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Nenhum país muda à base do "decretismo" repentino. Lê-se e ouve-se muito por aí a ingénua tese de que só com a troika conseguiremos alterar o que não mudámos durante anos e décadas. Com a vantagem, segundo alguns, de podermos mudar tudo num espaço de tempo muito curto - sim, há gente que vive fora da Via Láctea. O problema desta ideia, mirífica como muitas outras que circulam no espaço público, é que mudar à pressa é sinónimo, muitas vezes, de erros e trapalhadas perfeitamente evitáveis. Não há reformismo que sobreviva ancorado na lógica "speedy gonzalez". Precisamos de tempo, calma e serenidade, e não de dois meses, condensados em 4000 milhões de euros de cortes, que só aduzem confusão e histeria a um debate de meninos mimados. Claro que estou a falar para o boneco, já se sabe.
Roger Scruton, Guia de Filosofia para Pessoas Inteligentes:
«O problema do tempo é, em última análise, o problema do nosso próprio estar no tempo: o espanto a que Schopenhauer se refere provém do facto de que estamos relacionados no tempo com as coisas que conhecemos e amamos e, por conseguinte, aferrolhados com elas na ordem do então e agora. A qualquer momento, a nossa situação é exactamente aquela que Aristóteles descreveu: tudo aquilo que estimamos ou tememos, tudo aquilo que menos nos importa, ou desapareceu para sempre, ou ainda não chegou. Tudo o que temos é o fragmento ínfimo do agora, que sucessivamente desaparece assim que tentamos pôr-lhe as nossas mãos em cima.»