Dan Wolf percebeu que um dos vectores de motivação na companhia aérea teria de passar pela partilha da mesma com os colaboradores. Num golpe de mestre, e encarnando aquilo que designo por "socialismo americano", mais de 70% da empresa passa a ser detida pelos trabalhadores. Esse vínculo laboral presente no ADN da Cape Air determinou que a mesma tivesse sempre resultados operacionais surpreendentes e taxas de crescimento bastante acima da média do sector. Dan Wolf nunca perdeu o sentido de pertença à missão e ainda hoje se mantém ao serviço da Cape Air não apenas como mítico fundador, mas como piloto e mecânico "de facto" aos fins de semana, arregaçando as mangas para o que for necessário e sujando a face com lubrificante de turbinas. A única coisa aérea de que eu me posso orgulhar é ter sobrevivido a um acidente aéreo a 17 de Dezembro de 1973 a bordo de um DC-10 da Iberia na ligação Madrid-Boston. Não posso dizer que tenha saído ileso. Fracturei a perna esquerda e ainda sofro de algumas perturbações quando viajo de avião e as aterragens decorrem. Agarro-me à cadeira! Vem tudo isto a propósito do seguinte: A privatização da TAP esteve quase sempre à mercê de vontades políticas, mas convém não esquecer que foram os socialistas de Portugal que lançaram o mote da privatização, embora em moldes questionáveis e enviesados. Mas deixemos a pequena política de grandes interesses à parte, e passemos ao essencial; acredito que as mudanças que se avizinham na ex-transportadora nacional serão benéficas no médio e longo prazo. O nacionalismo que veio a lume, a propósito da cedência de soberania "aérea", deve ceder lugar a uma visão de sustentabilidade e crescimento de longo prazo. Se a TAP já era a grande companhia aérea que conhecemos, então ainda maior se tornará. E mais alto voará. Boa sorte!
O grande problema que era a TAP foi resolvido. O interesse do Estado, os interesses dos contribuintes foram salvaguardados. Agora será o mercado a funcionar. Agora já não serão os contribuintes a serem obrigados a sustentar uma empresa contra a sua vontade. E também se cumpriu o acordado com a Troika, pelo que é o prestígio do país que também sai salvaguardado.
Agora, para normalizar a situação em Portugal e colocá-la a par do que se passa no resto da Europa, já só falta:
- Acabar com as rendas de energia tal como ficou acordado no Memorando de Entendimento com a Troika, rendas essas que são ilegais à luz do Direito Comunitário e que são responsáveis por Portugal ter uma das electricidades mais caras da Europa.
- Acabar com as Parcerias Público-Privadas abusivas e que isentam os privados de quaisquer riscos de mercado, que estão arruinar as finanças públicas e o país por gerações, e que obrigam os contribuintes a sustentarem empresas contra a sua vontade, boa parte do tempo pagando serviços de que não usufruem nem solicitaram.
- Introduzir concorrência no mercado de combustíveis, tal como ficou acordado com a Troika, para pôr um fim à cartelização do mercado e para que Portugal deixe de ter uma das gasolinas mais caras do Mundo.
- Reduzir o número de autarquias, tal como era exigido pela Troika em 2011.
- Reduzir os mais de 2 mil institutos públicos, fundações e observatórios, grande parte deles de utilidade duvidosa e que consomem muitos milhões de euros que o contribuinte tem de sustentar.
Como se vê, já não falta tudo.
Pela mesma lógica, dado que, em 2011, Portugal perdoou à Guiné-Bissau uma dívida no valor de 77 milhões de euros, creio ser justo reclamar o fim da independência da Guiné e a sua integração na República Portuguesa.
(Penhorado ao Bic Laranja)
Por razões que provavelmente só Pedro Nunes poderia explicar, as responsabilidades invertem-se quando se atravessa o Atlântico. Pergunto-me qual seria a reacção se a Justiça portuguesa arrestasse um avião brasileiro por motivo de um conflito laboral de funcionários portugueses da embaixada brasileira em Lisboa (semanas depois de o governo brasileiro desistir da venda, por uma ninharia, da sua companhia aérea de bandeira a um empresário luso-franco-holandês com passaporte paraguaio). Guerra?
De acordo com fonte segura, a estada de German Efromovich, frustrado comprador da TAP por meia dúzia de tostões, em Portugal, não deixou saudades. Muito longe disso. Que o digam as suas principais "vítimas", como o Conselho de Administração de um conhecidíssimo banco português e o sócio principal de uma também muito conhecida sociedade de advogados, ambos destinatários directos do inusitado comportamento negocial, por assim dizer, do empresário colombiano-brasileiro-polaco... A descrição que nos fizeram do alegadamente sucedido é de tal forma surrealista que o pudor nos impede de acrescentar algo mais... Vai, e não voltes!
Tomou o IDP conhecimento, como todo o país, e com surpresa, do fracasso das negociações com o único candidato à privatização da TAP, após sucessivas proclamações do ministro Miguel Relvas que anunciavam o sucesso da decisão de liquidar a companhia aérea de bandeira. À empresa SYNERGY, como única entidade que reunia os requisitos para passar à segunda fase da privatização da TAP, foi facultado o acesso a toda a informação disponível sobre a TAP, sem que se tenham acautelado os interesses da companhia e, naturalmente, os interesses nacionais.
