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(Presidente Mediático by Nuno Castelo-Branco)
Para o que pretendo aqui ilustrar vamos apenas tomar como noções simples a existência de dois sistemas, o Europeu e o Norte-americano, ou eventualmente um só que engloba esses e outros sob o nome de Ocidente. A considerar-se um só sistema de nome Ocidente, significará que outros sistemas existem e em conjunto poderão ser considerados sub-sistemas de um sistema mais alargado. Para cada um destes sub-sistemas que admite um comportamento específico que os diferencia de outros, tudo o resto externo a si, isto é, aos seus actores, estrutura, ambiente interno e relações intra-sistémicas que geram a dinâmica do sistema constitui-se como o ambiente externo. E o próprio ambiente externo poderá ser um sistema, como o tal sistema mais alargado que engloba todos os sistemas. A questão ambiental extra-sistémica é de extrema importância pois se o sistema recebe inputs e emite outputs ou feedbacks para dar resposta às problemáticas que lhe são colocadas significa que quando não consegue dar resposta a esses inputs a nível do ambiente intra-sistémico vai exportá-los para o ambiente externo.
Ora os portugueses e os europeus parecem mais preocupados com as eleições norte-americanas do que com os problemas que os seus sistemas enfrentam de forma mais premente, ainda que consideremos a inegável relação entre estes diversos sistemas. Desta forma coloco então a hipótese de que por não termos líderes à altura para lidar com as nossas problemáticas continuamos sempre à espera dos Estados Unidos, logo as eleições norte-americanas tomam o lugar de destaque nas nossas mentes pois esse sistema supostamente será capaz de dar resposta aos inputs a que nós próprios enquanto sistema não somos capazes de dar resposta.
Parece-me uma forma fácil de explicar o tão exacerbado interesse dos portugueses e europeus pelas eleições norte-americanas. É que para todos os efeitos, sendo realista, não me parece que a política externa norte-americana vá mudar muito e é isso que realmente nos interessa, não se Obama, Mccain, Biden ou Palin são mais conservadores ou liberais, mais ou menos religiosos, mais ou menos à esquerda ou à direita, mais ou menos pais extremosos ou mais ou menos isto ou aquilo mas sim em que é que a política externa norte-americana nos vai influenciar, e claro que aqui não me refiro a questões económicas (até porque supostamente são os mercados e a mão invisível é que tratam desse tipo de questões), e sim a questões estratégicas e geopolíticas que parecem ter desparecido dos manuais dos senhores que dirigem a Europa.
A considerar a quantidade de textos, posts e artigos sobre as eleições norte-americanas ninguém diria que se diz por aí que somos um país onde a Ciência Política e os politólogos não vingam. Parece-me é que se nos preocupássemos com as nossas questões internas com o mesmo afinco estaríamos bem melhor. De qualquer das formas é fácil entender este exacerbado interesse, não só pelo exportar das nossas problemáticas para os Estados Unidos resolverem mas também como forma de refúgio intelectual desta Europa onde o sentimento de tédio do fim da História parece mais próximo do que nunca, e deste Portugal cada vez mais enrededado nas teias da sua governamentalmente promovida mediocridade.