O Governo cometeu um acto de enorme irresponsabilidade ao franquear o acesso a informação confidencial sobre uma empresa estratégica sem que, antes, se tenha assegurado que, por parte do ofertante, existiam as necessárias garantias financeiras. Considera, assim, o IDP que o Governo abordou o processo de privatização de uma forma amadora e leviana, não apenas por não se assegurar que o concorrente, que foi selecionado para a segunda fase da privatização, tinha os meios necessários, como não previu uma indemnização para o caso de as negociações falharem. A situação financeira da TAP é o principal elemento que limita a sua competitividade e sobrevivência.
A atitude do Governo coloca em perigo mais de 12.000 postos de trabalho e, compromete ainda mais, o futuro de uma companhia que tem um papel essencial na economia e na imagem do país. E, ainda, coloca em causa o êxito da privatização da ANA. uma outra companhia cujos destino se encontra ligada à TAP.
Considera o IDP que bem podem os actuais responsáveis da III República desejar-nos votos de Bom Natal. As suas práticas são uma aplicação selectiva do Memorando de Entendimento de Maio de 2011, em que se socializam as perdas e se privatizam os lucros. O resultado é que, dia a dia, o país perde condições para ter uma sociedade solidária.
A Direcção do IDP Lisboa, 21 de Dezembro de 2012
A opinião pública tem, por vezes, propriedades mágicas. John C. Calhoun dizia que a dita cuja não é mais do que a opinião ou a voz do interesse ou da combinação de interesses mais fortes da comunidade. O velho americano tinha razão, mas, convenhamos, há momentos em que a voz do interesse é relevantíssima no bloqueio do disparate. Esperemos que a suspensão da privatização da TAP sirva de alguma coisa, pelo menos que faça com que os nossos governantes gelatinosos aprendam a privatizar. A fomentar o espírito de mercado e não, como alguns desejavam ardentemente, a dar negócios garantidos a empreendedores de chacha.
O irmão siamês do sr. Bohlwinkel (und zu Blumenstein), vê agora adiada a golpaça nos Transportes Aéreos, futuramente ex-Portugueses. Ainda não foi desta e talvez fosse melhor reconsiderar-se seriamente o assunto.
O disparate da venda da TAP foi momentaneamente adiado. No fundo, e apenas, porque o Governo não tinha garantias de que iria mesmo receber o dinheiro prometido e nada mais do que isso. Ou seja, iria vender a TAP e, em troca, recebia um aperto de mão. Isto porque a vontade de privatizar a TAP continua lá, inteirinha, adiada agora para 2013, ano do propagado regresso aos mercados. O cesto de Gaspar ainda vai, portanto, meio-cheio...
As privatizações comandadas pelo maior corifeu da trampolinice política portuguesa, Miguel Relvas, são uma demonstração incontestável do indiferentismo a que chegámos enquanto colectividade política. A política de privatizações deste Governo é um exemplo pobre e tacanho da confusão que, por vezes, emerge em algumas cabecinhas entre o poder de fazer e a licitude inerente a esse mesmo poder. Privatizar não significa, de modo algum, entregar o ouro ao bandido, mais, privatizar não pressupõe a entrega de negócios certos e garantidos a companheiros de salão. Numa sociedade civilizada, em que o bem comum é a matriz fundacional do arranjo social, o ministro Relvas já teria sido há muito demitido, porque, como dizia o emérito jurista, Manuel Rodrigues Leitão, "quem faz tudo o que pode, está muito perto de fazer o que não pode". E, Relvas faz sempre o que pode, fazendo, assim, o que não pode, com o indiferentismo garrettiano como pano de fundo. Um poder regido desta forma, é um poder iníquo e injusto.
O governo deverá estar muito atento ao que se passa com a "companhia de bandeira" do país vizinho. A fusão com a British Airways não parece ter colhido os benefícios esperados e hoje a Iberia enfrenta uma drástica redução da sua frota, encolhimento do volume de negócios, despedimento de pessoal e o corte de rotas, sobretudo na América "Latina". O que quer isto dizer, quando temos a TAP em discussão?
Não há espaço para asneiras.
A excluir liminarmente: Lufthansa e joint-venture corsária British Airways-Iberia. Não!
Não tenhamos ilusões, pois por mais promessas que os predadores associados British Airways-Iberia façam, o destino da TAP será o desaparecimento em poucos anos. Não contem com a renovação da frota, a abertura das anunciadas novas rotas e a manutenção dos postos de trabalho. A dar-se a fusão, serão apenas mentiras. O que lhes interessa? Apenas o saque das rotas africanas e sul-americanas. A prova? Deixando de lado outras aquisições - em Espanha, por exemplo - que ditaram a extinção de companhias, eles têm a clara pretensão de mascarem o miolo, deixando as côdeas duras de fora. As ditas côdeas compreendem algumas migalhas, mais precisamente os pilotos.
A gente do governo devia ter juízo quanto a este aspecto das "privatizações" a todo o custo e brida. Que pensem seriamente naquilo que a TAP representa para os portugueses, sejam eles de "esquerda" ou de "direita".
Avião aterra com turistas alemães de visita ao Museu dos Coches
Como dissemos, tudo parece encaminhado para a anexação da TAP pela Lufthansa. Depois da Áustria, o "anschluss" aplica-se a Portugal. Pelos vistos, a germanização não se vai ficar pela decoração dos interiores à teutónica. Passos Coelho que o diga.